Infinite Arms escrita por Stardust


Capítulo 10
Dei um sorriso fraco


Notas iniciais do capítulo

Oi â¥



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Fabrizio olhava o carro enquanto eu esperava impaciente. Batia meu pé no chão como fazia quando era pequena e algo estava me incomodando muito. E na verdade estava.

– Vai tirar a roupa agora? - falei vendo que tirava a camisa.

– Quer chegar na festa com um cara sujo? - rebateu.

– Se chegarmos...

– Vamos chegar. - havia confiança em sua voz.

Fiquei calada, esperando que fizesse algo, mas em poucos minutos ouvi o barulho do capô do carro batendo. Fabrizio apareceu do meu lado abotoando a camisa e eu me esforcei para não olhar os seus músculos definidos. Bem, eram naturais e nada exagerado como aqueles homens da academia, o que o deixava completamente irresistível. Mas ele era para outras garotas, não pra mim.

– Estou olhando como se atrapalha para abotoar. - falei sentindo meu rosto ficar quente ao ver que ele me observava olhá-lo.

Esperei por uma provocação, mas ele apenas ficou calado.

– Estamos sem gasolina. - finalmente falou.

Encostou no Impala bem ao meu lado, tão próximo que eu sentia seu braço encostar na minha pele. Pelo canto do olho, vi que um sorriso se formava no seu rosto. "Como conseguia sorrir em uma situação daquela?", me indaguei.

– O que vamos fazer?

– Esperar por ajuda.

– No meio do nada? Desde que saímos não vimos carro algum!

– Você me trouxe má sorte. - falou sem me olhar.

Bati a mão na porta do carro, tentando mostrar estar brava.

– Quer saber? Tudo está dando errado.

Saí andando pela estrada e parei perto de uma enorme pedra. Me esforcei para subir até nela, levantando meu vestido até a metade da coxa e me esforçando para não rasgá-lo. Só tinha a necessidade de ficar longe de Fabrizio, mesmo que aquela raiva repentina não tivesse lá tanta razão. Lembrei do dia agradável que passamos juntos, mas apenas tentei ignorar aquela situação.

– Me desculpe, ok? - falou levantando as mãos, como se estivesse se rendendo. - Eu sou um idiota.

Não disse nada, apenas fiquei olhando para o lado oposto.

– Quer saber a verdade?

Silêncio.

– Sobre esses dias... - sentou-se ao meu lado na pedra sem fazer esforço algum. - eu até estou me divertindo. - sua voz era calma, mas suas palavras, apesar de sinceras, saiam quase como uma confissão de um crime.

Finalmente virei o rosto em sua direção. Meus olhos estavam começando a ficar úmidos e eu pensei que acabaria chorando na frente de Fabrizio a qualquer momento, mas não queria aquilo.

– Você está chorando? - firmou as vistas para conseguir ver melhor no escuro. - Me desculpe, já disse, sou um idiota. - levou a mão no meu rosto e limpou uma lágrima que caía. Pela primeira vez naqueles dias ele estava sendo sensível, nem que fosse apenas por um segundo.

– Tudo bem, a culpa não é sua. Não estou chorando porque me disse que te dou má sorte.

– Então...

– Só estou com vontade de chorar. - encarei meus pés, tentando não encarar Fabrizio.

– Vamos chegar lá. Te prometo.

Olhei finalmente para ele. Seus olhos verdes pareciam escuros no luar fraco. Dei um sorriso fraco, me recompondo e logo senti que não tinha mais vontade de chorar.

– Obrigada. - falei baixo demais. Não recebi resposta de volta, mas Fabrizio continuou a me olhar nos olhos sem expressão alguma. Seu rosto se aproximou um pouco do meu e por um momento fiquei sem entender aquela situação.

– Então venha. - disse desviando o olhar e me puxando pelo braço.

– Onde?

– Vamos andando. Ou nunca chegaremos na festa. - sorriu.

– Você é louco.

– Eu disse que não saberia se iria dormir com um louco... - riu e acabei fazendo o mesmo.

*

Caminhamos pela estrada escura e não havia nem sinal de outros carros na estrada ou do casarão estar próximo.

Tentei andar, mas meu sapato machucava meus pés, fazendo com que eu sempre ficasse um pouco atrás de Fabrizio e ele sempre tinha que parar para me esperar.

Naquela noite, acabei notando que ele não era a pessoa chata que eu havia pensado ter conhecido e aquele Fabrizio que estava ali comigo acabava me assustando de um jeito bom.

– Já se preparou psicologicamente para ser minha namorada hoje? - quebrou o silêncio. Algo naquelas palavras fez com que eu demorasse tempo demais para responder.

– Você quem deve se preparar. - devolvi.

– Acho bom não bancar a louca ou fazer algo que um namorada normal não faria.

– Uau, cale a boca. - ri. - Não sabe que sou profissional?

– Namorada de aluguel?

Acabei não me segurando e rindo. Fabrizio conseguia ser irritante e bobo, mas estava começando a gostar daquilo.

Andamos mais alguns metros e acabei parando ao ver que um carro se aproximava.

– Ei! - gritei para que parasse.

– Estão com problema? - o rapaz perguntou sorridente. Uma mulher que eu julgava ser sua namorada sorria do seu lado.

– Sem gasolina. - Fabrizio afirmou.

– Vão para a festa de Aronne?

Fabrizio me olhou.

– Vamos. - respondi cheia de esperanças.

– Não acham que vão chegar a pé, não é? - a mulher falou. - Entrem. Estamos indo pra lá. São americanos? É a primeira vez que vão? - ela parecia animada.

– Sim, é a primeira. - falei entrando no carro. - E obrigada pela carona. É muito gentil da parte de vocês.

Escutei darem a partida no carro. Olhei para Fabrizio enquanto o homem dizia algo que acabei não prestando atenção no que era. Fabrizio me olhou de volta com um sorriso no rosto.

Desviei o olhar, olhando para a estrada. Logo chegaríamos.


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Notas finais do capítulo

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