Mistérios da Lua escrita por uzumaki


Capítulo 6
Uma nova descoberta


Notas iniciais do capítulo

Um beijo pra Silena, Mila Matos, Livia Ramos, Philip Grasswood, Débora Kinomoto, Gmusic, Lyne Konig e Isabela Martins!
Não esqueçam de dar uma passada e prestigiar a Lyne, e prestigiar a sua história: War of Thrones - The Last Scion
Que é sobre bruxos e magia. Quem gostou desta aqui, pode curtir a dela!
Beijos e comentem o que acharam deste capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423364/chapter/6

Ed sabia como acampar. Depois de nos teletransportarmos, acabamos caindo em uma floresta. E quando digo caindo é caindo mesmo. Fomos parar em cima de uma árvore, e caímos com tudo de um galho. Acho que fiquei uma hora lá embaixo até começar a rir de tudo. Então nos levantamos e caminhamos até uma clareira, onde Ed precisou da minha ajuda para montar uma barraca. Claro, ele ainda estava com o braço enfaixado.

— Como foi que você me achou? - perguntei.

— Eu me levantei, peguei o elevador e te esperei na saída. - ele respondeu, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Tão rápido? - perguntei.

— Magia ajuda às vezes, sabe? - respondeu ele, sorrindo.

— A mim não ajudou em nada até agora. - resmunguei, porque não havia feito magia alguma. Certo, aquele truque com a água foi legal, mas não era magia de verdade.

— Eu te ensino, vamos lá. - disse ele, se levantando. Ele me deu a mão direita, a boa, pra mim me segurar, mas eu ignorei e me levantei sem ajuda.

— Qual o primeiro passo? - perguntei, sem saber o que fazer.

— Não tem essa de primeiro passo, Anne. - respondeu ele, revirando os olhos.

— Não? Então como é que eu...

— Para. - me interrompeu ele - Você está se perguntando como é possível, e eu digo o seguinte: não pense em nada. Visualize o que quer que aconteça e isso acontecerá. Como um teletransporte. Você só precisa visualizar o que quer e isso acontecerá.

— Isso é por acaso, invocar algo? - perguntei.

— Exatamente. - ele sorriu - Agora visualize uma Coca-Cola.

Eu lembrei das Cocas do orfanato. Raramente tínhamos lá, então eu comprava na escola. A latinha prateada por dentro, vermelha por fora, um líquido espumante preto como a noite, as bolhas descendo pela minha garganta. Um delicioso gole de uma Coca-Cola agora ia bem. Quando abri os olhos, lá estava minha latinha, nas mãos de Ed, que bebia rápido, gole por gole. Fiquei indignada.

— O que pensa que está fazendo? - perguntei, quase gritando.

— Tá fazendo um calor dos infernos aqui, sabia? - respondeu ele, largando a minha Coca no chão.

— Eu não quero saber! Você está bebendo a minha Coca!

— Ai, tá, okay, okay. Não fique zangada.- disse ele.

— Me devolva. Agora. - ordenei.

— Acabou. - ele pisou na latinha vazia.

— Eu não acredito que você bebeu toda! - gritei.

— Ai, para de drama. Invoca outra. - disse ele, simplesmente.

— Não é tão fácil assim, tá?

Ele piscou e uma garrafa de 3'5 litros apareceu ao lado dele.

— É fácil, sim Anne. - disse ele - Agora, invoque os copos.

Eu estava boquiaberta contra a minha vontade. Fechei a boca e me lembrei de alguns copos de plástico que serviam quando eu ia nas reuniões da escola. Pisquei com força e me forcei a pensar no número 40. Quando abri os olhos, Ed estava soterrado no meio de muitos copinhos plásticos. Eu havia pensado 40, só pra esfregar na cara dele, mas havia saído mais do que 40 fácil, fácil.

— Acho que exagerou um pouquinho. - disse ele, do monte de copos. Pegou dois copos e perguntou - Quer um gole? Eu vou tomar um pouco.

—Tá, me passa o copo. - resmunguei, estendendo a mão pra ele me entregar o copo. Ele encheu meu copo e me entregou. Bebi um gole. Estava bem gelada. Engoli tudo com rapidez e larguei o copo.

— Tava boa? - perguntou ele, inocentemente - Porque a minha estava.

— Estava. - respondi, ainda contrariada.

— Me ajuda? - perguntou ele, me estendendo a mão boa para mim puxá-lo. Peguei sua mão e ao invés de mim puxá-lo, ele me puxou, e eu caí em cima de algumas dúzias de copinhos plásticos.

— Obrigado por ter falado aquilo pra mim. - agradeceu ele, me olhando nos olhos.

— Não espere que eu diga novamente "Eu sinto muito", acho muito clichê. - respondi, desviando os olhos - Mais como uma obrigação. Você merece um "Parabéns", isso sim. Por ter continuado em frente, cuidando da sua irmã, e se tornando um Protetor. Portanto, parabéns.

— Você sabe que é estranha, Anne Raxel? - falou ele, me provocando arrepios. Era esse meu sobrenome? Quantas vezes eu já fora punida por ter entrado escondida no escritório da Martha e ter procurado meus arquivos? E de repente, eu sabia meu sobrenome. Sem falar que meu sobrenome era ridículo. Raxel? E o x era falado como CS como em pixel. Tinha que ser assim, tão estranho?

— Raxel? É meu sobrenome? - perguntei.

— Sim, é. - respondeu ele, agora olhando para uma flor, com uma cor parecida ao branco contrastando com o mais puro negro.

— É um sobrenome que não precisa ser citado, saiba disso. - disse eu, para Ed, que se levantou sozinho. Pelo jeito, ele não precisava mesmo de mim. Ele andou até a flor e olhou fixamente para ela, que se levantou da terra, com raiz e tudo. Ed invocou um medalhão e a flor se encolheu, até se transformar em uma pedra negra, parecida com uma ônix. Ele enfiou a pedra no medalhão e virou-se na minha direção. Eu estava com as sobrancelhas arqueadas, mas depois do que eu vira antes, já nem me assustava mais. Ed caminhou até mim, se jogou no chão e perguntou:

— Você quer?

— O que? - perguntei, ainda desligada.

— A pedra, você quer? - perguntou ele novamente.

— Você vai me dar o medalhão? - perguntei, embasbacada.

— Claro, Raxel. - disse ele - Eu fiz pra você.

— Não me chame de Raxel. - protestei - Ou então vou enfiar meu pé em um lugar onde dói mais do que este seu braço quebrado.

— Ai. - disse ele, se contorcendo - Você é violenta.

— Você me irrita. - respondi.

— Ora, obrigado. - falou ele. - Agora deite-se e durma. Já está tarde.

— O que? - repliquei - São 20:37 da noite, você não pode estar falando sério.

— Mas é claro que sim Rax... - disse ele, antes que eu mandasse um olhar assassino - Desculpe. Mas precisamos dormir cedo ou então não poderemos andar amanhã.

— Andar? - perguntei, já sentindo a dor nas minhas pernas - Não podemos simplesmente nos teletransportarmos?

— Eu não vou carregar você por todo o lado. - respondeu ele, sorrindo - Até você aprender a usar seus poderes, nada de teletransporte.

Meu queixo caiu. Como assim ele não iria nos teletransportar?

— Você já não acabou de me ensinar? - perguntei, claramente na defensiva.

— Aquilo era magia básica. - respondeu ele - Eu vou te ensinar a usar seus verdadeiros poderes.

— Os Caminhos. - falei, sem pensar.

— Sim, é melhor você aprender rápido. - disse ele, me deixando apreensiva.

— Mas eu não quero ser Dominante de água. - protestei.

— Então tente outro. - respondeu ele.

— Mas eu não sei o que tentar! - gritei - Você está me pressionando, sabia?

— Ei, se acalma. - disse ele, colocando a mão no meu ombro - A Sophie te disse os caminhos, não é?

— Disse. - respondi.

— Então vamos tirar certos Caminhos, okay? - pediu ele.

— Okay. - eu já estava bem mais calma.

— Tá bom, então. - disse ele - Protetor, que tal?

— Ai, não. Eu não daria pra proteger outra pessoa.

— O que você tem contra Protetores? - perguntou, agora era ele que estava na defensiva.

— Nada, mas acho o trabalho de vocês muito chato.

— Ah, você quer ação? - ele perguntou, depois fechou os olhos e uma espada se materializou em suas mãos. Uma espada cristalizada, mas fora isso, podia facilmente me transformar em presunto fatiado.

— Você não vai me machucar, não é?

— Claro que não. - respondeu ele, me dando um sorriso brincalhão - Mas venha. Invoque uma espada.

— Como vou invocar uma espada? - perguntei, ainda olhando fixamente para a espada que Ed empunhava.

— Todos os Feiticeiros tem uma espada. - explicou Ed - É a reflexão de nossas Almas. Você só precisa imaginar, chamar uma espada de dentro de você, e ela virá. Ela é o que você é, Anne. Não o que faz dela.

— E isso quer dizer que você é brilhante por dentro? - perguntei, rindo.

— Ah, por fora também. - respondeu ele, rindo também. - Mas tente agora. Pense na história mais triste que já aconteceu com você. A espada vai sentir, e virá.

Eu gelei quando ele disse aquilo. A história mais triste? Triste seria a morte de Luna, mas a mais assustadora... de repente me lembrei do que aconteceu quando eu tinha 8 anos, na parte de trás da Escola Anglicana, um caso que quase me fez ser expulsa. Eu estava pra matar aula pela primeira vez na vida. Era eu e uma garota emo, de 15 anos de idade. De onde ela era, eu não sabia. Ela só perguntara "Quer matar aula comigo?" e eu disse "Sim". Ali, dentro do armário da zeladora, começara a desistir. A garota me dera um tapa na cara, para eu parar de chorar. Eu parei e comecei a odiar aquela garota. Queria que o Diretor Tehanne descobrisse que estávamos ali, que a zeladora Paty visse, que aquela garota boboca caísse da escada quando estivesse na frente de todo mundo. Eu estava tão furiosa que queria que aquela garota quebrasse uma perna e fosse parar no Hospital Central. Eu estava furiosa, pronta para atacar e arranhar aquela menina enquanto ela não me desse um soco. Mas antes que eu fizesse qualquer coisa, ela me puxou e saímos dali. Quando estávamos atravessando o estacionamento, ouvimos um barulho acima de nossas cabeças. Nos viramos e vimos uma enorme forma, envolta em sombras, assim como Ed disse que vira. A Sombra desceu e eu me preparei para correr, enquanto a sombra me atravessava e pegava os braços da emo. Ela gritou e esperneou, enquanto era arrastada por um buraco na rede de proteção da Escola. A garota estava no chão agora, sendo puxada pelas pernas enquanto arranhava o chão, indo em direção a um buraco no chão. Ela gritava meu nome "Anne, me ajude por favor!" mas eu estava paralisada. A garota foi puxada para dentro do buraco e desapareceu. Eu desmaiei e quando foram me encontrar, eu estava caída no chão do estacionamento, suando, e esperneava, gritando o nome da garota arrastada. Me levaram ao psicólogo, à polícia, na direção, ao Hospital... mas nada. Eu não contava nada a eles. O desaparecimento da garota fora arquivado, por falta de provas e suspeitos, afinal, a culpa não iria ser de uma garotinha.

— Anne! - berrou Ed. Mas ele parecia mais encantado do que assutado. Eu estava suando frio. - Nossa!

Ele apontava para o chão aos meus pés. Olhei para baixo. Havia uma espada ali. Um lado, negro como pesadelo, como a noite mais fria e sombria do Inverno mais tenebroso. E o outro lado, parecia um diamante mal esculpido, porque era crespo e irregular, mas tinha um brilho intenso. Arregalei os olhos.

— Nossa, sua alma é bem diferente, né? - perguntou Ed, dando um sorriso.

— Parece que é. -respondi, ainda suada pelo fato de lembrar daquela coisa terrível.

— Nossa, ainda estou surpreso. - disse ele, me ignorando - Nossa, nossa...

— Sabe aquela oferta de me chamar de "Raxel"? - perguntei, chamando a atenção dele - Ela tá valendo para "nossas", também.

— Ai, para de ser violenta. - falou ele, sorrindo para mim - Mas nossa, foi realmente demais.

— Afe. Não tem jeito com você não.

— Com você também não. - replicou ele, rindo.

Eu comecei a rir também. E pareceram horas até eu finalmente parar de rir e só observar Ed rindo. E pareceram que realmente não havia um mundo interessado em me matar lá fora. Até eu ver uma sombra.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem, favoritem, ou recomendem a história!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mistérios da Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.