Infinite Arms escrita por Stardust


Capítulo 20
Não seja amargo


Notas iniciais do capítulo

Vou tentar postar com frequência agora



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Acordei no dia seguinte com meu celular tocando. Abri os olhos com dificuldade e senti o calor fraco do sol da manhã batendo na minha pele. Ainda estava deitada no tapete confortável e não tinha vontade de sair de lá. Olhei para Fabrizio do meu lado. Seus cabelos negros bagunçados como sempre e o sono pesado o consumindo.

Acabei me levantando, mas antes de chegar até a mesinha, tropecei na cadeira que estava por lá. Emiti um gemido abafado e tentei segurar meu pé, tentando afastar a dor e a raiva pelo barulho e além de tudo, acabei acordando Fabrizio.

– Sinto muito por te acordar. – ainda sentia a dor horrível dos dedos. – Sinto mesmo.

– Não tem problema. – ele sorriu. – Está bem?

– Dói. Muito. – disse andando para perto do celular antes que desligassem.

– Meg?

Peguei o celular e li o nome de Alan na tela.

– Alan. – disse olhando-o antes de atender. Percebi no seu olhar uma pontada de decepção, mas ele tentou parecer normal com aquilo.

– Melhor atender antes que ele desligue.

Aquelas palavras, de algum modo, pareceram um balde de água fria. Atendi ao telefone e levei-o na orelha.

– Alan.

– Bom dia, amor!

– Bom dia, como anda as coisas por aí?

– Estou tentando arrumar algumas coisas do casamento, mas você sabe, sou muito ocupado... acho que você deveria voltar e ajuda. Estou sentindo sua falta.

– Também sinto a sua. – disse sem animação.

Observei Fabrizio deitado de barriga para cima no tapete. Seu braço direito estava pousado sobre sua testa e ele parecia enjoado com aquela conversa.

– Estará logo aqui?

– Precisava falar com você sobre isso. O tempo ainda é indeterminado. Não sei quando volto. – esperei-o ficar nervoso ou algo do tipo.

– Sinto muito por isso. – “sinto muito?”, pensei. “Sinto muito é o caramba.”

– Sente? – falei brava, mas sem tentar demonstrar.

– Sinto, mas entende.

– Entende? – tive vontade de desligar na sua cara. – Alan, tenho que desligar.

– Espere. Esse tal de Fabrizio... está aí?

– Não, ele não fica muito aqui. Está trabalhando muito. – fui irônica, mas ele não notou. O fato de eu estar mentindo não me incomodava nem um pouco, afinal, Alan sempre falava tanto que estava cheio de trabalho.

– Acho bom ele não chegar perto de você. – riu como se fosse engraçado.

– Eu realmente tenho que desligar.

– Ok, te amo.

Desliguei, colocando com raiva o celular na mesa. Fabrizio me olhou com dúvida.

– Ele me faz perder a paciência! – estava realmente brava.

Abri a porta do apartamento e saí de lá do jeito que dormira. Com short branco e uma camiseta do Capitão América saí pelas ruas de Roma sem rumo algum. O ar frio de lá de fora me deixava completamente calma. Olhei no relógio. Seis horas da manhã. Alan havia me acordado tão cedo para me tratar daquele jeito “está tudo bem o fato de você estar muito longe com outro homem”.

Balancei a cabeça enquanto passava perto de um grupo de turistas. Talvez eu estivesse estressada e não o mundo tão errado.

*

Voltei para o quarto com uma sacola cheia de bolinhos de diferentes sabores. Fabrizio estava lendo um livro quando cheguei e me olhou tentando ver se eu estava nervosa ou não, mas eu me sentia bem melhor.

– Ele me deixa nervosa às vezes. – justifiquei, sentando-me ao seu lado.

– Você deve estar nervosa por causa do casamento.

Parei para pensar naquilo.

– Não sei, não ando pensando muito nisso.

– E no que anda pensando? – me olhou. Seus olhos verdes me sufocaram.

Olhei para o saco de bolinhos. Estava com fome e daquela pergunta havia feito meu estômago revirar. Eu não sabia ao certo a resposta.

– Nesse momento? Nesses bolinhos. – abri a sacola, fazendo com que ele pegasse um.

– Então, pensa em bolinhos o tempo todo? – voltou ao assunto, rindo.

– Quem sabe...

Peguei um de morango e comi, sentada ao lado de Fabrizio. Poucos minutos depois o saco estava vazio.

– Estou me sentindo de férias. – ele disse.

– Então venha. Vamos andar pela cidade. – levantei e puxei-o pela mão. – Está uma manhã linda lá fora. – sorri.

– Eu acabo não resistindo com você pedindo assim. – riu.

– Ótimo!

*

Andávamos pela rua cheia de flores de árvores. O chão estava realmente colorido. Fabrizio não falava muito e nem eu, mas a sensação era boa.

Ainda estava cedo demais e as poucas pessoas que estavam na rua eram turistas ou atrasados para o trabalho.

Paramos em uma cafeteria e pedimos um café. Bebemos sentados em uma mesa na calçada que possibilitava nossa visão para uma praça. As crianças brincavam por lá e casais apaixonados conversavam um perto do outro.

Observei uma adolescente ruiva com um rapaz do cabelo castanho claro. Eles olhavam timidamente um para o outro e a ruiva sorriu quando o rapaz chegou mais perto. Logo estavam se beijando. O primeiro beijo, pensei. Talvez esse sim fosse o grande beijo. Eles pareciam gostar um do outro e acabei me distraindo demais olhando aquela cena.

– Allie, está aí? – Fabrizio passou a mão na frente dos meus olhos.

– É bonito isso. – falei.

– Isso o que? – olhou para a mesma direção.

– O amor, Fabrizio, ele é bonito.

– Quando não acaba com a gente, talvez.

– Não seja amargo. – finalmente olhei-o. – Você vai se apaixonar um dia, sabe? E vai ser um dia incrível que uma mulher ter o seu amor. Você vai ser bom pra ela e ela vai o amar de volta porque... – parei a frase no meio.

Fabrizio me olhava no fundo dos olhos. Pensei que ia achar aquela história uma baboseira, rir, ou ser amargo. De novo. Mas não o fez. Parecia prestar atenção a cada palavra.

– Porque... – pediu que eu continuasse.

– Porque ela vai ver que a mulher de sorte que se tornou. – completei engasgada.

– Com você falando, as coisas até parecem verdade.

– Mas são. – abaixei o olhar.

Ficamos em um silêncio desconfortável.

– Quer saber? Alan é um homem de sorte.


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Notas finais do capítulo

Alguém m m m m? uhauhauha



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