Begin Again escrita por TimeLady


Capítulo 2
Initiated


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui estamos, minha primeira fic sobre o Loki começa.



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O começo era o fim, disso eu já sabia. O aviso era sempre o mesmo: você começa quando tudo acabar.

Mesmo assim, o meu começo me pareceu lento, pesado. Eu sentia a clareza voltar devagar para mim, mas era devagar demais e uma experiência que não era minha me disse que não era normal isso, não naquele corpo. Era um sono induzido por... O idioma, estranho e impossivelmente fatiado me falhou por um momento, palavras estranhas e diferentes flutuando em minha mente em aspirais organizados. Havia tantos, tantos que eu não sabia qual escolher. Qual deles era o que eu estava usando? Demorou alguns minutos até um dicionário automático selecionar uma dos furacões de informações para mim.

Midgard.

Humanos.

América do Norte.

EUA.

Inglês.

Uma biblioteca cheia de dados abriu como um leque e eu fiquei tonto quando milhares de coisas eram digitadas em minha cabeça, de forma que meu consciente, o meu eu e não aquele corpo ainda desconhecido, não absorveu absolutamente nada até que uma pagina em branca se desdobrar diante de mim com a palavra que eu precisava.

Drogas.

Sustância química criada por humanos para inúmeras situações de saúde corporal e, algumas vezes, mental. Reage com a bioquímica do corpo humano para criar o efeito desejado.

Eu não conhecia nada daquilo, mas ao mesmo tempo eu entendia tudo. Bastava eu pensar, cavar um pouco até um livro de informações sair de um dos furacões de informações organizadas. E eu me vi vasculhando as informações na sessão Midgard, que fora a pasta que abrira quando eu procurei o idioma certo. Um dado saltou.

Humanos. Mortais.

Por que era tão pequeno o leque de informações dali se em comparação a outros? Afinal, esse corpo não era humano também? Aquele rosto... o meu rosto surgiu em minha cabeça ao lado de um rosto humano qualquer, comparando-os. Uma cabeça arredondada, uma camada de pele esticada sobre carne e ossos, dois olhos para proporcional a visão, um nariz para o olfato criando um ângulo suave no rosto e dois ouvidos em lados opostos da cabeça. E também uma rachadura quase no final da cabeça que minha cabeça deu o nome de boca, lugar por onde os humanos comiam e que também utilizavam para se comunicar. Tantos sentidos reunidos no mesmo lugar, afora o tato que aparentemente se estendia por todo o corpo.

Aquele corpo era humano, meu corpo era humano. Os rostos eram, em essência, iguais.

Muito embora houvesse sutis diferenças que distinguiam um rosto do outro, eu pude notar. Achei bizarro que fossem tão leves as distinções de um humano para outro, que o definiam como bonito, feio, velho, jovem, doente ou saudável. A lista foi se estendendo diante de mim. A cor da pele, a cor dos olhos ou do cabelo, talvez uma leve diferença no formato do rosto, a condição da pele ou o tipo de olhar. Por vários segundos eu fiquei desesperado – esperavam mesmo que eu conseguisse separar cada pessoa que eu encontrasse apenas com essas diferenças?

O eco de um cheiro então me distraiu. Metálico. Salgado e azedo. Uma nota em minha cabeça indicou a palavra sangue. E a cor vermelha invadiu minha mente por alguns segundos, antes da memória repentinamente me puxar com violência.

A dor era lancinante.

Era de se pensar que depois de tudo o que eu havia passado, eu não poderia encontrar novos níveis de dor, mas era uma desagradável surpresa saber que eu estava errado.

Pontadas de agonia vinham do todo o meu braço destruído, assim como uma queimação insuportavelmente dolorosa se alastrava pelo meu peitoral inteiro onde eu sabia que pelo menos quatro costelas haviam deixado de ser sólidas. Minha cabeça pulsava, meu tornozelo esquerdo estava torcido e um corte longo atravessava todas as minhas costas, além dos milhares de machucados e cortes espalhados por cada centímetro disponível de minha pele.

Fogo e dor.

Apenas fogo e dor.

Um som agonizante cortou o ar e machucou meus ouvidos. Alto e estridente, durou vários segundos até eu realizar que o som vinha de mim. Eu estava gritando.

O choque me fez parar repentinamente, o som morrendo subitamente. A mera lembrança da dor torturadora me fazia tremer e suar frio.

O que era aquilo? Eu não havia sido avisado sobre isso. Nada de nenhuma das minhas vidas chegou aos pés daquela memória vivida queimando em minha cabeça. Nenhum dos meus hospedeiros me deixara algo tão violento, tão intenso para reviver.

Mesmo assim, eu sabia que minha condição era surpreendentemente viva para alguém que havia acabado de sair de --------

Cambaleei sem firmeza sobre o caminho frágil sobre os meus pés, atravessando um dos muitos atalhos escondidos que eu havia achado. Esse, se eu não me enganava, provavelmente levava até Midgard ou Muspelheim dependendo da ramificação secundaria que eu tomasse. A dor que nublava meus pensamentos mais complexos me permitiu pelo menos entender onde eu melhor acharia abrigo – os humanos eram consideravelmente menos perigosos que os gigantes de fogo e Midgard, se eu ----------------------------------------------------------------

Tropecei e cai, batendo sem querer o braço esmigalhado no chão ao mesmo tempo em que mexia o tornozelo virado. Um choque violento de dor atravessou todo o meu ser, queimando, destruindo.

Gritei para o espaço vazio.

“Não, não, não!”

“Curador Tecedor de Céus!”

“O que está acontecendo?!”

“Eu não sei! Era para ele ainda estar dormindo!”

“Não!”

Respirei devagar, tentando retomar um fôlego que eu havia perdido tempos atrás. Pontadas como facas adentrando minha carne se espalhavam por meu tronco, insuportavelmente mais forte onde havia as fraturas. As respirações mais fundas só ajudavam a piorar a dor.

Cerrei meus dentes com força e me forcei a aguentar. Eu não tinha tempo nenhum a perder com frescuras. Tinha que chegar logo a um esconderijo, já que não havia ganhado nem mesmo dois dias de dianteira --------------------.

Me ergui, engolindo os gritos que teimavam querer sair de minha boca e voltei a caminhar. Só mais algumas milhas até a --------------- e eu poderia usar -----------------  até Midgard. Dei o primeiro passo e aguentei o choque de dor que me atingiu.

Eu era mais forte que isso.

Senti alguém me segurar e abrir a minha boca. Por algum motivo, meu corpo imediatamente resistiu e eu quase mordi os dedos que tentavam me controlar. Ouvi, distante, uma exclamação surpresa e duas mãos que me prendiam no lugar se afastaram num impulso.

Um sentimento intenso e imediato me invadiu, me tirando mais ainda o fôlego e me fazendo sentir pior ainda. Um dicionário diferente, grande e marcado por anotações que eu não reconhecia, se abriu para mim mostrando-me a resposta.

Culpa.

Eu estava me sentindo culpado. Afinal, na parte de mim que não estava completamente fora de si sabia que quem fosse que estava me segurando, estava tentando parar a dor agonizante. Era o que eu queria, não é?

Eu sou mais forte que isso.               

Estremeci, minha cabeça doendo. Eu era mais forte que isso? Um novo sentimento me atingiu como um tapa, me desconcertando mais ainda. Aquele eu consegui reconhecer mais facilmente, uma vez que eu já havia o experimentado em uma vida passada. Orgulho. Honra. Sim, eu era mais forte que aquilo. Era só uma lembrança, eu podia lidar com aquilo.

Sim.

Congelei.

O que...?

Meus olhos reconheceram ao longe a nuvem cósmica púrpura, dançando com pequenos pontos de luzes douradas. Um alivio que eu não deveria permitir me dominou e por alguns segundos eu quis chorar. Mordi o lábio e engoli os soluços exaustos de dor que subiam por meu peito.

Fraqueza não era algo admissível, não importa em que situação.

Acelerei meus passos sem firmeza em direção -------------------------.Eu havia perdido tempo demais por causa dos ferimentos, ------------------------ provavelmente já estavam há apenas algumas horas dali e se eu não entrasse na próxima queda, eu jamais conseguiria escapar.

Nos momentos seguintes, duas coisas aconteceram ao mesmo tempo: a região a minha volta estalou como um chicote e senti todos os meus pelos se arrepiarem, ao mesmo tempo em que minha magia parecia ser sugada para fora do meu corpo; e um rosnado agudo e indiscutivelmente familiar soou atrás de mim, assustadoramente perto. E eu entendi imediatamente o que ambas as coisas significavam – Primeiro, eu havia atingido meu objetivo, a --------------- estava a minha volta e, Segundo, Eles haviam chegado.

Sem precisar pensar, criei mil copias de mim e as mandei em todas as direções possíveis enquanto disparava para frente, o mais rápido que minha condição permitia. Eu tinha que encontrar uma fenda larga o bastante para eu entrar ou estaria morto em poucos segundos.

Senti pontadas fracas no meu âmago a cada clone meu destruído, pequenas cutucadas na minha magia que aumentavam de velocidade assustadoramente rápido. Droga. Eu não precisava olhar para trás para saber que havia um numero impossivelmente maior de soldados para eu conseguir sequer sonhar em derrotar.

Respirei fundo, sentindo a dor ir pouco a pouco se distanciando conforme a adrenalina entrava no sistema, o instinto de sobrevivência tomando as rédeas da situação enquanto a memória prosseguia. Mas o medo e a frustração vieram para tomar o lugar, fazendo-me estremecer tanto quanto a dor.

Mesmo assim, a visão diante daqueles... não, dos meus olhos era de tirar o fôlego. Um fundo infinitamente negro, polvilhado de pontos dourados e brancos com uma nuvem de pó púrpura vagando pelo espaço, misturando-se a outros vapores multicoloridos que vinham de todos os lados. Tudo isso se contorcendo de alguma forma, dobrando-se sobre si num formato muito semelhante a uma cachoeira. Uma cachoeira de estrelas e meteoros. E tudo estava em constante movimento, dando a impressão de água manchada de cores deslizando suavemente como num rio.

Na memória, eu estava ocupado demais para reparar na beleza daquele lugar. Mas eu, o meu eu de agora, podia apreciar a maravilha daquilo por alguns breves segundos, antes das fortes emoções me arrastarem de volta a uma realidade que ao mesmo tempo vivi e nunca presenciei.

Com o canto do olho, um brilho prateado chamou minha atenção e eu imediatamente virei em sua direção. Uma rachadura de um metro e meio me cumprimentou, larga o suficiente para que eu pudesse passar se eu me espremesse. Tentando ignorar a parte de mim que mostrava que eu teria que me apoiar e rastejar sobre meu ferimentos, eu disparei o mais rápido que pude para lá.

Ajoelhei diante do buraco e o brilho prateado da próxima queda esquentou meu rosto como uma caricia, enquanto que o som de mil universos despencando soou para os meus ouvidos. Deitei sobre meu tronco, e cerrei os dentes quando uma onda de dor nublou por vários segundos minha visão. Ofeguei sem ar, sentindo minha cabeça girar, mas forcei mesmo assim meus braços a me puxarem para frente, mesmo sem enxergar nada além do plano preto que a dor me proporcionava.

Tateei as cegas pelo que pareceram horas antes de meus dedos sentirem o calor morno da queda. Sem hesitar, me lancei para frente, entrando na corrente quente como o sol da tarde e imediatamente comecei a cair junto de sistemas inteiros.

Eu estava livre.

Meu estomago embrulhou e vomitei.

Não resisti a escuridão sem dor que me abraçou.

Eu estava livre.

Enquanto a escuridão na memória avançava, a minha própria escuridão se distanciava. Suspirei de alivio, como era o habito daquele corpo, ao sentir as mil facas dentro de mim pararem de me cortar. Senti meus membros desconhecidos e ao mesmo tempo completamente familiares relaxarem de uma tensão nos músculos que eu não lembrava de retrair.

Mas então, bem quando meus sentidos começaram a clarear, uma outra lembrança me engoliu, puxando-me de volta a uma escuridão vazia.

O pânico irrompeu dentro de mim e eu lutei contra a memória, temendo a dor agonizante que nem flechas quentes no meu interior.

Mas quando a dor não voltou, eu pude notar que não era a mesma lembrança. As bordas da escuridão que me envolvia começaram a ganhar tons de dourado e prata, abrindo para mim uma memória dentro de uma memória – como um ultimo suspiro do meu hospedeiro.

Era antiga, velha, com detalhes nebulosos e indefinidos, mas um fator continuava claro aos meus olhos.

Um garoto.

Um menino de cabelos dourados e olhos azuis orgulhosos, correndo diante de mim, enquanto que eu me esforçava com toda a minha energia em segui-lo. E apesar da frustração que me percorria por não conseguir alcança-lo, uma alegria sem limites vibrava por meu corpo enquanto um som feliz saia de minha boca, assim como a do garoto na minha frente.

Risos.

Eu estava rindo.

Algo na experiência daquele corpo me disse que aquilo não era algo muito freqüente.

“Espera!” Eu gritei, rindo.

Ele se voltou para trás, ainda correndo. Sorriu.

“Vamos logo! Papai e mamãe estão nos esperando!”

Eu ri e acelerei. Uma onda de satisfação me invadiu quando consegui alcança-lo. Nós dois avançamos pelo corredor até as portas da frente, onde a luz dourada nos cumprimentou. Parados do lado de fora, cercados por amigos e guardas, papai e mamãe nos esperavam ao lado dos seus cavalos. Mamãe sorriu e se agachou, abrindo os braços.

Nos pulamos e a abraçamos juntos, mas Thor, sendo maior que eu, conseguiu mais espaço.

“Thor! Não vale!” Eu exclamei.

Papai riu e bagunçou o meu cabelo. “Seja gentil, Thor”

Thor revirou os olhos, mas sorriu e me abraçou também.

“Desculpa, Loki”

Eu sorri mais uma vez, ainda feliz.

“Tudo bem, irmão”

A cena impregnou minha mente, suas bordas douradas e macias roçando gentilmente na antiga consciência daquele corpo, trazendo uma paz impossivelmente triste que me invadiu também enquanto a memória sumia lentamente.

Irmão.

Meu irmão? Minha... minha família?

Não.

Eu congelei, minha paz estilhaçando-se como vidro. O choque percorreu o meu corpo quando o eco de um pensamento alienígena soava em minha cabeça. Alto e claro. Impossivelmente alto e claro.

Não? Eu repeti sem querer.

Não é seu irmão, não é sua família.

Minha respiração entalou na garganta, criando um caroço impossível de engolir e senti um buraco se abrir em meu estomago. Medo, a biblioteca em minha mente me informou. Medo. Aquele pensamento não era meu, não fora eu e não deveria existir, porque só deveria haver eu ali e mais ninguém. Mas mesmo assim, a força e a autoridade ainda vibravam por minha cabeça, conscientemente impossível.

Não, eu pensei, não como resposta, mas sim como uma negação. Como ele poderia estar aqui?

Não é seu corpo, não é sua vida.

Eu respirei por entre dentes cerrados. Agora é. Vá embora.

Não.

Estremeci com o poder naquele único pensamento alheio, impossível, vertebrado por minha cabeça. Poder e veracidade. Quem é você?

Eu sou o Língua de Prata.

Eu sou Deus da Trapaça e da Mentira.

Eu sou Loki, de Asgard.

Eu abri os olhos e as palavras dele saíram por meus lábios. “E esse corpo é meu”


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Notas finais do capítulo

Hehehehe... I don´t regret anything... not yet ^.~



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