ANTROPÓFAGO - Diário de um Canibal escrita por Adélison Silva


Capítulo 4
O acidente


Notas iniciais do capítulo

A vida de Max deu uma vira volta, o que ele fará agora?



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   Estávamos nós três em cima daquela passarela de metal, por cima de dois cilindros contendo soda caustica em estado líquido. Quando comecei a sentir um forte cheiro de amônia naquele local, o cheiro estava insuportável.

 

MAX

— Gente vocês estão sentindo?

 

DAVI

— Que cheiro insuportável. O que é isso?

 

ÉRICA

— Vamos sair daqui. Parece que há um vazamento de amônia. Esse lugar poderá explodir.

 

MAX

— Vamos voltar gente, é melhor.

 

DAVI

— Que voltar, Max? Temos que seguir em frente, a escada que a gente subiu está bem mais longe. A outra aqui está bem mais perto.

 

ÉRICA

— Então se adiante Davi, esse cheiro está ficando difícil de suportar.

 

 

  De repente o corrimão em que Érica se apoiava desandou levando-a junto. Ela deu um forte grito, cortando o silêncio do local, e ficou pendurada segurando a passarela com as mãos.

 

 

ÉRICA

(gritando) Ahh! (implorando ajuda) Por favor, me ajudem!

 

MAX

— Meu Deus, Érica!

 

DAVI

— Vem Max temos que ajudá-la!

 

 

  Eu me desesperei e corri para salvá-la, tentei puxá-la pelo braço, mas o seu peso parecia dobrar pelo desconforto da posição em que me encontrava: ajoelhado sobre o piso da passarela de metal. Davi, do outro lado, puxava-a com toda a sua força.

 

 

DAVI

— Força Érica! Puxa ela pra cima Max.

 

MAX

— Essa posição em que estou está muito desconfortável. Não estou conseguindo me equilibrar e puxá-la.

 

ÉRICA

(chorando desesperada) Gente pelo o amor de Deus não me deixa cair!

 

MAX

— Eu vou te ajudar meu amor!

 

 

  Quando parecia que finalmente estávamos conseguindo, eis que o lado em que eu estava cedeu e minhas pernas se desequilibraram. Tentei segurar na borda como Érica havia feito. Tarde demais! Minhas mãos foram pisoteadas por Érica. Pois naquele momento ela se levantava e talvez levada pela a emoção do momento correu e abraçou Davi. Ver os dois ali abraçados me causou um sentimento estranho, como se eu estivesse sobrando naquele momento. Eles pareciam felizes e nem se deram conta que desta vez eu era quem estava pendurado.

 Sorte ou azar? Houve vazamento do produto. Seus gases inflamáveis devem ter entrado em contato com algum tipo de metal ou material combustível, provocando uma ensurdecedora explosão. Eis que o já frágil cilindro partiu-se no meio fazendo com o que a soda que estava em seu conteúdo derramasse pelo salão, provocando incêndio. Meus braços cansados e minhas mãos massacradas pelos pés de Érica não aguentaram o peso do meu corpo, fazendo com o que eu descesse em direção às chamas, enquanto ao longe eu avistava os dois envolvidos nos braços um do outro. Minha sorte é que se o cilindro não tivesse explodido, eu mergulharia direto na soda cáustica e não teria chance nenhuma de sobreviver.

  Minha pele fervia ao entrar em contato com a soda que empoçava no chão, sentia meu corpo dilacerando e minha carne espumando pelo calor do fogo que cobria todo o local; era o meu fim. Em minha mente um filme se passava, mas o tormento que a soda provocava interrompia qualquer devaneio. Ouvia vozes chamando o meu nome, pessoas gritando, chorando.

 

 

ÉRICA

— Max!

 

DAVI

— Max nos responde. Você está bem?

 

ÉRICA

— Max! Pelo o amor de Deus fale alguma coisa. Onde você está?

 

 

  O fogo tomou conta de todo o local rapidamente. As paredes eram feitas de isopor o que facilitava o fogo se corroer mais rápido.

 

 

ÉRICA

(off, com a voz bem longe) Max! Temos que sair daqui, isso tudo vai explodir.

 

 

  As vozes pareciam longe e a minha pele ainda fervia. Saí cambaleando, agachado ao chão em meio às chamas. Queria gritar, mas a voz estava sufocada; os borrifos da soda cáustica no ar estavam causando danos à minha respiração. A máscara de oxigênio que eu usava havia derretido e pregado ao meu rosto. Procurava pela porta, mas tudo estava escuro porque as luzes se apagaram com a explosão. Apenas as labaredas do fogo iluminavam o local. Davi e Érica na certa saíram durante a confusão. Consegui chegar à saída e por inalar o produto senti uma irritação em minhas vias respiratórias. Tossia repetidamente, minha garganta parecia queimar, mal conseguia me locomover quando finalmente apaguei.

  Acordei tempos depois sem saber ao certo onde estava. “Não, não estou mais na fábrica, que lugar esquisito é esse? Como vim parar aqui?” – foram meus pensamentos imediatos. Parecia uma caverna, de uma beleza deslumbrante. Encontrava-me deitado nas margens de um rio, completamente nu, metade do corpo mergulhado na água. Quis me levantar, apesar de sentir meu corpo todo dolorido, resultado das queimaduras que sofri, mas até para mover o braço exigia um enorme esforço.

 

 

HOMEM

— Não! Permaneça deitado você está muito ferido.

 

 

  Quem disse isso? Olhei para o lado e vi um senhor, de barba grisalha comprida e roupas esfarrapadas, mexendo um suco verde em uma cuia feita de cabaça. “Será que é o tal do John Mossaíh?”

 

 

HOMEM

— Você ainda está muito mau, é preciso que fique em repouso. Tirei as suas roupas, pois estavam contaminadas, te banhei em água corrente para eliminar o efeito da soda. Vem, vou te ajudar a sair da água.

 

 

  Retirou meu corpo por completo da água e, com uma espátula improvisada da casca de alguma árvore, pegou o conteúdo verde da garrafa e passou em minha pele. Eu fiquei paralisado, sofrendo com as minhas queimaduras e indagando em minha cabeça quem seria aquele senhor?

 

 

HOMEM

— Isso é um creme caseiro que fiz com babosa, camomila e flor de calêndulas que encontrei aqui mesmo na floresta. Vai ajudar a aliviar as dores causadas pela queimadura.

 

 

  Nada fiz, apenas fiquei ali, tentando digerir o que havia acontecido. O homem passou o creme por toda a minha pele queimada. Pegou-me em seus braços e me levou a um leito feito de palhas de coqueiro. Ali me deitou, arrumou um pouco a bagunça que havia feito e pediu para eu descansar.

 

 

HOMEM

— Você procure descansar, se possível durma um pouco. Eu preciso sair procurar alguma coisa pra gente comer, mas não irei demorar. Outra coisa importante, não force, tenha um repouso absoluto. Você sofreu queimadura de terceiro grau por todo o corpo.

 

 

  Sentia meu corpo arder, sem ânimo para nada. Olhava as minhas mãos e me assustava com o seu estado, imaginava logo como estava o meu rosto. O medo tomava conta de mim. De uma hora para outra me encontro em uma caverna no meio da floresta, com a pele toda dilacerada e um anfitrião estranho de poucas falas. E o pessoal da república onde estava? Será que iriam me achar naquele lugar? Deixava-me levar pelo os meus pensamentos, e já cansado adormeci.

  Acordei horas depois, o senhor tinha montado uma fogueira, envolvido dois peixes em folhas de bananeira e os colocava sobre as chamas. Com dificuldades sentei-me no leito, amedrontado fiquei olhando o seu jeito calado e misterioso. Eu não estava bem ali, tinha esperança de que a qualquer momento alguém chegasse para me resgatar. O silêncio era perturbador e pensava em puxar conversa, porém não sabia ao certo o que dizer. Ele continuava concentrado no que fazia.

 

 

MAX

— Por que o senhor está cuidando de mim?

 

HOMEM

(sem olhar para Max) Se eu te deixasse lá, você morreria.

 

MAX

— Foi o senhor quem me tirou da fábrica de soda?

 

 

  O homem ficou em silêncio e nada me respondeu. Respirei fundo e arrisquei mais uma pergunta.

 

 

MAX

— O senhor é o fantasma do John Mossaíh?

 

 

  O homem olhou para a frente, abriu um sorriso discreto e olhou para trás em minha direção.

 

 

HOMEM

— Pareço um fantasma?

 

 

  Não. Claro que não. Nem sei por que fiz essa pergunta. Eu não acredito nesse mito de que o fantasma do Mossaíh esteja assombrando a floresta. No entanto desde criança eu sempre ouvi histórias sobre esse assunto.

  O homem pegou os peixes já assados colocou sobre uma tábua, e foi desenrolando a folha de bananeira que os envolviam.

 

 

MAX

— o senhor parece cozinhar bem.

 

HOMEM

— Quando a necessidade aperta a gente aprende a se virar. Como você está se sentindo?

 

MAX

— Dolorido. Mal consigo me mexer.

 

HOMEM

— Evite ficar se mexendo, o seu estado é deprimente. Gosta de peixe?

 

MAX

— Não muito.

 

HOMEM

(rude) Que pena, ou come isso ou vai morrer de fome.

 

 

  O homem trouxe o peixe até mim, e depois pegou o outro e começou a desfiá-lo com as mães e comer. Saciava aquele peixe com gosto, parecendo um animal feroz devorando sua presa. Eu fiquei o olhando por um instante, olhei para o peixe ali em minha frente. Estava com fome eu precisava comer. E assim fiz. Realmente aquele peixe estava delicioso.

  Os dias passavam e nenhuma notícia dos meus amigos. Isso me machucava mais do que as minhas feridas. Era como se todos tivessem me esquecido. Imaginei que com o tempo, apareceria algum comando de resgate vindo ao meu socorro. Mas nada, ninguém.

  Sentei-me no alto de uma pedra e fiquei olhando o lado externo da caverna por uma fresta formando uma espécie de janela natural. O homem logo veio chegando e ao me ver ali pensativo, retrucou.

 

 

HOMEM

— Esquece o mundo lá fora, ele não te pertence mais. Estamos sozinhos aqui, abandonados pelo o nosso destino.

 

MAX

— A Érica me abandonou.

 

HOMEM

— Quem é Érica?

 

MAX

— A menina que eu amo, ela me abandonou pra ficar com o Davi. Ela preferiu abraçar ele do que a mim.

 

HOMEM

— Olhe pra você rapaz. Você acha que alguma mulher vai querer alguma coisa com você? Olhe teu rosto no reflexo do lago e seja sincero consigo mesmo. Faça como eu, se conforme com o seu destino.

 

MAX

— (curioso) Quem é você? Como veio parar aqui? O que esconde?

 

HOMEM

(se afastando) Eu não escondo nada, e essa conversa já está se alongando demais. Vem, preciso passar remédio em suas feridas.

 

MAX

— (insistindo) Por favor, eu só quero saber um pouco sobre você. Como se chama?

 

 

  Ele parou por um instante, respirou fundo. Sentou ao meu lado e começou a contar um pouco da sua história.

 

 

HOMEM

— Tudo bem. Vou saciar a sua curiosidade. Meu nome é Baltasar. Eu costumava me aventurar por aí desbravando florestas desconhecidas. E a floresta de Mossaíh sempre me chamou atenção por conta dos seus mistérios. Eu não sei se existe algo sobrenatural envolvendo a floresta. Porém depois de entrar aqui eu fiquei variado e não consegui mais achar a saída. O tempo foi passando e eu não tive outra escolha a não ser me adaptar a minha nova realidade. Eu ainda não vi fantasma nenhum por aqui garoto. Mas acho que de uma certa forma eu me tornei sim um fantasma.

 

MAX

— E porque não aproveitou a sua ida a fábrica para fugir daqui? Poderia ter ido com o pessoal da república.

 

BALTASAR

— Já está fazendo pergunta demais meu Jovem. Venha, vamos cuidar dessas feridas.

 

 

  Estava me sentindo abandonado, jogado naquele lugar sem saber como fugir. Ou melhor, sem saber para onde fugir. Talvez eu não esteja fazendo tanta falta. Meus pensamentos ainda se voltavam para Érica, que não poderia me ver daquele jeito; eu estava horrível. O meu lado esquerdo foi o mais afetado, foi o que entrou em contato direto com a soda, inclusive havia perdido a cor da íris ficando completamente cego de um olho.

  Seu Baltasar havia saído mais uma vez para procurar alimento, eu já estava cansado de ficar deitado sem fazer nada, me sentia um inútil. Cobria-me apenas com um manto fino para que não tocasse nas feridas que começavam a criar casca.

 

 

MAX

(chamando) Seu Baltasar! Seu Baltasar o senhor está aí? (T) Seu Baltasar eu estou com sede. (levantando) Ele deve ter ido atrás de comida. Vou procurar alguma coisa para beber.

 

 

  Eu não estava aguentando tanta dor. Apesar de já ter passado alguns dias havia feridas ainda expostas, melecadas pelo creme caseiro do seu Baltasar. Mesmo com a dor levantei cambaleando (apenas usava uma bermuda de tactel sem cueca, e mesmo assim ainda pregava em minha pele), mexi nos objetos improvisados, na esperança de achar um pouco de água para beber. Encontrei uma garrafa de vidro com um líquido transparente, concluí que fosse água. Abri apressado, mas ao aproximar das minhas narinas sinto o forte cheiro de álcool. Deixei a garrafa de lado e continuei a procurar algo para matar a minha sede. Logo Baltasar chegou e não gostou de me ver mexendo em suas coisas.

 

 

BALTASAR

— (bravo) O que está fazendo?

 

MAX

(sem graça) Estou com sede. Só estava querendo encontrar alguma coisa para beber.

 

BALTASAR

(tomando a garrafa das mãos de Max) Não deveria estar em pé, ainda não está curado. E não quero você mexendo em minhas coisas.

 

MAX

— Eu tenho sede, não poderia esperar o senhor voltar.

 

BALTASAR

— Aqui não tem água, se quer beber vá até as bicas ali na frente.

 

MAX

— Desculpe, eu não tive a intenção de ser enxerido.

 

 

  A caverna que me hospedava era linda, havia uns paredões enormes esculpidos pela água da chuva nos separando do mundo externo. Existiam pequenas frestas por onde passava a luz do sol, que se refletia nas paredes úmidas. Do alto desciam grandes cortinas de espeleotemas que traziam consigo gotas que pingavam molhando o piso da caverna. Eu estava muito ferido para me aventurar procurando água caverna adentro, voltei ao leito e me sentei. Seu Baltasar me olhou de rabo de olho, pegou um recipiente e foi atrás de água para saciar a minha sede. Fiquei ali amedrontado, intrigado por seu nervosismo ao me ver mexendo em suas coisas.

  Não demorou para que os dias se tornassem anos e os anos passassem um após o outro. As feridas já tinham se curado, ficando apenas fortes cicatrizes, a pele enrugada e defeituosa. Eu me escondia de tudo o que poderia refletir a minha imagem, sabia que estava horrível. Estava largado, maltrapilho, os cabelos despenteados, grandes e caídos sobre os ombros. Sofria com a solidão, me sentia um nada, queria uma hora acordar e ver que tudo aquilo era apenas um pesadelo. Mas era real, o meu tormento era verdadeiro, não havia o despertar.

 Estava eu sentado na mesma pedra que sentei anos antes, repetindo o mesmo gesto de olhar o lado externo pela fresta entre as pedras.

 

 

BALTASAR

(se aproximando) Ainda na esperança de aparecer ajuda?

 

MAX

— Não. Se eles quisessem me encontrar já teriam me achado. (T) Como será que eles estão? Agora já são todos adultos, não devem morar mais na república. Como será que está a minha amada Érica? Aposto que ainda mais linda.

 

BALTASAR

(com firmeza na voz) Você jamais deverá sair dessa caverna.  Aqui é o teu refúgio. Você se tornou um monstro, o seu rosto é de assustar. A humanidade lá fora não está acostumada a lidar com um ser repugnante como você.

 

 

  Senti um ódio naquele momento e uma tristeza apertava em meu peito.

 

 

BALTASAR

— Não adianta me olhar com essa cara. Você sabe que estou certo. Toque o seu rosto Max e sinta a sua pele maltratada e defeituosa. Como você acha que as pessoas vão reagir ao te ver? Como você acha que a Érica vai reagir ao ficar frente a frente contigo? Você acha mesmo que ela vai querer alguma coisa contigo?

 

MAX

(uma lágrima desce) Não. Érica vai fugir de mim. Eu só queria poder tocá-la mais uma vez. Sentir o seu beijo novamente. Minha querida Érica, por onde você anda que ainda não me achou?

 

BALTASAR

— Isso é patético! Vou dizer uma coisa garoto, se quiser se aventurar por essas matas a procura do seu grande amor, vai em frente. Mas se você voltar aqui, eu te mato. Eu cuidei das suas feridas, estou todos os dias saindo a procura de alimento, me redobrei para tentar te ajudar. Você hoje é como um filho pra mim. Mas se tudo o que eu fiz não valeu nada pra você, vai em frente. Só não diga depois que eu não avisei.

 

MAX

(com medo) Não se preocupe, eu não vou sair da caverna.

 

BALTASAR

— Saiba escolha. Agora eu preciso sair, procurar algo para a gente comer. E nada de fuçar as minhas coisas. Ouviu bem? Continue aí choramingando pelo os seus amigos que te abandonaram, vai no lago afogar suas mágoas, se enfia a caverna a dentro. Mas em hipótese alguma mexa nas minhas coisas, eu detesto gente enxerida.

 

MAX

— Sim senhor.

 

 

  Seu Baltasar é quem saía e trazia a caça e as frutas para as nossas refeições. Continuava misterioso, não permitia que eu mexesse em suas coisas, sempre calado em seu canto. Eu fazia daquele lugar o meu cárcere e o meu refúgio, talvez fosse a minha sina terminar a minha vida ali naquele lugar, um monstro não poderia conviver no habitat dos humanos. Eu tinha medo de como seria a reação das pessoas ao me ver daquele jeito, e assim aceitei a ideia de ficar preso na caverna dia e noite, explorando os compartimentos e descobrindo novas passagens, conhecendo o seu interior como a palma da minha mão.

  Continuava com os meus demônios, remoendo as lembranças do acidente, do sorriso de Érica e da sua beleza incomparável. A minha mente estava inquieta, era um tormento psicológico ficar naquele lugar sozinho, ainda restava a esperança de aparecer alguém para me salvar.

  Um dia, logo após a saída do Seu Baltasar, um forte temporal caiu sobre a floresta. A água da chuva entrava com violência dentro da caverna, lavando os paredões e esculpindo novas formas com a força da sua água. Preocupei-me, ventava muito e isso me amedrontava.

  Todos os objetos que haviam ali eram levados pela correnteza. Subi para o interior da caverna e me escondi entre duas de suas cortinas, de onde assisti a água destruir todo o local.

 

 

MAX

(falando sozinho) Meu Deus que temporal é esse! E o seu Baltasar? Coitado sozinho no meio dessa tempestade.

 

 

  O tempo passava e a chuva parecia que não tinha fim, encostei a cabeça em uma das pedras e adormeci. Quando acordei, a chuva havia cessado deixando apenas a destruição da sua passagem e meu estômago parecia oco, se remoendo de fome.

  Desci do local em que estava e procurei juntar os objetos que sobraram espalhados pelo chão da caverna. Arrumei tudo o que pude, muitos deles eram impossíveis de encontrar porque a correnteza carregou consigo.

 

 

MAX

(falando sozinho) Está tudo molhado, tudo destruído. Esse tempo que estou aqui nunca vi uma tempestade como essa. Estou com tanta fome e o seu Baltasar que não chega. (ao ver um isqueiro) O que é isso? (pegando o objeto na mão) Isso é um isqueiro.

 

 

  Ao olhar para o lado vi um punhal, e outra garrafa de bebida alcoólica. O curioso é que essa ainda continha o rótulo, e apesar de estar molhada era possível ver a sua data de fabricação. O que estranhei é que essa data era de menos de um ano, sendo que eu já estava naquele local há mais de dez anos.

 

 

MAX

(estranhando) O seu Baltasar não está perdido, ele esconde alguma coisa.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Sozinho na floresta o que vai ser do Max?
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