Charming escrita por Mirchoff


Capítulo 4
Capítulo III - Lily


Notas iniciais do capítulo

Sem pedradas, por favor. Eu venho em paz! *ergue as mãos*
Gente, desculpa pela demora. Fim de ano, provas, compras de Natal, aniversário e outra fic pra atualizar, é tudo tão corrido que chega a dar um nó na cabeça.
Anyway, aqui está. Eu hospedei alguns links pra vocês verem como eu "imagino", mais ou menos, as coisas dessa fic. Espero que gostem!



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Lily se sentia completamente maravilhada.

Depois que Jasper deixara o Salão das Mulheres, haviam submetido-na a um verdadeiro dia de princesa. Deram-lhe banho, lavaram seus cabelos, esfregaram seu corpo até a pele atingir um tom claro de vermelho. Enquanto lhe davam um novo corte, duas mulheres de mãos tão leves quanto plumas fizeram suas unhas. Tudo parecia perfeito... Até demais.

Ela repassou as últimas horas em sua mente, lentamente. Entrara num avião. Sentara-se ao lado de Wanda Knight, de Preter, e as duas conversaram sobre coisas absolutamente inúteis. E, claro, havia o príncipe.

Tudo se resumia ao príncipe.

Lily nunca imaginara que aquele rapaz alto nos jardins do palácio fosse a fonte de todos as suas frustrações desde que fora anunciada como uma das selecionadas. Ela havia conhecido-o antes de todas as garotas. Era contra as regras! Sentiu o sangue congelar em suas veias. Tinha certeza de que Jasper relataria o caso assim que a garota sumisse de vista, e então ela seria mandada de volta a Lake antes mesmo do amanhecer.

Mas, o príncipe sorriu.

– Eu não sou do tipo que costuma seguir as regras.

Aquilo quase a fez chorar de felicidade. Só de imaginar a reação da mãe após saber que fora expulsa por quebrar aquela estúpida regrinha, Lily tinha vontade de morrer. Por sorte, ela não iria embora naquele dia.
Em sua cabeça, fez uma espécie de lista das coisas que gostava e que não gostava em Jasper. Ele havia sido legal, dois pontos para o príncipe! Mas Lily sabia que ele teria de ser legal com todas elas. Menos meio ponto para o príncipe, ok?

Ela sempre pensou que Jasper era tudo menos um cara legal. Mesquinho, chato, mimado, irritante, sem noção. Arrependeu-se imediatamente disso, afinal, não era certo julgar as pessoas sem conhecê-las, certo? E ele se mostrara exatamente o oposto de todas essas coisas. E Lily simpatizara com ele.

E, o pior de tudo: ela havia achado-o atraente.

Deus, era o pior jeito de começar aquele negócio. Ela não queria ser mais uma aos pés de Jasper, não mesmo.

Lily observara as outras garotas. Reconhecia apenas algumas, mas as servas fizeram questão de lhe informar absolutamente tudo sobre as selecionadas.

– Aquela ali. – a loira, a das unhas, apontou para um ruiva numa das pontas do Salão. – é Elaria Winter. É um amor, se você quer saber. É Três, da província... Como é mesmo o nome, Obara?

A outra, que fazia seu cabelo, ficou em silêncio por algum tempo.

– Belcourt. – respondeu. – é Belcourt, Nym.

– Isso! – Nym sorriu, repousando a mão esquerda de Lily no colo da garota. – é isso mesmo. E...

Localizou outra. Dessa vez, na outra ponta do Salão.

– Aquela é Lacey, Dois, de Carolina. Como você pode perceber, não parece ser muito amigável...

E Lily tinha percebido. Lacey gritava com suas criadas, e até agora tinha derrubado pelo menos duas araras de vestidos. Vasculhando em sua mente, lembrou-se que a tal Dois era filha de um ator famoso. Lily devia ter visto dois ou três filmes com Podrick Lowers. Baixo, loiro e com um sorriso gentil, ele não se parecia nada com a filha. Lacey tinha, praticamente, dois metros de pernas e um sorriso arrogante. Os olhos, de um azul um pouco perturbador, incomodavam Lily. Assim como a boca carnuda, a pele bronzeada e o nariz fino e perfeitinho.

Lacey parecia uma boneca em tamanho real.

– Querida, você está pronta. – Obara sorriu para Lily de um jeito tão gentil que ela foi obrigada a sorrir de volta. – e mais bonita do que já era.

– Obrigada. – a garota de Lake girou a cadeira, se olhando no espelho. – é... Maravilhoso.

Não havia outra palavra para descrever o vestido. O tecido claro era tão leve quanto plumas, era leve e as várias camadas lhe davam um ar doce. O corpete lhe apertava um pouquinho, mas não chegava a ser tão desconfortável assim. Lily tinha amado.

– Sabe – murmura Obara, com um sorrisinho no rosto. Sua respiração fazia cócegas na pele sensível de Lily. – a maioria das garotas está usando cores bem chamativas. Só vejo vermelho, azul, rosa e tons de laranja. Nada apropriado para um almoço...

– E com esse vestido – completa Nym, orgulhosa de seu trabalho. – irá se destacar. Você é doce e gentil, Lily, e essa é a imagem certa.

A garota não sabia o que dizer. Havia passado menos de quatro horas com as criadas e elas já a conheciam tão bem quanto sua própria mãe. Lily nunca fora fria ou grossa com as pessoas, ela acreditava que educação e cordialidade gerava um sentimento mútuo. Quando Obara olhou fundo em seus olhos e perguntou se ela faria o tipo sedutora e inocente ou inteligente e difícil, Lily tivera uma crise de risos. Ela não sabia o que responder, e Obara abriu um sorriso cheio de covinhas, dizendo que tinha achado-a uma graça.

– Eu quero ser só Lily. – disse, enquanto arrumavam seu cabelo. – pode ser?

– Só Lily está ótimo, senhorita. – dissera Nym, um sorriso gentil no rosto.

– Só Lily! – repetiu a garota, rindo.

Ela percorreu os olhos pelo Salão mais uma vez. A abundância de tons de vermelho, rosa do salmão até o magenta, diferentes padrões de azul e seda laranja a deixava um pouco desnorteada. E as selecionadas pareciam tão belas. Ela viu Elaria girar com seu vestido verde água, e sorriu tão abertamente que Lily se permitiu sorrir também.

Lily se sentia bem quando as pessoas estavam felizes. Ela só não tinha certeza se isso seria bom naquela competição.

E questionou mentalmente se suas criadas não estariam erradas em relação a seu vestido... Por mais que negasse, Lily queria impressionar. Ela se sentia um nada perto daquelas outras garotas.

Não, pensou, é assim que querem que eu pense. É assim que a maioria se deixa vencer. E eu não sou como elas.

– Garotas – Clara Walters sorriu. – é hora de ir.

Gritinhos. Lily se sentiu tentada a tapar os ouvidos. Ela detestava gente histérica. E, bingo! Metade das garotas ali eram assim.

Deus, ela precisaria de paciência. E alguns comprimidos para dor de cabeça, por favor.

–x–

A sala de jantar tinha uma mesa de mogno comprida para as selecionadas. As paredes pintadas de creme, sem falha nenhuma, eram recobertas de tapeçarias impecavelmente limpas e de muito bom gosto. As janelas, enormes e cristalinas, deixavam que os raios de sol formassem desenhos na parede oposta e davam a todos uma bela vista do pátio do palácio.

À alguns metros da mesa, ficava a mesa da família real. O rei, a rainha e os filhos faziam suas refeições num espaço mais alto que o resto da sala. Três degraus.

O rei Peter as saudou com um sorriso no rosto e os braços abertos.

– Sejam muito bem vindas – dissera. – haverá mais tempo para apresentações após o almoço. Por favor, sentem-se!

As selecionadas, após reverenciarem-se, o fizeram. A rainha Ella sorriu e acenou para todas antes de voltar a falar em tom baixo com a princesa Phoebe.

Lily tivera um súbito desejo de percorrer os dedos pela detalhada toalha de linho. Havia tantos talheres que se perguntou se conseguiria usar alguns da maneira correta. Os pratos de porcelana polida pareciam delicados demais, as taças de cristal eram brilhantes demais...

Tudo parecia em excesso naquele castelo.

Enquanto os servos serviam a comida, ela observou a família real. O rei Peter sempre lhe parecera um tanto gentil e sorridente, e até agora não havia provado o contrário. Ela notou que ele fazia diversas piadas em tom baixo, fazendo com que a única filha do casal real soltasse gargalhadas, seguidas de um olhar reprovador da mãe.

Ella parecia ser rígida demais para Lily, mas devia ter seus motivos. A beleza da rainha parecia não ter sido afetada durante os anos. Tinha um ar jovem, mesmo que as sobrancelhas estivessem frequentemente franzidas. Os cabelos negros estavam presos em uma trança lateral muito bonita, e ao invés da coroa, usava apenas uma tiara delicada. Os olhos verdes por vezes eram voltados para as trinta e cinco estranhas naquela sala. Por alguns segundos, seu olhar e o de Lily se cruzaram, e a rainha sorriu para ela.

Havia muito da rainha Ella em Jasper, afinal.

– O príncipe Aron é tão bonito quanto o irmão. – observou Elaria, baixinho. A ruiva sentara-se ao lado de Lily depois que as duas trocaram um sorriso gentil no corredor.

E era mesmo, embora não fossem nada parecidos. Enquanto Jasper era extremamente parecido com a rainha, Aron puxara ao pai. Os mesmos cabelos cor de areia, o queixo quadrado. As sobrancelhas grossas se levantavam cada vez que a irmã soltava uma gargalhada.

Aí estava. Pelo pouco que observou, Lily percebera que a personalidade de Aron era um tanto parecida com a da mãe. Era quieto, sério e cordial.

Ele era o oposto de Jasper, afinal.

– Eu adorei o vestido que a princesa está usando. – murmurou Lily, virando-se para Elaria. A ruiva concordou.

– Ela é linda. – e serviu-se de torta de frango. – e parece ser muito gentil. Acho que todos eles são assim. Eu estou louca para falar com Jasper...

Foi como um tapa na cara de Lily. Ela percebeu que fora a única ali a realmente falar com o príncipe.

Isso era uma vantagem? Era ruim?

Ela não sabia.

Quando as portas se abriram, querendo ou não, o coração de Lily deu um salto. Ele estava ali. As mangas já não estavam mais arregaçadas, mas era o mesmo sorriso torto no rosto, os mesmos cabelos bagunçados.

Jasper entrou na sala e o silêncio reinou. As selecionadas prenderam suas respirações, e Lily fizera o mesmo. Parte dela queria voltar sua atenção para a deliciosa torta de frango em seu prato, mas a outra parte queria olhar para ele. E queria muito.

O príncipe, que maldito o seja, realmente conseguia roubar a cena.

– Senhoritas – ele fazia reverências enquanto se dirigia até a outra mesa. – eu diria algo inteligente, ou sei lá, mas a fome é maior. Voltem a comer, por favor. Eu farei o mesmo.

Seus pés se enroscaram no tapete, fazendo-o perder o equilíbrio e soltar um "merda!" nada discreto. O príncipe se endireitou a tempo de ver a mãe assumir uma expressão completamente desgostosa, e o rei desviou o olhar para não rir.

Da parte das garotas, isso fez um burburinho se transformar em risos. Algumas escondiam a boca com as mãos, tentando não rir, enquanto outras riam baixinho e para si mesmas. E também havia a risada escandalosa de Wanda, que só faltava bater com as mãos na mesa. Jasper sorriu com o resultado e se virou para a família.

Lily voltou sua atenção para a torta. A comida do palácio era simplesmente sensacional, e ela não deixaria isso de lado para ver o príncipe fazer gracinhas.

Ela ouviu alguns murmúrios surpresos, mas não deu a mínima. Um arrastar de cadeiras, exclamações e palavras que não conseguiu entender. Se serviu de um pouco de suco, e enquanto um pouco de torta à boca, sentiu um chute mínimo no joelho.

Ergueu os olhos. Jasper sorriu zombeteiro.

O príncipe arregaçou as mangas e se serviu de vinho enquanto os servos já não sabiam mais o que fazer. Não era suposto que ele almoçasse com as selecionadas. Aliás, que diabos fazia ali?

A família real continuava sua refeição como se nada tivesse acontecido. Talvez Jasper realmente fosse do tipo que não costuma quebrar as regras.

– Você me chutou. – murmurou Lily, incrédula.

– Supondo que fosse o único modo de fazê-la olhar para mim. – covinhas mínimas apareceram quando Jasper sorriu, levando a taça aos lábios bem desenhados. – perdão. Eu a machuquei?

Lily tivera vontade de dizer que ela o machucaria qualquer dia desses. Podia sentir os olhares raivosos direcionados a ela. As outras deviam estar se perguntando porque raios o príncipe estava falando com a garota sem graça de Lake. E o motivo pelo qual sentou-se a sua frente.

Ele poderia ter se sentado em qualquer outro lugar.

Infelizmente, Lacey praticamente se jogara em cima de Jasper. Sentada a seu lado, ela se inclinava para a esquerda sempre que tinha a oportunidade, estendendo o braço para pegar qualquer coisa ao invés de simplesmente pedir.

O vestido rosa de Lacey favorecia seu corpo perfeito. A cintura fina, as pernas longas, o busto na medida certa. E é claro que seu decote ficava cada vez mais à mostra.

Lily jurou que podia ouvir Elaria rosnar cada vez que Jasper lutava para desviar os olhos de Lacey. A própria Lily tinha vontade de chutá-lo por isso.

Mas, se o fizesse, Jasper olharia para ela com aquele sorriso torto e uma sobrancelha erguida. Ele julgaria aquilo como ciúmes.

O que não era, claro. Ela só queria almoçar em paz sem ver Lacey se atirar para cima dele, certo?

– Desculpe, senhoritas. – disse Jasper, em certo momento. Ele baixou a taça de vinho com um movimento gracioso. – mas eu ainda não decorei seus nomes. Você é... ?

Uma Seis de Sota demorou um pouco para responder, e corou imediatamente quando Lacey soltou uma risadinha debochada.

– Me chamo Olivia, Vossa Alteza. – murmurou, tão baixo que Jasper quase nem ouviu. Mas sorriu.

– Muito prazer, Olivia. – disse o príncipe, e virou-se para outra selecionada depois que a garota sorriu também. – Roselle, certo? E sua amiga seria...

–x–

Lily se jogou na cama assim que chegou em seu quarto. Ela encarou o teto em abóbada por algum tempo antes de se levantar novamente, e com toda a certeza nunca havia visto algo tão belo quanto aquilo.

Ela desejou poder enviar cartas à sua família. Queria dizer a Cécile o quão maravilhoso seu quarto era. Os móveis de madeira clara eram polidos e tinham aquele cheiro gostoso de madeira. As paredes eram nuas, toda selecionada tinha o direito de pintá-las como bem quisesse. Mas Lily achou que preferia-as brancas, assim.

A cama de dossel era mais confortável do que imaginou. Lily praticamente afundava no colchão, e havia tantas almofadas que ela tinha vontade de ficar pulando ali o dia inteiro.

Ela pedira a Obara e Nym que não desfizessem sua mala. As criadas pareceram decepcionadas, mas era simplesmente algo pessoal demais. Então, só a colocaram dentro do guarda-roupa.

A terceira criada, Isis, desembaraçava seu cabelo com as pontas dos dedos delicados. Elas praticamente pareciam amigas de infância assim, de joelhos na enorme cama e conversando como se tivessem se conhecido há tempos. Logo, as madeixas de Lily caíam soltas por suas costas. Ela se sentia melhor assim.

– Creio que seja melhor tirar esse vestido, senh... – Nym começou a dizer.

– Só Lily. – a garota riu, levantando-se da cama.

– Só Lily. – repetiu Nym, sorrindo. – bem, nós estamos fazendo seus vestidos para o dia a dia aqui no palácio. Por enquanto, somente quatro estão prontos... Mas, pelo menos, há opções.

Lily percorreu os dedos pelos diferentes vestidos pendurados na arara. Ela se perguntou como as três conseguiam fazer coisas tão belas com linha e agulha.

Optou pelo vinho, um tom quase rosado, com detalhes dourados. Dessa vez, não se incomodou com as três ajudando-a a se vestir.

Depois de algum tempo, e enquanto desfazia sua mala, ouviu três toques na porta. Isis se levantou da cama com graça, colocando a cabeça para fora. Ela voltou em questão de segundos.

– Lily – chamou-a. – o primo de Vossa Alteza, Yan, gostaria de saber se a senhorita não gostaria de caminhar com ele.

– Eu prometo que não a roubarei de Jasper. – acrescentou uma voz masculina, em tom risonho.

A garota de Lake sorriu, se levantando.

– Eu adoraria.


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Notas finais do capítulo

Eu fiquei pensando no figurino das selecionadas. Alguma de vocês assiste Reign? É uma série estilo medieval, e os figurinos são incríveis. Eu gosto dos modelos que a Mary usa, então tento imaginar tudo mais ou menos naquele estilo. Mais links nos próximos capítulos, haha.
Bem, é isso aí. Até a próxima!
(ai, só eu que acho o Yan um fofo? Sei lá, eu o amo desde o coloquei no papel)



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