Sinto alguém balançar meu ombro de leve. Abro os olhos lentamente, e vejo Leon ao meu lado, sentado na cama com um meio sorriso. Devem ser por volta de 7:00 da manhã pela luz vinda da janela. Me lembro que é sábado e todos na casa só acordam por volta das 11.

Coloco um travesseiro na cabeça.

– Hey, Lady. Levante-se, preguiçosa.

– É sábado. Pode me deixar dormir?

– Hoje não é um simples sábado. – responde ele. – É um dia especial.

– Por quê? – digo, tirando o travesseiro da cabeça e olhando para ele.

– Não sabe mesmo? – questiona, desanimado. Mas ele dá um sorrisinho. – Venha comigo e verá.

Então em um pulo, ele se levanta, me arranca da cama, e me empurra em direção ao banheiro.

– Vai trocar de roupa. – diz.

– Mas o que vamos dizer para meu pai?!

– Diz que foi na casa de alguém, ou no shopping fazer coisinhas de garota, ou que seja, deixe um recado pra ele dizendo que saiu cedo.

– Nós vamos sair? Pra onde?!

– Troca esse pijama e depois você vai ver.

Estranho um pouco, mas pego uma roupa bonitinha, e saio do quarto, indo até o banheiro. Não lembro de nada especial que tenha hoje. O que será que ele vem planejando?

Quando termino de me trocar, deixo um recado para meu pai dizendo que fui na casa da Fran, e então nós saímos. É perigoso sairmos na rua, poderia acontecer algo a Leon, por causa dos últimos incidentes, mas ele não parece estar dando a mínima para isso. Caminhamos por cerca de meia hora, e o sol já havia chegado em um ponto um pouco mais brilhante. Chegamos a um parque que eu nunca havia visto antes.

– Leon... Que lugar é esse?

– Angie tem um amigo. Dono desse parque. Ela me ajudou a conseguir.

– É sério? Só pra nós?

– Ela disse que você precisava tirar um pouco esses nervos. Relaxar, apenas. Feche os olhos.

– Ai, Leon, se eu fechar eu durmo aqui mesmo.

– Feche, vamos!

Fecho os olhos, e sinto ele segurar minha mão, e me levar para algum lugar. Ouço o som de água corrente, e um cheiro extremamente familiar. O cheiro de Leon quando chegou nesse mundo.

– Abra os olhos, Lady.

Abro lentamente, e diante de mim, está um riozinho, com algumas roseiras plantadas nas margens. Roseiras enormes... Isso me lembra... Ai, meu Deus. Ele recriou o cenário da Paixão.

– Ah, caramba! Você faz tudo isso... Pra mim?!

– O rio estava aí... Tinham umas roseiras largadas, então Angie e eu pensamos... Por quê não? – ele me envolve com os braços, e continua, mais suavemente. – Não sabe mesmo que dia é hoje?

Balanço a cabeça negativamente. Quando não digo nada, ele diz:

– Hoje, fazem três meses desde que nos vimos pela primeira vez.

– Você contou? Você... Você lembrou?

– Como poderia esquecer do meu aniversário de três meses? Fazem três meses desde que eu fui criado.

Fico boquiaberta. Esqueci completamente do aniversário do meu próprio namorado! Que tipo de namorada eu sou? O abraço rapidamente com a possibilidade de ele se chatear comigo.

– Ai, Leon, meu amor, me desculpa, desculpa, desculpa, desculpa! Como eu pude esquecer, eu sou uma pessoa horrível, eu...

– Shhh... Tudo bem. Apenas o fato de você estar aqui comigo já me faz bem.

– Mas qual a lógica? É seu aniversário, e você me dá presente?

– Meu maior presente é ver você sorrir. Se você gostou do que fiz, sorria, e esse vai ser o melhor de tudo.

Dou um sorriso, e ele um maior. Como é possível uma pessoa ser assim tão perfeita? Em um rápido movimento, ele junta nossos lábios, e mais uma vez me encontro como aquela menina que estava pela primeira vez perdida em um mundo novo, sempre ansiosa para ver um garoto de sua mente. De quando ainda não tinham repórteres, psicólogas, nada. Apenas nós, nada mais.

– Eu te amo. – diz Leon, quando nos separamos. – Hoje, se você deixar, seremos só você e eu.