Dear Boss escrita por Laëtitia


Capítulo 4
Capítulo 3




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Acordei com John chamando meu nome e me cutucando. Soltei um gemido abafado pelo travesseiro e virei para o outro lado cobrindo minha cabeça com edredom. John riu e puxou as cobertas até que meu rosto estivesse descoberto.

"Bom dia pequena, a senhora Hudson fez o café da manhã. Estarei esperando por você na sala" Falou e logo depois pude ouvir a porta fechando. Lentamente me levantei e fui ao banheiro, fiz minhas necessidades e andei em direção à sala. Assim que cheguei na porta, John parou a xícara a caminho da boca e seu queixo caiu, logo suas bochechas ficaram vermelhas. Olhei ao meu redor para ver o que havia de errado.

"John, o que foi?" Perguntei sem entender absolutamente nada. John bebeu mais um gole do chá e me olhou de um jeito engraçado. "É que...você está só de camisa...com as pernas de for-espera, essa camisa é do Holmes? O que você faz com ela?" Perguntou confuso, ri e me sentei ao seu lado. "Ah, vai me dizer que nunca viu as pernas de uma garota antes? Por favor né John! E sim, essa blusa é do Sherlock, é uma looonga história" Falei me servindo de chá e pegando um croissant com geléia. Ficamos conversando sobre coisas banais até que um bocejo interrompeu nossa conversa.

"Aaah, que dia maravilhoso, o inverno está acabando, nada de neve,dá até vontade de sair...estou brincando, pretendo ficar em casa" Falou Holmes se sentando do outro lado da mesa. Percebi que ele estava usando as mesmas roupas de ontem, ou seja, a calça e os sapatos. Continuava sem camisa.

John, que havia começado a ler o jornal, olhou para Holmes e voltou a ler. "Sherlock, coloque uma camisa, tem uma criança na sala" Falou sem tirar os olhos do papel. "Ei! Não sou mais uma criança, tenho 17 anos!" Respondi com raiva. Eu odiava ser tratada com criança, por isso gostava de me vestir de menino no cabaré, pois os meninos sempre foram considerados fortes e sérios.

" Ela não parece ser uma criança John, se é que me entende" Falou Holmes com um sorriso debochado no rosto. "E além do mais, como vou colocar minha blusa se ela a está usando? Terei que pegar de volta" Disse se levantando vindo em minha direção, me levantei e corri dando uma volta na mesa ficando o mais longe possível de Sherlock. Ele fez um gesto de garras com a mão e eu comecei a rir, corri de novo e Sherlock corria atrás de mim tentando me pegar. John revirou os olhos e fechou o jornal.

" Estou cercado de crianças, é sério isso? Se for assim nem precisarei ter filhos. Posso simplesmente adotar os dois" Falou se levantando e indo para o quarto. Me cansei de correr e me sentei no sofá, com falta de ar. Sherlock se jogou do meu lado rindo.

"É...foi bom conhecer você, finalmente arranjei alguém pra me ajudar a perturbar Watson" Falou também com um pouco de falta de ar. Nos olhamos e mais uma vez começamos a rir. Só paramos quando John apareceu na porta rindo de nós dois e segurando uma camisa. Sherlock finalmente se recuperou e pegou a camisa da mão de John. Se vestiu e voltou a correr atrás de mim. Me escondi atrás de John e Sherlock simplesmente pulou em cima de nós dois, nos derrubando no chão. Acabamos nós três rindo como loucos. Como eu estava adorando isso!

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1 MÊS DEPOIS

Estávamos vivendo muito bem, nesse um mês que eu estava vivendo com John e Sherlock minha vida havia melhorado muito. John havia me dado três camisas dele para eu usar como camisola, e ele ainda não se conformava com o fato de eu odiar usar vestidos. Portanto, todos os dias ele me oferecia algum dos vestidos antigos de Mary, sua noiva, que eu havia conhecido há uma semana e havíamos nos dado muito bem, ela é um doce e me trata como uma irmã mais nova.

Minha rotina se baseava em acordar, irritar John, ajudar Sherlock com suas experiências inúteis, irritar John outra vez, almoçar e forçar Sherlock a comer também, ter aulas de violino com Sherlock e irritar John novamente. Depois eu tomava banho, jantava e ia dormir.

Naquele dia em particular, tudo seria diferente, e eu percebi isso na hora que acordei. Arrumei meu cabelo e vi que John ainda dormia no sofá, encolhido de frio. Peguei minha coberta e coloquei em cima dele.

Peguei uma calça, botas e uma camisa no armário e coloquei. Peguei uma fita e amarrei o meu cabelo. Enquanto saía do quarto, vi Sherlock saindo do banheiro enrolado em uma toalha e com os cabelos molhados, assim que ele me viu, foi correndo para o seu quarto e saiu de lá alguns minutos depois vestindo uma calça cinza e uma blusa branca.

"Porque sempre que nos vemos, isso envolve um de nós estar semi nu?" Perguntei me sentando na mesa e bebendo chá. Sherlock riu e se sentou ao meu lado, onde John normalmente sentava. Depois de alguns minutos, John entrou na sala e sentou do outro lado da mesa e tomou café. Depois de alguns minutos ouvimos alguém batendo na porta, ouvimos pessoas correndo enquanto subiam as escadas e Lestrade apareceu na porta bufando seguido por seus homens.

"Eu disse que não era idiotice Sherlock, houve mais um assassinato. Mais uma prostituta em Whitechapel. Seu nome era Annie Chapman" Falou Lestrade enquanto tomava água oferecida pela senhora Hudson. Meu queixo caiu. Isso não podia estar acontecendo, o assassino continuava a solta, e ele continuava matando. John olhou pra mim e depois de volta a Lestrade.

"O que estamos esperando então? John, pegue sua bengala. Delie, coloque seu sobretudo, temos um caso para resolver" Falou Holmes se levantando e colocando seu paletó. Quando fui me levantar, John me empurrou de volta para a cadeira. "Sherlock, tem noção do que acabou de dizer? Mandar Cordelia participar do caso, você é maluco? Ela é uma das vítimas e teve sorte de ter saído com vida. Não vou deixá-la ir, vamos só nós dois" Falou John se levantando. Me levantei e parei na sua frente bloqueando o caminho.

"E o que te faz pensar que eu não quero participar. Não sei se você se lembra, mas eu fui a pessoa que chegou mais perto do assassino e saiu com vida. Eu posso ajudar, e eu vou." Falei pegando meu sobretudo no cabideiro e o vestindo. John bufou, pegou sua bengala e nós descemos as escadas seguindo Lestrade até uma carruagem.

Depois de vinte minutos chegamos até a cena do crime. Eu estava nervosa. Estava com medo do que ia encontrar lá. Saímos da carruagem e eu segui os rapazes, segurando na manga do paletó de John. Entramos em um beco e eu imediatamente pude sentir um terrível cheiro que eu infelizmente reconhecia. Cheiro de morte. Foi aí que eu vi. O corpo. Reprimi um grito e tive que morder minha língua. Meus olhos começaram a lacrimejar e eu imediatamente me senti enjoada, e tonta.

A garganta de Annie havia sido cortada e sua barriga também. O que eu acreditava ser seu intestino estava espalhado por cima de seus ombros. Sherlock percebeu meu desconforto e veio para o meu lado, ele massageou minhas têmporas e me mandou fechar os olhos por alguns minutos enquanto John examinava o corpo. John se levantou de onde o corpo estava e explicou o que havia acontecido.

"A causa da morte foi asfixia. Ela foi enforcada antes de ter a garganta cortada. E, ao que parece, uma parte do útero está faltando. Quem quer que seja que fez isso, era um médico, ou conhecia métodos cirúrgicos, pois os cortes, são extremamente precisos." Falou me abraçando pela cintura. Apoiei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos novamente.

"Esperem, o que é isso?" Perguntou Sherlock indo para o canto do beco, ele voltou de lá com um papel nas mãos. Ele arregalou os olhos por alguns segundos, me entregou o papel, se virou e foi embora, em direção a carruagem. Li o que estava escrito, era isso, ele pretendia me matar. No papel estava escrito "Cordelia Phillips, Proud Cabaret, I'm waiting for you (Estou esperando por você)". Tampei minha boca com a mão, dei o bilhete para John e voltei para a carruagem, Sherlock estava sentado do lado de dentro com a cabeça entre as mãos.

"O que vamos fazer, ele vai me matar, ao menos ele ainda não descobriu que eu estou morando com vocês" Falei começando a lacrimejar. Sherlock se endireitou e me abraçou. "Nada vai acontecer com você, vamos te proteger a todo custo" sussurrou em meu ouvido. John entrou e sentou-se ao meu lado, mandando o chocheiro levar a gente de volta a rua Baker.

Assim que entramos, fomos para a sala. Sherlock começou a andar de um lado para o outro enquanto eu e John olhávamos para ele tentando entender o que se passava em sua cabeça. Quando eu já estava quase cochilando Sherlock parou.

" Delie, faria qualquer coisa por sua proteção?" Perguntou sentando-se na minha frente. Esfreguei os olhos, e me endireitei no sofá. "Claro, faria qualquer coisa" respondi "Então o que acha de se disfarçar de homem, e dessa vez é pra valer. Somente eu, John, Lestrade, Mary e Senhora Hudson saberemos que você é mulher. Ninguém pode suspeitar de nada". "Por mim, tudo bem" Respondi por fim. John olhava com curiosidade enquanto Sherlock se virou e começou a mexer em uma gaveta da escrivaninha.

"Ótimo, então vamos começar com o seu cabelo" Falou balançando uma tesoura na minha frente. Ai não, no que fui me meter...


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Notas finais do capítulo



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