Todos almoçavam no salão principal, conversavam sobre algumas matérias. Harry convencia Hermione que o livro do “Príncipe Mestiço” não era nada de mais, apenas o livro de alguém que colocou dicas para o preparo das poções. Pela porta entra uma grande coruja-das-torres, voando perfeitamente sobre os alunos que a observavam, no bico um envelope muito bem fechado, do alto avistou a garota e pousou na sua frente.

–De quem é essa coruja? –Ronald pergunta enquanto Hermione pegava a carta de seu bico.

“Hermione,

Fiquei feliz com a noticia da visita à Hogsmeade, mas não sei se nos encontrarmos no caminho é uma boa ideia já que provavelmente Ronald estará com você. Acho melhor repensarmos em outro local. Enquanto ao “ciúme”... Acho melhor deixarmos esse assunto para outro momento.

Harry já deve estar cansado de emprestar sua coruja, e você deve estar se perguntando da onde apareceu essa linda ave que está na sua frente. Bem, agora essa coruja é sua, escolha um nome para ela e use-a para me enviar cartas, saberei que é você!

Só risquei o “amor”, pois achei um pouco cedo para usa-lo. Mas se preferir assim...

Com amor. F.W”

Hermione encara os amigos e guarda a carta em suas vestes.

–Estou tão surpresa quanto vocês, mas pelo que li essa coruja é minha. –Hermione acaricia a ave que logo voa em direção ao corujal.

Harry olha para a amiga com olhar cúmplice e sorri.

–Quem te mandou? –Ronald pergunta em meio a uma garfada.

–Um amigo, Ronald. –Hermione responde enquanto bebe seu suco.

–Aposto que foi aquele búlgaro. –Murmurou o ruivo. Hermione dá de ombros e continua a saborear sua refeição.

–Já decidiu o nome? –Pergunta.

–Ainda não sei, mas se quiser me dar alguma ideia. –Sorri para o amigo que assente. –Acxel.

–Criativo. –Ronald murmura.

Hermione e Harry dão de ombros, sabiam que o ruivo tinha certeza de que o presente havia sido de Krum, e não gostava nem um pouco da ideia da amiga trocar cartas com o búlgaro.

.....

Após o almoço o trio foi até o salão comunal da Grifinória para descansar por alguns momentos. Hermione, porém escrevia algo enquanto conversava com os amigos.

–Sério que vai responder a carta do búlgaro? –Ron perguntou irritado com toda a situação.

–Sim Ronald! Vou responder, mas não é para o “búlgaro”. –A garota diz já enrolando o pergaminho. –Se me dão licença, preciso ir ao corujal.

Levanta-se delicadamente e então se dirige até o corujal, primeiramente acaricia Acxel e lhe entrega o pergaminho enrolado.

–Entregue-a para Fred Weasley! –Disse para a coruja que com um piado alto e forte levantou voo. Ficou observando a ave pairando sobre o céu nublado. Alguns minutos depois seguiu para sua próxima aula. Lino contava piadas para algumas garotas no corredor, deu uma piscadela descarada para Hermione que acenou intrigada.

No fim da tarde o trio reuniu-se perto do lago negro, sentaram-se de baixo de um grande carvalho. Harry contava como andavam suas aulas particulares com Dumbledore que pareciam não surgir efeito algum no rapaz que andava cada vez mais impaciente. Hermione olhava para o céu nublado, o outono já havia entrado à cerca de um mês e o frio do inverno começava a aparecer. Durante o restante do dia Hermione não recebeu a resposta de Fred, pensou então no que havia escrito, será que falou de mais o nome de Ronald novamente? Não podia controlar, eram as únicas coisas que poderia contar para Fred. Cogitou a ideia de escrever outra carta e mandar desculpando-se, mas desistiu da ideia e se aconchegou em baixo de uma grossa camada de cobertas.

Era sábado, o vento lá fora estava frio e gelado. Havia começado a nevar, logo os jardins de toda Hogwarts estariam cobertos pela neve fofa. Levantou-se preguiçosa e cambaleou até o banheiro, onde deixou a água quente cair sobre seus ombros. Agasalhou-se e desceu para o salão principal onde se junto aos seus amigos que comiam.

–Estou ansioso. –Disse Ron. –Nosso primeiro jogo está chegando, vou me sair muito bem.

–Que ótimo Ron. –Hermione sorri para o amigo que sorri.

Durante o horário livre a maioria dos alunos encontrava-se no salão principal, Hermione revisava os trabalhos sobre Runas dos amigos. Logo o salão se encheu de corujas que soltavam embrulhos e pergaminhos para seus donos. Harry recebeu um exemplar do Profeta Diário, Ronald uma carta de sua mãe, contando o quanto sentia saudades e as poucas novidades. Hermione espera ansiosamente por Acxel, mas apenas esperou. De repente uma grande coruja cortou o ar com um piado alto, chamando-lhe atenção, soltou sobre Hermione um pergaminho perfeitamente enrolado.

–Uma coruja-orelhuda? –Ronald fala pensativo. –Quem que conhecemos tem uma coruja dessas?

–Alguém que Hermione conhece! –Retruca Harry lendo as manchetes.

–Provavelmente é a coruja do Krum. –Diz o ruivo.

–Por que implica tanto com Viktor? –A garota já irritada pergunta enquanto observa a majestosa coruja levantar voo.

–Porque acho essa sua amizade com ele muito estranha! –O ruivo responde encarando-a severamente.

–Somos apenas amigos a distancia! –Responde pomposa.

–Amigos que trocam cartas todos os dias? Você usava a coruja do Harry! –O ruivo diz indignado. –Não pense que não percebi!

–Harry me emprestou Edwiges, e agora tenho Acxel! –Hermione levanta o tom de sua voz, mas ainda somente para o amigo escutar. –E não lhe devo satisfação sobre com quem troco cartas!

A garota levanta-se fechando o livro com força retirando-se do salão, deixando o ruivo boquiaberto e ligeiramente irritado.

–Acho que você pegou pesado! –Harry diz sem dirigir o olhar para o amigo.

–Eu? Ela que saiu toda braba só porque falei a verdade sobre Krum. –Retruca o ruivo brincado com a carta em suas mãos.

–Na verdade Ron, a coruja do Krum é aquela! –Harry aponta para uma coruja que voava em círculos a procura de Hermione.

O ruivo produz um som como “Oh” e encara a coruja.

–Acho melhor desculpar-se com ela depois. –Harry diz apanhando o envelope que a coruja solta. –Vou entregar para ela!

Harry saí do salão, deixando Ronald sozinho.

.....

Hermione entrou em seu quarto irritada, apenas jogou sua capa sobre a cama e sentou-se na janela. Lembrou-se então do pergaminho e curiosa desenrolou a fita que o envolvia.

“Hermione,

Talvez esteja se perguntando de quem é essa coruja, pois bem, é minha! Achei interessante adquirir uma também, já que Acxel fica com você. A propósito, achei muito criativo o nome, alguma inspiração?

Bem, novamente te peço para que fale menos sobre Ronald, não aguento o fato dessa cabeça de cenoura poder ficar mais tempo com você do que eu. Estou contando os dias para te ver, e achei legal nos encontrarmos perto da casa dos gritos. Acredito que são poucos os estudantes que aparecem por lá, e sei que Ronald tem medo, Harry... Deve ter coisa melhor para fazer. Esperarei você lá, vá sozinha para podermos aproveitar mais. Sinto sua falta!

Com amor F.W”

Hermione sorriu e abraçou a carta.

–Também sinto sua falta! –Disse para si mesmo, tentando imaginar como seria o reencontro dos dois. Ouviu então a voz de Harry chamando-a, saiu do dormitório e encontrou o amigo perto da escada.

–Preciso descobrir como os gêmeos subiam! –Harry diz referindo-se a escada que virara uma rampa assim que pisou. Hermione ri e senta-se no sofá ao lado de Harry.

–A coruja de Krum apareceu assim que você saiu. –Harry lhe estendeu o envelope. –Ronald vai lhe pedir desculpas depois. –Sabendo como se enrolaria ao pedir desculpas os dois riem. –Aquela coruja é de Fred, não é?

–Sim. –Hermione diz olhando para a carta em seu colo.

–Vocês... Estão sérios nisso? –Pergunta o rapaz incomodado com a situação.

–Não sei explicar, estamos apenas conversando por cartas. Pode muito bem acontecer de reencontra-lo e perceber que não é aquilo, sabe? –Hermione suspira.

–Ele vai te encontrar em Hogsmeade? –Hermione assente. –Espero que esteja certa sobre ele! Você sabe, os gêmeos sempre foram dois dos mais disputados da escola

–Eu sei, mas estou com um bom pressentimento! –Hermione ri. –Pareço a Trelawney falando.

Harry assente e ri junto de Hermione.

Alguns dias depois Ronald se desculpara com a garota. Fred e Hermione trocavam cartas todos os dias, Ronald já não dava tanta importância para a coruja-orelhuda que chegava quase todos os dias. A semana se passava lentamente, quase uma tortura para Hermione.