Infinite Arms escrita por Stardust
Notas iniciais do capítulo
Mais um
Dois dias se passaram rápido demais. Tentei comunicar com James e perguntar o que poderíamos fazer. "Esperem.", foi só o que disse. Meu chefe, além de calmo, não desistia de algo facilmente.
– Mas o que vamos fazer? Nem sabemos o que vamos encontrar. - falei.
– Querida Allie, é por isso que vai ser incrível. Vai surpreender a todos nós.
– E se...
– Nada de "se". Vai ser e ponto.
– Ok, James. Ok! - disse me rendendo.
– Me ligue quando conseguir falar com ele. - e desligou o telefone.
– Acho que James é louco. - disse para Fabrizio, fazendo-o rir.
*
Eram sete horas quando acordei. O sol batia levemente pela janela, deixando o quarto parcialmente claro. Olhei para o lado e meus olhos encontraram Fabrizio dormindo. O travesseiro entre nós evitava que nos encostássemos e ele respeitava bem a regra.
O que eu estava fazendo dormindo com um homem que há pouco tempo era um desconhecido? Não parecia muito certo dividir a cama, mas também não poderia deixá-lo dormir no sofá todas aquelas noites.
Observei sua respiração calma, sua barba por fazer, seu cabelo escuro e o jeito com que ele se mexia ao dormir. Sorri sem querer e não hesitei ao levar a mão no seu rosto e tirar uma mecha de cabelo do rosto. Irracionalmente, eu acreditava, fiquei com a mão no mesmo lugar. Não entendi o porquê de estar fazendo aquilo, mas eu estava e não queria parar. Sua pele era branca e seus braços tinham pintinhas negras e isoladas. Perguntei-me como alguém era tão bonito e tão sozinho.
Só percebi que aquilo era errado quando me lembrei do casamento. Levantei da cama rápido demais. Rápido o bastante para me deixar tonta, como se o quarto todo rodasse. Recompus-me e andei até o banheiro, mas voltei ao ver que meu celular vibrava.
O número era desconhecido. Tirei minha camisola rapidamente e coloquei um vestido azul enquanto atendia ao telefone.
– Oi?
– Allie? É a Meg.
– Ah! Oi Meg. Bom ter ligado. - disse saindo do quarto. Parei em frente à porta, no corredor quase vazio, a não ser por um senhor com sua esposa.
– Aronne, quando ficou sabendo que vieram aqui, disse para avisar que está em Veneza. Acho que ele realmente gosta de vocês. - riu.
– É uma honra. - sorri. - Será que incomodaríamos visitando-o?
– Claro que não. Ele mesmo disse para convidá-los. Vou passar o endereço.
Anotei o endereço quando voltei ao apartamento. Agradeci e desliguei o telefone. Fabrizio ainda estava dormindo.
– Acho que vamos para Veneza. - disse baixinho, sem querer acordá-lo.
*
Mais tarde, saímos para irmos pela ultima vez em uma lanchonete. Fabrizio era o homem que eu conhecia que mais gostava de doces e eu gostava daquilo, já que desde pequena nunca recusava bolos, doces ou qualquer coisa do tipo.
– Veneza... - disse olhando para uma árvore com flores brancas. - Meus pais se casaram lá.
– Sério?
– Sim. - sorriu.
– Desde pequena sonho em ir lá. Deve ser incrível. Minha lua de mel seria pela Europa. Viríamos aqui na Itália, Inglaterra e França.
– Mas...
– Alan preferiu Hawaii. Hawaii! - disse indignada.
– Não foi a melhor escolha.
– Não é? - concordei, dando uma última mordida em um biscoito roxo. - Mas agora vamos, temos que arrumar nossas malas.
Seguimos a pé até o hotel. Passamos perto da praça onde estivemos nos primeiros dias na cidade e ouvi alguém gritando, chamando alguém. Virei para trás, mas sabia que não poderia ser chamando a gente.
– Senhorita! Espere! - um senhor corria atrás de nós dois. Quando se aproximou vi que era o mesmo que tirou a foto na praça. - Bom vê-los de novo! - ele parecia empolgado.
– Oi! Bom ver o senhor também.
– Você é um homem de sorte. - piscou para Fabrizio antes de virar as costas e encontrar com uma senhora. Apontou para nós e deu tchau com as mãos. A senhora fez o mesmo.
– Ele é louco? - Fabrizio perguntou baixo.
– Todo mundo anda parecendo meio louco ultimamente.
– A começar com essa história de grande beijo, casal perfeito, homem de sorte. - disse. Suas palavras me fizeram querer sair correndo. - Acho que estão confundindo as coisas. - olhou finalmente para mim.
*
Voltamos sem trocar uma palavra para o quarto. Arrumei minhas coisas, liguei para James, que já havia providenciado nossas passagens de avião até Vezena e em pouco tempo já havíamos chegado à cidade.
O lugar era tão incrível e bonito que me fez pensar em nunca mais sair de lá. Seria um bom lugar para eu ficar sozinha e presa eternamente. Observei as casas cercadas por água e barcos cheios de pessoas igualmente maravilhadas.
Fabrizio providenciou um barco e entramos, novamente sem trocar uma palavra, para irmos até a casa de Aronne.
– Tudo bem com você?
– Sim. - respondi sem olhá-lo.
– Você está diferente. Desde Roma.
– Só quero acabar logo com isso e voltar para casa. Tenho um casamento para planejar, lembra? - acabei sendo um pouco grossa.
– Lembro bem! Aquele casamento que você não está nem um pouco empolgada? Você sabe que não é a melhor coisa a fazer, não sabe? - ele estava quase gritando.
– E você sabe o que é a melhor coisa a fazer? - encarei-o brava.
Fabrizio ficou em silêncio.
– Estou nervosa por causa do casamento. Só isso! - voltei a olhar a água.
Descemos em frente a uma casa branca com persianas azuis.
– É aqui. - falou me encarando. - Acho que nenhum de nós quer perder o emprego.
– Fique tranquilo. - passei rápido demais perto dele. - Vou continuar com essa história toda mesmo que todos confundam as coisas. – virei e bati na campainha.
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As coisas esquentaram! E aí, o que estão achando?