Eu acabei demorando para ceder o beijo, mas cedi. O beijo dele era muito melhor do que de Jorge, era com mais pegada, não sei, eu me senti protegida com os lábios dele colados ao meus uma coisa que eu não sentia quando estava com Jorge. Ele me encostou na cabeceira da cama e segurava meu queixo delicadamente com um dedo e seus lábios ainda continuavam encostados aos meus, eu passei as mãos em suas costas enquanto ele me beijava, ele me puxou pela cintura e passava as mãos em meus cabelos, eu podia sentir as nossas respirações, e os nossos corações super acelerados, ele me beijava de um jeito carinhoso e protetor, mas logo nos separamos porque se não ficaríamos sem ar. Ele me olhou com aqueles olhos negros e brilhantes me encarando enquanto eu delirava naqueles olhos perfeitos que se encontravam com os meus, ele abriu um sorriso e eu retribui. Não tinha entendido porque ele havia me beijado, nós sempre nos odiamos, eu estou muito confusa, não deveria ficar mais ali, então me levantei e fiquei encarando os olhos dele que me olhava sorridente.

– Boa noite Guerra - eu disse saindo do quarto dele e indo até o quarto de Marcelina, quando cheguei lá, pude ver ela dormindo que nem um anjo, eu a cobri com um lençol, e puxei a cama de baixo da cama dela, e me aconcheguei ali, fiquei pensando porque Paulo havia feito aquilo e logo cai no sono.

– Alicia - dizia uma voz eu abri meus olhos lentamente e pude ver Marcelina me olhando, me levantei com um pouco de dificuldade e a observei.

– Que horas são? Meu ipad devia ter despertado - disse, era a primeira vez no ano que eu não acordava de mal humor, e isso me surpreendeu.

– São 4:30 - Marcelina disse e eu deitei na cama novamente e ela puxou meu cobertor, eu me levantei e fiquei a encarando.

– Marcelina porque me acordou tão cedo?

– Pra se arrumar ué - ela disse. Eu balancei a cabeça negativamente e me sentei na cama dela e ela amarrou meu cabelo, mas que diabos Marcelina tava fazendo?

– O que se vai fazer? Eu sei me arrumar - me queixei me levantando e procurando a roupa que iria usar, o short branco e a blusa preta.

– Isso não combina - Marcelina disse - Usa a blusa regata preta com brilhos - ela apontou para a blusa que estava em outra sacola - Hmm e a jaqueta jeans ali - ela apontou para a jaqueta. Peguei as roupas que ela foi dizendo e me vestindo, até que ficou legal o look que ela havia montado para mim usar, então escovei meus cabelos e deixei minha franja de lado, estava cansada dela na frente de minha testa, ajeitei minha franja assim, e calcei meu vans vermelho com caveiras. Terminei de me arrumar em poucos minutos, Marcelina me empurrou pro canto e começou a passar um batom rosa em minha boca, eu tirei logo aquilo, então peguei um batom de Marcelina na cor da minha boca, e passei-o nem dava para perceber que estava com batom. Marcelina demorou horas para se arrumar já estava cansada de esperar, peguei uma mochila e coloquei algumas roupas reservas dentro da bolsa e as ajeitei cuidadosamente. Observei Marcelina toda sorridente.

– Marcelina essa felicidade é por causa daquilo?

– Sim, contou pra ele não né?

– Não, eu não faria isso - disse sorrindo e a abraçando. Alguém bateu na porta e entrou, pai de Marcelina.

– Aqui está a autorização - ele entregava a minha autorização assinada pelo meu pai e as duas de Marcelina e Paulo.

– Obrigada papai - ela disse dando um beijo na testa de seu pai e sorrindo.

– Vão tomar café, já são - ele olhou ao relógio - 6:10, vocês saiam 7:00 hrs da escola. E 6:30 tem que tá lá, só tem 20 minutos, andam - ele disse. Eu e Marcelina pegamos nossas coisas e descemos a escada e fomos até a cozinha, aonde a empregada estava preparando o café da manhã, eu, Marcelina nos juntamos aos pais dela, depois de alguns segundos vejo Paulo adentrar a cozinha e meu coração pula e minha respiração fica mais ofegante, olho para Marcelina e continuo conversar com ela, como se nada tivesse acontecido, mas eu pude perceber que Paulo me encarava da outra ponta da mesa.

– Crianças venham eu irei levar vocês - mãe dos Guerra's disse.

– Obrigada - falamos em coral e corremos para pegar no verde. Marcelina pegou no verde e saímos até o carro e entramos nele e seguimos para a mundial. No carro um silêncio absoluto estava, na frente a mãe dos Guerra's dirigindo, atrás eu e Marcelina na janela e Paulo no meio de nós duas, ele estava do meu lado e justo olhando para a mesa janelinha que eu olhava, e lá dava para ver seu reflexo. Ele sorriu quando nossos olhos se encontraram na janela, então olhei para baixo meio tímida com a situação. Assim que chegamos na mundial, todos nossos amigos estavam lá, a professora Helena que iria ficar conosco recolheu as autorizações e entregou a diretora que sorriu e autorizou a gente a entrar no ônibus.

– Eu vou ficar no fundo em - disse para todos da classe.

– Eu também - disse Marcelina e todos começaram a gritar também. A entrada no ônibus começou com o 3º ano que lotou o primeiro ônibus e assim foi indo, até chegar finalmente em nós, foi em ordem de chegada, e claro eu e Adriano fomos os primeiros, eu entrei no ônibus e fui ao último banco e me sentei do lado da janela e as pessoas foram entrando no ônibus. Marcelina sentou-se com Mário como combinado, Jorge sentou-se com Margarida, e eu iria me sentar com Laura, mas o Paulo sentou ao meu lado primeiro que ela, então o encarei.

– A Laura vai sentar aí Guerra - disse firme.

– Ela ia, porque já to sentado aqui - ele disse e eu revirei os olhos e fui me levantando pra ir em outro banco, mas ele me puxou pelo braço me fazendo sentar no banco - Qual é a sua Alicia? Estou tentando me enturmar com você.

– Já disse que não precisa ter pena de mim - eu disse olhando para a janela e vendo as pessoas passarem para lá e pra cá.

– Eu não tenho pena de você Gusman - ele disse depois de um certo tempo - Eu gosto de ter você por perto - ele disse olhando em meus olhos. Eu o olhei de cima a baixo e encarei os lábios dele que tinha tocados aos meus na noite anterior, então ficamos nos olhando até que a turma do 6º B começou a entrar e Juliê me encarou com um olhar 42 e eu apenas a ignorei e fiquei pensando nas palavras que Paulo tinha me dito, o ônibus começou a andar o parque de diversões era super longe, então encostei minha cabeça no ombro de Paulo e logo pensei que ele iria me dar um soco, mas não, ele se ajeitou e deixou que eu ficasse ali. E eu peguei no sono.

Pov Marcelina.

Olhei para trás no ônibus e vi Paulo dormindo, mas não tinha visto aonde Alicia tinha sentado então fiquei a procurando com meu olhar, já que não podia levantar, quando sinto uma mão em meu ombro, olho para Mário que sorri.

– Ela esta sentada com Paulo – Mário me disse como se soubesse o que estava procurando.

– E como se sabe? – Perguntei a Mário

– Eu vi eles ali, e acho que eles estão dormindo – Mário disse olhando para trás.

– Não sei como eles estão se suportando, vivem as brigas.

– Eu também não sei – ele disse desviando o olhar para Carmem que o olhava. Eu achei esquisito aquilo, talvez Mário não era o cara certo para mim.

– Mário, acho que não é você que quero perder meu bv – eu disse o olhando.

– Tudo bem, eu entendo – ele disse sorrindo – Apenas amigos?

– Apenas – eu sorri. Era o certo a se fazer, Paulo tinha que perder o bv primeiro que eu, e eu não gostava de Mário, e ele estava doidinho pela Carmem, e a Carmem deve gostar dele. Então eu desviei o olhar para Jorge que estava me olhando ele abriu um sorriso e eu retribui.

Pov Paulo.

– Alicia – eu disse beliscando o braço dela. Ela acordou e gritou baixo um palavrão.

– Não é assim que se acorda alguém Guerra – ela disse tirando a cabeça de meu ombro.

– Chegamos no parque – disse a olhando. Ela sorriu e se ajeitou no banco, vi Juliê e suas amiguinhas olhando para mim e para Alicia, então Alicia me cutucou.

– Porque você me beijou ontem? – ela disse e eu engoli em seco. Não sabia como responder aquela pergunta, foi automático, eu apenas me vi agarrando Alicia e aquilo estava sendo muito bom e eu não gostaria de ter parado aquilo em momento algum.

– Porque me pergunta isso?

– Porque quero saber qual é a sua.

– Eu gosto de ter você por perto – repeti essa frase novamente. E ela corou, ficou vermelha mas logo disfarçou se levantando com sua mochila, e eu fiz o mesmo, levantei com a mochila nas costas. E nós dois fomos caminhando um do lado do outro em silêncio, saímos do ônibus e vi Marcelina vindo em nossa direção.

– OOOOOOOOOI – ela disse animadíssima.

– Oi – disse Alicia olhando minha irmã confusa e desviando o olhar para Jorge que abraçava Marcelina.

– Oi Licia – ele disse dando um beijo na bochecha de Alicia que me fez subir os nervos – Oi Marce – disse ele beijando o canto da boca da minha irmã.

– Mas que porra é essa? – disse olhando ele beijar o canto da boca da minha irmã.

– Paulo preciso falar com você – disse Juliê chegando do nada.

– Eu não quero falar com você – eu respondi seco.

– Paulo Guerra depois nos iremos conversar você querendo ou não – disse Juliê saindo rebolando.

– Então Jorge explicações.

– Marcelina não contou pra ele? – Jorge fitava Marcelina.

– Paulo perde seu bv hoje, agora, porque eu vou ficar com Jorge – Marcelina disse.

– Mas pra mim você gostava de Alicia – eu disse a Jorge. E a Alicia começou a rir.

– Somos apenas amigos – Jorge disse e Alicia ainda ria mas logo parou.

– Marcelina eu perdi meu bv ontem pode ficar com Jorge – eu disse e Alicia olhou pra mim furiosa.

– Com quem? – Marcelina olhou boquiaberta.

– Com uma pessoa muito importante – eu disse por fim e sai até a Professora Helena que iria dar um comunicado.