Infinite Arms escrita por Stardust


Capítulo 18
Estava gostando daquilo


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco, mas postei. Esperem que gostem



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Acordei no dia seguinte com os pássaros cantando na minha janela. Olhei para o outro lado da cama e vi Fabrizio. Havia insistido para que eu dividisse a cama novamente com ele usando a desculpa de ter cuidado de mim quando eu estava bêbada. Cedi o lugar com a condição de que um travesseiro fosse usado para nos separar e ele aceitou com um sorriso nos lábios.

Coloquei meus pés devagar no chão, mas senti a mão de Fabrizio segurando meu braço. Senti meu coração disparar por causa do susto e também por causa do toque. Hesitei até olhá-lo.

– Bom dia. - seus olhos estavam vermelhos.

– Bom dia. - sorri, sentindo meu rosto corar. Torci para que o sol da manhã que iluminava o quarto não fosse suficiente para mostrar meu rosto vermelho. - Se arrume. Vamos atrás de Aronne. - levantei.

O olhar de Fabrizio me seguiu até o outro lado do quarto. Observei-o passar a mão no rosto, tentando afastar o sono. Seus cabelos negros estavam completamente bagunçados e isso fez com que eu o encarasse pelo canto do olho. Odiava-me por estar pensando no quanto Fabrizio era atraente.

– O que pensa em fazer? - tentei afastar meus pensamentos.

– Comer. - falou se levantando.

– Falo sério. - taquei uma calça que segurava.

– Eu também. - disse tirando a camiseta.

Prendi a respiração ao ver seus músculos definidos. Fabrizio não era completamente forte, mas seu corpo era do tipo que qualquer mulher se sentiria atraída. Encarei suas rostas sentindo um calafrio. Aquilo parecia errado. E era.

– Quer não tirar a camiseta na minha frente? - perguntei ao ver que ele me pegou olhando-o.

– Por quê? - deu de ombros. - Não resistiria?

– Resistiria. Eu sou noiva, lembra? - apontei para o anel de noivado.

Fabrizio pegou uma camiseta preta e colocou-a, ficando de costas. Esperei por uma brincadeira, mas tudo o que ganhei foi seu silêncio sufocador.

– Ande logo, senhorita noiva. - falou abrindo a porta. - Não temos tempo, lembra?

*

Paramos na enorme fila da lanchonete no certo de Roma. Turistas e italianos passavam por nós apressados.

– Não poderíamos ter escolhido outra lanchonete? - perguntei.

Fabrizio fez que não com a cabeça. Seus pensamentos estavam distantes.

– Tudo bem. - suspirei torcendo para que valesse a pena todo o tempo que passaríamos ali esperando.

Depois de uma demorada espera, senti Fabrizio me cutucando, avisando que era hora de fazermos nossos pedidos. Entrei na lanchonete e fiquei paralisada com a vista. Havia bolos, doces, cookies e todos os tipos de doces e salgados que eu poderia experimentar.

– Lugar certo. - sorri encantada como uma criança com tudo aquilo. Doces sempre ganhavam meu estômago.

– Eu sei. - disse dirigindo a atenção a atendente, que parecia confusa com tantas pessoas por ali.

Quando chegou minha vez, pedi uma torta de limão com calda de amora. Duas coisas que eu nunca dispensava na vida. Saí segurando uma sacolinha com nossos pedidos. O sol lá fora batia fraco na minha pele e meu vestido bege balançava lentamente com o vento.

Quando chegamos a uma parte menos movimentada da cidade, paramos em uma praça para sentar e comer. Só assim reparei que Fabrizio estava calado de mais.

– O que foi?

Olhei-o. Seu olhar continuava distante. Em nossa frente só havia uma árvore florida e uma adolescente com seu namorado, sentindo-o mexer em seus cabelos.

– Estou pensando em uma solução para nosso trabalho. – finalmente me olhou, a boca suja de chocolate.

Ri com aquilo e passei a mão em seu rosto, me arrependendo rapidamente do gesto.

Essa foi minha vez de ficar calada.

– Vamos à casa dele. – disse naturalmente, como se fosse algo óbvio. Fiquei aliviada por não falar nada sobre o gesto. – Não temos mais nada o que fazer. – levantou e jogou o papel sujo no lixo. Fiz o mesmo.

– O que fez com o Impala? – percebi que nem havia pensando no carro.

– Liguei para onde aluguei. Receberemos o dinheiro de volta. – sorriu satisfeito.

*

Fabrizio dirigia outro carro pela mesma estrada da festa, mas dessa vez o dia estava claro e o sol da primavera batia no vidro.

– Allie, acha que vai dar tudo certo? – virou o olhar para mim, não deixando de prestar atenção na estrada. – Quero dizer, tudo isso foi estranho desde o começo. Não sabemos nem mesmo o que estamos procurando.

– É a coisa mais estranha que James me mandou fazer. Uma semana atrás eu nem imaginava que estaria aqui com você.

– Você era mais feliz semana passada, então. – riu e eu fiz o mesmo.

– Com certeza eu era. – retruquei.

Ficamos dentro do carro pelas próximas horas. Às vezes conversávamos sobre algo do museu ou sobre o que encontraríamos nessa viagem e na possibilidade de não acharmos Aronne, mas parecia mais uma viagem de lazer. Lembrei do primeiro dia na Itália com Fabrizio e em todos os outros. Era estranho, eu sabia, mas estava gostando daquilo.

– Me perguntou aquele dia sobre se as obras me lembravam alguém... – senti meu coração disparar ao ouvir suas palavras. Não entendia o porquê de tocar naquele assunto naquele momento. - Na verdade não me lembravam.

Olhei-o confusa.

– Há cinco anos, fiquei noivo. Eu era jovem, eu sei, mas estava apaixonado e você sabe como são essas coisas. – falava sem tirar os olhos da estrada. – Um dia antes do casamento encontrei Jessica na cama do meu apartamento com meu melhor amigo. – senti minha garganta ficar seca. – Meu melhor amigo. – repetiu.

– Mas você ainda a ama? As obras te lembraram ela? - perguntei temendo secretamente pela resposta.

– Não! – falou como se fosse óbvio. – Não é essa a questão. Ela não era a mulher certa e eu não deveria amá-la. Casar-me seria uma atitude irracional. – ele pareceu frio.

– Então...?

– Virei um italiano mal-humorado e mal-educado. – sorriu pra mim, mas notei tristeza em seu sorriso.

– Talvez você não seja assim...

– Mas eu sou. E por todo esse tempo eu me mantive inconstante e frio, mas algo naquelas obras me fez sentir que algumas pessoas estão destinadas a achar alguém que realmente as fará felizes. – inclinou para pegar um pacote com salgados que havia comprado. Mordeu uma torta de frango e continuou a falar. – Talvez não seja meu caso. – disse de um jeito engraçado, fazendo sua história parecer cômica.

– Não fale assim. – cutuquei-o. – Você é um homem bonito, engraçado, gentil e não me engana com esse jeito durão. Vai encontrar alguém, sei que vai. – sorri feliz por ele ter me contado aquilo, mesmo que fosse um momento incompreensível.

– Obrigado.

Sorri. O instante seguinte foi tomado por um silêncio.

– Então, - me olhou enquanto acabava de mastigar o salgado. – realmente me acha bonito?


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Notas finais do capítulo

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