Infinite Arms escrita por Stardust


Capítulo 7
Absorvia cada uma das notas tocadas


Notas iniciais do capítulo

Enfim, to postando outro



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- Agora que estamos aqui, - ouvi Fabrizio falar assim que se sentou. - temos que trabalhar juntos.

- Por mais difícil que isso seja. - completei.

- Por mais difícil que seja. - repetiu.

Nossa atenção foi levada para o garçom parado ao lado de nossa mesa. Entregou o cardápio e ficou esperando enquanto decidíamos o que pedir.

- Hoje é dia de frutos do mar. - a voz grossa do garçom fez com que olhássemos para ele.

- Ela é alérgica. - Fabrizio falou olhando para o cardápio antes de eu me justificar. Fiquei olhando-o assustada tentando entender como ele sabia aquilo. Eu não sabia nada sobre aquele homem que eu estava dividindo apartamento e ele sabia até mesmo que eu tinha alergia com frutos do mar.

Pedi um prato de carne com molho branco e algo que eu não sabia ao certo o que era e Fabrizio acabou decidindo pelo mesmo pedido.

- E traga vinho. - sorriu.

Encarei Fabrizio.

- O que foi? Não gosta de vinho?

Continuei olhando fixamente em seus olhos. Ele parecia sério.

- Como sabe que eu sou alérgica a frutos do mar? - finalmente falei e ele riu, como se fosse a pergunta mais óbvia e boba. Apesar de nervosa, notei que sua risada era reconfortante e me fez ter vontade de rir também. Mas não o fiz.

- Sei algumas coisas sobre você, Allie. Só costumo observar as pessoas e aprendo sobre elas.

- Como vou saber se não vou dormir algumas noites com um psicopata?

Ele sorriu.

- Você não vai saber.

O garçom serviu nossas taças e eu fiquei por alguns minutos apenas observando o líquido pelo vidro sem vontade de dizer nada. Olhei pela janela do restaurante do hotel e me deparei com as árvores começando a florar. A primavera estava chegando e eu fiquei feliz com aquilo. Era minha estação preferida e sempre me fazia lembrar sobre minha infância.

- Sabe o que eu não entendo? - interrompeu meus pensamentos. - Eu sou do departamento de física e você de obras sentimentais. Qual o sentido de estarmos em uma viagem juntos?

Parei para pensar e percebi o quanto estava certo.

- Não faz sentido algum, mas ainda não sabemos o que vamos encontrar.

- E nem se vamos encontrar.

Concordei com a cabeça.

Alguns minutos se passaram e logo nossa comida estava no prato. Nós comemos enquanto tentávamos pensar em algo para resolver a questão da exposição, mas parecia não ter solução.

Levantamos e fui em direção a escada. Subimos e logo estávamos novamente no quarto. Parei na frente da janela olhando a lua cheia. Roma era bonita e até o ar parecia mais leve.

Estava apreciando a paisagem quando escutei Factory tocando dentro do quarto. Olhei para Fabrizio que parecia feliz por achar uma caixa de música.

A música lenta tocava e eu absorvia cada uma das notas tocadas. Eu gostava de cada segundo daquele disco e sentindo o vento bater no meu rosto, parecia livre para fazer o que quisesse.

- Então você é italiano. - disse puxando assunto de uma forma civilizada.

- Sim. Nasci aqui, mas me mudei com cinco anos. - seu pensamento pareceu longe. - É primeira vez que volto desde o cinco anos de idade. Eu tinha planos de voltar... - deixou a frase no ar.

- Mas não comigo. - brinquei, mas ele não retrucou de volta.

Ficamos em silêncio olhando por aquela enorme janela até o começo de Laredo. Olhei no relógio e vi que eram dez horas da noite e apesar de ter dormido a tarde, estava cansada.

- A festa é amanhã. Precismos descansar. - falei me dirigindo ao guarda-roupa e procurando minha camisola branca. Deveria usar um pijama, mas não havia levado nenhum.

- Acorde de bom humor e não estrague tudo amanhã.

- Eu quem deveria dizer isso a você! - gritei do banheiro, enquanto colocava minha camisola.

Fabrizio tirou o sobretudo e ficou apenas com uma camiseta preta e calças de dormir. Sentou-se na cama e fez menção de deitar.

- Ei! O que está fazendo?

- Deitando. - foi direto.

- Sou uma mulher noiva. - disse, mas não adiantou.

- Não ligo.

- Você não pode dormir aí. - cruzei os braços e apontei para o sofá preto do lado da estante.

- Por que não dorme lá?

Fitei-o.

- Realmente não se fazem italianos como antes. - caminhei até a cama e deitei.

Fabrizio ainda estava sentado e eu olhava para suas costas. Desligou o abajur e foi andando até o sofá sendo guiado pela luz do visor de seu celular. Escutei-o sentar e suspirar. Logo o som havia sessado, mas Infinite Arms ainda tocava baixo. Fechei os olhos ao som de Blue Beard e estava prestes a adormecer.

- Me deve uma. - sussurrou cansado, o que me fez sorrir sozinha.

*

Acordei com meu despertador tocando perto do meu rosto. Abri os olhos e percebi que o lugar estava mais claro do que deveria. A luz atravessava a cortina branca deixando o lugar completamente relaxante e confortável. Sentei antes de levantar e me deparei com Fabrizio debaixo da janela e perto da cama, sentado na poltrona bege forçando as vistas para ler algum livro que segurava.

- Minhas costas estão doendo. – falou sem tirar os olhos das páginas amareladas. – Se não fosse meu cansaço eu teria perdido o sono.

- Olhe pelo lado bom. Você foi um típico italiano. – sorri e levantei, indo para o banheiro. Fabrizio me ver com o cabelo bagunçado e olhos inchados seria motivo para ser estressada logo de manhã.

- É hoje. – ouvi-o assim que liguei a torneira. – Acabe com essa cara de sono. Precisa estar apresentável.

Revirei os olhos mesmo sabendo que ele não estava me vendo. Bati a porta do banheiro retrucando de volta.


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Notas finais do capítulo

Alguém?