Electoral High School escrita por Srta Pottah


Capítulo 14
Capítulo 14




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Deitado com os braços abertos, olhando para cima, cansado, sonolento, faminto e sozinho. Era assim que eu me encontrava, já no quarto. Acompanhava com os olhos o ventilador que girava lentamente, quase parando. Já fazia uns vinte minutos que eu estava assim, até imaginava que nunca mais conseguiria levantar de tão confortável que o chão estava.

Infelizmente sempre tem algo (ou alguém) para nos tirar do conforto. Neste dia (que já estava virando noite) e na maioria das vezes esta pessoa era Edward Goldens.

— Ta vivo? — estalou os dedos na frente dos meus olhos — ótimo, está. Levanta, toma um banho, coloca uma roupa de gente e vem comigo.

— Eu não vou com você para lugar nenhum — respirei fundo e sorri ironicamente.

— Ah Logan, todo mundo vai estar lá.

— "Lá" seria...?

— Consegui uma autorização do diretor...

— Eu não ligo.

—... para nós podermos ficar fora da cama depois do toque de recolher...

— Nossa como você é foda em Edward.

—... e vamos nos encontrar na quadra de basquete — quadra de basquete? Quem usa a quadra de basquete hoje em dia? — para darmos "boas vindas" aos novos alunos.

— Ah, isso é tão gay.

— Foi só uma desculpa para podermos ficar fora, nunca tivemos novos alunos para usá-la. Mas enfim, conversei com o time de futebol e vamos dar uma pequena...

— Não quero saber.

— Você tem que parar de ser rabugento.

— Eu vou no ano que vem.

— Você é um babaca, Logan.

— Já discutimos isso.

Depois de meio segundo de silêncio ouvi barulho de porta e percebi que Edward tinha saído. Ou ido ao banheiro. Não deu cinco minutos depois e a porta se abriu de novo.

— Espera que eu já volto... — quem entrou disse para alguém do lado de fora.

— Edward, eu já disse que não vou — levantei, me apoiando com os cotovelos.

— Edward? Você ta louco? Eu sou o Louis.

— Ah, oi Louis, desculpa eu estava...

— Eu tenho que pegar um livro para a Juliet, já falo contigo.

— Juliet? Ela ta aí? — Louis fez um grunhido de concordância — jura?

— Por que eu mentiria? — derrubou um monte de livros no chão — achei!

— Parabéns – fiquei de pé e acompanhei-o até a porta, quando ela a abriu Juliet realmente estava lá — oi Juli...

— Oi Logan! — sorriu de forma boba enquanto pegava o livro das mãos de Louis, mas sem olhar para ele — Por acaso Edward te convidou para...?

— Sim, te convidou também?

— Ele disse que todo mundo vai.

— Pois é, acho que vai ser a primeira vez que participo de algo que todos vão.

— Mas Logan, você acabou de dizer que não — Louis começou, mas algo o fez calar a boca. Eu ter pisado no pé dele, talvez.

— Eu não disse nada — respondi entre os dentes.

— Ah, bem, então vejo os dois lá — Juliet saiu pelo corredor.

— Você fica um tonto na frente dela, até parece um idiota apaixonado — Louis riu e fechou a porta.

— Não sei do que você está falando.

— Tomou uma decisão, princesa? — Edward saiu do banheiro, simpático como sempre.

— Criança. E sim, eu vou com você — girei os olhos.

— Ótimo, mas antes...

Não o deixei terminar, entrei no banheiro e fiquei lá por uma boa meia hora. Quando saí Edward continuava de pé, encarando a porta.

— Eu sei que sou lindo, mas não precisa ficar paralisado — ri e fui até o espelho mais próximo ver como eu estava.

Antes deixa eu te ajudar a se arrumar que nem gente para lá.

— Essa doeu, doeu bonito.

— Mas está tudo bem, você só precisa de uma pequena ajuda.

— Eu não preciso de nada.

— Ora, vamos. Vem aqui — se aproximou do meu rosto.

— Olha, sério, eu não me importo com suas escolhas, mas eu não sou...

— Idiota, só quero tirar essa merda do seu nariz — fez tal coisa de um modo um tanto exagerado — seu cabelo precisa disso — esfregou a mão na minha cabeça — e você é muito branco — deu um tapa em cada lado do meu rosto.

— Você é um filho da puta.

— Você ainda vai me agradecer por isso — jogou meu piercing para trás, o objeto bateu no vidro da janela e caiu no chão — agora podemos ir.

— Então, exatamente quantas pessoas vão estar lá? O que vai acontecer? Vai ter comida? Que horas eu posso ir embora sem que ninguém ache que eu sou um antissocial?

— Algumas. Eu sei lá. Talvez. Não faço a mínima ideia.

Eu já tinha esquecido tudo o que perguntei, então nada fez sentido na minha mente.

O caminho para a quadra de basquete poderia ter sido muito mais rápido se eu quisesse que Edward soubesse dos lugares secretos que eu sei, infelizmente eu não queria isso, então tive que seguir o longo e mais conhecido caminho até o destino. O lugar estava completamente diferente, provavelmente o time de futebol tinha um pequeno talento para decorar os lugares para festas. Como sempre, Edward estava errado quando disse "algumas", provavelmente todas as salas do segundo ano, algumas do primeiro e terceiro estavam lá (Edward deve ter ameaçado o diretor para conseguir autorização para todo mundo). Olhava para os lados e só via pessoas conversando (ou melhor, gritando, uma vez que a música estava alta), mas nenhuma delas me interessava.

— Logan? — uma voz feminina gritou no meu ouvido, virei-me e encarei Lilian, por algum motivo fiquei feliz em vê-la.

— O-oi, tudo bem? — gritei em resposta, Edward "sussurrou" no meu ouvido que já podia me deixar sozinho.

— Tudo... você está... diferente.

— Estou?

— Parece mais alegre — riu — mas não faz diferença, quer beber alguma coisa?

— Na verdade, não — senti minhas bochechas esquentarem — posso te fazer uma pergunta?

— Você já fez uma — abri a boca para revidar — mas eu deixo você fazer outra.

— Por que você...?

— Lilian! — alguém gritou um pouco próximo de nós — aí está você, desculpa Louis — ela me chamou mesmo de Louis? — preciso roubar minha amiga por alguns minutos — Sophia Wanderson é a pessoa mais simpática do mundo.

— Ah, tudo... tudo bem — Lilian disse um "já volto" e sumiu na multidão.

Percebi que estava todo mundo dançando (acho que aquele ritual de acasalamento era uma dança) em volta e eu era o único parado com cara de "me tirem daqui". Saí do meio das pessoas e sentei em um lugar que um dia fora o banco de reservas. Só para melhorar meu dia olho para o lado e vejo um casal se beijando, e para ficar ainda mais divertido percebi que a garota era Juliet.

Fechei os olhos, respirei fundo e os abri lentamente. Uma fúria tomou conta de mim, levantei correndo e separei os dois, soquei o cara com toda a força que tinha antes que qualquer um deles pudesse falar algo, a música parou e todo mundo olhou para a gente, o cara revidou com um soco não tão forte, o que me deixou muito mais puto, dei outro soco nele, incrivelmente mais forte, que até doeu a minha mão, o garoto caiu no chão, continuei socando até todo o rosto dele estar coberto de sangue e outra pessoa me puxar para longe dele. Alguém chamou o diretor, que imediatamente ligou para os meus pais que teriam que vir no dia seguinte para conversar.

Uma pena que isso não aconteceu de verdade.

Fechei os olhos, respirei fundo e os abri lentamente. Olhei de volta para o lado e eles já tinham se separado, não reconheci o cara, Juliet sorriu, eles conversaram por alguns minutos e o garoto foi embora. Ela girou, me viu e veio até mim.

— Está calor também? — riu.

— Não — puxei as mangas da camisa — você estava se divertindo, não?

— Q-quê?

— Te vi com aquele garoto.

— Ah, o Connor...

— Ele parece ser bem velho não?

— Ele está na nossa sala, reparou não? Ele se sentou do meu lado, é um cara simpático.

Parecia ser muito simpático quando estava quase te engolindo e apertando sua bunda "discretamente".

— Percebe-se a simpatia dele de longe.

— Ele foi ao banheiro...

— Que coisa simpática de se fazer depois que se beijou uma pessoa.

Por que eu estou vendo besteira no que acabei de dizer?

— Você está sozinho?

Eu devo dizer a verdade?

— Estou esperando a Lilian!

Não, não devo.

— Ah, a Lilian.

— Algum problema?

— Não, nenhum.

Como é doce o sabor da vingança.

Calma. Vingança, o que eu estou falando, ou melhor, pensando?

O cara voltou e se sentou ao lado da Juliet, não gostei disso, ele sorria tanto que parecia que estava com câimbra no rosto.

— Connor, este é Logan e Logan, este é... — Juliet começou alegre.

— Acho que já sem quem ele é — interrompi.

— E aí Logan, tudo em cima? — eu poderia achar o tal do Connor simpático, isso se eu não o odiasse.

— Tudo... em cima — respondi sem empolgação.

Connor e Juliet começaram a conversar e provavelmente acharam que eu não ligaria de ser excluído.

—... O que você acha Logan? — perguntou Juliet, sorrindo.

— Ah, sei lá — vocês não acharam mesmo que eu estava prestando atenção não é? — eu, vou beber alguma coisa.

Desculpa perfeita, uma vez que a mesa de bebidas ficava do outro lado da quadra. Caminhei pelo meio das pessoas até que alguém me parou.

— Te achei! — era Lilian de novo — consegui fugir da Sophia.

— Como você aguenta ela?

— Para falar a verdade, nem eu sei. Mas ela é minha melhor amiga, então...

— Precisa renovar sua listinha de amigos então.

— Você queria me perguntar alguma coisa, não?

— Ah, não era nada — tossi — eu estava indo beber alguma coisa.

— Pensei que não quisesse beber nada.

— Isso foi antes — dei uma risada um pouco forçada e comecei a andar um pouco mais rápido, Lilian veio atrás de mim.

Continuamos a conversar enquanto íamos até a mea, eu nunca poderia imaginar que aquela Lilian que deu escândalo por causa de uma blusa fosse assim. Ela era muito mais que um rostinho bonito (ou peitos, como diria Juliet), Lilian era até inteligente, e tinha bastante cultura para alguém como ela. Pela primeira vez pude ver um lado positivo em uma pessoa que um dia julguei como "inútil, desperdício de oxigênio e sem senso de ridículo". Quando chegamos à bendita mesa peguei um copo da primeira coisa colorida que vi. Bebi um pequeno gole e o gosto era incrivelmente... horrível, cuspi de volta no copo e devolvi onde estava (a risada de Lilian parecia mais alta que a música).

— Bebe isso Logan — me ofereceu um copo com alguma coisa vermelha — não é muito forte.

— Valeu, eu acho — bebi e nem era tão ruim assim — você está certa, esse é bem melhor.

— É, eu sei — ela ficou vermelha, o que acontece com as garotas para elas ficarem vermelhas tão facilmente assim?

— Sabe, eu estava pensando...

— Lilian! — Sophia Estraga-Prazeres voltou — desculpa Peter, preciso da minha amiga por alguns minutos.

— Eu já volto. De novo — Lilian sumiu novamente.

— Ora, ora, ora, Logan, o pegador — aquele mesmo garoto que me encheu o dia inteiro estava ali.

— Não sei do que está falando.

— Primeiro a Clark, agora Smots...

— Isso não faz sentido...

— Lilian quer te pegar — ele virou o copo que estava bebendo — aproveite a chance.

— Chance?

— Você tem quantos anos? Cinco? Não percebe quando uma garota está afim de você?

— Bem eu...

— Vai por mim, a Smots quer ver seu corpo nu — arregalei os olhos — é brincadeira, mas ela quer dar uns beijos.

— Por que eu tenho que acreditar em você? Não te conheço.

Eu sou o Peter. Peter Johnson, mas pode me chamar de PJ, já que estamos em uma conversa informal.

— Ótimo.

— Agora que já estamos apresentados você já pode... sua garota está vindo.

— Minha...? — Peter já tinha ido embora, as pessoas conseguem sumir muito fácil neste lugar.

— Voltei — por que Lilian estava sorrindo?

— De novo — ri e tomei um grande gole do que tinha na minha mão.

— Você estava falando com PJ, estou atrapalhando alguma coisa...?

— Claro que não, estávamos falando sobre vo... o trabalho de física, ele estava me explicando porque, ah você sabe, eu perdi a aula.

— Ah eu sei – ela pegou mais um copo da bebida vermelha – você quer?

— O quê...? Ah não, não, valeu.

— Então tudo bem — Lilian deu de ombros.

E tudo ficou constrangedor, eu não sabia o que fazer.

— Ah, eu queria te perguntar, você e a Juliet são...?

— Amigos. Apenas amigos – tossi – acho que dá para perceber isso já que ela e o Connor não querem esconder de ninguém que estão se pegando – apontei para um ponto qualquer da “pista de dança” e por pura coincidência Juliet estava lá dançando com aquele cara.

— Ele parece ser bem simpático.

— É, parece mesmo.

— Uma pena que é um grande babaca.

— A maioria das pessoas aqui são.

— Uma coisa que concordo com você.

Mais uma — ela levantou as sobrancelhas — Sabe eu estava pensando em – PJ fazia uma careta diferente para cada palavra – nós, quer dizer, eu, não, espera, você — Peter disse algo parecido com “você está estragando tudo” – droga, você está me atrapalhando – sussurrei.

— O que disse...?

— Nada! Não disse nada.

— Ah tudo bem, eu bem – olhou para o celular (não sei da onde tirou isso) – desculpe, eu tenho que ir.

— Você sabe que está estragando tudo, né? – PJ estalou os dedos duas vezes.

— Ela não quer ficar comigo ok? E eu nem sei se quero ficar com ela...

— Ela quer ficar com você, agora está falando com a amiga dela sobre o que acabou de acontecer.

— Sophia nem sabe meu nome.

— Ela não quer que Sophia saiba que você é você, então ta fingindo que você é um tal de Rick.

— Tem um tal de Rick na sala doi...

— Não interessa, você está nervoso e está deixando ela nervosa também, você tem que se soltar.

— E o que eu faço?

PJ olhou para os lados, pegou um copo e me deu.

— Toma isso.

— Ah tudo bem – virei de uma vez o que tinha no copo – que diabos é isso? – estava com lágrimas nos olhos.

— Eu sei lá – riu – você precisa disso – bagunçou ainda mais o meu cabelo – pronto.

— Por que você está me ajudando?

E eu nem quero ajuda.

— Eu não sei, acho que fui com a sua cara.

Eu percebi isso.

— Obrigado, eu acho.

— Você tem sorte garotão...

— Não me chama assim...

— Um monte de gente quer ficar com a Smots e ela gosta justo de você. Olha, confesso que até me deu...

— Como você sabe de tudo isso?

— O quê?

— Sobre a Lilian e...

— Eu percebo as coisas.

— Jura?

— Não, eu gosto de escutar a conversa alheia.

É meio óbvio.

— Entendi – fechei os olhos e balancei a cabeça.

— Já está na minha hora...

— Espera! – Peter se virou — Como vou saber que quero essa chance?

— Aproveite. Depois você pode se arrepender – voltou para o lugar que estava e pegou alguma coisa da mesa – ou não.

— Oi, me desculpe mesmo, eu estava... – Lilian tem que avisar antes de chegar de surpresa já falando com as pessoas.

— Falando com a Sophia?

— Como sabe?

— Só imaginei – PJ me olhou com uma cara de “estou certo, e eu sei disso”.

— Ela está com problemas com um garoto.

Sophia não tem problemas com garotos. Ela leva problemas até os garotos.

— Sério?

— Ela quer ficar com esse garoto, mas parece que ele não quer, ou não percebe isso.

— Isso não é bom – Peter quase berrou quando disse “beije logo a garota”.

— Mas isso não vem ao caso, sobre o que estávamos...?

Acho que foi meio impulsivo eu ter beijado Lilian naquele momento, mas não foi algo digno de arrependimento. A língua dela tinha o mesmo gosto da bebida que tinha me oferecido não faz muito tempo, eu imaginei que a minha também tinha. Pelo menos desta vez nada atrapalhou, então não foi totalmente ruim. Separamo-nos e Lilian me olhou com um sorriso bobo, acho que eu estava com um também. Ignorei Peter no fundo quase comemorando e quando abri a boca simplesmente saiu:

— Eu entendi.

— Entendeu...?

— Lilian! – e Sophia voltou – eu preciso de você, o Rick não me entende. Eu achei que você fosse falar com ele, mas fica aí com o Charlie!

— Meu nome é...

— Não me interessa.

— Não existe ninguém mais simpático que você neste mundo.

— Logan, me desculpa mesmo, mas... – dava para perceber que Lilian queria dar uma voadora na Sophia.

— Vai falar com o Rick. Eu te espero – sorri e acompanhei-a com os olhos até PJ aparecer.

— Parabéns, excedeu as expectativas.

— Obrigado, mas você estava errado.

Eu ouvi, olha pelo lado bom, ela queria ficar com você, senão não ficaria um tempão sugando sua língua. Você tem que me agradecer.

— Certo, obrigado.

— Somos amigos agora, não somos?

— Eu acho que sim, Peter.

— Eu disse que pode me chamar de PJ.

— Eu vou me acostumar — tirei um relógio do bolso da calça. Levantei os olhos e, novamente, vi Juliet e Peter, eles pareciam estar se divertindo — Desculpe, tenho que ir.

— E a Lilian?

Está na minha hora – pisquei os olhos com força – depois eu converso com ela.


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