Escrito Nas Estrelas escrita por Bárbara Sousa
NewBury, 1995
Mabel havia sentido uma leve pontada em sua barriga. Não sabia o que era, mas achou que era apenas uma dor passageira. Coitada...
Mabel foi para casa, chorando. Pois havia saído do medico, que disse a ela que era estéril, ou seja, não poderia ter filhos nunca.
Quando chegou em casa foi direto para o banheiro e se trancou lá, estava com vergonha de seu marido.
Quando se casaram tiveram planos de terem dois filhos: um menino e uma menina.
Mas agora, estava tudo acabado. Sentia como se fosse inútil a humanidade.
Dentro do banheiro chorou, chorou, chorou até não ter mais fôlego. Seu marido foi até a porta do banheiro e bateu com seu dedo e disse:
- Esta tudo bem?
Mabel olhou em direção a porta. Tentando falar algo sem parecer que esta chorando, disse:
- Sim.
- Quer conversar? – disse ele com uma voz meiga.
- Não. Esta tudo bem. – disse ela limpando o nariz com o dorso da mão –
- Eu só estou pensando. Eu já vou sair. Me de mais um minuto. – continuou ela.
- Eu te amo. Independente do que aconteça.
- Eu também te amo.
Ela saiu de frente à porta e deixou-a. Depois de se certificar que seu marido não estava mais de frente à porta, voltou a chorar.
No outro dia, ela se levantou da cama e viu que seu marido ainda estava dormindo. Ela o olhou com um olhar de ternura, se levantou e foi tomar banho.
Por causa do barulho do chuveiro, seu marido havia acordado. Ele ficou em frente à porta e ouviu sua mulher chorando. Ele entrou, desligou o chuveiro, ajudou-a a se secar e colocou uma roupa nela. E a sentou na cama. Ajoelhado na sua frente, disse:
- O que aconteceu? – disse ele com uma voz meiga.
- Eu sou inútil... – respondeu chorando.
- Como assim? – disse confuso.
- Eu não posso...
- Não pode o que?! – disse ele.
- Não posso... Ter filhos.
Após dizer isso, ela começou a chorar mais. Ele se levantou, se sentou ao seu lado. De modo que sua cabeça estava em seu peito.
- Você não devia ter uma mulher assim?! – continuou ela.
- Mabel olha pra mim!
Ele levantou sua cabeça e a fez olhar para ele.
- Eu te amo. Não importa se você pode ou não ter filhos. Você é a coisa mais importante pra mim. Eu te amo... E sempre vou te amar!
- Eu te amo muito! – respondeu ela.
Uma semana depois
Mabel havia superado seu problema. Ela não tocava no assunto e seu marido respeitava isso. Ela dizia que estava bem. E para ele, era o suficiente.
Três dias depois, Mabel percebeu que havia algo errado. Sua menstruação estava atrasada uma semana. Ela nem havia se dado conta do atraso.
- Será que eu estou... – pensou ela.
- Não! Não estou! Eu não posso ter filhos, em hipótese alguma! – continuou a pensar.
Ela correu até a farmácia mais perto e comprou um teste de gravidez... E deu positivo.
Ela ficou pasma. Ela era estéril não era? O que iria dizer á seu marido? Que era um milagre? O que ele iria dizer a respeito dela?
Ela foi para casa, em estado de choque. Estava pensativa, nervosa e quieta.
Ela entrou em casa, sem dizer uma palavra. Seu marido, sabia quando estava acontecendo algo de errado.
- Esta tudo bem?
- Sim. Por quê? – perguntou ela nervosa.
- Porque você não disse uma palavra, desde que entrou em casa.
Ela não queria dizer a ele a verdade... Mas era a coisa certa a se fazer... Certo?
- Eu não sei como te dizer isso...
Ele não disse nada, só queria que ela continuasse a contar.
- Mas...
- Mas o que?! – disse ele, já sem paciência.
- Eu... Eu...
- Fala logo! – disse gritando.
- Eu estou... Grávida. – disse ela olhando para o chão.
Ela levantou seus olhos e o observou. Sentiu uma tensão pesada ao cair sobre o teto de sua casa. Primeiro, ele deu uma risada forçada. Mas percebendo que era sério, ele disse gritando:
- O que?!
- Eu estou...
- Eu escutei! – disse, interrompendo-a.
- Só não consigo acreditar!
Ela não respondeu.
- A não ser que...
Ele colocou a mão na cabeça. Lembrou-se de que ele também havia feito o exame. Ele sabia o que realmente havia acontecido: na verdade, ele era estéril e ela havia o traído.
- Você me traiu! – disse ele gritando.
- Eu nun...
- Cala a boca! – disse gritando e a interrompendo.
- Quer dizer, que eu sou estéril. E você me traiu.
- Amor, eu nun...
- Cala a boca! Sua vagabunda!
Ela olhou para baixo e começou a chorar baixinho.
- Você me traiu Mabel. Como pode fazer isso comigo?! Eu te amei, eu te amava.
Após dizer isso, ele começou a chorar mais de ódio do que por tristeza.
- Você se deitou com outro homem! Sua vadia!
- Eu nunca te trairia! Eu jamais faria isso com você! Eu não sei como estou grávida... Mas só estou.
- Cala a boca! Sua vagabunda imunda!
Ele virou as costas. E com um tom sóbrio, disse:
- Até essa coisa dentro de você nascer... Você não vai se dirigir uma palavra se quer a mim.
Ela começou a chorar e disse:
- Esta bem. – disse de cabeça abaixada.
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