Do Lado De Dentro escrita por Mi Freire


Capítulo 6
Problemas


Notas iniciais do capítulo

Jesse, um dos personagens principais, vai começar a se destacar.



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"Tentar fazer tudo diferente e fazer tudo igual."

O professor de Geografia, Bryan, um senhor alto, muito cabeludo que exagera no tom de voz pediu para que formássemos duplas para o trabalho proposto. Como muitos de nós já tínhamos seus próprios grupinhos de amizade, não demorou muito para as duplas serem formadas. Mas sempre há, em todo lugar, aqueles que acabam sobrando, sendo rejeitados ou deixados de lado por alguma razão.

— Professor? – Alana ergueu a mão, mascando ridiculamente seu chiclete como uma vaca mastigando capim. — minhas amigas não puderam vir a aula essa manhã. Acho que tô sobrando.

Ela adora se fazer de coitada.

— Faça dupla com o – o professor olhou para os lados observados aqueles que como eu havia sobrado. — Jesse.

— Nada disso – me levantei, chamando sua atenção. — Eu vou fazer com o Jesse.

É claro que eu não poderia deixar Jesse nas mãos daquela megera, assim de mãos beijada, para que ela pudesse rouba-lo de Amy. Como rouba todos os outros garotos por pura provocação.

Certas coisas eu levo bem a serio. E por mais que Amy e eu ainda não pudéssemos nos considerar melhores amigas, eu estou gostando da companhia dela. De verdade. Natalie também é uma ótima companheira de quarto, apesar de tagarela. Sinto que nós três possamos nos dar muito bem em um futuro próximo. Muito mais até do que eu poderia imaginar.

Alana me fuzilou nervosamente com os olhos. Eu sei que as amigas delas não terem indo a aula aquela manhã fazia parte do plano. Jesse é um garoto muito bonito, fácil de ser notado, com certeza ela queria fisga-lo, mas eu acabei estragando seus planos. O que é uma pena.

— Oi. Eu sou Hayley. – sentei-me ao lado dele, no final da fileira do meio. — Acho que não nos conhecemos antes. Você é novo?

— Na verdade, não. – ele expôs seu sorriso metálico. Notei que seu aparelho era de um tom azul piscina e de perto seus olhos eram incrivelmente parecidos com o de Brandon. Quase como se fosse a mesma pessoa. — Só não sou muito... Social.

— Eu duvido! – soltei uma gargalhada. Todas pararam para observar, mas não dei muita atenção. Só conseguia olhar no fundo dos olhos dele, de alguma forma como se pudesse sentir Brandon ali. — Você é o baterista de uma banda!

— Isso não tem muita importância! As pessoas estão mais interessadas no vocal. Quando ando pelos corredores, poucas pessoas sabem realmente quem eu sou.

Suas palavras me fizeram refletir como às vezes me sinto da mesma forma. As pessoas me julgam como se realmente me conhecessem, mas não sabem um décimo de mim e mesmo assim julgam. Acredito que, todo mundo passa por isso. Ninguém sabe tudo um do outro.

— E como ele é? Digo, assim, de pertinho. É mais bonito? A voz é sensual? O sorriso perfeito? – Amy me encontra pelos corredores, no termino da aula. Ela ajeita os óculos no rosto.

— Amy, eu não sou a pessoa certa para te responder essas perguntas. Porque você mesma não responde? Vai lá e confere de perto, não vai doer nada, eu prometo – ela sorri, constrangida. — Se eu fosse você não perderia um só quer segundo...

— Hayley, eu não sou como você. E sabe disso – continuamos a caminhar. Temos a nossa próxima aula juntas. — Como eu gostaria de ser assim como você tão... Cara de pau. Você não se importa com nada. Apenas age como tem vontade. Eu a invejo!

Após sair da aula, sinto alguém agarrar meu braço me puxando para trás. No mesmo instante começo a sorrir antes mesmo de quem é. Já sei de quem se trata. É claro que só pode ser o Tyler.

— Oliver? – o encaro seriamente. — O que você quer?

— O que eles queriam ontem com você? Com nós.

— Nada demais – puxei meu braço, me desprendendo. — Estavam apenas com... Saudades. Só isso.

— Ah, saudades... Isso não me interessa. – ele se afastou, deixando-me mais livre para poder respirar. — E volto a repetir: se afaste do Tyler. Aquele garoto não presta!

Tyler me espera no refeitório, vamos almoçar juntos e depois iremos para a próxima aula também juntos. Ele sempre me diverte e sabe me arrancar as melhores risadas.

— Não se esqueça: a festa é amanhã.

Normalmente não tenho muito que fazer pelo resto do dia depois da aula que é no período da manhã. Muitas vezes eu invento o que fazer ou algo surge simplesmente do nada. Nesse tarde, em especial, não surge nada de interessante para que eu possa fazer para passar o meu tempo.

Aproveito o resto do tempo para dormir a tarde o que não consegui dormir de noite por causa do pesadelo.

Quando acordo, o sol já está prestes a se por e alguns poucos raios solares em tons de alaranjados invadem a janela do quarto e atingem em cheio o meu rosto inchado.

Geralmente os corredores estão sempre movimentados e naquele dia em especial nada mudou. Cumprimento alguns conhecidos e passo direto em direção à escadaria aonde eu desejo ir até o refeitório comer algo.

Antes, passo por uma sala repleta de janelas onde os últimos raios solares iluminam todo o cômodo. É a sala de música e quase sempre ela está vazia e fechada. Só é usada no período da manhã por conta das aulas. Percebo que há alguém lá dentro. Ou até mais de uma pessoa. Não tenho muita certeza e resolvo espiar por pura curiosidade.

Jesse está lá sentado atrás do piano que brilha a luz do sol. Ele parece concentrado em seu ato e suas mãos flutuam sobre o teclado como se pudesse dar a ele liberdade de expressão. Eu não sei o que ele pensa enquanto toca, mas deduzo que seja algo bom, já que ele tem no rosto um dos sorrisos mais bonitos que já presenciei.

— O que a senhorita está fazendo aqui?

Viro-me assustada com o som da sua voz e dou de cara com Tyler todo suado com uma bola de basquete de baixo do traço.

— Eu estava... Ah, deixa pra lá. – eu o beijei.

— Nós encontramos mais tarde, pode ser?

— Pode ser. No lugar de sempre.

Ele se vai, provavelmente para o seu quarto.

Quando me volto outra vez para a porta envidraçada a imagem de Jesse some do meu ponto de vista. Onde ele está? – me pergunto. Ele não está mais ali ao piano. Fico me perguntando se a imagem que eu vi há poucos minutos atrás antes de Tyler chegar e me interromper não foi nada, além da minha própria imaginação.

Não pode ser! Eu não estava apenas delirando. Assim, passo a procurar com os olhos por todos os quatro cantos da sala até onde meus olhos podem alcançar. Pega de surpresa, um rosto surge dando-me um susto daqueles como nos filmes de terror. Caio para trás batendo o bumbum no piso gelado do corredor.

— Me desculpe. – ele riu, abrindo a porta e estendo a mão para me ajudar a levantar. Estou desnorteada. — Eu só queria te dar o troco por estar me espionando.

— Eu não estava de espionando! – o encaro friamente, já de pé. — Estava passando aqui... E por acaso te vi.

— Não foi exatamente isso que eu vi lá de dentro. – ele ria de mim. Debochando. — Mas se é isso que você diz...

— É a verdade! – estou brava. Não gosto que riem ou duvidem de mim. Nunca! — Tá, não importa. Eu vou descer pra comer.

— Não, espere – ele segurou meu braço ainda sorrindo. — Me desculpe... Por tudo. É que normalmente não gosto que me vejam tocar.

— Como não gosta? – olhei para ele, surpresa. — Afinal, você é um dos astros de uma banda. As pessoas olham pra você o tempo todo!

— Não é como eu penso quando estou tocando. Acredito que as pessoas prestem mais atenção no vocalista e em sua voz. Eu não sou tão importante quando ele! Quando eu toco é como se tivesse fechado os olhos e não enxergasse nada além de uma densa escuridão. Ouço minha música e me sinto sozinho na presença dela.

— Você está muito enganado, sabia? Existem sim pessoas que prestem atenção mais em você do que no próprio vocalista.

— Não acredito nisso – ele riu, descontraído. Seu aparelho reluzente nos dentes brancos. — Como quem, por exemplo? Você...?

— Não! Eu não. – balancei a cabeça negativamente. — Eu até diria a você se essa pessoa não quisesse ser descoberta. Mas essa é uma longa história! Quem sabe um dia, quando eu tiver mais tempo, possa te contar uma boa parte dela. Mas agora, estou com fome.

Desci as escadas apressadamente em direção à cantina. Havia poucas pessoas no refeitório espalhada pelas mesas. Resolvi me juntar a Amy, Natalie e o seu namoradinho... Eric.

— Adivinhe só com quem acabo de me encontrar? – toquei no assunto quando Natalie levantou-se com Eric e se foram.

— Com quem? – ela parou para refletir. Sorriu amarelo e acho que ela entendeu o recado porque começou a sorrir também. — Jesse...?

— Sim, ele mesmo. – mandei pra dentro minha ultima colherada do frango frito. — Estava tocando... Piano.

— Piano? Dessa eu não sabia. Pensei que ele fosse apenas baterista. O que mais será que ele sabe tocar?

— Não sei. Mas posso descobrir pra você. – deixei o prato já vazio de lado. — Pelo visto ele é um garoto... Multitalentos.

Amy pareceu gostar da ideia de que Jesse é um garoto recoberto de talentos e mistérios a desvendar. Afinal, que garota não gostaria? Já eu estava mais interessada na parte em dar uma de espiã ou detetive particular. Um pouco de emoção pra minha vida.

Mas se ele descobrisse? Não, eu faria de tudo para passar despercebida mesmo estando ao seu lado. Traria a Amy informações diretamente dele. Quem melhor que o próprio Jesse para saber melhor que sobre ele que ele mesmo?

O céu já estava escurecendo e eu aproveitei o quarto vazio para poder me sentir mais a vontade.

Tomei uma ducha quente, lavei os cabelos observando a tinta azul escorrer e me troquei. Não precisei colocar nada de especial, mesmo sabendo que uma festa da tal de Trace me esperava. Apenas escolhi uma das minhas peças de roupa favorita: calça jeans preta rasgada nos joelhos, uma blusa de banda um pouco maior que meu manequim, meu contorno de cano baixo e a jaqueta de couro.

— Você vai assim? – Natalie perguntou ao entrar no quarto. Mais atrás vinha Amy.

— Vou. Qual é o problema? Essas são as minhas roupas. – dei uma ultima conferida no espelho. Intrigada.

— Sim, tudo bem. Mas todas vão de vestidos, salto, maquiadas, essas coisas. E você vai assim? – olhei para ela tentando entender o que ela realmente queria dizer com aquilo. — Hayley, você já usou algum vestido em toda sua vida?

— Talvez no dia do meu batizado, quando ainda era um bebê. Depois disso, nunca mais. A não ser às vezes, quando pequena, em que fui obrigada pela minha mãe, mas depois disso, não mais.

— Dá pra perceber. – elas riram. — Que tal se você nos deixasse dar uma ajudinha com a escolha de roupas de hoje?

— Mas eu me sinto bem assim. – passei a mão pelos cabelos azuis e dei um sorriso sincero. — É isso que sou.

— Deixe isso pra lá, Nath. A Hayley é... Complicada. – Amy soltou um risinho. Gosto dela. Digamos que ela me entenda.

— Sinto muito decepciona-la, Natalie. Mas vestidos, saltos não são pra mim! Nem ficaria legal – fui até a porta. — Até mais tarde meninas.

Tyler estaria me esperando em algum canto para irmos juntos para a festa. Nem todos foram convidados, é claro. Os corredores estão movimentados. Muitos seguem suas vidas normais, outros mais arrumados seguem o fluxo de pessoas em direção ao salão de festa.

— Te achei – ele praticamente dá um salto em minha frente, sorrindo de orelha a orelha. — Vamos?

Seguro sua mão e caminhos em direção ao salão. Ouço Tyler tagarelar animadoramente sobre tudo que ele e os amigos conseguiram arrumar para a festa: coisas ilegais. E sinto o calor de sua mão entrelaçada a minha e me lembro de Brandon. Não tem como não pensar em um pedaço da minha vida que se foi. Brandon com seu simples toque em contato com a minha pele me fazia me sentir segura e protegida. Com Tyler não é muito diferente, apesar de eu não ama-lo e nem ele a mim.

O salão está entupido de gente por todos os lados com copos descartáveis de refrigerante nas mãos. Muitos deles eu duvido que esteja tomando apenas refrigerante, por tudo que Tyler me contou.

No palco há um DJ tocando uma música eletrônica que faz muitos dançarem no meio da pista de dança sem se importar com os maus olhares ou as fofocas.

Todos se divertem.

— Quer beber alguma coisa? – Tyler pergunta no meu ouvido. A música é alta e quase não dá pra compreendê-lo. — Vou pegar uma cerveja.

Ele se afasta e o observo antes de me voltar para procurar por algum conhecido no meio daquela multidão.

Não encontro Jesse, o que não é um bom sinal, já que a presença dele ali naquela festa seria fundamental para ajudar Amy.

— Toma aqui um copo pra você – Tyler volta a se me aproximar estendendo um copo geladinho. Agradeço com um meio sorriso.

— Sabe se o baterista, da banda da escola, foi convidado?

— O Jesse? – ele sorri maliciosamente dando um gole de sua cerveja, faço o mesmo ignorando sua provocação. — Por quê? Tá afim dele?

— Não é isso. – solto uma gargalhada. — Só fiquei curiosa.

Ficamos ali em um canto, junto dos muitos amigos de Tyler, bebendo e conversando. Algumas vezes me distraio e me desconecto do grupo para poder ver se reconheço algum conhecido. Talvez o Jesse ou a Amy. Mas não os vejo em lugar algum.

— Vem! – Tyler me puxa pelo braço, derrubando um pouco da minha cerveja. — Quero dançar com você!

Eu não sei dançar. Nunca soube. Não levo o maior jeito. Uma vez, Brandon tentou me ensinar alguns passos simples e fundamentais para disfarçar o meu mau jeito. Foi divertido. Rimos juntos e eu acabei não aprendendo nada, apesar do esforço dele em me ensinar.

— Tyler eu não sei dançar. Não gosto de dançar – tentei explicar a ele enquanto nos afastamos.

— Você nunca faz o que gosto! – ele parecia emburrado, com um bico enorme igual de um bebê mimado.

— Isso não é verdade – amansei a voz me entregando ao seu charme, sorria enquanto abraçava-o.

— Então prove, aqui, no meio dessa galera toda – ele abriu os braços olhando em volta e chamando a atenção de todos.

— Tyler, aqui não. – abaixei a voz, envergonhada. Poucas vezes fico tão constrangida como fiquei naquele momento.

— Vamos! Faça alguma coisa. Prove que gosta de mim – ele estava delirando, talvez fosse o efeito do álcool da cerveja.

— Eu gosto de você. E você sabe.

— Ainda não me convenceu. – Tyler cruzou os braços, ainda mostrando-se uma criança emburrada.

Sem escolhas, saídas ou rota de fuga fiz a primeira coisa que me veio à cabeça para Tyler parar com toda aquela encenação. Joguei-me em seus braços e dei-lhe um beijo daqueles de arrancar o folego. Sei que muitos ficaram boquiabertos e assustados. Mas se era atenção que Tyler queria chamar, era isso que eu iria dar a ele.

— Você é ridícula Hayley! – alguém muito bravo me arrastava para longe dos braços de Tyler enquanto todos olhavam assustados.

Senti-me fraca e vulnerável. Detesto me sentir assim, inferior. Tentei me livrar das garras de quem quer que fosse.

— Oliver? Porque fez isso? – encarei-o. Oliver, meu irmão, me puxou pra fora do salão de festa.

— Como você consegue ser tão infantil? – ele me encarava friamente, com o tom de voz elevado. Ignorando a todas minhas perguntas anteriores. — Quantas vezes terei que pedir que se afaste do Tyler?

— Qual é o problema com o Tyler? – dei um passo à frente. Disposta a bater de frente com ele. Sem medos. — Eu gosto dele!

— Não, você não gosta. Você gostava do Brandon, lembra-se? Você mesma me disse uma vez. Então, porque agora fica pra cima e pra baixo com esse babaca? Ele não é uma pessoa correta pra você!

— Quem você pensa que é Oliver? – soltei uma gargalhada alta, indignada com a situação. — Você é a pior pessoa que conheço. E mesmo assim, sempre quis ser igual a você. Quando é que você vai gostar de mim e me aceitar do jeito que eu sou? Eu sou assim, como você.

Oliver ficou paralisado, nem piscava.

— Não queira ser como eu, Hayley. Você não precisa ser assim!

— Mas eu gosto! – gritei alto. — Gosto do que sou. Porque sou como você! Porque não entende isso?

— Um dia você vai entender.

Ele virou as costas pra mim e saiu andando. Algumas garotas, paradas próximas dali, foram atrás do meu irmão. Feito cachorrinhas.

— Odeio você, Oliver. Odeio por te amar tanto! – não disse isso a ninguém em especifico. Disse mais pra mim mesma, afinal, eu estava ali sozinha, do lado de fora enquanto todos curtiam lá dentro.

— Aquele garoto parecia muito bravo com você. – alguém observou, caminhando ao meu lado enquanto eu voltava para dentro do salão atravessando a porta principal.

Olhei para o lado e vi Jesse.

Jesse sorria e estava ainda mais bonito que o normal. Os olhos cor de âmbar sempre perfeitos e reluzentes mesmo no escuro. Ele vestia um jeans escuro, usava um moletom preto e All Star. Jesse também usava uma colônia masculina forte e seus cabelos ondulados estavam bem penteados.

— Ah, oi. – sorri sem jeito.

— Oi. Tá tudo bem com você?

— Sim, está. Obrigada por perguntar.

Afastei-me dele depois de um simples aceno. Procurei por Amy por todos os lados. Onde ela teria se metido quando eu mais precisava falar com ela agora que Jesse havia chegado à festa?

— Enfim te encontrei – disse ao me intrometer em um grupo de meninas do qual ela fazia parte.

Amy escolhera para aquela noite um vestido preto simples e saltos altos também pretos. Seus cabelos curtos estavam presos com uma tiara e os óculos de grau ela deixou no quarto preferido as lentes de contato.

— Você viu o Jesse? – comentei assim que nos afastamos. — Ele acabou de chegar à festa!

— Sério? – ela arregalou os olhos que só de ter tocado no nome do amado brilharam como estrelas. — Não, eu não vi.

— Vou aproveitar essa noite para dar uma forcinha pra você.

— Ótimo! – ela sorriu ainda mais. — Mas, por favor, me prometa que não dirá a ele que eu sou uma estupida apaixonada que prefere se manter anônima por enquanto. Apenas descubra sobre o que ele gosta.

Esperaria pelo momento certo para voltar a me reaproximar de Jesse e descobrir mais coisas ao seu respeito.

Enquanto isso, voltei a me aproximar de Tyler e seus amigos, bebemos mais cerveja e algumas outras bebidas alcoólicas que eles arrumaram especialmente para nós.

Observava de longe Jesse e um pequeno grupo de amigos, provavelmente o resto da banda. Vi que algumas garotas olhavam para eles sorriam e comentava algo uma com as outras. Talvez admiradas por serem bonitos e talentosos. Notei que ele não é de muito amigos e que quando está entre um grupo, fica meio deslocado, um tanto sem graça e sem jeito, ele sorri timidamente, não fala muito e muda de posição o tempo todo.

Já deu pra perceber que ele faz mais o tipo de garoto tímido.

— Olha só o que eu tenho aqui – Tyler se aproximou risinho, retirando do bolso da bermuda jeans um maço de cigarros ainda sem serem usados. Novinho em folha. — Quer fumar lá fora?

O lugar escolhido foi atrás do ginásio onde sempre poderíamos ter privacidade para fazermos o que quisemos. Poucos sabem daquele lugar.

Fumamos um cigarro atrás do outro enquanto Tyler contava história engraçadas de sua vida. Ele sempre tem historias para contar. Ao mesmo tempo em que tomamos cuidados para não sermos descobertos pelos outros alunos, inspetores do colégio ou flagrados por uma das tantas câmeras pelo internato.

— E agora? Acabou o assunto. – ele sorriu torto, jogando o maço de cigarro já vazio de lado e se aproximando de mim, encostando-me na parede, encurralado como uma presa.

— Agora você me beija. – eu sabia que era exatamente aquilo que ele queria e eu também. Beijamo-nos calorosamente e deixei que ele passasse a mão por meu corpo.

Nossos carinhos íntimos nunca passaram disso. A única vez que deitei com um garoto foi com Brandon. E talvez nunca mais voltasse a deitar com nenhum outro. Não por falta de confiança ou segurança. Mas porque também não sinto vontade como um dia senti por ele.

Brandon fazia com meus desejos se queimassem em chamas.

Voltamos para o salão de festa, Tyler foi dançar animadoramente com alguns amigos. Eles pulavam sorrindo conforme a batida da música e se sacudiam com as luzes fluorescentes iluminando o ambiente.

Como uma estrela cadente que se destaca em meio ao céu escuro, de longe eu avistei o Jesse. Mas ele não estava sozinho. Era uma cena um tanto estranha. Aproximei-me para ver com melhor precisão e ter certeza de que não estava delirando.

Até ai normal. Ele estava com uma garota, tal de Alexa, uma loirinha de cabelos ondulados e olhos azul piscina, que por sinal é linda, parece uma princesinha ou algo do tipo, além de carismática fofa e educada. Eles conversavam naturalmente, como dois desconhecidos que acabaram de se conhecer casualmente.

Em um ponto não muito longe dali meus olhos avistam Amy sozinha, imóvel e de braços cruzados enquanto observa a cena que vi há poucos segundos atrás. Apesar das luzes estarem todas apagadas e a música está muito alta fazendo tremer todo o corpo com suas batidas, eu consigo perceber que há um brilho diferencial no canto dos olhos dela.

Porque diabos, Amy está chorando?


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Notas finais do capítulo

Diferentemente da Hayley, a Amy é muito mais frágil.
E ai, o que você acha dela? Comente comente comente ♥



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