Alvo Potter e o Segredo do Cristal escrita por T M Forte


Capítulo 3
II - Estrada tortuosa - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Oieee!
Hoje (31/07/15) é aniversário da rainha Rowling e de Harry Potter, mas quem ganha presente é você, leitor de Alvo Potter e o Segredo do Cristal! A segunda parte do capítulo dois acaba de sair!
Bem, agora eu devo dizer as notícias não tão boas: Na primeira vez que eu postei esta história (esta é a reescrita, para quem não sabe), lá para meados do 2013, eu tinha bastante gente que me apoiava com isso. Não estou dizendo que agora tem poucas pessoas, mas o feedback caiu e muito. Somando os últimos dois capítulos postados, só tive quatro comentários e isso me chateou muito. Aposto que a maioria das pessoas não sabe como é difícil (re)escrever uma história do zero e eu dou tudo de mim para trazer a melhor escrita/enredo e essas coisas e não estou vendo resultado.
Para resumir: A fanfic não será abandonada, jamais, mas não terá um dia certo para postar. Eu estava pensando em postar somente na última sexta-feira do mês, nada ainda está decidido.
Avisos dados, vamos ao capítulo.
Espero que gostem! Não se esqueçam de comentar/favoritar/recomendar a história porque isso me incentiva (e muito) a continuar!


*Atualizada 14/07/2018*



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Seguiu os irmãos pelo corredor e a escada em corte. Lílian ia pulando de dois em dois degraus para ser mais rápida e, ao chegar no andar inferior, a pequena Potter saiu correndo em direção à cozinha com um grande sorriso e dizendo “Bom dia, papai!” antes de pular no colo do pai e jogar os braços em volta de seu pescoço, dando-lhe um grande abraço. “Bom dia, minha princesa” respondeu ele, com um sorriso de orelha a orelha ao abraçar sua única filha.

Assim que os dois irmãos atravessaram o hall de entrada que dividia a sala de estar da cozinha e passaram pelo arco que separava os cômodos, uma mulher, trajando uma longa camisola de seda branca, os recebeu dando-lhes um enorme sorriso e dizendo “Bom dia, meninos”, porém, voltando rapidamente sua atenção para a frigideira aonde fritava algumas tiras de bacon.

A linda mulher era uma versão adulta e com seios maiores de Lílian pois tinham o mesmo corte de cabelo, os mesmos fios alaranjados na cabeça, olhos castanho-claros, rosto sardento e arredondado. A Sra. Potter era uma mulher maravilhosa, principalmente enquanto vestia aquela peça, que realçava perfeitamente as curvas de seu corpo.

Os meninos tomaram seus respectivos lugares na mesa de jantar de madeira com o tampo retangular de vidro, Tiago ao lado direito do pai – que se encontrava em uma das pontas do móvel e voltara à ler o jornal que estava posto sobre ela com a filha caçula sentada em sua perna esquerda, que parecia mais interessada nas imagens em movimento do que nas reportagens em si – e Alvo ao lado do irmão enquanto esperavam a mãe servi-los.

— Você tem que ler na mesa, Harry? – perguntou a ruiva mais velha, olhando por cima do ombro para o marido antes de começar a despejar, uma por uma, as fatias de bacon em um prato de porcelana.

— Leu esta matéria que a Rita Skeeter fez sobre o ônibus em Ashford? – questionou ele, ignorando a pergunta da ruiva ao pegar o jornal com uma das mãos (a outra segurava a cintura de Lílian) e correndo os olhos, que se estreitavam a cada palavra, novamente pela matéria – Ela, praticamente, me chamou de imprestável diante de todo o mundo mágico, Gina! – exclamou, jogando o pedaço de pergaminho dobrado sobre o tampo de vidro.

— “Rita Skeeter”? – repetiu Tiago, apoiando o corpo nos braços cruzados sobre a mesa em direção ao jornal. Alvo esticou o pescoço sobre o irmão, para também ver de que se tratava.

Na primeira página de uma série de pergaminhos amarelos dobrados, encontrava-se uma foto de seu pai em frente a um ônibus de dois andares capotado com um amontoado de outros bruxos com o emblema do Ministério da Magia estampado em seus uniformes analisando cada perímetro do local, também via-se várias mãos diante do auror segurando gravadores antigos e a boca do mesmo se mexia constantemente (como não era possível saber o que se era dito, o filho do meio só pôde concluir que ele estava respondendo as inúmeras perguntas dos repórteres) e, sobre a imagem, estava o título e o subtítulo da matéria, “TERROR CONTRA TROUXAS CAUSA CHOQUE ENTRE DOIS MUNDOS – A comunidade mágica continuará segura nas mãos de Harry ‘O Eleito’ Potter?”, escritos com letras grandes e bem chamativas.

— Não foi ela que fez aquela matéria sobre o Greyback? – perguntou o menino do meio, franzindo a testa enquanto tentava visualizar mais sobre a reportagem por cima do irmão.

— A própria – confirmou Gina, pegando o prato com as tiras de bacon e o pondo sobre a mesa, sentando, logo em seguida, ao lado oposto do marido, à direta de Alvo.

— Eu não gosto dela – relatou Lílian, cruzando os braços e emburrando o rostinho. Os pais não conseguiram conter o riso, Harry achava adorável como a filha era tão parecida com a esposa quando se zangava. – Ela só fala mentiras de você, papai!

— Você não vai fazer nada? – perguntou Tiago, indignado. Era certo em dizer que o filho mais velho do casal era um dos maiores fãs do pai, apesar de nunca admitir isto, e jamais aturaria falta de consideração com seu herói pessoal e um dos maiores e mais importantes bruxos do mundo de boca fechada.

— Não – respondeu Gina, atraindo todos os olhares para a sua pessoa –, porque quem vai se acertar com ela vai ser eu.

— Querida... – começou Harry.

— Não se preocupe, eu crio alguma desculpa, meu amor. Há dias que estou querendo arrancar aquele sorriso cínico da cara dela com as unhas – A ruiva deu um largo sorriso para o marido, arrancando mais quatro gostosas risadas dos outros indivíduos ali presentes. Mamãe é doida pensou Alvo, controlando sorriso

A pequena família, então, começou a se deliciar com o maravilhoso café da manhã composto por panquecas, bacon, cereal, torradas, ovos mexidos, café, leite e suco de abóbora. Lílian reclamou um pouco por ter de sair do colo do pai para comer sua tigela de cereal colorido na cadeira ao seu lado (enfrente aos irmãos), porém, concordou sem excitar assim que o pai sussurrou algo no ouvido da pequena, que correu para o seu lugar à mesa com um sorriso sapeca.

— Comam bastante – falou Gina, olhando diretamente para o prato com apenas uma panqueca pequena com um pouco de mel diante de Alvo. – Não quero que mamãe pense que não ando alimentando meus filhos direito. – Agarrou o prato com ovos mexidos e despejou uma pequena quantidade sobre a panqueca do menino, que tentou impedi-la dizendo “Não, mãe! Eu não quero!” mas já era tarde de mais.

— Se ele não quer, eu quero! – Tiago estendeu seu prato com algumas torradas com geleia em direção à mãe, que sorriu ao despejar o restante do conteúdo para o filho mais velho, que não tardou a começar a devorá-los com extrema rapidez.

— Coma mais devagar – pediu a mãe, mirando-o severamente.

— Acho que não foi uma boa ideia pedir para o Rony ser o padrinho dele – comentou Harry em direção à esposa – Olha só, já está comendo igual a ele! – Brincou, dando uma piscadela para o filho e arrancando um pequeno riso de Gina.

Tomemfasocrezimento— disse Tiago, sem engolir a comida que enchia sua cavidade oral e espalhando alguns pedaços de alimento pela mesa.

— O quê? – perguntou Alvo, que levava o copo de suco aos lábios.

— Não fala de boca cheia – ralhou Gina, cerrando os olhos em direção ao filho mais velho.

— Foi mal – pediu ele, terminando de mastigar. Assim que terminou de engolir todo o alimento, continuou: – Disse que tô em fase de crescimento. – E, dizendo isso, deu uma gigantesca mordida em uma das torradas.

— Se continuar comendo assim, vai ficar maior do que o Hagrid – riu Harry.

Saméideia – Tiago tentou dizer, sem engolir novamente.

— Não fala de boca cheia! – mandou Lílian em alto e bom som, antes de seus pais dizerem alguma coisa, cerrando os olhinhos castanhos em direção ao irmão mais velho, imitando a mãe.

Tiago, de pouco-caso, abriu a boca e estendeu a língua em direção à ela, mostrando-lhe os resíduos triturados da torrada com ovos. Alvo, que virou para mirá-lo naquele exato momento, apertou os olhos verdes com força e, voltando-se para o outro lado, exclamou “Ah, cara!” e Lílian gritou um “Papai, olha ele!” em direção a Harry, fazendo um sinal com a cabeça em direção ao garoto de doze anos.

— Para de nojeira, garoto – ordenou Gina.

— Fecha a boca, Tiago Sirius – mandou Harry, dando um olhar severo ao filho, que tornou a guardar sua língua ao dar um sorriso sem dentes logo em seguida, voltando a mastigar.

Após o término do café da manhã, as crianças e Gina, Harry ofereceu-se para arrumar a cozinha enquanto isto, foram trocar suas vestes já que passariam o dia todo na linda casa dos pais da mesma, A Toca, para a festa de reencontro que dariam ao crepúsculo.

Alvo, assim que galgou de volta ao seu quarto, tirou seu pijama listrado e vestiu a primeira roupa que pegou em seu armário (moletom vermelho com zíper prateado sobre uma camiseta branca, calça jeans e o seu All Star preto) antes de se atirar de volta na cama, pensativo.

Desde de pequeno, Alvo sempre adorou ficar na casa dos avós, no vilarejo de Ottery St. Catchpole, talvez até mais do que gostava de sua própria residência em Godric's Hollow, mas não estava nem um pouco animado para a festa que seria realizada naquela noite.

O problema não era permanecer em um local onde estariam todos os seus familiares, incluindo uma tia-bisavó velha e chata que possuía, Tiago e um de seus primos, Fred II, tinham a apelidado de “Morcega Velha” – ato que fez ambos pegarem bons dias de castigo –, e sim ao fato de que haveria desconhecidos ali, também.

Amigos de seus pais que ele jamais ouvira o nome diriam, e ele tinha certeza disto, coisas como “Nossa, você é tão parecido com o seu pai!” ou “Está ansioso para o primeiro ano em Hogwarts?” sem realmente se importar se já estariam alterados por causa da quantidade de bebida que haviam ingerido ou não. Ele teria de ficar ali parado, forçando um sorriso para cada um daqueles comentários, algo que não lhe agradava em nada.

— A festa – foi dizendo Gina ao entrar no quarto do garoto carregando a mochila amarela que o mesmo usava para ir às aulas na escola do vilarejo – vai acabar bem tarde, então vocês três vão dormir lá na casa do vovô e da vovó, tudo bem? – perguntou, abrindo as portas camarão do armário embutido na parede e entrando no mesmo, desaparecendo de vista por alguns instantes graças ao feitiço de extensão não identificável, posto por seu pai para ali caberem todas as suas coisas.

— Tá bem – respondeu sem ânimo.

— Que foi, querido? – questionou Gina, voltando do fundo do extenso guarda-roupa com uma camisa social verde de mangas compridas em mãos. Assim que a guardou na bolsa amarelada e enquanto dobrava o pijama, que antes estava jogado ao chão, tornou a dizer: – Sempre fica tão feliz quando vamos par'A Toca.

— Será que eu não posso ficar na casa da Sra. Jackson? – insinuou o menino. Alvo sentou-se, ainda com as pernas esticadas e cruzadas uma por sobre a outra na cama, e observou a mãe, que o mirava com uma das sobrancelhas ruivas erguidas assim que terminou de guardar a última peça de roupa – Eu juro que me comporto, mãe!

— Aconteceu alguma coisa? – A mãe sentou ao lado do menino e passou uma das mãos pelos cabelos lisos do filho do meio, afagando-os – Você brigou com a Rosa? O Tiago te disse alguma coisa? – Seu cenho franziu pela mera insinuação do filho mais velho ter feito uma de suas costumeiras provocações com Alvo. Voltou-se em direção à porta, tomou fôlego e estava prestes a gritar quando o garoto a impediu dizendo:

— Não, não – repetia, pousando os pés sobre o chão de madeira de seu quarto e cruzando as mãos entre as pernas. – É que… Eu só não tô com vontade de ir.

— É por causa da carta, querido? – perguntou Gina, olhando atentamente o filho. Alvo voltou-se para o calendário pendurado na parede, qual estava em contagem regressiva para o dia três de setembro, o começo do ano letivo em Hogwarts, antes de abaixar o olhar novamente – Não se preocupe com isso, meu amor – disse carinhosamente, escorregando para mais próximo de Alvo, passando um dos braços em volta ao seu corpo, agarrando seu ombro e o trazendo para mais próximo de si, dando-lhe o que parecia ser um meio abraço. – Talvez Neville esteja lá na festa hoje à noite, por que não perguntamos sobre ela? – propôs. Alvo forçou um sorriso amarelo de canto de boca, apenas para acabar com aquele assunto.

Gina deu-lhe um beijo na testa e sussurrou mais um “Não se preocupe” antes de se retirar do quarto dizendo “Lílian Luna Potter, eu realmente espero que você ainda não esteja trancada neste banheiro”.

Alvo queria e, ao mesmo tempo, não queria falar com o padrinho sobre aquele assunto. E se ele disser que a carta nunca chegará? E se ele confirmar que eu sou um aborto? Aquelas perguntas queimavam em sua mente, fazendo um pequeno enjoo iniciar-se no fundo de sua garganta. Talvez se você fingir um choro, ele te dê uma carta por pena, cara! sugeriu sua consciência.

Passou a mochila por um de seus ombros e lançou-se corredor afora.

Harry esperava o restante da família terminar de se arrumar apoiado em um dos braços do sofá marrom, com o Profeta Diário ainda cobrindo o seu rosto. Alvo desceu as escadarias em silêncio, se postou ao lado do pai, que pareceu não o notar ali por estar muito concentrado na mesma matéria que lia no café da manhã, e, ao perceber que seu olhar se mesclava com os sentimentos de tristeza e raiva, anunciou:

— Eu não acho que o senhor seja imprestável, pai – disse, estendendo um largo e verdadeiro sorriso para ele, que respondeu fazendo o mesmo e bagunçando, novamente, o cabelo do menino com uma das mãos enquanto dizia um “Obrigado, filhote” para o filho do meio.

Já se passava das dez e cinquentas da manhã quando o restante da família se encontrou com eles no andar inferior da casa, com Lílian reclamando de ter de usar a jardineira jeans, sob a camisa cor-de-rosa e as sandálias da mesma cor que sua mãe havia escolhido para ela.

Foram em direção ao jardim na frente da casa, onde o Nissan Altima branco de Harry estava estacionado na calçada. As crianças correram pelo pequeno gramado em direção ao carro, já definindo os lugares que sentariam.

— Eu vou atrás do pai! – gritou Tiago, segurando a maçaneta da porta traseira esquerda.

Harry jamais conseguira se acostumar a dirigir veículos com mão inglesa pois, aos vinte anos de idade, fora designado para intensos treinamentos contra bruxos das trevas em Portugal e lá tivera de aprender a dirigir alguns meios de locomoção trouxa, caso fosse necessário em alguma missão, assim se adaptou e continuou a conduzir se mantendo ao lado esquerdo, sem dar importância ao fato que teria de importar seus carros de algum outro país.

— Eu vou na outra janela! – berrou Alvo, dando a volta no carro e se pondo ao lado da porta atrás do banco do passageiro.

— Ah… Por que eu sempre tenho que ir no meio? – perguntou Lílian com a voz manhosa, correndo atrás dos irmãos mais velhos.

— Porque você é a pirralha da família, Liz – respondeu Tiago, abrindo a porta para que a pequena pudesse passar antes dele e dando um sorriso provocante. – Só por este motivo. – Lílian, ao passar pelo irmão, deu-lhe um tapinha no braço, irritada.

Gina, que antes vinha procurando algo dentro de sua bolsa marrom, parou para conversar com a vizinha, que acenou alegremente em direção à ela, por cima da cerquinha que separava as duas casas.

A Sra. Jackson era uma mulher que não parecia ter mais do que seus cinquenta anos de idade, os cabelos mais curtos do que os de Gina eram de um loiro tão intensamente claro que quase chegavam a ser inteiramente brancos e os lindos olhos azuis que brilhavam em seu rosto quase sem rugas eram maravilhosos de se admirar. Trajava um vestido florido, que chegavam até um pouco abaixo de seus joelhos, sob o costumeiro avental amarelo e calçava botas de borracha pretas. Deve estar cuidando da plantação de girassóis pensou Alvo, esticando o pescoço por cima do carro para poder observar melhor a adorada vizinha, que sempre levava para ele e seus irmãos grandes pedaços de tortas, bolos e outras maravilhas açucaradas que preparava.

— Doze anos? Jura? – perguntou a Sra. Jackson, surpresa, que tinha a voz tão animada e alegre. Tiago, que estava prestes a entrar atrás da irmã, virou-se em direção às duas mulheres, ambas olhavam em sua direção, atento para qualquer coisa que diziam ao seu respeito – Meu Deus, ele é bem alto para a idade, não é?

— Podem continuar falando de mim, eu não me importo! – exclamou Tiago Sirius, alto o suficiente para elas ouvirem e cruzando os braços por sobre o peito ao se apoiar na lataria do carro.

— É, sim, e bem atrevido, também. – Gina deu ao filho um olhar de censura, fazendo com que o mais velho revirasse os olhos e entrasse no carro, batendo a porta logo em seguida.

— Ah, não ligue pra ele – disse a Sra. Jackson, apoiando uma das mãos sobre o ombro da vizinha, fazendo com que sua atenção voltasse à ela. – Lembro quando os meus tinham essa idade. A tendência é piorar, acredite. – E deu um pequeno riso com sua própria brincadeira, apoiando as mãos nos quadris.

— Não sabia que a senhora tinha filhos. – Gina, que sempre sabia de tudo que acontecia no vilarejo, arregalou ligeiramente os olhos com aquela revelação e cruzou os braços sob os seios, esperando que ela lhe contasse mais.

— Ah, minha filha, eu tenho seis – contou, agora observando Harry trancar a porta de sua casa com uma das inúmeras chaves que carregava. Gina arregalou um pouco mais os olhos castanhos ao se perguntar como só fora descobrir aquilo depois de tantos anos morando ao lado daquela senhora. Voltou-se novamente para a ruiva à sua frente ao completar: – Aproveite enquanto eles ainda são pequenos, porque, daqui a algum tempo, eles crescem e nem lembram mais que você existe – resmungou, franzindo o cenho.

— Como vai, Sra. Jackson? Tudo bem? – Harry se postou ao lado da esposa, passando o braço em volta de seu corpo e agarrando sua cintura, e deu um largo sorriso para a simpática vizinha.

— Estaria melhor se eu não estivesse velha, meu filho – riu ela, fazendo o casal abrir um pequeno sorriso cada um. – Vão, vão – disse olhando em direção ao carro, onde Alvo os observava atentamente—, não deixem que esperem mais. Vão. – E, assim que os dois desejaram um “Tenha um bom dia, Sra. Jackson!”, a mulher mais velha acenou em direção a eles antes de ajoelhar-se diante da pequena plantação das flores amarelas.

O vilarejo de Godric's Hollow estava prestes à se tornar uma cidade, graças às inúmeras famílias trouxas e bruxas que se mudavam para o lugar ao decorrer dos tempos e, aos poucos, o faziam crescer mais e mais. A rua em que viviam era cercada por casas com pessoas de todas as idades, crianças que brincavam nela todo sábado de manhã até velhos que gostavam apenas de se sentarem na varanda para tomar chá. Com certeza a Sra. Jackson era a mais simpática dali.

Assim que todos tomaram seus devidos lugares, Harry deu a partida e o carro começou a ganhar velocidade. Pisava cada vez mais fundo no acelerador, sabia que os filhos adoravam, e antes que a encruzilhada no fim da estrada chegasse e a dianteira do carro invadisse o salão da padaria bem à sua frente, apertou um dos botões ao lado do volante e logo as rodas do Nissan não tocavam mais ao chão asfaltado. O carro erguia-se no ar.

Alvo sempre sentia-se um pouco receoso em estar em um carro voador, mas, de qualquer jeito, adorava ver o vilarejo se tornando cada vez menor abaixo de si antes que desaparecesse por completo por entre as nuvens. Estava um dia claro, o Sol brilhava lindamente e a morna brisa do verão entrava pelas janelas abertas, soprando os cabelos do garoto para trás. Não demoraria muito tempo para estarem em Ottery St. Catchpole.

— Tiago Sirius – começou Gina, observando-o, rapidamente, pelo espelho do quebra Sol enquanto passava um batom marrom nos lábios rosados – que maneira de falar foi aquela enquanto eu conversava com a Sra. Jackson? – questionou, batendo o acessório do veículo.

— A minha maneira de falar – disse o garoto, de maneira petulante, sem desviar sua atenção das nuvens que passavam ao seu lado, pela janela. – Será que vocês não tem nada mais interessante para falar?

— Como o que? – perguntou a mãe com um tom de voz nem um pouco agradável.

— Sei lá, por que vocês não se preocupam em lavar a louça em vez de tomar conta da minha... – Tiago, que acabara de virar em direção à mãe e apoiar a cabeça em uma das mãos, não pôde concluir sua frase.

— E o que você de ganhar um tapa na boca, seu moleque? – questionou a ruiva em alto e bom som, virando o rosto por cima do ombro esquerdo para encarar o filho com aqueles olhos que pareciam queimar.

— Ai, como você é sensível! Que saco! – Tiago revirou os olhos e bateu com a testa no vidro da janela, distante dos perigosos olhos de sua mãe.

— Tiago Sirius, modos. – Harry, que tinha um tom firme e autoritário na voz, observou, com os olhos verdes semicerrados, o filho mais velho bufar pelo retrovisor – Não vai ter segundo aviso – alertou.

Gina tornou a olhar para frente, seguindo-se, assim, de longos minutos de uma calmaria torturante. Nenhum dos Potter conseguia disfarçar quando algo os incomodava, todos tinham a mesma mania de emburrar o rosto e ficar em silêncio, insolados em seus próprios pensamentos, até que alguém tivesse coragem de puxar algum outro assunto.

— Soube que o Rony encaminhou sua aposentadoria como auror para o ministro ontem à noite – comentou Gina, não se dirigindo a ninguém específico e sem tirar os olhos do para-brisa, quebrando o clima pesado que emanava no carro.

— Uhum – sibilou Harry, concordando.

— É verdade mesmo? – perguntou Alvo, ajeitando-se no lugar ao mirar o reflexo do pai pelo retrovisor.

Ronald Weasley, um dos cinco irmãos mais velhos de Gina, era assistente e melhor amigo de Harry no Quartel General dos Aurores que, depois de muitas situações onde esteve entre a vida a morte, decidiu que a atitude mais sensata seria deixar de ser um Cão. Rony permaneceu no Ministério durante dois anos antes de deixá-lo pela primeira vez, voltando seis meses depois dizendo: “Prefiro enfrentar o próprio diabo do que continuar trabalhando com o Jorge!”. Agora Rony voltaria a trabalhar com o irmão mais velho em sua loja de logros, recebendo um pouco menos da metade do antigo salário que adquiria antes de abandoná-lo.

— É, sim – disse o pai, olhando o reflexo dos olhos verdes do filho do meio. – Ele vai ficar no Ministério até o Kingsley encontrar um substituto e eu treiná-lo para que saiba trabalhar comigo.

— Como trabalhar com Harry Potter: Cale a boca e faça o que ele manda – brincou Gina, fazendo o marido e Alvo riem. Tiago havia colocado o fone branco em um dos ouvidos.

Liz, que parecia pensar em muitas coisas ao mesmo tempo, colocou o corpo entre a divisão dos dois acentos dianteiros e perguntou:

— Por que você não vai trabalhar com o tio Jorge igual o tio Rony, papai?

— É complicado, princesa. – Harry tirou uma das mãos do volante e a colocou sobre os cabelos, agora penteados, da filha, afagando-os. Tiago e Alvo se entreolharam, desgostosos, ao dividirem o mesmo pensamento, “Princesinha do papai!”, antes de voltarem a apreciar a paisagem que passava rapidamente abaixo do carro voador, pela janela.

— Mas aí você ia ter mais tempo pra gente, pai!— exclamou a ruivinha, se jogando de volta ao banco e cruzando os braços sobre o peito com a cara amarrada.

— Desiste. O ministério vem em primeiro sempre, Liz – disse-lhe Tiago Sirius, ainda mirando as nuvens passarem apressadas ao seu lado com a mesma expressão do mais puro tédio. – Sempre foi assim.

Harry abriu a boca para responder, mas tornou à fechá-la antes de alguma palavra ser formada. Olhou, rapidamente, para os filhos por cima de seu ombro direito antes de volta-se para frente.

Gina começou a puxar um outro assunto corriqueiro, tentando evitar que um clima pesado se emanasse, novamente, do ambiente e, logo, todos estavam agindo como se nada havia sido dito.

Depois de longos minutos, o carro voador, aos poucos, foi perdendo mais e mais altitude até finalmente pousar e estacionar diante de uma simples e bela casa torta com uma plaquinha de madeira enterrada no jardim da frente com os dizeres “A Toca”.

A base da casa parecia ter sido um grande chiqueiro de pedra no passado a que foram acrescentando cômodos aqui e ali até atingir vários andares, qual era tão torta que, com certeza, tinha de ser sustentada por inúmeros feitiços antigravidade

— Finalmente vocês chegaram! – exclamou uma mulher baixinha e gorducha na entrada da casa, indo em direção a eles enquanto limpava as mãos em seu avental florido e com um grande sorriso no rosto.

— Oi, vovó – disseram os dois netos mais velhos em coro enquanto saltavam do veículo e corriam para abraçá-la. A Sra. Weasley deu-lhes um grande e apertado abraço de urso, esvaziando os pulmões de ambos os garotos. Ao soltá-los, ajeitou seus curtos e grisalhos cabelos cacheados, aproximou seu rosto dos garotos e perguntou, em um sussurro:

— Digam-me, sua mãe desnaturada anda alimentando vocês direito? – Pôs cada uma de suas mãos em um dos ombros de cada garoto e alternava o olhar preocupado entre ambos – Estão tão magrinhos…

— Claro que não estou alimentando meus filhos, mamãe. Minha intenção é matá-los de fome! – zombou Gina ao agarrar a mão do marido, indo em sua direção dando passos duros. – O que pensa que eu sou? – perguntou, parecendo soltar fumaça pelos ouvidos e as bochechas corando levemente.

— Eu estava dizendo – recomeçou a senhora de idade tranquilamente, esticando o pescoço por cima dos netos para poder visualizar a única filha – que o Tiago Sirius está precisando de um corte de cabelo. Olhe só para ele, Ginevra! Está parecendo uma garota! – exclamou, elevando um pouco a voz ao disparar as duas últimas frases.

— Vovó! – exclamou Tiago, tocando o próprio cabelo com a ponta dos dedos, parecendo ofendido com suas palavras. Alvo e Harry tiveram de morder o lábio inferior para controlar o riso.

— Sem ofensas, querido, mas é verdade. – A senhora contornou os garotos e deu passadas largas em direção à Liz, abrindo os braços para a pequena ruiva abraçá-la também.

Tiago, ainda com os dedos entre os próprios cabelos, desarrumando-os – uma mania que tinha sempre que estava nervoso, envergonhado ou aborrecido –, agarrou o pulso do irmão mais novo e o guiou para dentro da casa, murmurando algo que Alvo compreendeu como “Não tem nada de errado com o meu cabelo”. Ao ser puxado pela porta da frente, Alvo olhou ao redor do aposento enquanto o mais velho fechava a abertura pela qual acabara de passar.

A sala era composta por velhos sofás e poltronas feitos de tecido florido, uma lareira grande de tijolos vermelhos – com imagens que se mexiam dos filhos, noras (e genro) e os netos de Arthur e Molly Weaskey em porta-retratos sobre a pequena prateleira de madeira—, moveis repletos livros com capas surradas e objetos de decoração como, por exemplo, vasos com flores que pareciam ter pulmões, a coleção de tomadas e baterias usadas de seu avô e as estranhas estátuas de barro que causavam arrepios no irmão mais novo.

Alvo seguia o irmão mais velho, que acabara de atravessar o arco de dividia o ambiente que ali estava da cozinha, antes de parar diante de um enorme relógio, que era feito de algum tipo de madeira escura e possuía nove ponteiros. Seus olhos correram diretamente para o sexto ponteiro prateado com o nome de seu falecido tio, Frederico Weasley, talhado nele, que nunca apontou para nenhum outro nome sem ser Hogwarts desde a morte do jovem bruxo.

Encontravam-se em uma cozinha um tanto pequena e apertada, principalmente por causa da mesa e oito cadeiras de madeira brilhante ao centro, no mínimo seis relógios espalhados pelas paredes com escritas como Trabalho, A caminho, A Toca, Casa, Perigo, ponteiros com o nome e uma pequena imagem bruxa de cada integrante da família e nenhum número e, além das coisas típicas de uma cozinha normal como pia, geladeira, bancadas e fogão, havia vários livros estranhos espalhados pelas prateleiras altas ali presentes, um, em específico, que estava aberto sobre o balcão parecia assobiar uma alegre melodia e o outro ao seu lado soltava pequenos e baixos espirros.

Tiago largou sua mochila vermelha sobre a mesa e, enquanto observava o quintal dos fundos por uma das janelas de vidro, contou:

— Tio Jorge trouxe o campo de quadribol! – Seus olhos moviam-se, rapidamente, para lá e para cá, provavelmente assistindo seus familiares voando em suas vassouras mágicas durante a partida que se efetuava.

— E não é só isso. – Uma voz surgiu atrás dos meninos e, ao se voltarem em sua direção, notaram um garoto que deveria ter seus treze anos de idade, pele, cabelos black power e olhos negros e dentes brancos que formavam um belo sorriso parado no início da escada em zigue-zague que levava aos andares superiores da casa. Tiago deu um sorriso maroto em direção ao primo favorito – Papai trouxe alguns protótipos dos fogos de artifícios para testar durante a festa. Tem um que é o leão da Grifinória! Ele ruge de verdade, Tiago!

— Eu tenho que ver isso, Fred! – exclamou o mais velho, subindo a escadaria em dispara atrás do moreno.

Fred II era o filho mais velho de seu tio Jorge, em homenagem ao seu finado irmão gêmeo. Alvo sempre achou que o tio nunca superou e nunca superaria completamente sua perda.


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Notas finais do capítulo

— Olha eu aqui de novo!
— E aí? Gostaram do capítulo? Vamos, não tenha medo de deixar um comentário me dizendo o que achou. Eu não mordo. Juro!
— Não se esqueçam de comentar/favoritar/recomendar a história porque isso me incentiva (e muito) a continuar!
— Até logo!
— Beijos da autora estranha ♥