A morte veio me encontrar quando estava sobrevoando Nova York.

Depois de algumas horas voando, já era tarde da noite quando finalmente chegamos à Nova York, cortamos os céus velozmente, ziguezagueando por entre os prédios. Annabeth e eu conversamos boa parte da viajem, falamos sobre o acampamento e outras coisas. Dei minha o opinião sobre o Monumento de Washington, ela me olhou de cara feia e começou a me explicar o significado, porque foi feito, ou seja, ela me deu um sermão.

– Nossa essa cidade fica cada vez maior. – Digo para mudar de assunto.

– Você já esteve aqui antes? – perguntou Annabeth.

– Claro, eu nasci aqui. Mas minha mãe arranjou um trabalho em Dallas e então nos mudamos.

– O que você quer achar em Nova York?

– Quero encontrar Percy Jackson, conhece?

– Claro, ele é meu namorado.

– Sério? Isso facilita as coisas.

Depois de passarmos pelo Time Square, meu pégaso começou a ficar agitado. Parecia que ele tinha perdido o controle dos seus sentidos, indo de um lado para o outro, aquilo estava ficando perigoso, pedi ajuda a Annabeth, mas ela tinha desaparecido.

– Annabeth! Annabeth! – chamei, foi então que aconteceu.

O pégaso que estava totalmente pirado, subiu até as nuvens e depois mergulhou, descemos  os céus na vertical com grande velocidade. Eu precisava fazer algo, tentei puxar a crina do cavalo, gritei para que subisse, mas nada adiantou.

 Já estávamos na altura dos prédios e ainda descendo, quando fui puxado pelo capuz da minha blusa, era Annabeth. Ela me pegou, mas não aguentava meu peso, daí me deixou em cima de um prédio. Notei que ela estava ferida.

Ela pousou no prédio e caiu do pégaso. Corri para socorrê-la.

– Ei o que aconteceu? – perguntei.

– Eu não sei, estava voando tranquilamente até que um vulto negro me atacou.

– Deixe-me ver o ferimento.

O ferimento era horrível, a pele rasgada, parecia uma mordida de pássaro, bem na área do fígado.

– Você tem ambrosia? – perguntei.

– Na bolsa.

Dei a ela um pedaço generoso de ambrosia, ela comia quando senti garras cortando minhas costas. Gritei de dor e me virei para ver o que era. Um abutre imenso de três metros e meio de envergadura, penas escuras e garras enormes, com bico curvado e afiado manchado de sangue.

– Mas o que?

– Esse abutre... – disse Annabeth com dor – chama-se Ethon, é o abutre que comia o fígado do titã Prometeu toda noite quando ele estava preso. Tenha cuidado.

Eu a ignorei, “É apenas um pássaro gigantesco, sem problemas”.

– Então passarinho, vamos começar? – Invoquei minhas espadas com raiva. Minhas espadas são do tipo Falcata, eram laminas de bronze celestial e bem afiadas, de cabos dourado.

Ethon berrou e ele saiu voando, se misturando com a escuridão da noite, ele era muito veloz para seu tamanho, fui na beira do prédio para procurá-lo, olhava para o céu a procura dele, mas ele veio de baixo com grande velocidade e me agarrou com suas duas garras afiadas.

Nunca senti tanta dor na minha vida (Até aquele momento), uma de suas garras pegou meu braço e fez um corte profundo na base do cotovelo. Sua outra garra atravessou minhas costelas e perfurou meu pulmão. Sentia o sangue na garganta, minha respiração estava pesada, difícil e estava perdendo a consciência. Ainda tinha minhas espadas na mão, mas elas não tinham utilidade naquela situação, então elas desapareceram.

O Ethon me largou em pleno vôo, cai de uma altura maior que gostaria. Num ultimo esforço invoquei meu grifo que me pegou no ar e me segurei firme em suas costas, ele estava voando com grande velocidade, mas com cuidado. Vi o que ele perseguia o abutre, essa era minha chance, mesmo com muita dor, invoquei minha lança e a lancei no Ethon.

Nunca tive tanta sorte na vida, acertei sua asa, Ethon fez um pouso forçado, num prédio próximo. Agora ele estava encurralado, desci até o prédio e invoquei minhas espadas. Mesmo machucado Ethon ainda era mortífero. Notei que minha blusa estava ensopada de sangue e eu andava pesadamente.

Num ultimo esforço, corri e num golpe direto, decapitei o abutre. O que sobrou foram apenas pó dourado e penas negras. Ajoelhei-me para pegar fôlego, mas o que consegui foi mais dor. Cuspi muito sangue.

– Parece que você vai cumprir seu destino Ben mais rápido que imaginei, se continuar fraco assim – Disse uma voz feminina familiar. – Ah, tanto faz.

Olhei para o canto e vi a garota que matou minha mãe e todos que conhecia. Akhlys, com os mesmos olhos frios, o que mudou foram apenas suas roupas, estava com uma camiseta amarela escrita “Death Rules” e uma calça jeans.

– Eu te disse não? Você vai morrer sozinho, todos a sua volta vão morrer e você vai ver cada morte de seus conhecidos nos seus sonhos – Continuou ela – A sua nova amiga também acabou de morrer, e por sua causa.

– Mentira! – gritei – Ela... Ela esta viva!

– Como se eu acabei de matá-la?

Suas palavras doeram mais que a dor que sentia. Outra conhecida, outra amiga morta por minha causa. “Até quando isso vai durar?”, me perguntei. Olhei para Akhlys e ela sorria se divertindo com minha dor.

– Por que não me mata agora? – perguntei, ainda de joelhos.

Seu sorriso mudou para uma gargalhada, ela se aproximou de mim e cochichou no meu ouvido:

– Por que eu iria apressar sua morte? Você me diverte – disse ela sorrindo, ela rasgou a manga da minha blusa e, com suas unhas, desenhou minha quarta cicatriz, a letra delta (δ) – Você morrerá em breve, não se apresse filho proibido.

Minhas pálpebras começaram a ficar pesadas. “Chegou a hora”, pensei.

Cai para trás, mas alguém me segura, me deu algo para comer que fez meu corpo ficar quente. Tentei focar na pessoa que me ajuda, mas apenas vi um borrão, e então, cai em pesadelo profundo.