Infinite Arms escrita por Stardust


Capítulo 11
Que o amor queime suas almas


Notas iniciais do capítulo

Finalmente postei. Desculpem-me a demora!



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– Chegamos! - ouvi a voz animada do homem que havia nos dado carona.

Pela janela embaçada por causa da garoa, via o antigo e elegante casarão. Era de um bege claro e devia ser recém pintado. Luzes estavam espalhadas por todo o enorme jardim, pela fonte central e pela casa, e o som de um piano saía suavemente de dentro da casa.

Enquanto saía do carro, senti cheiro das flores do campo e senti familiarizada com o local.

– Incrível. - disse olhando para Fabrizio do outro lado do carro, mas ele parecia tão distraído quanto eu.

– Vamos entrar, Jake? - a mulher perguntou para o marido ou namorado. Ambos pareciam jovens e tinham um sotaque australiano. Algumas tatuagens apareciam na perna descoberta da mulher e no pescoço do homem. - Vocês vêm? - olhou para nós. Eles eram simpáticos.

Fiz que sim com a cabeça.

– Obrigada pela carona. Vocês não sabem o quanto foi importante. - sorri.

– Não tem que agradecer. Quem sabe um dia vocês pagam esse favor. - piscou para nós de modo brincalhão e se viraram, andando na direção da porta.

Agora era só eu e Fabrizio, ali, perto de uma árvore com pequenas flores brancas que insistiam em cair no meu cabelo. Senti o toque suave de Fabrizio tirando-as.

– Preparada? - sorriu. A luz que batia no seu rosto deixava seus olhos acesos e combinava exatamente com sua barba mal feita. Fabrizio era bonito e eu odiava ter que admitir isso todo tempo.

– Claro. Você não? - provoquei.

– Senhorita, - fez um gesto para que eu passe meu braços entre o seu. - já tenho certeza de que tudo dará certo.

– E ainda serei sua namorada, o que você deve estar adorando.

– Nem um pouco. - sorriu enquanto começava a andar.

*

Ouvi o homem enorme que ficava na entrada dizer "boa noite" em italiano para nós dois e Fabrizio respondeu fluentemente. Tentei imitá-lo, mas saiu pior do que eu esperava. Ouvi o homem dar um risada abafada e logo estávamos dentro da sala principal.

Olhei para Fabrizio que ria. Apertei seu braço, chegando mais perto do seu ouvido.

– Quer parar de rir? - falei brava.

– Você é um desastre em algo. - continuou rindo.

– Cale a boca.

Finalmente parou de rir e olhou para todas aquelas obras. A sala com paredes perfeitamente brancas era iluminada com luzes amareladas que deixava o lugar confortável. As obras preenchiam o lugar e arrancavam suspiros de casais apaixonados que ficavam abraçados olhando as imagens.

– Aronne é realmente muito bom. - falei esquecendo de que estava brava com Fabrizio.

Este não falou nada. Apenas deu um passo a frente, levando meu corpo junto.

– Seria pedir demais ser um pouco mais delicados às vezes?

Silêncio.

Os olhos de Fabrizio estavam fixados em um quadro da minha altura. Era uma mulher em pé segurando uma maçã e um homem tocando violão ao seu lado. O vento tocava os cabelos e roupas dos dois jovens fazendo a gente sentir a sensação de estar livre e sentindo a mesma sensação que eles. Os olhares dos dois se encontravam e um sorriso se formava. Realmente era uma das obras mais bonitas que eu havia visto. Logo estava observando-a com a mesma intensidade de Fabrizio.

– Te faz lembrar alguém? - minha voz saiu baixa.

Fabrizio logo me olhou como se eu tivesse assustado-o.

– Te lembra Alan? - perguntou tentando não responder minha pergunta.

Olhei de novo para a obra e depois para Fabrizio.

– Bom... - comecei com culpa, mas não terminei.

– Acho que isso responde.

– E você não respondeu minha pergunta.

– Talvez ela não deveria ser respondida.

Virou as costas e saiu andando por entre as outras pessoas. Segui-o.

– Você deveria se abrir. Talvez assim não seria um homem mal-humorado sempre.

Fabrizio me encarou.

– Vamos fazer isso certo, ok? - continuou andando e não entendi sobre o que estava falando.

Parei ao seu lado enquanto ele observava uma obra sobre uma mulher. E era a mesma que havia em todos os quadros, mas desta vez seu rosto estava mais magro, sua pele pálida.

– Ele pintou os estágios da doença. - senti uma pontada de tristeza ao reparar aquilo. - Margareth... A descoberta do câncer, os últimos dias de vida... Ele quis fazer com que ela pudesse ser feliz pela última vez. James contou sobre a doença, mas não sobre a obra.

– Então ele quer que a gente faça a exposição sobre a doença da esposa de Aronne? - havia dúvida na pergunta de Fabrizio.

– Provavelmente.

Continuei olhando a sequência de quadros. No último, Margareth estava deitada em uma cama com os olhos fechados. Havia flores por todos os cantos e a noite caía lá fora, dando lugar a lua cheia e estrelas tímidas.

Senti meus olhos marejarem e evitei olhar para outras pessoas. Não queria que me vissem chorando.

– Trouxe vinho para você. - senti Fabrizio tocar minha cintura. Seu toque me deu arrepio.

Quando seus olhos encontraram o meu, tentei limpar o rosto, mas as lágrimas saiam sem querer.

– Por que está chorando? - ele parecia preocupado.

Olhei para a última obra novamente mostrando para ele, que me olhou com um sorriso no rosto como se talvez já esperasse por isso. Me abraçou, sufocando-me e me deixando sem respirar direito.

– Amorzinho, não chore. - sua voz saiu engraçada, como de namorados chatos. Olhei para o lado e vi que ele só estava agindo como muitos outros casais naquele lugar. - Eu estou aqui, ok?

Empurrei-o limpando meu rosto e rindo.

– Você é um noivo tão incrível. - peguei o vinho e bebi um pouco. - Obrigada por ter entrado em minha vida.

Ficamos rindo enquanto acabávamos de beber o vinho. Aquilo até parecia ser divertido e o trabalho parecia mais tranquilo do que eu pensava.

Estávamos andando para perto de outras obras quando ouvi a música parar. Uma luz iluminou o ponto alto da escada que havia na casa e um homem baixinho e gordinho apareceu com um microfone.

Ouvi falar em italiano "boa noite" e algo que não entendi o que era.

– "Que o amor queime suas almas como queimou a minha." - Fabrizio sussurrou no meu ouvido traduzindo a frase.

Não deixei de sentir um arrepio e meu coração disparar.


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Notas finais do capítulo

Alguém lendo? O que estão achando?



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