Além Da Amizade escrita por Esc L


Capítulo 15
Continução Capítulo 8.




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Ao chegarmos na sala de jantar, nos deparamos com a tia Lorena e o tio Ricardo sentados à mesa, tomando seus respectivos café da manhã. Olhei apreensiva pro Felipe, já que eu não esperava que ia encontrar nenhum dos dois ali. Ele me olhou sorrindo, passando-me total segurança.  
Todos esses anos, nunca havia me sentido tão envergonhada na frente deles, como me sentia naquele momento. Muito pelo contrário, sempre os tive comigo como uma segunda família, já que eu havia crescido convivendo com eles e os tendo sempre por perto, mas naquele momento, só o que eu sentia era vergonha, talvez por as coisas serem um pouquinho diferentes, dessa vez. 
— Bom dia meus amores! – a tia disse sorrindo. 
— Bom dia. – sorri envergonhada. 
— Bom dia filho – ele sorriu pro Lipe – Bom dia Gabi! Que bom te ver, faz tempo que você não aparece por aqui. – sorriu – E eu já estou sabendo da novidade. – ele olhou pra nós dois. 

— Me desculpem, mas não pude deixar de contar pro seu pai. – ela disse dando um sorriso discreto, como quem tivesse culpa. 
— Tudo bem – o Lipe riu – mais cedo ou mais tarde o coroa ia saber, né? – ele falou sorrindo pro pai dele. 
Nós nos acomodamos à mesa.
— Olha o sorriso dele amor – ele olhou pra tia Lorena – Tá todo feliz.  
O tio Ricardo disse, deixando o Lipe com as bochechas coradas de vergonha. Tão lindo que deu vontade de mordê=lo!
— Realmente, a um bom tempo não vejo um sorriso assim no rosto dele. – ela riu. 
— Claro, ele tá comigo agora, né. – brinquei, me gabando. 
— Ei, eu ainda to aqui. – o Lipe levantou a mão, fazendo sinal de que estava presente – E pouco convencida você, né dona Gabriella. – sorriu com ironia. 
— E ela está mentindo, meu filho? – ela olhou pra ele rindo. 
— É – pausou, fingindo analisar a situação – acho que não. – riu. 
— Olha só hein Gabi, conhecendo esse ai como conheço, você fez milagres. Teve sorte. – o tio riu. 
— É sorte não, tio. É muito amor por mim mesmo, né Lipe? – falei olhando pro Lipe, zombando ele. 
— Corto tuas asinhas já, já. – me olhou com cara de mal. 
Eu fiz bico e todos riram. Tomamos café assim, todos rindo e conversando um com o outro, mas eu agilizei, na podia chegar muito tarde em casa. 
— Mande lembranças pra sua mãe, minha linda, fala pra ela que to esperando a aparição dela por aqui. – sorriu, enquanto acompanhava eu e o Lipe até a porta da sala – E me conta o que ela disse depois, hein! – falou referindo-se a mim e o Felipe. 
— Pode deixar tia. – sorri. 
— Daqui a pouco eu volto.

— Pode deixar tia. – sorri. 
— Daqui a pouco eu volto. 
— Tá bom, se cuida ai na rua, viu filho.  
— Pode deixar. – ele deu um beijo no rosto dela. 
Ele me abraçou e nós fomos caminhando casa à fora. Fomos o caminho todo conversando, trocando beijos e brincando um com o outro, típico de nós, né? Não demorou muito e nós chegamos ao condomínio onde eu morava. 
— Está entregue, madame. – ele sorriu me olhando, colocando as mãos no bolso. 
— Geralmente os caras falam isso parando com um carro na frente da casa da moça, não assim, né? – o olhei e ri. 
Ele me olhou fingindo estar ofendido, eu ri dele, dando um selinho demorado no mesmo. 
— Logo, logo, vou estar de carro, daí quero ver falar isso. – se vez bravo. 
— Ai, que metido. – o olhei fingindo nojo e ele riu – Vou subir, antes que minha mãe me mate.  
— Ta bom princesa, vai lá. – acariciou meu rosto – Me liga depois que conversar com ela?  
— Ligo sim. – sorri pra ele, sentindo o carinho que ele me fazia. 
— Quer dar uma voltinha no shopping mais tarde? 
— Ainda pergunta? – o olhei incrédula. 
— Então conversa com ela e me liga, avisando a hora que posso passar aqui, ta? 
— Ta bom. 
Ele colou nossos corpos, acariciando meu rosto e me dando um selinho demorado, logo em seguida iniciando um beijo, eu passei um braço em seu pescoço, segurando sua nuca, encerramos o beijo quando já não nos faltava mais ar, sorrindo um pro outro. Dei um último selinho nele e subi, antes que eu me prendesse a ele, já que estava difícil ficar longe.

Peguei o elevador, não demorou muito e eu já estava em casa, fui entrando, chamando pela minha mãe, mas não havia ninguém em casa, estranhei, mas logo me deparei com um bilhete da minha mãe, em cima da mesa. 

"Filha fui ao shopping com a sua irmã, mas não demoro muito, volto antes do almoço. Espero que tenha se cuidado e tenha tido juízo, mocinha. Até daqui a pouco. Mamãe te ama." 

Sorri ao ler o bilhete dela, coloquei em cima da mesa novamente, e subi pro meu quarto, ao entrar no mesmo, me joguei na cama, pensando em tudo que me aconteceu do dia anterior, até o momento. Eu me sentia mais feliz do que nunca, há muito tempo não me sentia tão completa como estava me sentindo, me parecia um sonho, e se fosse isso mesmo, eu não queria acordar nunca mais. 

Aproveitei que minha mãe ainda não tinha chegado e fui tomar um banho, pra que eu pudesse almoçar com ela. Longos minutos depois, eu já estava no meu closet, escolhendo uma roupa pra vestir. Peguei um short não muito curto, e uma bata branca com detalhes, calcei um chinelo, penteei meus cabelos e desci, ao chegar no fim da escada, me deparei com a Helô sentadinha no sofá, assistindo TV. 

— Oi princesa. – sorri pra ela, indo abraça-la. 

— Oi maninha, tava com saudades! – ela pulou em meu colo e me abraçou sorrindo. 

— Eu também tava com saudades, princesa. – retribui o abraço, dando um cheiro no pescoço dela – Ai que menina cheirosa. – nós rimos. 

— Sou cheirosa igual você, mana. – ela sorria. 

— Somos cheirosas então. – dei um beijo demorado na bochecha dela, fazendo estralo – Cadê a mamãe? 

— Tá lá na cozinha. 

— Vou lá falar com ela, já volto. – eu a coloquei no chão. 

Deixei ela na sala, e fui na cozinha, atrás da minha mãe, que pegava algo na geladeira.

 Mãe, o que minha madrasta quer? - perguntei aflita, enquanto ela falava ao telefone. 

Ela fez sinal pra que eu esperasse e continuou a falar. 

 Mas tá tudo bem? – ela perguntou preocupada, pra minha madrasta, no outro lado da linha. 

 Encaminharam ele pra onde?  

 Mas já atenderam direitinho? Ta tudo bem com ele? – meu coração acelerou ainda mais. 

Fui sentindo meus olhos marejarem e segurei o choro. 

 Mãe, o que aconteceu com o meu pai? – falei num tom mais alto, já com lágrimas escorrendo em meu rosto. 

Ela me olhou com uma cara de preocupação, voltando a escutar o que lhe falavam ao telefone. Algo de muito errado estava acontecendo, e eu já podia ter certeza de que era com o meu pai. 

 É, ela ta aqui, vou conversar com ela. – ela me olhou penalizada, enquanto eu me sentava no degrau da escada, chorando. 

Estava tudo bom demais pra ser verdade.

 Tudo bem, qualquer noticia pode me ligar. Tchau. 

Ela desligou o telefone, e me olhou séria. 

 Me fala, por favor, o que foi que aconteceu com o papai? – eu a olhei, secando as lágrimas com as costas da minha mão. 

 Ele teve uma piora muito grande, tiveram que leva-lo pro hospital às pressas. – ela se sentou do meu lado. 

 Ele ta internado? O que minha madrasta te falou?  

 Sim, os médicos o internaram, acharam que seria melhor. – ela acariciou meus cabelos – Ela disse o estado dele está instável – respirou fundo, pensando se falava – eles não sabem o que será dele daqui pra frente.  

Me doeu o coração ao ouvir aquelas palavras, pareciam como socos no estômago. Chorei ainda mais, com a esperança de que o medo e desespero que eu sentia, fosse embora também.

Minha mãe me envolveu em seus braços, encostando minha cabeça em seu ombro e acariciando meus cabelos. 

 Ele não vai morrer, né mãe? – eu a olhei, torcendo pra que ela me afirmasse que não. 

 Vai ficar tudo bem. – falou tentando me acalmar. 

 Eu não posso perder meu pai, não posso. – coloquei meus braços em meus joelhos, apoiando minha cabeça em minhas mãos. 

Tudo que eu sabia, era chorar, chorar e chorar. Eu não podia perdê-lo. Meu pai era tudo pra mim, não podia permitir que ele partisse, assim, dessa maneira. 

 Eu quero ir visitar ele, quero ver ele mãe!

 Sobre pro teu quarto, eu vou pedir pra Andrea fazer um suco pra você, deita e se acalma, se desesperar assim não vai adiantar, filha, depois nós conversamos.  

Eu a olhei, ainda calada, somente em meio aos soluços do choro, e subi pro meu quarto, me deitando na minha cama e desabando de vez. 

Minha mente estava "a milhão", várias coisas se passavam em minha cabeça, os momentos que passei com meu pai, desde pequena, quando vivíamos juntos, a ida dele pra Porto Alegre, as noites que ele ficava no telefone comigo até eu dormir, minhas idas para lá, as brincadeiras, as broncas, todas as lembranças giravam em minha cabeça. 

Eu precisava ser forte, precisava vê-lo, mas acima disso, precisava ser forte, por mim, e por ele. Não podia demonstrar fraqueza ao vê-lo no estado que fosse, em que ele se encontrasse, eu precisava ser forte por nós dois. 

Depois de alguns minutos, deitada, pensando em tudo que estava acontecendo, lembrei-me de que tinha ficado de ligar pro Felipe, com toda essa noticia acabei esquecendo-me. 

Decidi ligar pra ele, depois de alguns segundo chamando, ele atendeu.

 Oi princesa, e ai? Conversou com a tua mãe? – ele perguntou curioso, dei um breve sorriso, era bom escutar sua voz.  

 Falei – dei uma fungada, segurando o choro. 

 Você ta chorando? – seu tom era preocupado – O que aconteceu Gabi? Me fala. 

 Nós vamos ter que deixar o shopping pra outro dia, meu pai foi internado. – lágrimas começaram a escorrer novamente. Droga! 

 E como você ta? – ele perguntou preocupado – Ah, droga, que pergunta! – respondeu a si mesmo, dei um risinho da aflição dele – Eu to indo ai, me espera ta.  

Ele desligou o telefone na minha cara, sem ao menos me deixar falar, isso já demonstrava o quanto a preocupação dele era grande. Sentei-me na cama, pensando no que faria, não demorou muito e logo ele estava ali, lindo e com um sorriso de canto, parado na porta de meu quarto. 

 Posso entrar? – ele me olhou, dando um meio sorriso. 

Eu me limitei a falar, apenas assenti com a cabeça, dando um sorrisinho sem mostrar os dentes. Ele entrou, e parou na minha frente, me olhando com as mãos nos bolsos de sua bermuda. O olhei, enquanto o mesmo tirava as mãos dos bolsos, ainda me olhando nos olhos, ele sabia do que eu precisava. 

Ele esticou os braços, me chamando pra um abraço, e sem mais demora me atirei em seus braços, o abraçando fortemente, sendo retribuída pelo mesmo. Ali, nos braços dele, eu chorei mais uma vez, um choro longo, mas também consolado, eu me sentia protegida, me sentia envolta e principalmente, me sentia amada. Ele acariciou meus cabelos, de uma forma que me confortava.

 Calma princesa, vai ficar tudo bem. – falou enquanto dava um beijinho na minha cabeça. 

Eu o abracei mais forte ainda, desejando que tudo não passasse apenas de um pesadelo, e que logo eu acordasse. 

 Você precisa ser forte, ainda tem muita coisa por vir. Olha pra mim – pediu, levantando meu queixo delicadamente, fazendo com que eu o olhasse – Você precisa se preparar, tua mãe me disse que o estado dele é instável – ele falava, secando minhas lágrimas – mas independente do que aconteça, eu vou estar do seu lado, viu? – deu-me um selinho – eu vou pra Porto alegre contigo se você quiser ir, vou estar do teu lado em todo momento, mesmo que seja só pra te encher o saco. – ele sorriu, me fazendo dar um risinho – Nós vamos passar por isso juntos, ta bom? 

Eu o olhei e assenti. Ter o apoio dele num momento desses, era algo inexplicável, tê-lo ao meu lado, era a melhor coisa que poderia estar acontecendo.

 Eu to com tanto medo. – falei o abraçando novamente – Meu pai é tudo pra mim, se eu perder ele, eu morro. – falei, caindo no choro novamente.

 Ei, shiu! – falou, fazendo carinho em mim, tentando me acalmar novamente – Não fala isso não, se eu te perder, ai quem morre sou eu. 

Ele me puxou em direção a cama, sentando na mesma, e me fazendo sentar ao seu lado. Me encostei em seu peito, quase deitando, ele me envolveu em seus braços, voltando a me acariciar.

 Vamos torcer pra ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. – deu um beijinho em minha bochecha.

Eu fiquei ali com ele, envolta em seus braços, nós ficamos em silêncio, sendo quebrado apenas pelos soluços do meu choro. Depois de um bom tempo daquele jeito, acabei pegando no sono.

Acordei horas mais tarde, com o Lipe deitado do meu lado, me olhando com um sorriso de canto no rosto. Sorri ao vê-lo ali, passei meu braço em torno de sua cintura, o abraçando forte, acomodando minha cabeça em seu pescoço, embriagando-me no cheiro maravilhoso que ele tinha. Ele passou o braço em torno de minha cintura, me abraçando também. 

 Dormiu bem, bela adormecida?  

 Uhum. – me acheguei ainda mais a ele. 

 Ta se sentindo melhor? Mais calma? 

 Aham. – falei sem olhar pra ele. 

— Certeza? – perguntou duvidoso. 

 Acho que sim. 

— Hum. – falou num tom de quem desconfiava. 

 Que horas são?  

— Seis e quinze, você dormiu bastante. 

 Quase nada. – dei um risinho. 

Estava tão bom aquele jeito que nós estávamos, que eu queria me limitar a falar, apenas ficar ali, aconchegada em seus braços, até que tudo finalmente acabasse. Mas nem sempre, querer é poder. 

Ficamos um bom tempo daquele jeito, calados, apenas escutando a respiração um do outro, mas como tudo que é bom dura pouco, logo minha mãe nos chamou pra jantar, e assim nós fizemos. Ao decorrer do jantar, conversei com a minha mãe, e decidi que iria pra Porto Alegre no dia seguinte, ela teimou, disse que eu não sabia como estava a situação lá, que não adiantava eu me desesperar, mas talvez ela não entendesse o conflito que estava dentro de mim, e o medo que a cada hora que se passava, casa vez aumentava mais. Eu precisava ver o meu pai, precisava pelo menos confirmar a situação dele, e precisava estar por perto, ainda mais sabendo que sua situação era instável. 

Após uma longa conversa, ela enfim, concordou com a minha ida, mas só permitiu de vez, quando Felipe assegurou que iria comigo e cuidaria de mim, fazendo com que ela ficasse mais segura do que estava permitindo. Ela realmente confiava nele. Depois de jantarmos, eu subi pro meu quarto sozinha, enquanto o Lipe acertava alguns detalhes e via os horários dos voos, pela internet, com a minha mãe, longos minutos depois, ele estava no meu quarto novamente. 

 Vamos pegar o voo das 15h30. – ele falou sentando-se na cama. 

 Ta bom. – dei um sorriso de canto – Tem certeza que quer ir? Não precisa se preocupar, se quiser, pode ficar.  

 Nem adianta, ta decidido, não vou te deixar ir sozinha. – falou com certeza.

 Então ta bom. – sorri pra ele – Vai ficar por aqui hoje? 

 Isso é um convite?  

 Sim. 

 Já que faz tanta questão, eu fico sim, to livre hoje. – falou esnobe, mexendo em seus cabelos. 

 Baixa a bola, iludido. – falei rindo, cessando o riso rapidamente. 

Sentei-me no pufe, que ficava a frente da cama, meu pais e o estado em que ele podia se encontrar, não saia de meus pensamentos, e eu me sentia extremamente egoísta, ao saber que enquanto eu dava risada e tentava me dispersar desses pensamentos, ele estava internado, deitado em uma cama de hospital em sabe-se lá, que situação. Meus olhos marejaram, e de certo o Lipe percebeu isso. 

 Psiu. – me chamou, fazendo com que eu o olhasse – Vem cá! 

Ele bateu sua mão direita em sua perna, chamando-me pra sentar em seu colo, o olhei pensativa, e logo me levantei, indo em direção a ele e me sentando de lado, em suas pernas. Ele passou seu braço esquerdo em minha cintura, abraçando-me de uma forma que os dois braços me envolviam, encostei minha cabeça em seu ombro, olhando em seu rosto.

 Você tá muito caidinha, não pode ficar assim. – ele acariciava minha cintura com uma de suas mãos. 

Fiquei em silencio por alguns minutos, apenas o olhando. 

 Me sinto egoísta em estar rindo, enquanto ele está lá. – falei num tom baixo. 

— Você não está sendo egoísta. Acha que seu pai iria te querer assim, desse jeito, toda tristonha? – me olhou. 

 Não. – suspirei. 

 O que ele sempre te fala?  

 Pra eu não deixar de sorrir. – falei esboçando um sorrisinho. 

 Então... 

Pensando por esse lado, sim, ele estava coberto de razão, meu pai não iria querer me ver triste. 

 Acha que ele vai querer te ver triste assim quando você for vê-lo amanhã? Capaz de dependendo de como estiver, fazer piada pra te ver sorrir. 

Sim, meu pai era desses que fazia piada com a própria situação em que estava, só pra arrancar um sorriso de alguém. 

— Não. – dei um risinho, lembrando-me disso. 

 Então me faz um favor? – olhou-me. 

Me limitei a falar, apenas assenti o olhando também. 

 Da aquele sorriso lindo, que só você sabe dar, aquele sorriso mostrando todos os dentes. – ele imitou o meu sorriso exageradamente, me arrancando o riso – Viu, assim que eu quero. – falou rindo, dando um beijo em meu pescoço, fazendo-me arrepiar. 

Eu sorri pra ele. Ele mal imaginava o bem que estava me fazendo, e tamanha força que estava me passando. 

 Obrigada.  

 Pelo que? – arqueou uma sobrancelha. 

 Por estar me ajudando, mal sabe o quanto ta me fazendo bem. – sorri pra ele, acariciando seu rosto. 

 Eu só quero te fazer bem, quero o teu melhor.  

Ele sorriu, dando-me um selinho, que logo se estendeu em um beijo longo e demorado, um beijo cheio de carinho, ele acariciava meu rosto, dando uma leve apertadinha em minha cintura, enquanto eu segurava em seus cabelos, emaranhando minha mão nos mesmos. Encerramos o beijo com selinho, guardando pro "grand finale" o sorriso lindo que ele tinha em seus lábios.

Felipe narrando:   Depois de passar a tarde toda com a Gabi, de velar o sono dela, e ter a certeza de que ela dormia tranquilamente, sem que o desespero a tomasse novamente, depois do jantar e da conversa que tive com a tia Lisa, que me fez pedidos esperados, como que eu cuidasse da Gabriella por ela, ou que eu não deixasse que nada acontecesse com a mesma. Depois de até mesmo, tentar dar uma animada na minha menina, que estava mais triste do que nunca, fui pra minha casa, conversar com minha mãe, e lhe pedir permissão, pra que eu pudesse viajar no dia seguinte. 

A Gabi havia me pedido pra dormir com ela, e vê-la no estado em que ela se encontrava, era impossível de dizer não a um pedido daqueles. Eu nunca havia visto ela tão frágil, como havia visto naquele dia. Minha vontade era de pegar toda dor e medo que ela sentia pra mim, e livra-la de todo aquele sofrimento e angustia que ela vinha passando. Eu tinha vontade de cuida-la, mais do que nunca, e eu não podia, de forma alguma, deixar faltar com ela num momento desses, muito menos deixa-la viajar sozinha pra tão longe, sem alguém que lhe passasse forças. 

Conversei com a minha mãe, expliquei tudo pra ela, que como sempre, com sua maior vontade de ajudar o próximo, deu-me a permissão de acompanhar a Gabi até Porto Alegre, o único problema que a preocupou, foi a escola, mas eu prometi que me empenharia em recuperar toda matéria que eu perdesse, no tempo que eu fosse passar fora, fosse ele longo, ou não. Eu só não poderia deixar minha pequena ir sozinha, e isso eu não faria. Depois de conversar com a minha mãe, subi pro meu quarto e tomei um banho demorado, relaxando e também preparando-me pra tudo que fosse vir pela frente. 

Era fato de que o pai dela não se encontrava em um estado bom, e conversando com a tia Elisa, pude saber as claras toda a situação em que ele se encontrava, que no caso, não era nada boa. O câncer havia dominado todo seu corpo, como antes, mas ele não vinha reagindo aos tratamentos, e os medicamentos que ele tomava, não vinham dando conta de todo seu organismo, ele estava nas últimas, e isso era um tanto assustador, já que ele sempre fora um homem muito saudável e raramente encontrava-se doente. Nós precisávamos preparar a Gabriella pro que estava por vir, mas não era nada fácil falar todas essas verdades pra ela, sem que o desespero e medo de perder o pai, fosse maior que isso. 

Depois de estar de banho tomado, me arrumei e avisei minha mãe que iria para casa da tia Lisa, e que na manhã seguinte voltaria pra arrumar minha mala e despedir-me dela. A mesma concordou, e pediu pra que eu mandasse um beijo pra Gabi, e a abraçasse por ela. Como a noite estava calma, decidi ir de skate, assim chegaria mais rápido, não que o apartamento da Gabi fosse longe da minha casa, mas a preguiça de andar batia mais do qualquer coisa. Depois de alguns minutos, cheguei à casa dela, e logo fui atendido pela tia Elisa, que me falou pra subir, que a Gabriella me esperava no quarto. 

Assim que entrei no quarto da mesma, notei que ela não estava em canto algum, mas logo reparei no barulho do chuveiro, que estava ligado, de certo ela estava tomando banho. Liguei a TV e me deitei na cama, poucos minutos depois ela saiu do banho, enrolada na toalha. Engoli em seco, a olhando de cima a baixo, e deixando-a envergonhada, notei isso quando reparei em suas bochechas, que estavam coradas, toda linda, era quase que impossível deixar de olha-la. Sinceridade a parte, ela era literalmente, o tipo de mulher que de longe, já podemos chamar de gostosa, daquelas que paravam o quarteirão. Era linda, gostosa, e se posso afirmar, era minha! 

— Faz tempo que você ta aqui? – me olhou surpresa, ainda envergonhada. 

— Não, cheguei quase agora. – falei ainda a olhando. 

Nós ficamos em silêncio por alguns segundos, estava muito difícil tirar os olhos dela. 

— Pode ser menos cara de pau e parar me de olhar assim? – falou rindo e me repreendendo, me fazendo rir também. 

— Desculpa, não olho mais. – fiz cara de coitado. 

— Faz essa cara não, coisa linda! – ela se aproximou, e me deu um selinho demorado. 

Retribui o selinho, meio tenso. Ter contato assim com ela, na forma em que estava, era bem difícil. 

— Acho melhor você ir se trocar. - falei sem tirar os olhos dela. 

— É, acho melhor mesmo, porque do jeito que você tá me olhando, daqui a pouco sumo. - ela falou rindo, indo em direção ao closet. 

Minutos depois ela saiu de lá, vestida com um pijama dos ursinhos carinhosos, parecia uma bebezinha, toda fofinha, isso me dava mais vontade ainda de cuida-la, e não deixar nada de mal lhe acontecer. 

— Como estou? - ela falou rindo, e dando uma voltinha. 

— Ta parecendo uma bebezinha. - falei a puxando pra mim. 

— Eu sou uma bebezinha. - falou, fazendo bico. 

— Uma bebezinha linda e minha! - dei um selinho em seu bico. 

— Tua é? - me olhou com desdém. 

— Sim, minha. - afirmei a olhando nos olhos. 

— Não to sabendo disso não, hein. - me olhou nós olhos também. 

— E não é minha? - fiz beicinho, ainda a olhando. 

Ela me olhou por alguns segundos, fingindo analisar a situação, dando aquele sorriso lindo que ela tinha, logo em seguida. 

— Sou tua sim! - falou sorrindo, dando-me outro selinho demorado.

A verdade é que ela estava adorando tudo aquilo, mas só estava fazendo charme. E cá entre nós, fazer charme era o seu forte.

— Chata.

 Ó quem fala. - se desvencilhou dos meus braços, deitando na cama.

 Eu não fico fazendo doce que nem você. - falei divertido, em tom de reclamação.

 Mas é chato, que nem eu. - riu.

Eu me deitei do seu lado, a abraçando apertado. Era bom abraça-la, realmente, muito bom. Ficamos assim por um bom tempo, apenas no silencio do nosso abraço, mas logo fomos interrompidos por ela, que quebrou todo o silêncio.

 Quer ver filme? - ela perguntou enquanto acariciava os meus cabelos.

 Só se for assim, agarradinho em você. - me aconcheguei ainda mais nela, encostando minha cabeça em seu pescoço.

 Mas vai ser assim, agarradinho em mim. - deu um beijinho em minha cabeça.

 Então eu quero. - dei um beijo em seu pescoço, fazendo-a arrepiar. 

Pude ouvir ela dar um risinho abafado, me fazendo rir também.

Ficamos assim, deitados, assistindo filme até ela finalmente pegar no sono, e mesmo depois disso, não pude deixar de observá-la e velar teu sono, até que o meu finalmente chegasse.

Acordei bem antes da Gabi, pois eu ainda tinha que ir em casa, arrumar minhas coisas e me arrumar. A olhei por alguns minutos, até que eu despertasse de vez, em seguida levantei-me, joguei uma água no rosto, pra tirar a cara amassada que estava explicita em minha face.  

Depois de tudo feito e mais disposto a realmente acordar, agachei-me em frente da Gabi, acariciando seus cabelos. Ela, que por mais que dormia, não parecia estar em um sono tranquilo, pois estava mais inquieta do que o normal. Pensei milhões de vezes se a acordava ou não, mas a ideia de saber que ela poderia estar sofrendo, até mesmo em sonho, era algo perturbador. 

 Psiu - a chacoalhei cuidadosamente, e pude ver o desespero em sua inquietação - Ei princesa acorda! 

Ela abriu os olhos rapidamente, piscando com uma certa força e sentando-se rapidamente, levando as mãos aos olhos. 

 Me fala que meu pai tá bem, fala que foi só um sonho? - ela falava em meio aos prantos. 

 Shiu. - eu a abracei fortemente - Já passou, já passou. Foi só um pesadelo. - eu falava enquanto acariciava seus cabelos, na tentativa de acalma-la.

Ela deitou a cabeça em meu peito, enquanto eu acariciava seus cabelos, depois de um tempinho assim, com ela já mais calma, sequei suas lágrimas com cuidado.

 Olha, eu preciso ir, preciso arrumar minhas coisas. Você vai ficar bem? - a olhei nos olhos.

Ela assentiu que sim, dando um sorrisinho de canto.

— Daqui a algumas horas nós já vamos estar com o teu pai, e você vai poder assegurar-se de como ele está, ta bom?

— Ta. - ela sorriu.

— Fica bem, ta? - pedi a ela, acariciando seu rosto.

— Pode deixar, vou me aprontar agora.

— Tá bem, mais tarde passo aqui para nós irmos.

— Ok. - ela sorriu pra mim.

Dei um selinho demorado nela, acariciando seus rosto com o dedão. Levantei-me, mas ao chegar na porta de seu quarto, olhei pra ela novamente, a chamando.

— Gabi?

— Oi? - ela disse em resposta, me olhando.

— Eu te amo. - falei a olhando, com um sorriso.

— Eu também te amo! - ela abriu um sorriso lindo, toda perfeita!

Dei uma piscadela pra ela, seguida de um sorriso, e logo fui em direção a minha casa, afinal, precisava me aprontar, meu dia seria longo.

  Gabriella Narrando:   

— Se cuida filha, por favor, e qualquer coisa me liga! - minha mãe pedia pela vigésima vez.

— Pode deixar, mãe. - afirmei, já cansada de falar a mesma coisa.

Eu estava ansiosa para ir logo, e toda aquela "rasgação de seda" com a minha mãe, já estava me dando nos nervos. Por fim, chamaram nosso voo pela terceira e última vez.

— Preciso ir mãe, se não nós vamos perder o voo. - falei me desvencilhando do abraço dela.

— Ok querida, assim que chegar me liga. Daqui a um ou dois dias eu estou embarcando pra lá.

— Pode deixar. - sorri para assegurá-la.

— Cuida bem da minha menina, viu Lipe? Qualquer coisinha é só me ligar! - ela falou com um tom de preocupação.

— Pode deixar comigo tia, vou cuidar dela melhor do que ninguém. - sorriu pra mim, dando-me um beijo na testa - Agora nós precisamos ir. - me envolveu em um abraço.

Nós demos as costas, e começamos a caminhar, indo em direção ao portão de embarque.

— Se cuidem crianças! - ela gritou em alto bom tom, pra que pudêssemos ouvi-la.

Eu apenas olhei pra trás, e sorri, acenando pra mesma. Não demorou muito e nós já estávamos dentro do avião, nos acomodando cada um em sua poltrona. Assim que o avião levantou voo, olhei pro Lipe com receio, era agora ou nunca.

O Felipe apertou minha mão, me passando confiança, e de alguma forma, me acalmando por inteira. Sorri pra ele em retribuição, o olhando com imensa gratidão. 

Desde que começamos a ficar, e principalmente depois do acontecimento do dia anterior, ele não saia do meu lado, e estava me passando forças a cada minuto, era bom tê-lo por perto. Ter uma relação com o meu melhor amigo desde sempre, era algo totalmente novo e maravilhoso ao mesmo tempo, ele era a melhor coisa que me aconteceu, em meio a todos os acontecimentos recentes. Nunca havia imaginado algo assim, nem me sentir tão bem e apaixonada por alguém, não por ele.

Eu estava apreensiva para ver o meu pai, ansiosa até demais. Eu só queria vê-lo e ter a certeza de que ele estaria bem, e que tudo voltaria ao seu perfeito estado, por mais que eu não quisesse me agarrar à essa ideia, talvez por medo de me iludir demais e acabar no pior, já que me ocultavam boa parte de seu real estado de saúde. 

A esperança é a última que morre, mas também, a primeira que mata. 

Encostei minha cabeça no ombro do Felipe, que acariciava minha mão, em meio a tantos pensamentos mútuos, acabei adormecendo.

— Gabi - ele me cutucou - acorda, chegamos. - me cutucou mais uma vez. 

O olhei, ainda sonolenta. Ajeitei-me na poltrona, esfregando os olhos levemente, e por fim, abrindo-os de vez. 

 Vem, todo mundo já desceu, só falta nós. - ele me estendeu a mão. 

Peguei em sua mão, e fui guiada por ele para fora do avião, assim que saímos, pude ver que o sol já havia ido embora e o céu escuro estava dominado por estrelas. 

 Que horas são? 

Ele olhou em seu relógio, direcionando o olhar pra mim logo em seguida. 

 Vinte pras sete, você dormiu a viagem toda, dorminhoca. - deu um sorrisinho de lado. 

 Nem percebi - dei um risinho sem graça - estava cansada. - esclareci. 

 Percebi. - nós rimos - Vem, vamos rapidinho, sua madrasta está nos esperando. 

Nós demos as mãos, e fomos caminhando juntos, fizemos todo o processo, pegamos nossas malas que não demoraram muito à vir, e logo em seguida fomos ao portão de desembarque, procurando atentamente com os olhos, minha madrasta. Depois de alguns minutos na sua procura, nós a achamos de pé, perto de uma fila de cadeiras, com o Gu envolto às suas pernas. 

Eu olhei pro Lipe, apontando com a cabeça a direção em que minha madrasta estava e nós caminhamos até eles, ainda de mãos dadas. 

 Psiu. - os chamei com um sorriso no rosto. 

— Maninhaaaa! - o Gustavo correu em minha direção. 

Eu me ajoelhei, esticando os braços para abraça-lo, enquanto ele corria em minha direção. Ele me passou seus braços em volta do meu pescoço, me abraçando apertado, o abracei na mesma intensidade. Como era bom aqueles braços pequeninos me abraçando. 

 Oi príncipe. - dei um beijo em sua bochecha, ainda abraçada a ele. 

 Eu estava com saudades. - falou tristinho - O papai tá doente, muito doente. - ele se desfez do abraço, me olhando por completa, e me dando a visão do mesmo. 

Seu olhar era triste, cabisbaixo, mal parecia o meu molequinho, cheio de sorrisos, que espalhava alegria. Partiu-me o coração ao vê-lo daquela forma.

 Ô meu amor, logo, logo ele vai ficar bom. - falei com um aperto imenso no peito, acariciando seu rosto - Eu trouxe um amigo pra você. - sorri pra ele, na tentativa de mudar de assunto.

Ele olhou pro lado, avistando o Lipe, o olhando de cima a baixo. O Lipe já tinha visto o Gu, quando ele tinha os seus um ano e meio de idade, mas é óbvio que ele não lembrava do Felipe.

 É esse grandão que veio de mãos dadas com você? - ele falou baixinho no meu ouvido.

Eu dei um risinho, olhando pro Lipe e novamente voltando meu olhar pro Gustavo.

 É ele sim. - falei em seu ouvido também.

Ele olhou pro Lipe novamente, com um olhar sério, mas abriu um sorriso logo em seguida. Na mesma hora, o celular da minha madrasta tocou,  até tinha me esquecido de que ela estava ali. Eu a olhei, e ela fez um sinal de que eu continuasse ali com o Gu e que já voltava, eu assenti e continuei a conversar com ele.

 Vem, vamos sentar ali que meus joelhos já estão doendo. - apontei pro banco e segurei em sua mãozinha, o levando comigo.

O Felipe veio atrás, carregando as malas, eu olhei pra ele e dei uma piscadela, que foi retribuída com um sorriso do mesmo. Me sentei no banco com o Gu.

 Oi. - ele falou pro Felipe, que estava de pé nos olhando.

 E ai, molecão. - ele agachou na frente do Gustavo.

 Qual o nome dele, Gabi? - ele me olhou.

 Ué, pergunta pra ele, Gu.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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