Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina
Notas iniciais do capítulo
Caaara, que reviews divos ♥ ♥ Eu adoro que vocês realmente participem da história, e já sinto as leitoras voando no Heath, haushaush
Enfim. Resolvi postar esse capítulo bem rápido porque... Sei lá. Não aguentei. Espero que gostem e me contem o que estão achando :33
Serena
— Tá, Audrey, já estou indo — falei ao telefone enquanto acabava de colocar um brinco. Abri a janela do quarto e, com os sapatos de salto em uma das mãos, pulei no quintal.
Quem é sedentária agora, Seeler?, pensei, pulando a pequena cerca e correndo pela calçada. Encontrei o carro de Audrey na esquina. Ela destravou as portas e, no exato momento em que sentei no banco do passageiro, começou a reclamar por eu estar atrasada.
— Droga, escapar daquela casa não é tão simples assim, sabia? — ergui uma sobrancelha. — Liga logo essa coisa.
Chegamos à casa de Chase depois de uns vinte minutos. Eu nem queria estar naquela droga de festa, mas precisava sair de casa.
Briga com a Patricia. De novo.
É. E sabe o que resultaria em outra briga com a Patricia? A fuga. Por isso disse a Audrey que só ficaria um pouquinho.
Coloquei os sapatos de salto e sentei-me num banquinho perto do bar improvisado.
— Vai ficar bebendo ou vamos animar isso aqui? — Audrey me encarou.
— Só uma — prometi, tomando um copo de cerveja.
Eu não costumava beber, nem mesmo em festas de família, mas a coisa toda com Patricia realmente estava me tirando do sério.
Só tinha dois jeitos de esquecer: dormindo ou bebendo, e eu certamente não ia conseguir dormir ali.
Então virei o segundo copo. E o terceiro.
— Certo, Drey, vamos animar essa coisa — levantei-me e fomos dançar.
Dançamos umas seis músicas antes de eu declarar:
— Já volto, não estou me sentindo muito bem...
Sabe qual é o problema de nunca beber? Você não sabe se tem pouca tolerância a alcool ou não. E com a minha sorte...
Eu estava indo tomar um ar quando tropecei em uma figura.
— Ei, olhe por onde anda — uma garota morena que eu não conhecia revirou os olhos, ríspida.
Quando fui tentar responder, vomitei no pé dela.
Heath
Por sorte, a tal festa podia ser ouvida da altura em que eu estava, sem que eu sequer estivesse perto.
Desci e guardei as asas, vestindo a jaqueta de couro para esconder os dois rasgos que elas faziam na parte de trás da minha camisa quando eu as estendia.
Quase na porta, ouvi:
— Ei, olhe por onde anda!
Entrei no exato momento em que Serena Argent vomitou no pé de uma garota. Por sorte — ou não —, estavam afastadas da festa, então ninguém viu.
Mas a tal garota pulou em cima dela e parecia bem a fim de uma briga de gato.
Não no meu turmo, colega.
Corri para afastá-las. Segurei a morena, pressionando suas costas contra o meu peito.
— Calma, isso realmente não é necessário... — tentei.
— Faz ideia de quanto custa um Louboutin?! — ela cerrou os dentes, apontando para o sapato.
— Na verdade, não.
— É bem caro — comentou Serena.
— Argent, cale a boca. É para o seu próprio bem — soltei a outra garota e segurei o pulso de Serena. — Vem, temos que dar o fora daqui.
— Droga, não! Sai daqui!
Levei-a até o gramado da frente da casa.
— Você vai para casa — bufei, arrastando-a.
— Pare de soar como o meu pai, que inferno!
Encarei-a.
— Você está bêbada, não posso te deixar aqui.
— Eu estou bem.
Ergui uma sobrancelha e me aproximei.
— Meus lábios são beijáveis?
— São.
Afastei-me.
— Você está muito bêbada — declarei.
— E como planeja me levar para casa, Super Homem?
Eu não havia pensado nisso, mas não deixei transparecer. Merda. Merda. Merda.
— Assim — segurei-a pela cintura e voamos, enquanto eu rezava para que ela estivesse bêbada demais para se lembrar disso depois.
Chegamos à casa dela rapidamente. Abri a janela e a coloquei na própria cama.
— Aqui, tome — dei a ela um copo d'água. Era isso o que faziam com gente bêbada? Acho que sim.
Nunca bebi. Não tem cerveja no Céu.
— Você acha que é o quê, meu anjo da guarda? — ela me encarou.
— Sim. Na verdade, é exatamente isso que eu acho — disparei. Foi quando percebi que ela havia caído no sono. — Boa noite, Serena Argent. — suspirei e deixei o quarto dela (lembrando de trancar a janela).
Serena
— Serena, acorde. Acorda! — meu irmão berrou, me jogando para fora da cama no dia seguinte.
— Tive um sonho estranho — comentei. — Merda, que dor de cabeça.
— Quer dizer, ressaca? — ele ergueu uma sobrancelha. — Não se preocupe, não vou contar para a mamãe.
— Contar o quê? — disse eu com falsa inocência.
— Certo — ele sorriu, deixando claro que não acreditava em mim, e saiu do quarto.
Não me lembrava de muita coisa do sonho. Só... Bebida. Asas. E Heath Seeler. Por que diabos meu subconsciente resolveu sonhar com Heath Seeler?! Ainda mais em Heath Seeler com asas. Demônios têm asas, por acaso?
Vesti-me rapidamente e fui a pé até o colégio. Em algum momento antes da primeira aula, meu olhar cruzou com o de Heath, e mais imagens do sonho apareceram.
Felizmente, ele parecia querer olhar para mim tanto quanto eu queria olhar para ele, então apenas desviou o olhar, mas parecia preocupado.
Heath Seeler preocupado? Essa é boa.
— Serena! — Audrey veio até mim e me deu um longo abraço. — Graças a Deus você está bem! Você sumiu ontem da festa! Como voltou para casa?
— Eu... não sei — respondi, sincera. Como eu podia não me lembrar de como acordei na minha cama? O pânico me invadiu, mas tentei reprimi-lo.
— Como assim, não se lembra? Argent, pode ter sido qualquer um! Qualquer aproveitador, ou sei lá...
— Na verdade, fui eu — disse Heath atrás de mim. Ele estava brincando, não estava? Seu sorriso nervoso dizia que não. — Não se lembra? Você me pediu uma carona.
Audrey me encarou como se eu tivesse acabado de dizer que tinha agarrado o Heath, e que ela aprovava totalmente.
Certo, como se isso fosse acontecer.
Quando o sinal da primeira aula bateu, puxei Heath pela jaqueta.
— Eu nunca te pediria uma carona. Não importa o quão bêbada estivesse.
Heath olhou em volta para se certificar de que ninguém estava escutando.
— Tudo bem. Você não pediu. Mas estava muito mal, e eu te levei até a sua casa.
— Como? Bateu na porta?
— Você entrou pela janela do seu quarto. Eu te dei um copo d'água e saí. Pode olhar, se não acredita em mim. E tranquei a sua janela.
— Eu me lembro.
Eu podia jurar que ele começou a suar frio.
— Você... se lembra?
— É, mais ou menos. Tive um sonho estranho depois. Acho que estou misturando tudo.
— Por que o sonho era estranho?
— É que você tinha asa... — parei de falar. — Por que estou te contando isso? Vá se ferrar. Estou atrasada.
Heath
É que você tinha asa...
As palavras retumbaram em minha cabeça a manhã inteira. Eu fora idiota em pensar que ela não ia se lembrar? Droga, aquela garota não fazia nada direito! Nem ao menos ficar bêbada!
Ou, pior — mas eu não queria pensar nessa possibilidade —, eu não fazia nada direito.
E não era só sobre mim. Era sobre Damien, e sobre Serena também. Por mais que a detestasse, não queria vê-la morta.
Ao menos, não muito. Certo! Apenas não o suficiente.
Ainda.
Merda, Heath.
O terceiro período — natação — pareceu demorar uma eternidade para chegar. E, quando chegou, eu apareci na hora. Apareci, mesmo. Até antes da professora entrar no complexo da piscina. Tive tempo de me trocar, colocar a bermuda.
Mas adivinhe quem não chegou na hora? Minha melhor amiga, Serena Argent.
Depois de alguns minutos, a preocupação me invadiu. Ela nunca se atrasava.
— Treinadora Foster — corri até a treinadora depois de atravessar a piscina em nado borboleta. Afastei os cabelos molhados do rosto. — A senhorita viu a Argent?
— Ah, ela foi dispensada. Disse que não estava se sentindo bem.
— Eu odeio aquela garota! Odeio!
Corri para fora do vestiário. Consegui fugir da escola pelos fundos, e logo abri as asas e tomei altitude. Pelo menos estava sem camisa, o que poupou mais uma camisa de ser rasgada.
Até que começou a chover. Quando ouvi um trovão, logo desci. Afinal, não estava muito a fim de ser acertado por um raio. Então apenas saí correndo descalço pela calçada.
Encontrei-a depois de alguns minutos, se preparando para atravessar a rua. No sinal vermelho. Seu cabelo louro caía nos olhos por causa da ventania e da chuva, e ela mal enxergava. Tentava usar sua bolsa como guarda-chuva, mas já estava ensopada.
Corri até ela e a segurei antes que fosse atropelada, levando-a de volta para a calçada.
— Que merda, me solte! — gritou, e, pela raiva em sua voz, tive certeza de que ela sabia que era eu.
— Cale a boca! — disparei, cerrando os dentes. — Uma vez na vida, cale essa porra de boca!
Arrastei-a até o estacionamento coberto de um restaurante ali do lado. Peguei duas toalhas e entreguei uma a ela.
— Por que você está só de bermuda? — ela ergueu uma sobrancelha.
Um "Obrigada, Heath" era demais para pedir? Era algum absurdo? Ia doer muito?
— Porque eu estava me preparando para o dilúvio do fim do mundo. — retruquei. — Você ia ser atropelada! E não seria a primeira vez que seria quase atropelada, sabe disso? Porque eu sei muito bem! E qual a sua desculpa?! A chuva? Me poupe! Olhe o meu estado! Eu fugi da escola e corri até aqui, apenas porque Vossa Alteza resolveu sair sem avisar! E, oh, resolveu ser atropelada no caminho, quão legal é isso? — meu sorriso devia parecer um pouco maníaco naquele momento. — Bêbada em uma festa? Tudo bem! Estúpido, mas acreditei que você tivesse alguma razão, sei lá. Mas você, sinceramente, não é capaz de checar se a porra do semáforo está vermelho?!
Acho que eu nunca havia dito um palavrão perto dela, e todos aqueles "porra" a estavam assustando. Eu não costumava falar tantos assim, na verdade, mas aquela maldita me tirava do sério.
Foi só quando vi a expressão no rosto dela que me dei contas de o que diabos tinha falado.
— Não fale assim comigo! — ela gritou, fazendo soar como se eu fosse o culpado. Como sempre. — Não é da sua conta se eu morro ou não! Você não é meu pai, nem meu irmão, então por que se importa tanto?!
Dei um passo a frente, ficando tão próximo dela que podia sentir seu hálito. Encarei-a o mais fundo que consegui.
— Eu realmente não me importo. Mas, o caso é que eu sou a única coisa entre você e a morte iminente. E você é a única coisa entre eu e o Inferno — suspirei. — Então, basicamente, nós precisamos um do outro aqui, está bem?
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