Safe And Sound escrita por GarotaDoValdez


Capítulo 14
Capítulo 14 - Sozinha.


Notas iniciais do capítulo

sexta (13/12) foi meu aniversário ^^ yay
enfim, tenham uma boa leitura :3



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Acordo com o som de chuva.

Fico meio grogue no primeiro momento, esperando que tudo aquilo que acontecera ontem fosse mentira. No segundo momento descubro que não foi bem assim.

Desencosto da parede da caverna. Está escuro.

Tateio atrás de mim até achar a mochila com a latinha de frutas e a água. Escolho três frutinhas por tato e as engulo junto com um pouco d'água. Mais água, ouço minha voz da consciência. Mais frutas.

– Não - falo alto. - Preciso saber onde encontrá-las de novo. E então me permitirei comer de novo.

O que eu estava fazendo? Falando sozinha? Será que é assim que começa a loucura? Nem passei do segundo dia ainda. Penso em outros tributos que se deixaram levar à loucura. Tinha aquela moça do Distrito 4, Annie. Ficou louca de pedra depois de sair dos Jogos. Será que ficarei igual a ela? Melhor não pensar assim.

Visto de novo a capa de chuva, fecho a mochila e a penduro em meu ombro, seguro a espada e saio engatinhando da caverna. Quando saio os pingos fazem barulho em contato com minha capa. A água molha meu rosto e minhas botas. Me deliciando com essa sensação de chuva, saio andando em busca do córrego e de árvores com frutas.

Tudo está tão calmo. Calmo demais.

Passo a andar mais rápido, rezando para meus passos não serem ouvidos. O barulho dos pingos de água contra a capa de chuva é muito alto, então tiro a peça de roupa e a guardo na mochila. As juntas dos meus dedos ficam brancas de tanto apertar a arma.

Será que estarei pronta para usá-la? Precisarei usá-la, afinal? Talvez fique como Terie, e não mate ninguém. Mas algo me diz que terei de matar. Já considero uma promessa descumprida, uma promessa que fiz até para mim mesma. Nunca fiz isso. E a sensação de se quebrar uma promessa importante é horrível.

Sigo andando, mais e mais, procurando ao mesmo tempo por tributos, árvores e água.

Água. Como não pensei nisso antes?

Jogo a mochila no chão, procuro o cantil, abro-o e o seguro em direção ao céu. Fico assim por um tempo, esperando pacientemente. A chuva fica mais forte. Já estou ensopada. Estou com frio.

Apesar de o pântano ser um lugar abafado, o clima esfria, até mais gelado do que no meu distrito. Como pode não haver casacos?

O cantil começa a transbordar, então rapidamente o fecho e o guardo, pronta para seguir caminho até achar frutas.

Caminho até meus pés doerem. Sem sucesso na caçada as frutas.

Sento na primeira rocha que acho, arfando. Onde estarão as árvores que achara um dia atrás?

A chuva parece não acabar nunca, o que não ajuda no frio que estou sentindo. Mas quando finalmente olho para o céu, pronta para gritar para que parassem com isso, a água para de cair subitamente. Assim, sem mais nem menos. Mas isso não tira o frio.

Então começo a ouvir. Um barulhinho fraquinho, quase inaudível. Se não estivesse tão em silêncio, não seria capaz de ouvir. Mas eu ouço.

PAFT. Vejo uma sombra laranja.

PAFT. PAFT. Uma verde.

PAFT. PAFT. PAFT. PAFT.

O barulho vai ficando cada vez mais audível. Até que um deles para na minha frente.

Um sapo colorido, quase do tamanho dos meus pés.

Nunca tive nenhum contato com nenhum animal desse tipo, então ele me assusta. Tento puxar a perna para trás, mas quando o faço, outro sapo pula na minha frente.

Muitos, muitos sapos. Mas esse não era o barulho que estava ouvindo antes.

Pulo para trás da rocha, esperando os animais irem embora.

Mas os sapos não eram os únicos animais por lá.

Moscas, libélulas, todo tipo de inseto imaginável. Ali, rastejando em direção a minha mão.

Procure as frutas amanhã, digo para mim mesma. Fuja.

Saio correndo, agora não ligando para outros tributos. Corro, corro forte, e não paro até chegar nas cavernas mais uma vez. Insetos me dão nojo, e qualquer tipo de animal me dá medo.

Encolho-me no fundo da caverna. Penso no meu pai. Ele que costumava matar insetos lá em casa. Papai. Preciso dele aqui, agora. Para me proteger.

Aiden não tinha prometido fazer isso? Será que ele está procurando por mim, para me proteger? Toco meus lábios suavemente. Ainda lembro do calor que senti naquela noite.

Encolho-me mais. Tiro as facas da minha bolsa e começo a lascar a pedra da caverna. Começo a escrever, mas não tenho consciência do que estou escrevendo. A faca que usei cai, terminei o que escrevera.

“Sozinha.”


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Notas finais do capítulo

capitulo curto, eu sei.
O proximo será bem maior ;)
3 reviews para que eu continue?



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