Luto Vermelho escrita por konako


Capítulo 1
Luto


Notas iniciais do capítulo

Esta história, como uma fanfiction, encontra-se na categoria "Canon Compliant". O que significa que explora acontecimentos não mostrados ou sub-entendidos na histórias original. Neste caso, a reação de Red à notícia de que Snow morrera. Essa é a minha versão do headcanon que cobre a ausência de Red no funeral de Snow White, sua melhor amiga.

OBS: Por alguma razão o Nyah! bagunçou a quebra dos parágrafos. Perdão.



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O rugido ecoou longe.

Granny já havia descoberto, quando ainda carregava sua temporária maldição, que o lobo podia ser trazido à tona sem a presença da lua cheia. Uma descoberta infeliz que a trouxe problemas em seus dias de besta. Pelos seus infortúnios, foi conveniente guardar o conhecimento longe de Red. Ainda assim, naquele momento de fúria, não haveria ignorância que sobrevivesse ao desastre.

Outro rugido espantou os animais que ainda permaneciam ao redor da cabana. Não havia mais volta.

— Red, por favor, acalme-se! Isso não vai trazer Snow de volta. — Granny bradou do outro lado do quarto, amaldiçoando sua condição tão passageira. Se ela ainda possuísse aquilo em seu sangue, ela poderia lidar com Red nesse estado. A garota não iria ouvi-la.

— E não é essa a razão de tudo? Que ela não pode ser trazida de volta? — A figura vermelha da jovem vibrou contra a parede, suas mãos voando à madeira frágil da cabana. Os quadros dançaram no lugar, mas não aguentariam mais um baque.

A mobília poderia esperar; Aquilo não era a prioridade da velha Viúva Lucas. Ela se preocupava com outras coisas, muito mais valiosas do que quadros velhos e potes empoeirados. As vidas do vilarejo, estas não podiam ser substituídas.

— Aquele Charming- James causou isso! Foi por ser tão descuidado e incompetente que Snow- Snow!

O rosnado agora se limitou aos confins da pequena casa, mas ainda machucaram os ouvidos sensíveis de Granny.

Nunca antes ela ouvira som tão raivoso. Para Red, doce e inocente, tornar-se contra James, seu amigo… O lobo deveria estar muito próximo da superfície. Ela não poderia arcar com isso.

Red! Tente pensar! Não é com James seu problema. Não há culpa nessa tragédia. Snow escolheu esse caminho. Honre sua decisão!

Uma risada sombria surgiu da garganta de Red, gelando o sangue de Granny. Antes que ela pudesse avançar e segurar suas mãos, sua neta havia agarrado as pontas do manto vermelho sobre seus ombros, e o arrancado com fúria, lançando o pano ao chão como se não lhe significasse tudo. O vermelho cobriu o chão como sangue.

Red, não tire seu manto!

— Foi a Rainha, não foi? Não decisão para ser honrada. Foi Regina quem a matou! Foi Regina- — O corpo de Red tremeu contra sua vontade, lançando seu tronco para frente com violência. Ela teve de dar um passo à frente para manter-se em pé. Suas mãos já haviam deixado o lado do corpo, agora tensas e trêmulas fora de seu contorno. — A Rainha, ela matou Snow. E James-, James a permitiu. Foi por esse amor ridículo que Snow arriscou-se em primeiro lugar. Se seu Charming não existisse, Snow estaria aqui- Eu poderia ter ido com ela, a defendido da Rainha.

Red!

— Mas não! — Red gritou, abafando a voz de Granny em outro rugido animalesco. Seus olhos há muito perdidos da cor esverdeada, brilhando num tom dourado assustador. Granny suou frio. — Ela foi sozinha, para salvar seu Príncipe, que foi estúpido o suficiente para ser pego. E agora, o corpo dela está num maldito caixão de vidro, frio e pálido para o resto dos tempos. Que final feliz! — Outro tremor balançou seu corpo, e Granny viu uma dor aguda cruzar suas feições enraivecidas. Sua coluna a forçando ereta novamente. Mas isso não a parou. Desequilibrada, ela caiu para o lado, apoiando-se na grande mesa de madeira, esculpida de um carvalho denso no centro da casinha.

Não grande ou denso o suficiente. Pois em outro rugido, agora muito mais além de algo meramente animal, Red forçou suas mãos contra a mesa e a quebrou sem pestanejar, o som tremendo as paredes.

O rosnado se estendeu, e algo escuro se apoderou de Red quando a garota pulou para a direção da porta. Garras e dentes afiados prontos para pôr-se de quatro e partir corpos ao meio, destruir e queimar qualquer coisa pelo seu caminho. Fazer qualquer coisa viva pagar por sua dor.

Mas Granny não a deixaria atuar em sua fúria. Não para depois acordar e odiar-se ainda mais. Não para permitir que sua neta - que a pequena criança que roubou e jurou proteger - se deixasse perder seu precioso controle e destroçar mais inocentes.

Ela colocou-se no seu caminho. Agarrou-lhe pelos braços e olhou fundo em seus olhos, vendo ali as lágrimas de luto e fúria de uma mulher amaldiçoada.

De uma mulher apaixonada.

Red - ou o lobo, que agora praticamente controlava seus movimentos - não se abalou pelo corpo de Granny em sua frente. Sem qualquer outra palavra, ela cravou suas unhas nos braços de sua vó; E com um rosnado gutural, empurrou-lhe para longe; Cruzando a porta fechada da cabana e fazendo a velha cair na neve sobre suas costas.

Algo dentro de Red, porém, tentou conter-se, e outro tom de dor subiu ao seu rosto.

O lampejo de consciência não foi o bastante para frear a raiva do lobo.

Ela continuou no seu caminho. Os tremores, mais frequentes, em um ponto de sua corrida, a lançaram de quatro na neve. Congelada pelo monstro mordendo e debatendo-se dentro de si, Red só pode sonhar que alguém a pararia a tempo. Pois em meros segundos, o calor no centro do seu peito - palpitando e vibrando com ira - explodiu e expandiu-se para seus membros, sua cabeça, seus olhos, seus dentes.

Ela sentiu o lobo rasgar-lhe de dentro para fora; E sua visão foi tomada por vermelho.


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Notas finais do capítulo

Provavelmente dois mais capítulos por vir. Essa é uma que precisa ser menor.



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