Valentina ficou boquiaberta. O nome e a imagem dela estavam ali. Ela foi escolhida para a tal missão.

Quando a fumaça sumiu deu para se ver a cara espantada de Copérnico.

- Parece que Lende resolveu escolher mais de uma pessoa - Ele disse depois do que se pareceu uma eternidade. - Valentina. Como eu disse você não chegou aqui ontem por mera coincidência. Vai assumir os riscos?

Ela só conseguiu assentir fortemente com a cabeça. A garota sentiu vários olhares a perfurando e um burburinho começou. Algumas vozes eram elevadas:

- Ela é uma sem-magia! Não pode ir para a missão!

- Como Lende a escolheu?!

- Só uma pessoa pode ir para a missão, era só uma!

Valentina não teve coragem o suficiente para olhar e ver quem estava dizendo isso. Leonard disse alguma coisa mas ela não ouviu. Alessa a lançava um olhar indignado. As expressões de Dolabela e Mairon eram de surpresa.

- Silêncio! - Gritou Copérnico com a voz firme. - Todos sabemos que apenas uma pessoa iria para esta missão, porém Lende escolheu mais uma. Sabemos também que ela é uma sem-magia e da mesma forma Lende a escolheu. Lende sempre acerta em suas escolhas, querem mesmo desrespeitar isso? Se ela escolheu Valentina, é porque Valentina não é uma simples sem-magia fraca.

Todos estavam em silêncio completo. Valentina se sentia confusa, mal havia acabado de chegar ali e era convocada para uma missão importante.

Por que eu? Eu não sei nem manejar uma espada ou um arco. Há tantos que tem mais qualificação que eu... , pensou a garota.

- Espero que esta discussão esteja encerrada. A missão será realizada daqui a duas semanas, isso é tempo suficiente para Valentina aprender algo e estar um pouco preparada para a missão. Sei que estão revoltados e indignados por ela ter sido escolhida, talvez Lende tenha a posto nessa missão justamente para aprendermos a parar de subestimar os sem-magia. - Disse Copérnico, ele cobriu a bola com o pano roxo.

Dolabela pegou a bola e levou-a consigo para a casa de Copérnico.

- Creio que agora todos podem voltar ao que estavam fazendo antes. - Disse Copérnico.

Eles voltaram para o que estavam fazendo antes relutantemente. Somente Alessa, Leonard, Valentina e Copérnico ficaram exatamente onde estavam.

- A gente se vê. - Disse Mairon se distanciando.

- É bom que tenha ficado Alessa. Você vai ensinar esgrima para Valentina.

- O que?! - Alessa exclamou.

- Você sabe exatamente o que ouviu. Você é a melhor em esgrima no Vale. - Alessa lançou um olhar rabugento - Sei do seu problema com os sem-magia, mas já está na hora de consertar isso. Além do mais, Valentina foi escolhida por Lende, acho que devemos confiar nela.

Valentina se segurou para não perguntar qual era esse tal problema que fez Alessa ser tão desconfiada.

- Lende não pode estar errada? - Sussurrou Alessa olhando para o chão.

Copérnico não ouviu o comentário, ou simplesmente ignorou.

- Leonard, você vai ensinar a ela um pouco de arco e flecha. E bem... você não precisa aprender nada, cresceu no Vale e já aprendeu o que é preciso para uma missão dessas. Tanto que é nosso espião, não é mesmo?

Ela ainda não entendia muito bem essa história com o tal Milano, esperava que fossem em algum momento explicarem melhor.

- Sim. Quando acha melhor começarmos a treinar? - Perguntou Leonard.

- Hoje mesmo. Tudo bem por você, Alessa?

- Sim... - Ela resmungou - Me dê meia hora e vou arrumar o material.

- Ótimo. Agora tenho que ir. E eu lhe disse Valentina, você não veio simplesmente à toa. - Ele deu um sorriso e sumiu em meio a fumaça verde.

- O que aconteceu?! - Valentina exclamou.

- Nada. Só mais um dos truques de Copérnico, ele adora impressionar. Ele só foi para casa se teletransportando. - Leonard parecia querer rir da cara de Valentina.

- O treino vai ser perto da sua casa? - Perguntou Alessa.

- Óbvio. - Respondeu Leonard - Agora vamos logo.

Alessa foi para um lado enquanto Leonard e Valentina iam na outra direção. Quando chegaram perto da árvore que ficava a casa dele, Leonard disse para ela esperar ali.

Logo Leonard estava descendo com vários tipos de arcos e flechas flutuando do lado. Ele pulo do penúltimo degrau direto para o chão com o material ainda flutuando do lado.

- Magia, sempre útil.

Ele pegou o amontoado de coisas flutuantes e pôs apoiados no tronco da árvore.

- Bem, - Ele escolheu um arco e uma flecha - a primeira coisa que tem que saber é que para ser um arqueiro tem que ser preciso e movimento nada desastrados.

- Ok...

- Diga um local e eu vou acertar a flecha. - Ele ficou na posição de tiro.

- Certo... - Ela olhou em volta. Um galho alto com uma fruta a chamou atenção, estava em uma árvore a uns três metros no máximo. - Aquela fruta. - Ela apontou.

- Eu vou acertar. - Ele fechou o olho e levantou um pouco o arco. Cinco segundos depois Valentina viu a fruta cair no chão com uma flecha a perfurado, ela nem conseguiu ver o momento em que ele atirou.

- Nossa...

- Isso são anos de treinamento, se você tiver mira talvez aprenda alguma coisa em duas semanas. Esse arco é flexível, tem que se tomar muito cuidado ele pode quebrar muito fácil. Agora, - Ele trocou de arco e pegou uma flecha - diga outro lugar para eu acertar, dessa vez um pouco mais longe.

Todos os lugares que Valentina apontava ele acertava. Ele explicou sobre os tipos de arcos e flechas e o modo de segurar. Ele era realmente um bom arqueiro.

- Agora é sua vez. - Ele disse entregando o primeiro arco que ele usou e uma flecha.

- Tem certeza de que eu já devo ir para a prática?

Ele franziu as sobrancelhas.

- Acha mesmo que vai aprender arco e flecha só com a teoria? Você tem que praticar. Vamos lá tente.

- Onde quer que eu acerte? - Perguntou Valentina com a voz fraca.

- No tronco da árvore da minha casa. - Ele a segurou pelos ombros e arrastou ela até ficar um metro de distância da árvore - Aqui. Já sabe como fazer certo?

- Acho que sim...

Valentina preparou o arco, tentando fazer como Leonard. Então botou a flecha.

- Quando estiver pronta, Tulip.

Ela atirou e... A flecha caiu no chão cinco centímetros da árvore.

- Droga.

- Ninguém acerta da primeira vez, e até que você foi bem. Muitos não chegam nem a cinco centímetros. Alessa por exemplo atirou para o céu. - Ele riu - Você tinha que ter visto a cara dela.

Ele foi até onde a flecha havia caído e a pegou.

- Você tem que levantar um pouco mais o arco. E tremer menos.

Ela não havia percebido que suas mãos tinham tremido quando atirou. Valentina preparou o arco novamente, Leonard levantou um pouco seu braço.

- Atire.

No momento que Valentina atirou, em frente á árvore fumaça azul do tamanho de uma pessoa surgiu.

- Oh não... - Começou Leonard.

A fumaça sumiu e Alessa estava ali. A flecha estava indo em sua direção. Antes que a flecha passasse pelo lado de sua cabeça Alessa a pegou com a mão. Então, partiu a flecha com as duas mãos.

- Ei! Essa flecha era uma das mais novas! - Reclamou Leonard.

- Ela ia me acertar.

- Não ia não. Nem ia passar direito no seu cabelo...

- Depois eu conserto, Leo. Calma. - Disse Alessa.

Ela estava com duas espadas penduradas em cada lado do cinto em seu vestido.

- O resto das coisas já está vindo, flutuando.

- Pelo visto aqui tudo é a base de flutuar. - Disse Valentina.

- Pior que é mesmo. - Leonard riu.

Uma mesa flutuante com algumas outras espadas e uma adaga chegou e pousou do lado de Alessa.

Alessa encarou Valentina.

- Agora você vai aprender algo muito melhor que arco e flecha.