POV – Percy

– Ah, você poderia repetir a ultima frase? – Digo – Acho que não ouvi direito.

– Quero que você enfrente a Morte. – Repetiu Akhlys.

– É, foi isso que eu ouvi. Certo. Você enlouqueceu?

Ela sorriu.

– Não, eu sei que você consegue. Só não seja atingido pela foice dele, ela pode cortar sua alma ao meio... e você não vai querer isso.

– Claro que não.

A barreira começou a se rachar ao longo da discussão, logo a invasão aconteceria. Graças a Annabeth, a área em frente a Casa Grande logo começou a se encher de semideuses armados pronto para batalha, eu consegui contar duzentos semideuses. Não era o suficiente para combater os invasores por muito tempo, mas era tudo o tínhamos.

– Eu tenho que tirar Amanda daqui – Disse ela – vou levá-la para o Benjamin, ela estava segura lá.

Akhlys estava indo em direção a Casa Grande, onde Amanda estava.

“...Era sobre o plano de atrair o Herdeiro pra cá, e tá dando certo...”

– Akhlys, espera. Como você descobriu onde o Benjamin deve ir para deter a profecia?

Ela o encarou.

– Por que essa pergunta agora? Temos coisas mais importantes para...

– Responda. – tirei contracorrente do bolso, apertei o botão e a espada apareceu na minha mão. Eu a apontei pra ela, o fio da lamina estava encostada em seu pescoço.

– Não foi eu. Foi o próprio Herdeiro quem disse.

– O Ben?

– Não, o Herdeiro. Ele sabe de tudo sobre a profecia e me deu a dica de Atlântida... mas acho que pode uma armadilha, por isso quero voltar logo, com ela.

– Do que está falando, o Herdeiro não é o Benjamin?

– Sim e não, o Herdeiro está no Benjamin. Olha, é complicado e eu não tenho tempo para te explicar, se sobreviver eu te conto. – Disse ela com um sorriso frio.

Nesse momento ela desapareceu numa névoa branca, me deixando sozinho.

De longe, conseguiu ver Hazel, Kevin e Frank. Eles logo chegaram até onde eu estava. Todos estavam empunhando espadas e Kevin tinha uma aljava de flechas nas costas, faltava apenas o arco.

– Comandante Jackson, ordene. – Disse Frank, com um sorriso.

– Kevin, vá ajudar a Annabeth na Casa Grande e depois se junte com os arqueiros. Frank, quero você na linha de frente dando apoio e moral para os outros, conto com você – Ele assentiu – e Hazel, tente achar as Caçadoras, elas devem estar por aqui. Se não achá-las vá até as amazonas, Hylla com certeza vai nos ajudar.

Todos assentiram e saíram correndo. Kevin entrou na Casa Grande, Frank se juntou aos outro e Hazel montou em Arion – Seu cavalo mal educado que corre super rápido – e saiu galopando numa velocidade incrível.

Corri até os limites do acampamento, depois de subir a colina, eu me escondi atrás de uma árvore, assim consegui ver quem estava destruindo a barreira mágica. Era um homem de capa negra, sua pele era a pura escuridão com pequenos pontos brancos brilhantes, era como se eu estivesse olhando para o céu estrelado a noite. Seus olhos eram como um caleidoscópio variando entre vermelho, amarelo e branco. Ele segurava uma espada numa mão e uma pequena jóia na outra. Quando ele jogou a jóia na barreira, ela produziu o estrondo que ouvi antes, o impacto fazia a barreira tremer e trincar.

“Ele é Chaos?!”, me penguntei.

Percebi que nossa principal defesa estava sendo destruída por uma pedrinha. Isso é meio triste.

Com o ultimo estrondo, parte da barreira se rompeu. Produzindo um som parecido quando um vidro quebra. O homem, então, vendo seu trabalho feito desapareceu, como se ele misturasse com tudo a sua volta. Atrás de mim, cada líder de chalé estava liderando seu respectivo chalé. Os filhos de Ares, Hefesto, Demeter, Atenas – apenas pouco mais da metade, os outros estavam criando estratégias – e os de outros deuses menores estavam na linha de frente. Atrás os de Hermes, Apolo e de Hécate cobrindo os da frente com arco e flechas e magias de assistência.

– Todos em posição! – Gritou Jason, ele liderava todo o “exercito”.

No pé da colina do lado de fora, uma tocha foi acesa. Ela iluminou uma garota loira de cabelos longos, olhos verdes e tristes. Usava uma roupa escura, algo parecido com um vestido sem mangas com detalhe em vermelho brilhante. “Isabel”, pensei. Ao seu lado, outra garota. Essa vestia uma roupa toda camuflada em tons de preto e cinza. Era visível pelo menos cinco cintos com dezenas de facas presas nelas. “Essa deve ser a Kate”.

Duas dos semi-primordiais estavam aqui.

Atrás delas, um exercito de lestrigões e ciclopes. Todos armados com espadas e lanças afiadas, alguns carregavam consigo armas de fogo modernas. Vendo isso, logo percebi o quanto estávamos em desvantagem. Orei para todos os deuses que nos ajudassem e nos dessem proteção, mas como sempre, nenhuma resposta.

– Espero que eles não nos tenham abandonado.

Desci a colina em direção de Jason.

– E então? – Perguntou ele.

– Tinha um homem estranho em cima da colina, ele destruiu a barreira com uma pequena pedra preciosa, mas ele desapareceu. – Alguns semideuses soltaram suspiros – Mas o exercito inimigo está ai, eu só vi lestrigões e ciclopes, mas deve ter outros tipos de monstros...

– Certo. –Jason se virou para os outros e disse: – Ouçam todos! Todos nós sabíamos que esse dia chegaria, o dia em que o inimigo finalmente viria a nossa porta procurando por nós. Nós. A ultima barreira entre eles e nossos pais, a ultima barreira entre eles e nossos companheiros e amigos. – Ele se voltou para a colina, observando os monstros que chegaram no topo dela – Hoje mostraremos o que é ser um semideus! Grego ou romano, isso não vai importar, hoje lutaremos pelo mundo!

Todos soltaram um uivo de motivação e determinação.

– Erguer escudos! Apontar armas! – Todos o fizeram rapidamente – Atacar!

Uma leva de flechas voou por cima de todos, atingindo os monstros atrás de colina. Com um sinal de uma das garotas, eles avançaram descendo a colina numa velocidade incrível, até que os dois exércitos que chocaram numa violenta batalha. Frank tinha se transformado em dragão e começou a cuspir fogo nos lestrigões. Jason brandia sua espada com velocidade e força, a cada golpe de desferia um monstro virava pó.

Meia hora se passou, mas as garotas nem se quer se moveram. A batalha corria bem, eu consegui destruir os monstros armados com armas de fogo antes que fizessem muitos estragos. Os semideuses avançavam sob a colina, ganhando terreno. Se conseguíssemos chegar até o topo, seria fácil terminar essa batalha.

Isabel lançou bolas de fogo enormes nos chalés atrás da linha de frente, os chalés de Hefesto e Hermes foram consumidos pelas chamas. Então começou a andar até a linha de frente, no caminho ela puxou um chicote amarrado em sua cintura. Ele era marrom e na ponta tinha pequenos espinhos. Ela girou a chicote no ar e começou a atacar. Também usava suas chamas avermelhadas para derreter nossas defesas.

– Percy Jackson! – Gritou ela – Onde você está?!

Ela estava me procurando. Lembrei do dia em que matei o Lance Fedorento, seu namorado. Eu nunca consegui esquecer aquele dia por completo, agora Isabel veio vingá-lo. Andei até ela com contracorrente na mão, ela me encarou por alguns instantes, então digo:

– Me procurando Isabel?

– Jackson.

– Escuta eu sei que não posso me desculpar pelo que eu fiz com o Lance Fedorento, mas eu...

Ela girou o chicote e levei o golpe bem no peito. A força tinha sido incrivelmente alta, minha armadura de bronze celestial ficou com um rasgo enorme. Ele me atacou novamente, mas dessa vez eu recuei para evitar o ataque. Nesse momento ela disparou suas chamas em mim, eu tentei rebater com água, mas elas eram muito quentes. Por isso, logo a água evaporou. Eu não conseguiria evitar outro ataque com o mesmo truque.

Percebi que ela não estava pra conversar hoje.

No canto do olho, consegui ver Jason enfrentando quatro telquines de uma vez. Com sua espada, ele destruiu três com rapidez, mas o ultimo era maior e mais habilidoso. O telquine brandiu sua clava e golpeou Jason no peito que voou até bater numa árvore. Jason encarou o monstro com um sorriso, o telquine avançou sobre ele enquanto Jason se levantava lentamente. Num movimento rápido, Jason pegou impulso e voou por cima do monstro e num giro cravou sua espada em suas costas desprevenidas. Sobrando apenas pó.

Rolei para trás da árvore para barrar o jato de chamas de Isabel, infelizmente a árvore entrou em combustão com o mínimo de contato com as chamas. Quando saí de trás da árvore, senti o estalo do chicote nas minhas costas, foi uma dor ardente e dolorosa. Isabel sorriu por isso.

– Me encare como homem, Jackson! – Gritou ela – Eu vou matá-lo por ter tirado Lance de mim.

Ela estalou o chicote no ar e me atacou. De algum modo, consegui ver a ponta do chicote vindo em minha direção e usei minha espada para evitar o golpe. O chicote se enrolou no cabo da espada pegando parte da minha mão.

Isabel puxou o chicote em sua direção e eu puxei para a outra, o chicote ficou tensionado por causa da disputa de forças em eu e ela. Meu braço estava começando a ficar cansado, quando Isabel deu um sorriso. Uma de suas mão entrou em combustão e então ela tocou no chicote, as chamas consumiram o chicote até chegar na ponta onde minha mão estava presa. Quando o fogo chegou não consegui evitar um grito de dor, nunca tinha sentido uma dor tão torturante. Tentei usar água para deter as chamas, mas nada funcionou.

Isabel sorria triunfante.

– Esse chicote foi feito pelos Ciclopes Urânios, ele fundiram cristais de prata por toda extensão do chicote, é só aquecer o chicote que o calor e transmitido por ele todo.

Atrás de mim, comecei a ouvir estalos e tiques mecânicos, o som era quase familiar, Leo sempre tinha algo no bolso que fazia esses sons. Leo. Me virei e o vi de relance antes que lançasse um jato de chamas em Isabel. Ela estava focada em mim e só viu as chamas no último segundo para evitá-las, mas para isso largou o chicote. Me livrei do chicote na minha e tentei evitar de olhar para minha mão semi-carbonizada. Parte estava em carne viva com manchas pretas nas bordas.

– Valdez. – Disse ela.

– O primeiro e único. – Disse ele com um meio sorriso.

– Pensei ter te matado e pelo que parece você fez umas adaptações.

Eu não entendi o que ela tinha falado então quando encarei Leo mais atentamente, eu vi um braço mecânico no lugar do que ele tinha perdido, ele produzia os sons que tinha ouvido anteriormente. O braço tinha o tamanho natural e era feito bronze celestial, na parte do antebraço dava pra ver peças se movendo e se encaixando, era como se o próprio braço tinha vida própria e estava ansioso para ser usado.

– É, presentinho do meu pai. Acho que foi meu presente de Natal adiantado.

Sem perder tempo, Leo lançou labaredas de fogo em Isabel, que rebateu com suas próprias chamas. Me levantei rapidamente do chão e saí da linha de fogo entre eles. O duelo das chamas prosseguiu violentamente, Leo usava seu braço pra defender das chamas que uma vez tinha quase o matado.

Mesmo errando, Isabel causava destruição por todo Acampamento, de vez enquanto atingiu alguns ciclopes ou algum semideus. Leo a mantinha ocupado enquanto eu apagava os focos de incêndio pela área, tentando ignorar minha mão. A luta se estendeu por alguns minutos, Isabel rolou para evitar as chamas de Leo e no caminho recuperou o seu chicote.

Ele girou o chicote e estalou em Leo que defendeu com seu novo braço, ele conseguiu agarrar a ponta e seu braço começou a dar tiques novamente, foi então que um compartimento em seu braço se abriu e de lá saiu um elétrodo com carga máxima.

Disse Leo, imitando um robô.

– Perigo, chicotes de com cristais de prata são altamente condutores de eletricidade, – então sorriu e completou com sua voz normal – mais do que de calor.

Isabel o encarou sem entender, então o pequeno elétrodo tocou no chicote e uma carga elétrica percorreu toda sua extensão em menos de um segundo. Isabel soltou um grito escandaloso quando a eletricidade atravessou e envolveu seu corpo. Só então tombou para trás, sem vida com uma leve fumaça esbranquiçada saindo de seu corpo.

Leo se aproximou do corpo e sussurrou.

– Eu te avisei...