Valentina escrita por Stephany Pevensie


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei, né? Demorei por causa de provas e trabalhos que tive que fazer, e quando ia escrever não tive ideias... Mas cá estou, e eu escrevi bastante, eu acho e.e



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Afinal de contas Valentina acabou dormindo. Quando acordou o céu já estava clareando, porém ainda era possível ver algumas estrelas.

– Que bom que acordou - comentou Leonard - Nós temos que nos apressar.

– Está acordado desde aquela hora? - perguntou após um bocejo.

– Sim. Quer dizer, tirei um cochilo, nada demais. Anda, quero chegar a Cristalen logo. Quanto mais cedo acabarmos com isso melhor.

Os dois desceram da árvore e seguiram seu caminho. Valentina ia comendo uma maçã tranquilamente. Estava tranquila pois sabia que se corressem perigo iriam saber imediatamente por causa do colar de Leonard.

– E então, como se sente após ter matado uma pessoa pela primeira vez na vida? - perguntou Leonard.

Valentina parou abruptamente, deixando a maçã cair no chão. Parecia que haviam jogado um balde de água fria nela, sem aviso. Não tinha pensado sobre isso. Ela matou Daltivo na noite passada. Já havia matado insetos antes, mas matar insetos e matar uma pessoa - mesmo que ela seja um lobisomem e queira te matar - são coisas completamente diferentes.

– Eu... não havia parado para pensar nisso - falou ainda em choque. Começou a se sentir péssima.

Leonard olhou para ela e pareceu perceber o que estava pensando.

– Ei, você não é uma pessoa ruim. Aquilo foi legítima defesa. Se não tivesse feito aquilo, nós é que seriamos os mortos agora. Além do mais, você ouviu o que ele disse, depois de nos matar iria matar outras pessoas, você fez bem - disse botando uma mão no ombro de Valentina, que encarava o chão.

– Mas eu não tenho direito nenhum de tirar a vida de alguém - ela levantou os olhos.

– Foi-lhe dado no momento que ele ameaçou nossas vidas. Tulip, ouça, querendo ou não estamos no meio de uma guerra. E guerras têm isso: morte. Ou você mata ou você morre. Você está no lado certo, então matar quem está do lado errado, não a faz uma pessoa terrível. Eu também não queria fazer esse tipo de coisa, mas... não podemos tentar evitar o inevitável.

Isso a fez se sentir um pouco melhor. Um pouco.

– Entendo - disse após um suspiro.

– Muito bem, vamos prosseguir - disse ele se virando de costas para ela, e um segundo depois olhou por cima do ombro e disse: - A não ser que antes queira procurar sua maçã.

Ela olhou em volta, realmente a maçã havia sumido de vista.

– Não estou mais com tanta fome assim.

Andou a passos largos para conseguir acompanhar Leonard.

– Acha que vão notar o sumiço de Daltivo? - perguntou.

– Acho que não. Acho até mais fácil eles pensarem que Daltivo é um incompetente, para demorar tanto para encontrar crianças - respondeu Leonard dando de ombros.

Conforme iam avançando pela floresta as árvores iam ficando mais juntas, tornando difícil ver o céu. Também ficaria difícil para uma fuga, as raízes das árvores eram expostas, portanto havia o risco de tropeçarem numa delas se fossem correr.

– A gente está chegando? - perguntou Valentina após muito tempo de silêncio.

– Pelos meus cálculos devemos chegar lá ao meio-dia, mas como pode ver - ele apontou para cima - não podemos ter o mínimo de noção de que horas são por causa dessas malditas árvores.

Ela continuou olhando para cima enquanto andava, então acabou tropeçando em uma das raízes. Deslizou pelo chão ralando o queixo e as palmas das mãos. Leonard riu.

– Desculpe - ele disse quando viu o olhar de Valentina, e foi ajudá-la a levantar.

– Tudo bem, se fosse você acho que eu também riria - falou enquanto via os arranhões nas mãos.

– Não foi nada demais. Agora, espero que tenha aprendido a olhar por onde anda - Leonard falou com tom de superioridade.

– Seu idiota - ela o empurrou.

Andaram pelo o que se pareceram duas horas até conseguirem ver a base de uma montanha surgindo entre as árvores. A sua base era uma mistura de rocha e cristais, que brilhavam a luz do sol.

– Finalmente! - exclamou Valentina.

– Achei que quando chegássemos você ia falar o quanto é lindo - comentou Leonard - do jeito que é fascinada por qualquer coisa.

– Não exagere.

Os dois aceleraram o passo, e é claro, com o cuidado de não tropeçar nos galhos. Ao chegarem mais perto viram uma entrada escura. Valentina parou bem em frente e tentou enxergar algo naquela escuridão.

– Tem algo que possa iluminar? - perguntou.

– Eu poderia tentar fazer fogo com as mãos, mas das últimas vezes que tentei fazer isso não deu muito certo– disse Leonard franzindo a testa.

– Defina ''não deu muito certo''.

– Quase botei fogo em todo o meu braço. A última vez que tentei foi há uns três meses atrás.

– Não podemos entrar no breu...

– Tudo bem, eu vou me arriscar - disse Leonard com a voz firme - Perspicuus.

Fogo saiu das pontas dos dedos de Leonard, então começou a se espalhar por todo o braço. Ao invés de começar a sacudir o braço, ele começou a se concentrar, olhando fixamente para o fogo. Aos poucos o fogo diminuiu e voltou a ficar apenas nas pontas dos dedos de Leonard.

– Consegui! Da última vez, como me descontrolei vendo fogo no meu braço, ele realmente começou a me queimar. Entrei em pânico - disse Leonard indo á frente pela escuridão. As paredes da caverna, como do lado de fora, se dividia em partes de cristal e partes de rocha pura. O fogo só iluminava um pouco o caminho a frente deles.

– Quer dizer que o fogo só vai queimar você, se você entrar em pânico?

– Exato. Como estou calmo, só sinto como se estivessem fazendo cócegas em meus dedos. Nada demais. Na vez que quase queimei meu próprio braço, foi sorte Alessa saber o que aconteceria, pois na hora jogou água em mim. Quando digo em mim, quero dizer que ela não jogou só no meu braço - explicou mostrando irritação ao dizer a última frase.

– Queria estar na cena - foi tudo o que Valentina respondeu.

Caminharam apenas com a iluminação de Leonard, então se depararam com uma bifurcação.

– Para onde vamos? - perguntou Valentina.

– Não sei.

– Como você não sabe?!

– Não sabendo, ora - Leonard olhou para o caminho da direita depois para o da esquerda, pensativo.

– Hum... Vamos primeiro para a direita, se não der onde fica o cristal voltamos e tentamos o da esquerda. E antes que me pergunte como sei qual é o cristal e como é o lugar que ele fica, Copérnico me mostrou um livro que continha ilustrações do local - falou Leonard.

Valentina realmente ia fazer aquela pergunta. Mas outra estava matutando em sua cabeça também.

Seguiram para o da direita.

– Uma pergunta que você não adivinhou que eu ia fazer - disse Valentina - Qual o motivo de deixar o cristal da barreira aqui? Não era mais fácil ter deixado com Copérnico desde sempre?

– Sei que que pareço, e sou, muito inteligente - disse Leonard em tom zombeteiro - Mas eu não tenho a resposta para essa pergunta. Pergunte a Copérnico quando chegarmos. Agora que falou isso também fi...

Leonard não terminou a frase. Estavam na beira de um precipício, e Leonard quase caíra nele. Ele pôs um braço na frente de Valentina para impedi-la de cair, na hora certa.

– Essa foi por pouco - falou Valentina olhando para o precipício e puxando Leonard da beirada.

– Muito pouco - ele se virou e procurou algo no chão.

– O que foi?

Leonard não respondeu, pois parecia ter achado o que estava procurando. Uma pedra. Pegou a pedra e foi até a beirada do precipício e jogou-a.

Antes que Valentina pudesse dizer algo Leonard pôs o dedo indicador nos lábios, para que ficasse quieta.

Ficaram alguns segundos assim.

– Fiz isso para ter uma ideia da altura. E se não ouvimos a pedra até agora... bem, se caíssemos não iria sobrar nada. Vamos pelo da esquerda então.

Deram a volta, quando estavam na metade do caminho finalmente ouviram o barulho da pedra chegar no fundo. O eco foi tão alto que Valentina começou a achar que até alguém que estivesse fora de Cristalen poderia ouvir.

– Se eu soubesse que ia fazer esse barulho todo, não teria jogado a bendita pedra - resmungou Leonard.

O caminho da esquerda era bem mais longo, e terminou em uma parede com símbolos estranhos em cor vermelha.

– Não acredito nisso - disse Leonard indignado assim que viu os símbolos - Copérnico havia me dito que tinha esquecido de algo, mas não me disse que era isso!

– O que os símbolos dizem?

– Dizem que essa maldita parede só se abre com sangue - ao ver a expressão confusa de Valentina disse: - Sangue humano.

– Oh...

– Pois é. Espero que não tenhamos feito nada cruel, senão, não poderemos entrar.

– Como assim?

– Só abre com o sangue de pessoas boas. Se você for uma pessoa ruim, mesmo oferecendo o sangue não poderá entrar. E nós dois teremos que oferecer sangue. Se só um de nós der o sangue, só um poderá entrar - explicou Leonard levantando a manga da roupa até acima do cotovelo do braço esquerdo.

– Sei que existem várias entradas... então, se os aliados de Milano são do mal, não poderiam usar essa passagem, certo?

– Se são espertos, com certeza sequestrariam pessoas boas, fariam-nas dar seu sangue a força e depois largá-las perdendo sangue, enquanto entravam tranquilamente. Mas duvido muito que pensem nisso - agora já havia pegado uma flecha, estava segurando bem perto da lâmina. Valentina aproveitou a deixa e também pegou sua adaga.

– Não sei se tenho coragem de me machucar propositalmente - disse Valentina.

– Também não. Mas o que podemos fazer? Alguns sacrifícios tem de ser feitos - concordou Leonard finalmente fazendo um pequeno corte no antebraço. Dor apareceu em seu olhar mas logo passou. Ele largou a flecha e passou o dedo no ferimento e depois na pedra. A pedra se abriu.

– Estarei te esperando ali, Tulip.

– Ok.

Ele passou e a ''porta'' se fechou novamente. Então Valentina percebeu que foi uma burrice completa ter deixado Leonard ir primeiro, agora estava no escuro, e precisava fazer um corte no braço.

Respirou fundo e cautelosamente fez o corte no braço. Passou a adaga para a mão do braço ferido, e em seguida com a mão livre pegou um pouco do sangue e passou na parede, que se abriu imediatamente. Assim que passou a parede bloqueou a passagem novamente.

Esse novo túnel que entrou era mais iluminado, dava para ver mais claridade ainda vindo do fim dele. Leonard estava encostado na parede rochosa amarrando um pedaço de pano no corte, para parar o sangue.

– Pegue um pedaço de pano em minha mochila, a não ser que queira morrer de hemorragia.

Ela pegou um pedaço de pano, e Leonard a ajudou a amarrar apertado o suficiente para fazer com que parasse de sangrar.

– Obrigada.

– De nada. Daqui a pouco vamos ter de tirar isso. Agora vamos, estamos quase no fim disso - disse Leonard se levantando, jogando uma das alças da mochila no ombro.

Valentina também se levantou e guardou a adaga na bainha. Olhou rapidamente para onde havia se cortado, o pano estava um pouco manchado de sangue, mas a mancha não estava aumentando, o que era bom.

– Não doeu tanto assim - disse Valentina.

– Mas vai doer depois quando fizer certos movimentos - retrucou Leonard - Na hora não dói tanto, mas às vezes ela aumenta depois.

Estavam cada vez mais próximos do fim do túnel. Quando finalmente chegaram, Valentina entendeu o porquê de ser tão bem iluminado. O teto era muito mais alto. E além do mais, o que dominava agora não era a rocha, era o cristal, o que fazia que a luz do sol entrasse. Não era uma luz cegante, afinal as cores dos cristais variavam entre lilás, rosa e branco.

Mas o que mais intrigava era que havia várias entradas. Quatro, contando com a que eles haviam acabado de entrar. Os caminhos eram separados por grandes precipícios, o que os ligava era o centro. E no centro estava um tipo de pedestal, onde estava um cristal de formato estranho.

– Esse é o cristal que cria a barreira? - sussurrou Valentina, que sequer sabia o porquê de estar sussurrando.

– Sim é ele. Aqui é exatamente como a ilustração que Copérnico me mostrou - sussurrou Leonard de volta.

Leonard foi na frente, pois o caminho ficou estreito demais para os dois poderem passar um ao lado do outro. Parecia ter se passado uma eternidade quando chegaram ao centro. Leonard parou olhando para o cristal. Apesar de ter um formato estranho, completamente irregular, tinha sua beleza. Ele tinha todas as três cores juntas: lilás, rosa e branco.

– Ok, Copérnico me avisou que quando eu tirar o cristal do pedestal, algo irá acontecer - disse Leonard.

– O que exatamente?

– Nem ele sabia. Só disse que ia acontecer algo. Portanto, se o chão começar a tremer vamos correr - disse Leonard olhando para Valentina.

– Certo...

Bem devagar Leonard pôs as mãos no cristal e após alguns segundos tomando coragem, o tirou do pedestal. Nada aconteceu.

– Ufa - Valentina nem havia percebido que estava prendendo a respiração.

Foi então que ouviu o barulho água. Muita água. Olhou em volta e viu de onde vinha, estava vindo por todas as entradas.

– Mas que droga! - exclamou Leonard.


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Notas finais do capítulo

Ao reler percebi que usei muito a palavra ''precipício'', mas não consegui pensar em nenhuma outra palavra que pudesse descrever bem... Enfim, espero que tenham gostado. Até breve!



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