Capítulo 1

- Desculpa não ter avisado antes querida - minha mãe sorria sem graça.

- Não, espera aí! Deixa eu entender direito a situação - eu me levantei bruscamente do sofá da sala - está dizendo que você vai ir morar com o seu namorado?

- Não, Sakura! Estou dizendo que nós vamos morar com o meu noivo - acho que eu vou desmaiar agora mesmo.

- Você está louca, só pode mamãe! Não faz nem 3 mêses que vocês estão juntos - o tom da minha voz ficava cada vez mais alto.

- Eu sei mas se o seu pai descobrir que eu estou com outro homem ele não vai mais continuar pagando o aluguel do nosso apartamento e eu não tenho condições de pagar sozinha você sabe disso, e o Fugaku insite que a gente vá morar com ele.

- Ótimo, vá você morar com ele então! Eu vou ficar com o meu pai - eu tentava controlar as lágrimas que queriam escorrer pelo meu rosto.

Eu estava odiando toda essa situação, minha mãe sempre tentava esconder ao máximo as coisas de mim, por exemplo, quando meus pais se divorciaram, eu fui a última a saber, minha mãe disse que não havia me contado porque não queria que eu sofresse, mas a verdade é que ela sempre me tratou como uma criança. E agora isso, ela havia resolvido ir morar com o Fugaku Uchiha, o novo namoradinho dela, e não havia me perguntando se eu estava de acordo.

- Sakura, eu quero muito que você vá comigo, Fugaku gosta muito de você e talvez essa seja a oportunidade de termos uma família de novo.

- Eu não quero ter outra família com aquele Senhor, mamãe - eu não conseguia mais controlar as lágrimas e já não gritava mais - Fico feliz por vocês dois mas, eu não vou ir junto.  

Peguei minha mochila que estava em cima do sofá e saí batendo a porta atrás de mim. Desci as escadas do prédio limpado as lágrimas do meu rosto com a manga do meu casaco, caminhei em direção ao ponto de ônibus e fiquei sentada lá esperando para ir pra escola.

Cheguei na escola e encontrei meu namorado escorado no portão de entrada conversando com alguns amigos, fui em direção a ele e o abracei com força.

- Oi meu amor, se atrasou, achei que não viria hoje - ele me deu um beijo na testa o que fez eu me sentir melhor.

- Tive uns problemas com a minha mãe - o sinal bateu - depois eu te conto tudo.  

- Tudo bem, vou indo pra minha aula - ele me deu outro beijo.

- Tchau Sasori.

Cheguei na sala de aula e encontrei Temari sentada em cima da classe. Eu estava precisando conversar com alguém sobre a situação e ela era a pessoa perfeita pra isso. Temari é minha melhor amiga e os pais dela também são divorciados, ela mora com a madrasta e dois irmãos de criação que estudam na mesma escola que a gente, porém estão em outra série. Conheço ela desde pequena, e ela estava comigo em quase todos os momentos da minha vida, sempre me ajudava quando eu tinha alguma briga com Sasori ou quando estava passando por algum outro problema, sabia que poderia contar com ela agora.

- E aí, Sakura! Nossa você precisa me passar cola na prova da professora Guren, eu passei a noite com o Tokuma e não estudei nada - eu ri pelo nariz e concordei com a cabeça. - Ei, o que foi? Brigou com o Sasori de novo?

- Não, dessa vez foi com a minha mãe - larguei minha mochila na classe e me sentei ao lado dela - Ela decidiu que vai morar com o Fugaku e quer me levar junto.

- O que? Mas eles estão namorando faz só algumas semanas, ela está louca ou o que?

- Faz 3 mêses que eles estão juntos, e parece que vão noivar. Já está decidido, ela me contou só agora.

- E você, o que vai fazer?

- Vou ficar com meu pai, é claro! Provavelmente eu me mudaria para outra cidade, teria que mudar de escola e eu não quero deixar vocês - a professora entrou na sala com as provas não mão.

- Sentem-se em seus lugares por favor, vamos começar a prova - ela olhou para nós duas que parecíamos não estar dando muita atenção para ela - vamos meninas!

- Depois a gente conversa Temari - me sentei na cadeira e fiz a prova com muito facilidade, sempre fui muito estudiosa, nunca tive dificuldade nenhuma na escola. Temari parecia desesperada, ela ficava encarando a prova sobre a mesa como se estivesse esperando a prova se fazer sozinha, lógico que isso não aconteceu e eu tive que passar as respostas.

Quando chegou o intervalo eu liguei para o meu pai, disse que precisávamos conversar depois de aula e marcamos um almoço para nós em um restaurante perto da escola.

Quando cheguei no restaurante ele me olhava com um sorriso no rosto, e pela primeira vez no dia eu senti que as coisas iriam dar certo. Ele me deu um abraço e nos sentamos depois.

- Então querida, fiquei preocupado quando você disse que queria falar comigo, aconteceu alguma coisa? - ele foi bem direto o que me surpreendeu.

- Bom, sim, é que eu tive uns problemas com a mamãe e pensei que talvez… Eu pudesse ir morar com você - ele fez uma cara de surpresa.

- Desculpa Sakura, mas eu acho que isso não seria uma boa ideia - o que ele estava querendo dizer? - A sua madrasta não iria gostar disso, inclusive eu já tenho uma nova família Sakura, resolva seus problemas com a sua mãe e continue com ela, não vamos mudar as coisas.

- EU SOU A SUA FAMÍLIA PAI! - todos no restaurante olharam para nós.

- Não faça escândalo Sakura, não estamos em casa.

- Quer saber, eu perdi a fome, foi uma péssima ideia marcar esse almoço. Esqueça, sua família deve estar te esperando - eu saí do restaurante correndo, eu estava com tanta raiva naquele momento que meu pai poderia sumir e eu juro que não me importaria.

Eu não conseguia acreditar em tudo que estava acontecendo, meu pai era um idiota e minha mãe me tratava como uma idiota. Eu fui para a casa, e quando cheguei já havia caixas espalhadas por tudo, a única parte da casa que estava intacta era meu quarto, minha mãe apareceu na porta.

- O caminhão da mudança chega daqui a quatro horas, vou embora hoje mesmo, mas você pode ficar aqui até quando seu pai resolver vir te buscar, já acertei o aluguel desse mês com eles - agora quem estava chorando era ela. - Sakura, eu amo o Fugaku, eu errei em não ter te contado antes sobre a mudança e sinto muito, mas eu realmente quero que você vá comigo minha filha.

- Tudo bem, afinal de contas, meu pai não quer saber de mim mesmo - minha mãe olhou para mim surpresa.

- Então quer dizer que você vai ir comigo? - Um sorriso surgiu em seu rosto.

- Eu não tenho escolha, não é?

- Ah minha filha, você não sabe o quanto eu estou feliz por saber disso - ela me abraçou enquanto chorava, só que agora de alegria.

- Me solta, eu ainda não te perdoei - eu tentava de todos os jeitos nos separar do abraço meloso dela.

- Eu prometo que a partir de agora não vou te esconder mais nada.

- É o mínimo que você pode fazer - eu disse cruzando os braços.

- Inclusive, Fugaku tem dois filhos - ela deu outro sorrisinho sem graça.

- O QUE? - eu conseguia imaginar a vida rindo de mim nesse momento e dizendo: “viu como eu posso sim ficar pior?”