Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 6
Capítulo 6 - Caleidoscópio de Memórias


Notas iniciais do capítulo

Caaara, que reviews divos ♥ ♥ Eu adoro que vocês realmente participem da história, e já sinto as leitoras voando no Heath, haushaush
Enfim. Resolvi postar esse capítulo bem rápido porque... Sei lá. Não aguentei. Espero que gostem e me contem o que estão achando :33



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Serena

— Tá, Audrey, já estou indo — falei ao telefone enquanto acabava de colocar um brinco. Abri a janela do quarto e, com os sapatos de salto em uma das mãos, pulei no quintal.

Quem é sedentária agora, Seeler?, pensei, pulando a pequena cerca e correndo pela calçada. Encontrei o carro de Audrey na esquina. Ela destravou as portas e, no exato momento em que sentei no banco do passageiro, começou a reclamar por eu estar atrasada.

— Droga, escapar daquela casa não é tão simples assim, sabia? — ergui uma sobrancelha. — Liga logo essa coisa.

Chegamos à casa de Chase depois de uns vinte minutos. Eu nem queria estar naquela droga de festa, mas precisava sair de casa.

Briga com a Patricia. De novo.

É. E sabe o que resultaria em outra briga com a Patricia? A fuga. Por isso disse a Audrey que só ficaria um pouquinho.

Coloquei os sapatos de salto e sentei-me num banquinho perto do bar improvisado.

— Vai ficar bebendo ou vamos animar isso aqui? — Audrey me encarou.

— Só uma — prometi, tomando um copo de cerveja.

Eu não costumava beber, nem mesmo em festas de família, mas a coisa toda com Patricia realmente estava me tirando do sério.

Só tinha dois jeitos de esquecer: dormindo ou bebendo, e eu certamente não ia conseguir dormir ali.

Então virei o segundo copo. E o terceiro.

— Certo, Drey, vamos animar essa coisa — levantei-me e fomos dançar.

Dançamos umas seis músicas antes de eu declarar:

— Já volto, não estou me sentindo muito bem...

Sabe qual é o problema de nunca beber? Você não sabe se tem pouca tolerância a alcool ou não. E com a minha sorte...

Eu estava indo tomar um ar quando tropecei em uma figura.

— Ei, olhe por onde anda — uma garota morena que eu não conhecia revirou os olhos, ríspida.

Quando fui tentar responder, vomitei no pé dela.

Heath

Por sorte, a tal festa podia ser ouvida da altura em que eu estava, sem que eu sequer estivesse perto.

Desci e guardei as asas, vestindo a jaqueta de couro para esconder os dois rasgos que elas faziam na parte de trás da minha camisa quando eu as estendia.

Quase na porta, ouvi:

— Ei, olhe por onde anda!

Entrei no exato momento em que Serena Argent vomitou no pé de uma garota. Por sorte — ou não —, estavam afastadas da festa, então ninguém viu.

Mas a tal garota pulou em cima dela e parecia bem a fim de uma briga de gato.

Não no meu turmo, colega.

Corri para afastá-las. Segurei a morena, pressionando suas costas contra o meu peito.

— Calma, isso realmente não é necessário... — tentei.

— Faz ideia de quanto custa um Louboutin?! — ela cerrou os dentes, apontando para o sapato.

— Na verdade, não.

— É bem caro — comentou Serena.

— Argent, cale a boca. É para o seu próprio bem — soltei a outra garota e segurei o pulso de Serena. — Vem, temos que dar o fora daqui.

— Droga, não! Sai daqui!

Levei-a até o gramado da frente da casa.

— Você vai para casa — bufei, arrastando-a.

— Pare de soar como o meu pai, que inferno!

Encarei-a.

— Você está bêbada, não posso te deixar aqui.

— Eu estou bem.

Ergui uma sobrancelha e me aproximei.

— Meus lábios são beijáveis?

— São.

Afastei-me.

— Você está muito bêbada — declarei.

— E como planeja me levar para casa, Super Homem?

Eu não havia pensado nisso, mas não deixei transparecer. Merda. Merda. Merda.

— Assim — segurei-a pela cintura e voamos, enquanto eu rezava para que ela estivesse bêbada demais para se lembrar disso depois.

Chegamos à casa dela rapidamente. Abri a janela e a coloquei na própria cama.

— Aqui, tome — dei a ela um copo d'água. Era isso o que faziam com gente bêbada? Acho que sim.

Nunca bebi. Não tem cerveja no Céu.

— Você acha que é o quê, meu anjo da guarda? — ela me encarou.

— Sim. Na verdade, é exatamente isso que eu acho — disparei. Foi quando percebi que ela havia caído no sono. — Boa noite, Serena Argent. — suspirei e deixei o quarto dela (lembrando de trancar a janela).

Serena

— Serena, acorde. Acorda! — meu irmão berrou, me jogando para fora da cama no dia seguinte.

— Tive um sonho estranho — comentei. — Merda, que dor de cabeça.

— Quer dizer, ressaca? — ele ergueu uma sobrancelha. — Não se preocupe, não vou contar para a mamãe.

— Contar o quê? — disse eu com falsa inocência.

— Certo — ele sorriu, deixando claro que não acreditava em mim, e saiu do quarto.

Não me lembrava de muita coisa do sonho. Só... Bebida. Asas. E Heath Seeler. Por que diabos meu subconsciente resolveu sonhar com Heath Seeler?! Ainda mais em Heath Seeler com asas. Demônios têm asas, por acaso?

Vesti-me rapidamente e fui a pé até o colégio. Em algum momento antes da primeira aula, meu olhar cruzou com o de Heath, e mais imagens do sonho apareceram.

Felizmente, ele parecia querer olhar para mim tanto quanto eu queria olhar para ele, então apenas desviou o olhar, mas parecia preocupado.

Heath Seeler preocupado? Essa é boa.

— Serena! — Audrey veio até mim e me deu um longo abraço. — Graças a Deus você está bem! Você sumiu ontem da festa! Como voltou para casa?

— Eu... não sei — respondi, sincera. Como eu podia não me lembrar de como acordei na minha cama? O pânico me invadiu, mas tentei reprimi-lo.

— Como assim, não se lembra? Argent, pode ter sido qualquer um! Qualquer aproveitador, ou sei lá...

— Na verdade, fui eu — disse Heath atrás de mim. Ele estava brincando, não estava? Seu sorriso nervoso dizia que não. — Não se lembra? Você me pediu uma carona.

Audrey me encarou como se eu tivesse acabado de dizer que tinha agarrado o Heath, e que ela aprovava totalmente.

Certo, como se isso fosse acontecer.

Quando o sinal da primeira aula bateu, puxei Heath pela jaqueta.

— Eu nunca te pediria uma carona. Não importa o quão bêbada estivesse.

Heath olhou em volta para se certificar de que ninguém estava escutando.

— Tudo bem. Você não pediu. Mas estava muito mal, e eu te levei até a sua casa.

— Como? Bateu na porta?

— Você entrou pela janela do seu quarto. Eu te dei um copo d'água e saí. Pode olhar, se não acredita em mim. E tranquei a sua janela.

— Eu me lembro.

Eu podia jurar que ele começou a suar frio.

— Você... se lembra?

— É, mais ou menos. Tive um sonho estranho depois. Acho que estou misturando tudo.

— Por que o sonho era estranho?

— É que você tinha asa... — parei de falar. — Por que estou te contando isso? Vá se ferrar. Estou atrasada.

Heath

É que você tinha asa...

As palavras retumbaram em minha cabeça a manhã inteira. Eu fora idiota em pensar que ela não ia se lembrar? Droga, aquela garota não fazia nada direito! Nem ao menos ficar bêbada!

Ou, pior — mas eu não queria pensar nessa possibilidade —, eu não fazia nada direito.

E não era só sobre mim. Era sobre Damien, e sobre Serena também. Por mais que a detestasse, não queria vê-la morta.

Ao menos, não muito. Certo! Apenas não o suficiente.

Ainda.

Merda, Heath.

O terceiro período — natação — pareceu demorar uma eternidade para chegar. E, quando chegou, eu apareci na hora. Apareci, mesmo. Até antes da professora entrar no complexo da piscina. Tive tempo de me trocar, colocar a bermuda.

Mas adivinhe quem não chegou na hora? Minha melhor amiga, Serena Argent.

Depois de alguns minutos, a preocupação me invadiu. Ela nunca se atrasava.

— Treinadora Foster — corri até a treinadora depois de atravessar a piscina em nado borboleta. Afastei os cabelos molhados do rosto. — A senhorita viu a Argent?

— Ah, ela foi dispensada. Disse que não estava se sentindo bem.

— Eu odeio aquela garota! Odeio!

Corri para fora do vestiário. Consegui fugir da escola pelos fundos, e logo abri as asas e tomei altitude. Pelo menos estava sem camisa, o que poupou mais uma camisa de ser rasgada.

Até que começou a chover. Quando ouvi um trovão, logo desci. Afinal, não estava muito a fim de ser acertado por um raio. Então apenas saí correndo descalço pela calçada.

Encontrei-a depois de alguns minutos, se preparando para atravessar a rua. No sinal vermelho. Seu cabelo louro caía nos olhos por causa da ventania e da chuva, e ela mal enxergava. Tentava usar sua bolsa como guarda-chuva, mas já estava ensopada.

Corri até ela e a segurei antes que fosse atropelada, levando-a de volta para a calçada.

— Que merda, me solte! — gritou, e, pela raiva em sua voz, tive certeza de que ela sabia que era eu.

— Cale a boca! — disparei, cerrando os dentes. — Uma vez na vida, cale essa porra de boca!

Arrastei-a até o estacionamento coberto de um restaurante ali do lado. Peguei duas toalhas e entreguei uma a ela.

— Por que você está só de bermuda? — ela ergueu uma sobrancelha.

Um "Obrigada, Heath" era demais para pedir? Era algum absurdo? Ia doer muito?

— Porque eu estava me preparando para o dilúvio do fim do mundo. — retruquei. — Você ia ser atropelada! E não seria a primeira vez que seria quase atropelada, sabe disso? Porque eu sei muito bem! E qual a sua desculpa?! A chuva? Me poupe! Olhe o meu estado! Eu fugi da escola e corri até aqui, apenas porque Vossa Alteza resolveu sair sem avisar! E, oh, resolveu ser atropelada no caminho, quão legal é isso? — meu sorriso devia parecer um pouco maníaco naquele momento. — Bêbada em uma festa? Tudo bem! Estúpido, mas acreditei que você tivesse alguma razão, sei lá. Mas você, sinceramente, não é capaz de checar se a porra do semáforo está vermelho?!

Acho que eu nunca havia dito um palavrão perto dela, e todos aqueles "porra" a estavam assustando. Eu não costumava falar tantos assim, na verdade, mas aquela maldita me tirava do sério.

Foi só quando vi a expressão no rosto dela que me dei contas de o que diabos tinha falado.

— Não fale assim comigo! — ela gritou, fazendo soar como se eu fosse o culpado. Como sempre. — Não é da sua conta se eu morro ou não! Você não é meu pai, nem meu irmão, então por que se importa tanto?!

Dei um passo a frente, ficando tão próximo dela que podia sentir seu hálito. Encarei-a o mais fundo que consegui.

— Eu realmente não me importo. Mas, o caso é que eu sou a única coisa entre você e a morte iminente. E você é a única coisa entre eu e o Inferno — suspirei. — Então, basicamente, nós precisamos um do outro aqui, está bem?


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