**NeverLand**

Fraca, ela disse antes de deixa-lo sozinho em baixo daquela arvore.

Fraca.

As palavras da rainha martelaram na cabeça do pirata durante todo o dia. Esperava poder falar com ela a sós, mas Regina o evitava.

Ele conhecia bem a definição de fraca de Regina e sua mãe. Hook tinha sentimentos pela rainha, coisas que achou ter abandonado a muito tempo, mas que vendo-a daquela forma trouxe tudo de volta. Não só trouxe seus velhos sentimentos pela rainha como parecia tê-los intensificado.

Hook estava perto da fogueira, perdido em pensamentos enquanto os outros dormiam.

Ocasionalmente ele ouvia Regina resmungar, não estava tendo uma boa noite de sono. Ela parecia ser a mais afetada pela ilha, mal conseguia dormir desde que chegara lá. Os fantasmas de seu passado parecia persegui-la ali.

Regina acordou com o coração na boca, tivera outro pesadelo com Henry. Tinham que resgata-lo logo ou ela enlouqueceria.

Ela sentou e passou a mão nos cabelos, frustrada.

– Você esta bem? – Hook disse fazendo-a saltar.

– O que você esta fazendo acordado? – ela perguntou indo na direção dele

– Tentando descobrir uma forma de ler o mapa...

– E como esta indo?

– Não muito bem na verdade. – ele disse com um sorriso meio derrotado. – E Vossa Majestade? – seu sorriso agora era malicioso. – Vai dizer que sonhava comigo? Isso explicaria o porquê de estar ofegante.

Ela revirou os olhos, sorrindo e deitou de costas no chão.

Hook olhava fixamente para o fogo, Regina para o céu, os dois perdidos em pensamentos em um breve e confortável momento.

Ela ainda se lembrava bem da primeira noite que ele foi até ela... Ele partira pela manhã com a promessa de que voltaria naquela noite.

Regina se lembrava de pensar, estupidamente, que pudesse ser feliz. Que pudesse ter tudo. Afinal ela era a rainha! Ela teria sua vingança, teria o reino e teria o pirata.

Mas ela perdeu tudo.

Ou talvez nem tudo...

Mas era o momento errado. Ela não podia se apaixonar outra vez. Não agora. Não na hora de enfrentar uma das criaturas mais temida dos mundos.

–Você acha – ela olhou para ele. – que pode ser tarde de mais para Henry?

– O que a faz pensar isso? – Hook perguntou de cenho franzido.

– Tinker Bell, quando me “sequestrou”, disse que provavelmente era tarde de mais porque ele estava lá há muito tempo.

Ele ficou em silencio por um momento.

– Não – Disse por fim deitando no chão ao lado de Regina. – Ele deve saber que vocês irão até o fim do mundo por ele. Não acho que seja tarde.

A verdade é que ele nunca tinha parado para pensar nisso e era uma forte possibilidade, mas não havia motivos para alarmar a rainha agora. O garoto só precisava saber que estavam indo por ele.

O pirata se poiou sobre o braço virando para a rainha, ele olhou para ela por um longo instante até ela levantar as sobrancelhas com um sorriso travesso e se erguer sobre os cotovelos, capturado os lábios do pirata.

– Você ainda acha – ele perguntou entre beijos. – que estou jogando com você?

– Sim. – Não!

Ela não daria o braço a torcer, falara mais do que deveria na noite anterior e negar que talvez acreditasse que o pirata sentia algo por ela era a única coisa entre eles e uma provável relação desastrosa.

Era a única coisa que o impedia de quebrar seu coração.

***

**Enchanted Forest**

Passava um pouco das quatro da manhã quando a rainha levantou.

O rei ainda dormia e sem fazer barulho ela colocou sua camisola e saiu.

O rei havia chegado mais cedo da viajem, ficara furioso com o que vira e imediatamente mandou que prendessem o pirata.

Quanto a Regina, ele agarrou o braço dela ali mesmo e a levou para longe dos olhos curiosos.

De onde o rei estava ele vira o pirata agarrado a mulher prensada contra a arvore, que por sua vez tinha as mão contra o peito dele. Ela poderia ou não estar tentando afasta-lo.

Depois de muitos gritos e de deixar Regina com um hematoma no braço de tanto que a apertara, o rei se convenceu de que não tinha razão para desconfiar da jovem rainha que nunca fizera nada que traísse sua confiança. Já o pirata... O Rei tinha uma longa história com o pirata e já lhe causara mitos problemas. Ele podia apenas estar usando a bela rainha para se vingar do rei.

A verdade era que ele queria acreditar nisso, queria acreditar na inocência da doce rainha, a quem a filha tinha se apegado tanto...

Ela sabia que o rei nuca mais teria plena confiança nela. Ele passara a bisbilhotar suas coisas em busca de qualquer prova de traição e, mais tarde, a rainha usaria isso ao seu favor.

Com um aceno Regina destrancou a porta da cela do pirata. Ela lançou um ultimo olhar para o guarda desmaiado antes de fechar a porta atrás de si.

O capitão levantou a sobrancelha, parecia cansado.

– Majesty... – ele fez um leve reverencia com a cabeça – a que devo o prazer? – Ele inspecionou maliciosamente o corpo da rainha.

Seus cabelos negros caiam em cascatas sobre seus ombros cobertos pela camisola vermelha que contornava perfeitamente as curvas sinuosas da rainha.

– O Rei acredita que você foi o responsável, que me agarrou a força. – ela disse lentamente.

– E a rainha veio a minha sela, no meio da noite, vestindo nada mais que uma fina camisola para me avisar pessoalmente? Que gentileza. – Ele levantou e se aproximou dela. – Ou veio para continuar de onde paramos?

A principio foi apenas um roçar de lábios que logo foi ganhando intensidade. A rainha estava inebriada de mais com a presença sedutora do pirata para resistir. Apenas quando sentiu o gancho subindo sua camisola que ela conseguiu sair do ”transe”. E o afastou.

–Temos que tira-lo daqui. – ela disse com o dedo indicador sobre os lábios dele, impedindo-o de avançar.

– A rainha ficou tão encantada comigo que prefere arriscar a própria pele a me ver preso? E se for pega?

– A rainha – ela ironizou – esta ajudando você a escapar justamente para não arriscar a própria pele caso o pirata resolva dizer a verdade. E – acrescentou orgulhosa. – eu não serei pega.

– Oh, come on. Admita que esta caidinha por mim.

Ela levantou uma sobrancelha e Hook viu uma fumaça roxa envolve-los, quando finalmente desapareceu o capitão estava em seu navio, ainda segurando a rainha pela cintura.

– Magia! – ele sussurrou com um sorriso. – Assim fica fácil.

Ela revirou os olhos, rindo antes de tirar a mão dele de sua cintura.

– É melhor eu ir. Tenho que estar lá antes do rei acordar e notar que você fugiu.

– Você pode vir conosco. – ele disse com um sorriso cretino. – A muito tempo não temos uma linda mulher a bordo. Se você for pega vai estar em uma enrascada.

Regina olhou pare ele por um longo instante. Ela sempre quisera ser livre. Lembrava-se de tentar fugir antes do casamento, antes da magia... Mas agora parecia uma memória distante. O dano já havia sido feito, ela já vivera tempo demais com o velho rei e sua insuportável filha para desistir de sua vingança agora. Agora era tarde de mais para pensar em fugir.

– Eu não serei pega – ela disse novamente com a sombra de um sorriso maldoso, antes de se aproximar novamente do pirata e o beijar.

Quando ele fez menção a puxa-la mais para si ela desapareceu na fumaça roxa.

Durante um bom tempo Regina se pegou pensando como seria se o rei não tivesse chego bem na hora. E mais importante: como teria sido se tivesse ido com o capitão.

Mas sua decisão havia valido a pena, quando tortuosos anos depois ela se livrou do rei permanentemente e a princesinha caiu.

Ela estava finalmente livre, controlava o próprio destino agora.

Ou ao menos achava.

Naquela primeira noite com a rainha, depois que o rei morreu Hook soube que estava perdido, que havia caído nas teias de sedução da mulher e não teria mais volta.

Ele a desejara por tantos anos sem nunca poder tê-la e agora que tivera não podia mais ficar sem. A rainha se tornara seu vicio naquela noite, que fora melhor que em qualquer fantasia. Ele se tornaria o melhor amante que a rainha jamais teria, ela ansiaria por suas idas ao reino tanto quanto ele.

E assim o fez. A cada vez que o pirata ia ao reino ele passava as noites em claro com a rainha. Às vezes ele ficava alguns dias no reino, outras semanas. Mas o quanto mais tempo ele ficava, mas desejavam eu retorno.

Porem quando a rainha o mandou atrás de Cora, a raiva por tê-lo enganado sobre o grande motivo de sua vida foi o suficiente para supera-la.

Regina o procurou no inicio da maldição, se perguntar onde estava. Como poderia não estar em StoryBrooke? Mas tão logo notou que ele não estava lá começou a coloca-lo para trás, junto com todas as memórias de seu passado. Logo o havia esquecido.

Ao menos eles achavam.

***

**Neverland**

– Eu acho – Hook disse caminhando ao lado de Regina. – que quem esta jogando aqui é você, Majesty.

Eles já andavam há algum tempo, Hook achava que podia ter alguém que os ajudaria a ler o mapa.

– Mesmo, pirata? – ela disse sem expressão.

– Você esta com medo, eu entendo. Você acha que vou partir seu coração – ele falava calmamente, como se falasse do tempo - e tem medo de se machucar outra vez.

– você – ela disse lentamente com um toque ameaçador em sua voz – não sabe de nada. Você acha que me conhece por causa do que tivemos no passado, mas o passado é só isso, Hook. Passado.

– Você me perguntou se eu acreditava que vilões podiam ter finais felizes, eu acredito – ele a puxou pelo cotovelo, fazendo-a olhar para ele – se você parar de correr. Você não é a única com um passado doloroso, você apenas é a única que desistiu de viver.

Regina soltou o braço, furiosa e se afastou caminhando a frente dele. Ela sentia os olhos arderem com as lagrimas que tentava conter. Maldito pirata

Ela se sentia novamente uma garotinha assustada com medo das consequências da própria felicidade. Ela não gostava de se sentir assim e o odiava por fazê-la sentir.

Algum tempo depois eles pararam para descansar. Ela se manteve mais próxima aos outros do que o normalmente, sentada em um tronco caído a alguns metros a frente deles.

– Não vai funcionar, – Hook sussurrou atrás dela, fazendo-a saltar. – sabe não é?

– Do que esta falando agora? – ela já estava sem paciência para o pirata.

– Ficar mais próxima deles para me evitar. – Ele sentou ao lado dela.

Regina suspirou. Porque estava sendo tão insistente? Ele não era do tipo que corria atrás de uma mulher daquela forma. O quanto mais ele fazia isso, mais raiva ela sentia (o tentava sentir) por estar tornando impossível negar que ele sentia algo por ela e por ela estar ficando sem forças para resistir.

– Você estava certa sobre uma coisa. O passado é só passado, Regina. Você precisa superar.

– Só que eu o meu problema - ela riu amarga e atraiu alguns olhares de Snow e Emma ao levantar. - não é mais o passado. - Ela se odiou por se deixar mostrar vulnerável, coisa que ultimamente vinha sendo comum perto dele.

Ele a puxou pelo cotovelo quando ela começou a se afastar e a beijou, o gancho na cintura dela e com sua mão segurava seus cabelos.

Ela se afastou o máximo que conseguiu e olhou para ele, seu coração acelerado, se sentia estranhamente bem nos braços do pirata, confortável...

– O que esta fazendo? – Ela tinha um olhar surpreso e pela primeira vez não sentiu medo, sentia-se irritantemente segura nos braços do pirata.

– Acabando com os jogos!- ele beijou outra vez, só que dessa vez ela não o impediu.