Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 25
Capítulo 25 - Salvem as lagartas lésbicas e a Argent


Notas iniciais do capítulo

Já estavam sentindo falta dos nomes de capitulo totalmente O_o ?
Eu também. Hue.
Outra coisa... A Americana do Sul, que acompanha a fic, me mostrou uma música do The Click Five chamada Angel To You (Devil To Me), e falou que lembrou da fic quando ouviu.
E tipo
NA MORAL
É MUITO HEATH/SERENA/CHAD
OUÇAM

NA MORAL
"I heard a voice when she called my name
(suddenly)
I knew my life was gonna change

Well she's hotter than hell
And she's cool as they come
And she's smart and she's wild
All rolled into one
Ya you say I'm the guy that you wish you could be
It's not easy to see
That she's an angel to you
But she's a devil to me"



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Heath

Meu primeiro pensamento ao acordar foi: "Cara, como eu odeio a minha vida", o que não foi lá muito animador.

Serena caminhou até em casa no sábado. Basicamente uma hora e meia, de salto. Encontrei-a sentada numa cadeira no jardim, ainda com os pés num balde de água quente na segunda-feira.

— Você é como uma versão britânica de Gossip Girl — foi meu cumprimento matinal. — Exceto pelo fato de a Blake Lively ser mais gostosa e falar bem menos.

— Eu normalmente começaria um discurso feminista, mas realmente não dou a mínima para o que você acha.

— Talvez esteja tão concentrada me comendo com os olhos que sequer consiga dizer alguma coisa.

Ela não pareceu perceber que realmente estava fazendo isso de forma perceptível até eu dizer. Então apenas contentou-se em me fuzilar.

— Vá colocar uma camisa, Seeler — pediu ela, voltando a olhar para os próprios pés.

— Pode ser a que você está usando? Eu não me importaria.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Você está engraçado hoje, Anjinho. Não é? — ela abriu um sorriso amarelo, debochada.

— Gosto de pensar que me supero a cada dia.

Serena bufou e, sem se levantar, enganchou o próprio pé no balde cheio d'água e atirou-o em mim, me ensopando.

— Agora você pediu — corri até ela, que se levantou e começou a correr para o lado contrário.

Não era novidade que eu era um pouco (muito) mais rápido do que ela, então alcancei-a rapidamente.

— Vem cá — abracei-a, molhando-a também.

— Filho da mãe!

— Como é que é? Eu ainda nem comecei — segurando-a com apenas uma mão, estiquei o outro braço para pegar a mangueira que os Stewart usavam para lavar a calçada. E então liguei o jato e soltei-a.

E então virou Tiro Ao Alvo, com pontos extras se eu acertasse o cabelo louro.

— Ótimo jeito de conquistar uma garota, Seeler! — ela provocou, tentando usar o balde para não ser acertada pelo jato d'água.

— Está brincando?! Isso é tão legal quanto beijar você! — provoquei de volta, mudando a direção do esguicho rapidamente, de modo que acertei sua blusa.

— É mesmo? — ela soltou o balde e caminhou lentamente até mim, sem desviar os olhos. Ficou na ponta dos pés e, quando estávamos a apenas poucos centímetros um do outro... Ela roubou a mangueira. — Otário! — riu consigo mesma, me molhando.

Tomei a mangueira de volta e a coloquei acima de nossas cabeças, onde ela não alcançava.

— Pense nisso como um beijo na chuva — falei, e depois beijei-a. Quando nos separamos, sussurrei: — Cara, deveríamos beijar na chuva mais vezes.

Ela revirou os olhos.

— Só estou feliz por você não ter feito nenhuma piada relacionada a mangueiras.

— Tenho algumas em mente, quer ouvir?

— Cale a boca — ela franziu o cenho e me beijou novamente. — Mas pode tirar essa coisa de cima da gente? — Fiz isso, jogando a mangueira no chão. — Obrigada — e então voltou ao beijo.

Estamos atrasados! Vamos, vamos!

Nunca fiquei tão irritado por ouvir a voz de Damien. Ele pegou a mangueira e mirou na minha bunda.

— Que maduro, Gull! — reclamei, me afastando.

— Hã... Eu tenho que me trocar — defendeu Serena, encarando Damien.

— Não, não tem. Você tem prova de História na primeira aula — ele a encarou. — É, eu chequei. Vamos.

Serena

Passei o caminho todo em um silêncio tão profundo que pude perceber Heath e Damien se entreolhando constantemente e olhando para trás para conferir se eu ainda estava viva.

— Estou com frio — resmunguei só para não perder o costume.

— Isso é perfeitamente comum, você está na Inglaterra — retrucou Damien.

Heath riu.

— Eu te daria minha jaqueta se estivesse com ela, mas não estou nem com a minha camisa, então sinto muito.

Assenti, bufando. Quando chegamos à escola, eu arrastei Heath pelo corredor.

— Aonde vamos?

— Tem um secador de cabelo no vestiário feminino.

— Aprendeu isso depois daquele dia no vestiário?

Escondi um sorriso.

— Talvez.

Corremos até lá. Como a aula de natação do primeiro ano era só no terceiro período, não tinha ninguém. Peguei o secador.

— Vire de costas — pedi.

— Por quê?

— Porque eu estou mandando, Seeler — falei. Ele ergueu uma sobrancelha. — Vou secar a minha blusa, e isso fica bem mais fácil se eu não estiver usando-a.

— Não é como se eu nunca tivesse visto você de sutiã.

Fuzilei-o.

— Vire-se.

Ele riu com o meu desconforto, mas se virou. Tirou a camisa e começou a torcê-la. Tirei a blusa e comecei a secá-la no secador.

Basicamente um segundo depois, a coordenadora entrou no vestiário. Que beleza.

— Se esconda! — sussurrei, empurrando Heath até atrás de algum armário. — Ah, bom dia, senhora Branfield!

A mulher estreitou os olhos.

— Argent, o que diabos está fazendo seminua aqui?

— Estou... secando a minha blusa, como a senhora pode ver. Derrubei água nela.

— Muita água, pelo jeito.

— Exatamente.

Foi quando ouvimos um barulho vindo do fundo do vestiário. Eu nunca havia sentido tanta vontade de esganar Heath. A coordenadora me encarou.

— Que barulho foi esse?

— Que barulho?

Ela bufou e caminhou rapidamente até o lugar exato onde Heath estava escondido. E o maldito não teve nem a ideia de colocar a camisa.

Certo, se eu encontrasse dois adolescentes seminus em um vestiário vazio, também pensaria besteira. Mas a sra. Branfield não precisava nos arrastar sem camisa até a sala dela. Nisso, todos os alunos que haviam chegado mais cedo estavam me vendo de sutiã. Eu queria fingir que estava tudo bem, mas estava muito desconfortável. Muito desconfortável. Mas era orgulhosa o suficiente para apenas seguir a diretora como se nada tivesse acontecido.

Heath estava dividido entre me lançar um olhar que dizia claramente "HAHAHAHAHAHA" e se controlar por medo de morrer. Bom mesmo. As garotas cheias de hormônios da escola comiam Heath com os olhos, e eu estava dando meu máximo para parecer indiferente tanto à cena quanto a Heath.

Tipo, um anjo lindo estava sem camisa ao meu lado sorrindo para mim. E daí?

— Eu quero falar com o Rick — disse eu quando chegamos à coordenação.

A sra. Branfield me fitou, desconfiada.

— Por quê?

— Porque... sim.

— Argent, eu vou resolver isso e pronto.

Bem, tentei.

Sentamo-nos na sala dela. Ela passou um longo minuto nos encarando.

— Quero saber exatamente o que aconteceu.

— Quer dizer, em detalhes? — Heath abriu um sorriso malicioso.

Dei um tapa nele.

— Seeler, não inventa.

— Srta. Argent!

— Alguém precisava tirar esse sorriso da cara dele! Eis o que aconteceu — fitei-a. — Estávamos em casa. Aí a mangueira do jardim estourou enquanto Heath mexia nela e molhou a gente. Damien nos arrastou para a escola antes que pudéssemos nos trocar e eu me lembrei do secador no vestiário.

Não era totalmente verdade. Nem totalmente mentira.

— Muito bem. Mas quero que saiba que é totalmente inaceitável para uma garota ficar nas suas condições atuais de vestimenta em um espaço público.

— Uhum.

— Sr. Seeler, pode ir, eu quero conversar com a srta. Argent.

— COMO É?! Seeler, não ouse levantar dessa cadeira!

— Sr. Seeler, está dispensado.

Heath, que já estava a ponto de se levantar, sentou-se novamente.

— Sinto muito, sra. Branfield, mas tenho mais medo da Argent do que da senhora.

Fuzilei a coordenadora.

— Não sei se a senhorita notou, mas o queridinho Seeler também estava sem camisa.

— Mas esse é um caso totalmente diferente, srta. Argent.

— Por quê?! Até onde estou vendo, estou usando mais roupa do que ele.

— Isso é meio que verdade — ele defendeu.

— Mas a senhorita é uma... — a voz da mulher falhou.

— Uma o quê? — eu tinha um sorriso divertido nos lábios. — Diga.

— Dizer o quê? — Comece o seu discurso machista, para que eu possa começar meu discurso feminista, ganhar essa discussão e voltar para a aula.

— Isso não vai acontecer.

— Como quiser. Eu me recuso a ser punida por algum código social machista, obrigada.

— Eu não vou discutir o que acredito com a senhorita, Argent. Quanto ao senhor, sr. Seeler... — ela encarou Heath. — Continuou aqui mesmo depois de minha dispensa. Eu quero saber exatamente qual é a relação entre vocês dois.

Eu não teria problemas em responder aquela pergunta, se soubesse a resposta.

— Você não pode perguntar isso! É algo pessoal, não cabe ao colégio — argumentei.

— Cabe, sim, quando os alunos expressam isso dentro do ambiente escolar.

— Não expressamos droga nenhuma, foi a senhora que me fez vir até aqui de sutiã.

— Bem, não fui eu quem tirou a sua blusa.

— Não fale assim com ela — Heath me defendeu, o que, admito, foi uma surpresa. Tanto para mim quanto para a sra. Branfield. — Nós não fizemos nada que a senhora consideraria inadequado. Foi apenas um incidente infeliz, e só usamos o secador para poder estar em condições apresentáveis para a aula. Caso contrário, acabaríamos aqui do mesmo jeito porque eu duvido que um professor fosse nos deixar entrar encharcados na aula. Sentimos muito se lhe causamos qualquer desconforto, está bem?

— Considerando que o senhor é um aluno de intercâmbio, e a senhorita possui médias excelentes, vou deixar isto como um aviso. Mas ligarei para suas mães.

— Minha mãe está em uma cidadezinha onde não pega celular — defendi.

— Ela volta quando?

— Em dois meses.

— Minha mãe está na América — disse Heath.

A sra Branfield bufou.

— Vão logo para a aula. Mas antes...

Ela abriu seu armário e nos jogou duas camisetas tamanho GG. Na minha estava escrito "SALVEM AS SALAMANDRAS GIGANTES DA CHINA", e na de Heath "SALVEM AS LAGARTAS LÉSBICAS".

— Ah, já ouvi falar delas — disse Heath. — Moram nos desertos dos Estados Unidos.

Eu encarei-o, tipo, "Sério mesmo?". Colocamos as camisetas e demos o fora dali.

* * *

— Ah, srta. Argent! — a sra. Sidney sorriu para mim quando cheguei à classe. — Você não morre mais!

— Como é?

— Estávamos mesmo comentando sobre a senhorita!

"Você não morre mais". As pessoas ainda falavam aquilo?!

— Estavam, é? — entreguei-lhe o papel assinado pela coordenadora autorizando que eu assistisse a aula mesmo atrasada.

— Bela camiseta — algum garoto cujo nome eu não fizera questão de aprender sorriu.

— Verdade, eu não sabia que a senhorita era tão engajada em causas ambientais! — a sra. Sidney parecia feliz com a ideia.

Ha. Ha.

— Claro, meio ambiente em primeiro lugar — resmunguei, me sentando.

* * *

— Cara, a Leslie Hills e as outras te odeiam agora! — Audrey veio toda feliz me dizer no intervalo entre as aulas.

— Elas já não... Hum... Me odiavam?

— Mas agora elas te odeiam mesmo!

— Por quê?

— Porque todos os caras da escola só falam em você, é claro.

Bufei.

— Ah, quer dizer que eu sou o pensamento de todos os punheteiros dessa escola agora? Que ótimo. Meu sonho.

— Ah, claro, e tem a coisa toda com o Heath também. Um monte de conversas do tipo O que ela tem que eu não tenho?

— Hmmm... Cabelo natural. Média A. Uma camiseta sobre salamandras gigantes da China e... — pensei por um segundo. — Ah, já sei! Neurônios.

Audrey riu.

— Afinal, o que aconteceu no vestiário?

— Cara, você acredita se eu disser nada?

— Talvez. É verdade?

— Juro para você.

Audrey bocejou.

— As versões que estão rolando por aí são muito mais legais. Sabe, tipo fanfics de alguma série. Os ships são sempre mais emocionantes.

Revirei os olhos.

— Vamos logo para a aula.

Heath

Depois de muitas perguntas de caras idiotas que achavam que tinham alguma chance com a Serena, o intervalo finalmente chegou. Mas não foi um intervalo no meu envolvimento constante na vida da Serena, porque tal intervalo simplesmente não existia.

Cara, você viu que gostosa?! Sempre soube que ali tinha coisa, mas Jesus — um cara do terceiro ano riu com os amiguinhos. — Bendita seja a Branfield por ter encontrado os dois. Aposto que a Argent faz direito. Vou me lembrar de perguntar ao babaca do Seeler.

Foi involuntário. Eu simplesmente grudei o cara na parede, me segurando para não enforcá-lo.

— Repita — rosnei.

— Eu não quis dizer que você é babaca, só que...

— Não, foda-se isso, eu sou babaca mesmo — revirei os olhos. — Estou falando do que disse sobre a Argent.

— Está brincando.

Bati no armário a um milímetro da cabeça dele. Um estrondo soou.

— Repita, seu escroto!

— Eu sempre soube que a Argent era louca, mas não sabia que ela era do tipo que se escondia seminua num vestiário. Aposto que você já a viu nua muitas vezes, não é? Aposto que muitos caras da escola já viram — ele inspirou o ar. — Sente esse cheiro? É o cheiro de Seeler, todo mundo sabe que você é o cachorrinho mandado da Argent, agora me solte.

— Em um momento — sorri.

E então meti-lhe um soco na boca. E mais um. E mais um. E provavelmente teria dado o quarto, não fosse o berro:

HEATH JAMES SEELER!

— Como diabos você sabe meu nome do meio?! — encarei a sra. Branfield.

— SOLTE O SR. FAIRCHILD AGORA MESMO!

Soltei. O garoto caiu no chão, com falta de ar.

— Qual é — revirei os olhos. — Ele está fingindo. Eu acertei a boca, e não pulmão. Quem sabe assim ele pare de falar o que não deve.

— Phillip tem crises de pânico, Seeler!

— Ah, tá. Eu não... Érrr... Sinceramente? Ele mereceu.

A sra. Branfield nos encarou.

— Minha sala. Os dois.

— Já que vou para lá mesmo, posso dar mais um soco?

— Não!

— Só mais um!

— Seeler, agora ou eu te deporto de volta para o seu país!

— Está soando como a Argent — bufei e acompanhei-a.

Serena

Eu estava calmamente comendo um pão de queijo no intervalo com Audrey quando vi três figuras passando: Phillip Fairchild, a sra. Branfield e Heath. Heath sorria vitorioso e Phillip pressionava um papel cheio de sangue contra o lábio. O que será que poderia ter acontecido?

Meu Deus, que dúvida cruel. Eu não precisava dizer nada, Heath entendia meus olhares. Tudo bem? Ele deu de ombros e formou com os lábios Culpa sua. Ergui uma sobrancelha. Ele riu. Vejo você depois.

Heath

— Resumindo... — a sra. Branfield me encarou.

Estávamos sentados na sala dela, enquanto eu falava e Phillip choramingava como a linda corça que era.

— Resumindo, esse idiota aí ofendeu a Argent, e depois me ofendeu, e depois ofendeu a Argent de novo, e depois me ofendeu, e depois levou um belo soco — contei. — Perceba que ele teve bastante tempo para calar a boca.

— De qualquer forma, violência não é a resposta.

— A não ser que a pergunta seja "O que fazemos com um filho da mãe desses?", o que, no caso, é a pergunta. Além do mais, confie em mim, a senhora não ouviu as coisas que ele disse.

— Eu rastreei todo o seu histórico escolar, Seeler, e parece que o senhor nunca teve nenhum outro indício de comportamento violento. Levarei isso em consideração.

Bateram na porta. Serena abriu o suficiente para colocar sua cabeça.

— A senhora já deliberou?

— Bem... Vou pensar no caso. Estão dispensados.

Phillip ficou mais um tempo choramingando. Caminhei com Serena até o corredor ao lado.

— Alguém te disse o que aconteceu? — fitei-a, hesitante.

Serena assentiu lentamente, e então apenas me abraçou. O abraço mais sincero e longo de todos.

— Obrigada — ela disparou, mas o som foi abafado pelo abraço. Não importava. Eu ouvi. — Sabe, por fazer seu trabalho tão bem.

Soltei-a lentamente, rindo um pouco. Afastei uma mecha de seu cabelo do rosto. Mantive a outra mão em sua cintura.

— Quem liga para o trabalho?

E então beijei-a nos lábios. E por mais divertido que fosse socar a cara de Phillip, beijar Serena era muito melhor. Poderíamos ter ficado ali para sempre, não fosse:

Acho que isso define a relação entre vocês dois.

Aquela coordenadora trazia meus sentimentos psicopatas à tona.

—... Mentiram para mim sobre serem só amigos — ela estreitou os olhos. — Não sei mais se acredito no resto da história. Detenção. Duas semanas. Começando hoje.

— Já que insiste — Serena deu de ombros e me beijou novamente.

E eu amei-a por isso. A sra. Branfield bufou e saiu pisando duro.

Quando eu e Serena nos afastamos, passamos um longo minuto apenas olhando nos olhos um do outro. Ali, vulnerável e com aquela camiseta ridícula, ela estava tão linda que às vezes eu me esquecia de que eu era o anjo, e não ela.

— Contaram a você o que aquele idiota disse? — perguntei, sem desviar o olhar. Ela mordeu o lábio e, hesitante, assentiu. — Não é verdade, está bem? — reforcei. — Sabe disso.

— Na verdade, eu acho mesmo que você é um babaca.

— Certo, ele podia estar certo sobre mim, mas definitivamente não estava certo sobre você.

— Heath...

— Sim?

— Você é incrível — e me abraçou novamente.

— Quanto tempo até você voltar a ser a Argent ranzinza de sempre?

Ela riu.

— Não muito.

— Então pode dizer que eu sou incrível mais uma vez? Sabe, só para ficar marcado.

Ela me encarou.

— Não força.

— Tudo bem.

Ei, Seeler...

Phillip parou ao meu lado. Fuzilei-o.

— O que você quer?!

— Eu... Érrr... Sinto muito — ele desviou o olhar. — Eu não deveria ter dito aquilo. Sei disso.

— Vá se foder — soltei, sorrindo. — Felizmente para você, não é para mim que você precisa pedir desculpas.

Phillip engoliu em seco e se virou para Serena.

— Argent, eu... nem sei o que dizer. Fui um completo energúmeno, e eu entendo se você me odiar para sempre, mas eu realmente não acho que você seja nada daquilo que eu disse. O mesmo vale para você, Seeler. Se gosta mesmo dela, espero que sejam felizes.

— Como se eu precisasse da sua aprovação — disparei.

Para minha surpresa, Serena me censurou.

— Heath. Pare — ela se virou para Phillip. — Eu não odeio você. Todo mundo fala coisas que não devia às vezes. Só espero que você aprenda algo com isso e que não se repita. Sem ressentimentos. Certo, Seeler?

Assenti de má vontade. Quando Phillip estava se virando para ir embora (enquanto eu me perguntava quem diabos era aquela garota e o que ela fizera com a Argent), Serena chamou-o:

— Ei, Fairchild! — Ele se virou. — Se fizer uma merda dessas de novo, eu juro que arrebento a sua cara eu mesma.

Agora soava como a Argent. Phillip assentiu, hesitante, e saiu correndo.

— Idiota — ela suspirou.

— Serena, aquilo foi... Cara, aquilo foi quase gentil.

— Não força.

Eu ri e beijei sua testa quando o sinal tocou. Encaminhei-me para a aula, mesmo que não quisesse.

Serena

— Está percebendo todas as garotas te encarando? — Audrey sussurrou para mim na hora da saída.

— Isso é bom. Preciso de novos inimigos.

— Por quê?

Observei Heath passando pelo corredor. Ele demorou para perceber minha existência, o que me deu alguns segundos de vantagem para fitá-lo sem ser pega.

Quando me viu, abriu o maior dos sorrisos.

— Estou me apaixonando pelos antigos — suspirei, tentando desviar o olhar. Não consegui.

— Pronta para a detenção? — ele me ofereceu o braço.

Eu ri.

— Sempre! — enganchei seu braço no meu e caminhamos até a detenção.

* * *

— O que está fazendo? — Heath ergueu uma sobrancelha quando me viu imprimindo uma lista em casa.

— Não é óbvio? Imprimindo. Já andou de ônibus?

— Hã... Não.

— Vai andar agora. Vamos.

— Não vou a lugar algum.

Sorri.

— É mesmo? Porque eu acho que vai. Ou se esqueceu da aposta?

Ele abriu a boca e depois fechou. Por fim resmungou:

— Merda. Vamos o que, fazer compras? Assaltar um banco?

— Nada disso — fitei-o por um momento. — Vamos fazer uma pequena visita ao seu pai.


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Notas finais do capítulo

Quem viu essa chegando? HEHEHE