Treinos? Missões?

Eu não estava entendendo nada e eu não era o único, Amanda e outros dois semideuses estavam tão confusos quanto eu. Fiquei com raiva e eu queria umas explicações, peguei Nico pela gola que questionei:

– Nico que merda é essa? Por que você me trouxe aqui?

– Percy me pediu. Se quiser explicações fale com ele, isso vale para todos vocês. – Disse se soltando de mim.

– Onde ele está? – Perguntou Amanda.

– No Salão de Guerra e Estratégia ou SGE, nós vamos levá-los até lá. – Disse Hazel.

Passamos por um dos portões e seguimos os túneis. Chegamos numa espécie de armazém de armamentos, tinha espadas, lanças, balistas e uma pequena tropa de autômatos armados. Hazel disse umas palavras em latim e os autômatos se moveram e fizeram uma fila, abrindo caminho até uma pequena porta escondida.

– Essa é a porta do salão.

O salão parecia uma sala de reuniões, tinha uma grande mesa retangular, com um total de onze cadeiras. Na parede tinha um grande telão, nele um mapa mostrava os arredores do Lago Michigan. Linhas ligavam Chicago, Detroit e Green Bay desenhando um triângulo no mapa, o Lago ficava bem no centro do triangulo.

– Por que fizeram um triangulo no mapa? – Perguntou um cara ruivo ao meu lado.

Uma porta abriu perto do telão. Percy, Annabeth e outra garota saíram por ela, eles nos viram e vieram nos cumprimentar.

– Percy quero umas explicações. – Digo.

– Claro.

– Ei idiota, estou indo embora. – Disse a garota que estava com ele.

– Ok, não se esquece de vir semana que vem Clarisse.

Clarisse bufou e saiu.

– Chloe e Kevin vocês estão liberados, eu cuido deles.

– Tchau. – Disseram eles em uníssono e saíram correndo.

Léo saiu com eles, disse que tinha que checar os autômatos construtores (?). Percy, Hazel e Annabeth se acomodaram nas cadeiras e nos explicaram tudo sobre que estava acontecendo.

Tudo começou a dois anos, no final da Guerra dos Gigantes na Grécia, depois que Os Sete de Profecia derrotaram Gaia e a colocaram para dormir novamente. Todos acharam que iriam ter um pouco de paz por uns anos, mas ela só durou duas semanas. Outro deus primordial retornou, seu nome era Chaos.

Com o apoio de Pontos (mar) e Érebus (escuridão), Chaos invadiu o Monte Olimpo declarando guerra aos deuses por causa da humilhação que Gaia sofreu ao ser derrotada, mas ele disse que a derrota dos deuses não viria pelas mãos dele e sim por um semideus. Semanas depois uma antiga profecia a muito esquecida foi encontrada, A Profecia da Ruína.

“O herdeiro da ruína se erguerá

Toda criação divina ele destruirá

A morte e a Paz irão persegui-lo

Os deuses não conseguirão impedi-lo

Nem pela foice ou pelo relâmpago

A esperança ainda existirá

Se a Paz chegar ao arquipélago

E pela decisão do pai, o herdeiro morrerá”

Os deuses (como sempre) começaram a discutir sobre coisas idiotas, culpando um ao outro por algum motivo. Percy notou que mais batalhas estavam a caminho, por isso fez uma reunião com todos os semideuses (todos mesmo, chamou até os aposentados dessa vida) e decidiram o que fazer. Decidiram construir Postos Avançados (ou Pousadas) para darem mais proteção aos semideuses fora do acampamento, alem de treino e informações.

O Posto Avançado Grego é em Detroit, o Romano em Chicago e em Green Bay ficam os seres aliados: sátiros, centauros, etc.

– Mas por que nesses lugares? – Perguntou Amanda.

– Pois bem no fundo do Lago Michigan existe uma das maiores minas de Bronze Celestial no Mundo. Tem o suficiente para ganharmos a guerra, ou nos defendermos dela. – Disse Hazel.

– Por que nós fomos chamados para vir aqui? – Perguntou o ruivo.

– Pois vocês são semideuses de potencial, vocês podem ser decisivos na guerra. – Disse Percy. – Mas é claro que vocês não são os únicos.

– Então eu posso ir embora certo?

– Ben, eu sei que está preocupado sobre você estar aqui, mas não tem como Akhlys invadir aqui sem lutar e estamos preparados para qualquer invasão. – Disse Nico.

Suspirei e perguntei:

– Chaos tem algum aliado alem de Pontos e Érebus?

– Clarisse nos informou que os ciclopes urânios estão ajudando eles, os telquines, alguns monstros marinhos, talvez alguns deuses menores e primeira geração de deuses, mas nada é certo.

A tensão foi interrompida pelas badaladas de um sino ecoou na sala. Percy abriu um largo sorriso e disse:

– Hora do jantar, podem ir na frente é só seguir o túnel.

Nico nos guiou até o refeitório. Deixando Percy, Annabeth e Hazel para trás.

POV Nico

Eu conhecia Percy tempo suficiente para saber que ele nunca iria se atrasar para o jantar. “Tem alguma coisa errada”, pensei. Mostrei para o grupo onde ficava o refeitório, procurei uma sombra e voltei para o SGE escondido.

–... acha que fizemos certo trazer ele pra cá? – Falou Percy. Eu estava escondido numa parte escura perto da maquina de néctar.

– Acho. – Disse Annabeth, pegando alguns papeis – Mas você não disse tudo a ele, não confia nele o suficiente?

– Claro que confio, mas... vou esperar um pouco. Vamos ver se ele consegue se adaptar, daí nós contamos tudo de uma vez.

Percy estava escondendo informações de Ben e também de mim. Fiquei um pouco irritado, pode ser que seja um motivo bobo para isso, mas não pra mim.

– O que você não contou? – Digo saindo do esconderijo, acho que ele se assustou.

– Caramba cara, não me assusta desse jeito, por que você tem que ser assim?

– Não mude de assunto Jackson.

Ele me encarou por um tempo e disse:

– Dentre os deuses menores que se aliaram ao Chaos, o pai de Benjamin é um deles, alem disso a profecia se refere a ele.

– Por que acha isso?

– É só uma questão de interpretação, “o Herdeiro da Ruína”. Quais são os sinônimos de “Ruína”? – Disse Annabeth.

– Destruição, queda, prédio, cair...

– Morte. – Disse Hazel. Annabeth assentiu.

– O que? Você está me dizendo que Benjamin é filho de Tânatos, Deus da Morte.

– Estou, e quando ele ouviu a profecia, só de olhar pra deu para perceber que ele conseguiu matar a charada na hora. Ele sabe que a Profecia se refere a ele.

Fiquei quieto por um tempo pensando sobre aquilo, sempre achei que Ben era uma incógnita, mas depois de descobrir de quem ele era filho e sobre a profecia, as peças começaram a se juntar, o porquê dos deuses quererem matá-lo e sobre a Akhlys, ela deve ter alguma relação com isso.

Ouvi uma leve risada que me deu calafrios, parecia que vinha do chão. Agachei e coloquei a mão no chão e senti Gaia entrando na minha mente, quase dei um pulo de assusto. Percy estava me olhando com certa tristeza.

– Percy... Gaia...

– Não tem apenas bronze celestial embaixo do lago. – Ele sabia.

– Eu ainda não entendi.

– Está instalação também serve com cadeado, para aprisioná-la. Os deuses chamam esse lugar de Triângulo de Gaia. – Explicou Annabeth. – Esse é outro motivo por termos construído as pousadas aqui, mas só mais tarde decidimos adicionar os Postos Avançados, por causa da futura guerra.

Me levantei devagar e fui em direção á porta em silencio, não sabia o que pensar ou dizer. Hazel me acompanhou.

– Ei cara, não conte a ninguém sobre isso, só Os Sete e os lideres de chalé sabem disso e eu quero manter assim.

Eu queria argumentar que EU era um líder de chalé e queria saber sobre isso antes, mas apenas assenti e sai, sem dizer uma palavra. Fora daquele lugar, comecei a andar em passos largos. Hazel me chamava, até ela parou na minha frente. Ofegante.

– Nico... eu devia ter te contado...

– Está tudo bem. Eu iria descobrir de um jeito ou de outro – Digo esboçando um sorriso. – Quer ir comer?

– Claro.

***

O refeitório era um lugar amplo, cheiro de mesas e com uma grande plataforma no centro, lá tinha uma fogueira. Perto da fogueira tinha uma base onde ficava uma cornucópia, a mesma que Jason conseguiu enfrentando o deus-rio Aqueloo. Logo na entrada tinha uma estatua de uma garota. Na plaquinha embaixo dela estava escrito: Que Héstia, deusa do lar e da fogueira abençoe esse lugar.

Incrivelmente Benjamin estava se enturmando. Fazia uma encenação em cima da mesa do refeitório para os outros recrutas sobre nossa luta com Laelaps. Eu e Hazel chegamos mais perto para ouvir a historia.

–... daí Nico invocou braços esqueléticos, parecidos com os dele, que agarraram as pernas de Laelaps, deixando ele preso. Peguei o rabo dele, o enrolei em seu pescoço e... – Ele fez uma pausa. – Adivinhem. Amanda sem dar pistas!

– Ok – Disse ela sorrindo.

– Cravou a espada nele?

– Você montou nele? – Perguntou Chloe.

– Você tirou os olhos dele e o fez comê-los?

– O que? Não. Eu... enfiei o arpão da ponta da cauda bem na cabeça, assim ele virou pó.

Todos fizeram um “Oh!” e começaram a rir e aplaudir. Ben agradecia a todos, descendo encima da mesa. Notei o quanto ele mudou de personalidade naquela hora, de um cara solitário, sério e pavio-curto para um cara animado, piadista e carismático.

– Olha só quem apareceu! O semideus fã de estátuas nuas Nico Di Angelo. – Disse ele vindo em minha direção, atrás dele vários riram.

– HAHA! Muito engraçado Briggs.

– Você demorou, o que estava fazendo?

“Nada de mais, só descobrindo que esse lugar é a prisão de Gaia e seu pai é um traidor desgraçado!”, pensei.

– Conversando com Percy. – Olhei para os recrutas conversando. – Você se enturmou rápido. – A expressão dele se fechou, mas logo deu um sorriso.

– Eu me pergunto até quando isso vai durar...

Passei meu braço por cima de seus ombros e digo sorrindo:

– Se depender de mim, muito tempo cara.

Notei que iria começar uma festa, então fomos nos juntar aos outros recrutas, pois naquela noite eles teriam que aproveitar a folga. O inferno começaria no dia seguinte.