Eu tentei alcançar Adam, mas ele tinha sido mais rápido e saiu da irmandade muito de pressa, eu passei a manhã toda ligando pro seu celular. Estava na cara que ele gostava de mim, e ficara muito aflito assim que me viu com Jack. É bem chato essa situação, por mais que eu não ame o ruivo como ele desejaria, não quero que ele sofra. Às vezes o amor pode ser adorável, outras vezes o amor pode ferir e deixar uma marca irreparável. Seria o tipo de frase que o Jack adora falar pra mim, com certeza o meio influencia o ser.

Desistir das ligações e peguei um taxi, agora que voltei a namorar o albino, precisei fazer isso as escuras. Então liguei pra ele avisando de que estaria na casa de uma amiga, nada de festa. Só uma visita formal. Eu odeio mentir pras pessoas, mais era por uma boa causa.

Peguei um taxi e segui em direção onde o Adam mora, ficava no centro da cidade, um edifício todo espelhado. O problema foi pra entrar, avisei na portaria de que era uma prima do Adam e de que queria fazer uma surpresa, já que não nos víamos há muito tempo. O porteiro que viu minha cor de cabelo e comparou com a do jovem, assentiu minha entrada. Peguei o elevador e segui para o décimo terceiro andar, onde meu destino era o apartamento 274.

Não tive o trabalho de bater na porta, estava destrancada, assim que entrei me deparei com uma escuridão impenetrável, procurei pelas paredes próximas da porta um interruptor. Não achei nada, então precisei usar a luz do meu celular pra entrar no apartamento, segui até a sala onde em fim consegui ligar a luz de um abajur. Foi que avistei o ruivo, ele estava dormindo no sofá a minha frente, usava apenas um calção, ele parecia sereno e calmo. No chão, havia pra mais de cem lenços de papel usado, todos amaçados. Deduzi que ele estivera... chorando!

Fui até seu lado e me abaixei o suficiente para sussurrar em seu ouvido.

– Adam, acorda, eu preciso falar com você! – ele abriu os olhos bem devagar e piscou duas vezes para ver se não era uma miragem.

– Meri... Merida? O que você faz aqui? – perguntou ele se sentando no sofá.

– Eu preciso falar com você...

– Mas e se eu não quiser? – falou ele fechando a cara.

– Hora Adam, deixa dessa! – sentei do seu lado.

– O que você quer?

– Você sabe que eu sempre amei o Jack, embora eu e ele tivéssemos terminado, mas eu sempre amei ao Jack...

– Você veio aqui só pra falar o quanto você ama o Jack? – perguntou ele virando o rosto para o lado oposto.

– Não, eu vim dizer que eu te amo... – ele virou o rosto pra mim. – mas infelizmente não como você imagina, eu te amo sim... mas como um irmão que quero sempre do meu lado!

Ele sorriu incerto. Eu o abracei, ele já me abraçava forte como se tivesse medo de me perder.

– Um dia eu vou encontrar alguém como você...

– Quem sabe alguém melhor?! – falei e ele sorriu.

– É quem sabe! – ele voltou a me abraçar.

– Eu tenho mais uma coisinha pra te falar... eu decidi ter os bebês em Corona, a cidade de onde eu vim, é onde meus pais moram... você sabe!

– Que ter o apoio da sua família, entendo! – ele me soltou dos braços e ficou pensativo.

– Bom quem sabe você não possa passar umas semanas lá, já que eu vou ter por volta de novembro ou dezembro?

– Séria ótima, eu não gostaria de perder o nascimento do meu filho... – ele passou a mão na minha barriga. Que estava cada vez mais ganhando volume.

– Que tal se a gente pedisse uma pizza? Você está com fome? – falei me levantando do sofá e já discando os números do Delivery.

– Pode ser mais só se tiver com queijo cheda! – falou ele se animando e começando a catar os papeizinhos no chão.

Com uns minutos depois o apartamento já estava todo iluminado, era bem amplo. Convenci Adam a ir tomar um banho, pra tirar aquela cara de choro. Para um homem até que a casa dele estava bem arrumada, não se via uma bagunça se quer no local. Ao soar da campainha corri para atender a porta, um rapaz de pouco menos que dezenove anos estava parado na soleira da porta, carregava uma caixa grande de papelão, provavelmente contendo a pizza. Ao fim paguei para o rapaz que sorrio e se retirou. Eu carreguei a caixa pra sala onde depositei sobre a mesinha de centro. Nessa altura Adam havia saído do banheiro, estava vestindo uma bermuda de moletom e uma camiseta preta.

– Nossa que cheiro bom... – ele secava os cabelos com uma toalha.

– Eu posso pegar prato, faca, essas coisas?

– Claro que sim, a casa é sua...

Fui até a cozinha e voltei com a louça que iriamos precisar. Só que Adam, apressadinho já estava comendo com as mãos mesmo, faltava pelo menos 2/8 da pizza.

– Ei, moço deixa pra mim também! – falei largando os pratos em cima do sofá e indo comer com as mãos mesmo. Sem dúvidas visemos uma lambança, tinha sido quase uma competição de quem comia mias pedaços.

No final das contas, eu e Adam voltamos a ser aqueles amigos engraçado. Embora eu saiba que por dentro seu coração bate por mim, ele conseguiu entender que o meu pertence à outra pessoa. Eu não poderia está mais feliz do que agora.