Perfeito. Ou até mais. Mas essas palavras parecem pouco para descrever meu dia com Leon. Tão incrível que parece que estamos nos sonhos, nem parece que estamos nesse mundo sujo e calculista. O incrível é que quando estamos juntos, ele sabe me envolver, e não importa onde estivermos, sempre fico viajando por outro planeta.

Estamos deitados na beira do rio de mãos dadas. Eu o conheço há apenas três meses e parece que ele foi meu amor a vida inteira. Mas espero que toda a vida que vier pela frente ele passe ao meu lado. Ele sabe exatamente tudo sobre mim (suponho que ele tenha andado vasculhando minha mente). Acho que eu já encontrei aquele que nunca vou esquecer.

– Ei, Violetta.

– O que foi?

– Queria te dar uma coisa.

Ele coloca a mão no bolso da calça, e ali tem uma caixa preta que ele tira.

– O que tem aí? – pergunto.

– Isso.

Ele abre, revelando um anel prateado com uma pequena pedra cintilante fixada no topo.

– Que bonito.

Reparo que dentro tem uma gravação. Letras. Aproximo mais o rosto para ler. "Dreams come true". Sonhos se tornam realidade. Sorrio. Meu maior sonho já se realizou e eu não preciso de mais nada.

– Comprou pra mim? – pergunto, maravilhada.

– Na verdade não. Um dia eu fui procurar um chocolate no meu bolso, e... Encontrei.

Franzo a testa. Isso é estranho. De onde pode ter saído? Estou super curiosa, mas perguntar estragaria todo o clima, e eu tenho estado super nervosa ultimamente, e preciso de um dia pacífico. Quando o caos voltar, eu pergunto e desgraço tudo de uma vez, mas por enquanto não.

Simplesmente me inclino para frente, roçando nossos lábios em uma frequência suave. O sol já está se pondo e as estrelas estão começando a aparecer. Isso me entristece um pouco, porque logo voltaremos para casa, e tudo voltará a ser o inferno. Mas por enquanto digamos que estou no céu, meu próprio céu. E quando eu dormir, quero rever meus cenários e fingir que nada disso aconteceu, fingir que Leon continua sendo algo secreto e que somos só nós dois. Poderia viver ali para sempre.

Quando separo dele, coloco o anel no meu dedo e tento ignorar o brilho suave irradiando da pedra do anel.

– Eu te amo, Leon. Te amo muito. Muito mesmo. Mas eu ainda me sinto mal por não ter te dado nada de aniversário.

– Eu já disse. Se você estiver comigo, não há nada mais que eu queira nesse mundo. Quer dizer, se você quiser me dar um chocolate agora, não faria mal...

– De onde você tirou esse vício por chocolate?

– Uma vez você me disse que bolo de chocolate era seu favorito. Acho que como você me criou perfeito para você... Foi assim.

Dou ma risada, e estou a ponto de beijá-lo novamente quando meu telefone toca. Solto um grunhido de frustração. Não acredito que esqueci de desligar essa porcaria. Penso em desligar na cara de quem quer que seja, mas no verificador de chamada está exibindo o nome de Diego. Parece importante, Diego só me liga quando o caso é muito extremo.

– Alô?

– ​Violetta, você não pode voltar para sua casa hoje!

– O quê?! Diego, o que está acontecendo?!

– Violetta, fuja. Apenas não volte para sua c...

Antes que ele possa terminar a frase, ouço um ruído do outro lado da linha, depois uns gritos e então a ligação sai de linha.

Começo a ficar preocupada.

– O que foi, meu amor? O que aconteceu? – pergunta Leon, se levantando.

– Leon, temos que ir para minha casa. Agora.

Eu sei, eu sei, Diego disse para eu fugir. Mas preciso saber o que está acontecendo. E quanto a meu pai? Estaria bem? E Angie? O medo é grande, mas a preocupação e a curiosidade são maiores.

​Vamos correndo para a minha casa, e, chegando lá, tem cem vezes mais repórteres na frente da casa. Corrigindo, cem vezes mais inferno na frente de casa.

Lutamos para adentrar a casa, até esquecemos de mandar Leon para minha mente. Quando entramos, nos deparamos com Diego e Lara detidos por policiais, todos na sala com três homens estranhos. Um deles fala algo em inglês, e outro, com cara de espanhol diz, em nosso idioma:

– Violetta Castillo e Leon Vargas. Somos do Departamento Internacional de Estudo Científico. Vocês vão ter que nos acompanhar.