As Criações escrita por Sky Salvatore


Capítulo 24
Capítulo 23 - Visitas


Notas iniciais do capítulo

Hoooy !

Vocês comentaram tão rapidinho que decidi postar mais um capítulo, obrigado pelas ameças via reviwes. Tia Miih ama vocês também viu seus lindos :D

Queria perguntar uma coisa, o que vocês acham de As Criações ter continuação? Porque sinceramente, o final dessa vai ser triste mas, porque eu tenho umas ideias de um futuro mais a frente para essa fic. Se chamaria algo como Os Escolhidos, não sei. O que vocês acham?

Boa Leitura



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Eles terminaram de cortar meus cabelos. O pouco que me restara ainda os atrapalhava, por isso hoje bem cedo me levaram para uma sala e terminarão de cortar. Não ficou tão feio, até ficou charmoso. Mas, eu parecia doente de qualquer jeito e isso me tornava feia. Eles já não eram mais ruivos. Tomei remédios fortes ultimamente, eles tornaram-se negros e intensos destacando-se na minha pele pálida.

Meu olho direito estava roxo, noite passada eu tinha tentado fugir e em troca levei uma surra de dois caras que eram duas vezes o meu tamanho. E hoje eles estavam mortos, porque eu os queimei e talvez esse tenha sido o motivo de eles terminarem de cortar o meu cabelo.

Eu estava encolhida no canto da cama abraçando a mim mesma, aquilo me fazia parecer pequena naquele momento. Tão pequena quanto Lize era. Eu estava chorando feito uma criança de mesma idade. Chorava porque perdi os cabelos que tive o cuidado de manter durante 18 anos da minha vida, chorava porque meu corpo doía por causa da surra, chorava porque meu corpo tinha sido tocado contra minha vontade.

A noite passada pareceu ser um tormento. Tinha maquinado como iria fugir e na minha cabeça tudo parecia bem. Quando pensei que me fosse mais favorável decidi que era a hora, assim que o guarda abriu a porta com minha janta eu sai correndo mas, como não me alimento a dias não tive forças para correr.

Corri menos de dez metros, dois guardas me alcançaram e me arrastaram para um ambiente longe de câmeras, longe de onde eu realmente deveriam estar.

Depois de me espancarem quase até a morte eles ainda abusaram de mim por horas e horas, mesmo eu chorando e pedindo para que me matassem logo eles continuaram. Até que cansaram e como eu gritei levei esse soco no rosto.

Eles se cansaram de mim, concentrei minha raiva e os toquei eles se quer perceberam. Por fim me jogaram aqui, não me alimento desde ontem. Pedi remédios, mas eles me negaram. Então tudo em mim doía.

–Você tem visita – gritou o novo guarda da porta, me tirando dos meus pensamentos sórdidos.

Levantei levemente a cabeça para ver quem era. Aylin, Rachel e Theo estavam parados na minha frente. Perplexos e pedindo explicações com os olhos.

–Porque você trouxe elas aqui? – quase grito.

–Nós quisermos vir – disse Aylin.

–Para me ver assim? – gritei desesperada – Vão embora.

–Tess – murmurou Theo – Elas são suas amigas e se preocupam com você.

Pensando por esse lado deveria estar feliz. Alguém ligava para mim.

–Rachel, pode fazer o que pedi? – pergunta Theo.

Rachel sorri e fecha os olhos, logo no ambiente uma onda invisível passa por todos nós.

–O que você fez?

–Rachel é como nós – explica Theo – Ela controla qualquer tecnologia ou máquina, pedi que ela desligasse as câmeras.

–Eles viram, saberão que tem algo errado.

–Pois bem, na televisão onde eles estariam te vendo eles vão ver todos nós só conversando e nada mais – sorri Rachel.

Elas se sentam no chão, ficando na minha frente. Enquanto Theo se senta ao meu lado.

–O que aconteceu durante a noite Tess? – pergunta Theo.

Mordo o lábio. Não sei se devo contar. Sinto vergonha por ser fraca. Mas, eu precisava falar com alguém.

–Foi uma noite horrível – murmuro chorando.

Conto a eles tudo que aconteceu. Theo arde em raiva enquanto Aylin e Rachel juram que ajudariam a matar os desgraçados se eu mesma não tivesse feito isso. Theo me abraça e eu fico em seus braços, me sinto segura.

–Eu só queria tirar você daqui – diz Rachel – Não é lugar para viver.

–Ninguém ligou por eles terem feito isso com você? – pergunta Aylin.

–Eles não ligam para mim – digo – Vão me matar assim que tiver a oportunidade.

Theo me abraça ainda mais forte.

–A quanto tempo não come? – pergunta Theo.

–Há dois dias, eu acho – respondo – A última coisa que comi foi uma maçã e um copo de água. Estou faminta.

Ele tira do bolso uma barra de cereais. Não é a coisa mais gostosa do mundo, mas com a fome que eu estou a como rapidamente quase engasgando.

Começo a chorar novamente. Choro porque sinto fome, meu estomago doí de tanta fome. Choro porque eles estão com pena de mim e eu não quero que os outros sintam pena de mim.

Ninguém diz nada. Rachel começa a passar a mão de baixo da cama. Um lugar onde ela deveria deixar quieto. Ela encontra uma faca e três seringas.

–O que é isso? – pergunta Theo olhando para Rachel.

–Nada – murmuro.

–Tessa, você não estava tentando se suicidar estava?

Não digo nada. Os três olham para mim como se eu fosse uma idiota.

–Tessalha, se matar não é a solução – diz Aylin – Jamais.

–Eu não acredito que sua fé tenha caído a tal ponto que se quer acredita que vai sair daqui – fala Rachel.

–Tessa... – Theo começa a dizer.

O irrompo. Eles é quem são hipócritas.

–Vocês falam isso porque vocês vivem lá fora no conforto, veem a luz do dia, tem quatro refeições onde comem até não aguentarem mais, dormem sossegados sem saber se alguém vai entrar no seu quarto e te levar para sessões de choque ou se alguém vai abusar de você. Ninguém cortou o cabelo de vocês e lhe deixaram horríveis. Vocês não estão morrendo – grito nervosa – Vocês não sabem como é passar os dias aqui, me matar é melhor que eu posso fazer. Querem sabe porquê? Porque eu desisti de viver.

Eles me olham com dó e raiva ao mesmo tempo. Será que eles não veem que minha morte poderia ser rápida assim?

– E o que te impediu? – perguntou Theo.

–Eu me regenero muito rápido, olhe – pego a faca da mão de Rachel e a enfio em meu coração. Doí por alguns instantes e logo depois tudo passa – Viu, eu não morro.

Louca. Eu estou me comportando como uma louca.

–Tess – diz Theo tirando a faca da minha mão – Pare de fazer isso. Agora.

–Não tem problema, eu não me machuco – digo – Ou quase isso, porque essa marca ainda está no meu rosto.

–Tudo bem, mas pare com isso – diz ele.

Ficamos todos quietos novamente. Ultimamente apenas sinto vontade de me perder, de chorar até que meus pulmões não aguentem mais. Carolyn aparece ao lado de Rachel. Dou um sorrisinho.

–Porque está sorrindo para mim? – pergunta Rachel.

–Nada – falo, eles não precisam saber que sou mais maluca do que aparento ser.

–Diga a eles sobre mim Tess, ser fantasma é uma droga – reclama Carolyn.

Faço cara feia. Theo me abraça ainda mais forte, se ele soubesse como eu gosto do seu abraço.

–Rachel, Aylin posso falar com ela sozinho? Não demoro – sorriu.

–Claro – disseram ambas enquanto se levantavam.

–As câmeras continuam bloqueadas – sorri Rachel.

Então elas vão embora e nós dois ficamos sozinhos. Ele passou as mãos nos meus cabelos, ou no lugar onde eles deveriam estar, talvez esse fosse um trauma que eu nunca fosse superar.

–Sonho com você todas as noites – murmurou no meu ouvido – Sinto saudades em dizer Tess a cada cinco minutos. Parece que toda vez que te vejo, vai ser a última.

Theo pegou meu rosto e o segurou em suas mãos, beijou minha boca docemente como se não houvesse o amanhã. Só depois de beijá-lo novamente percebi o quanto eu gostava daquilo.

–É porque pode ser a última, Theo – sussurrei – E por isso eu preciso que você saiba que eu...

–Não Tess, eu não vou deixar que seja a última vez – me interrompeu.

–Theo pare de lutar – disse – Porque eu já desisti, mas antes eu quero que você saiba...

–Eu não vou deixar, eu não vou desistir de você. Não vou desistir de nós dois – interrompeu-me novamente.

–Theo, eu...

–Tessa, sem mais – interrompeu-me pela terceira vez.

–Porra, posso ou não falar?

Ele me olhou, falar palavrão era uma das coisas da antiga Tessa.

–Pode meu amor – disse por fim.

–Eu te amo, Theo – disse algo que nunca achei que fosse dizer, sempre ouvi histórias sobre pessoas que se casavam depois de serem recrutados, mas nunca achei que realmente fosse acontecer comigo, logo comigo – Uau, dizer isso em voz alta parece maluquice. Mas, eu amo mesmo. Como nunca achei que fosse amar alguém mais do que armas. Não sei como aquele ódio todo foi se transformar em amor. Só sei que passo os dias pensando em como dizer isso.

Theo ficou mudo. Perplexo. Talvez ele esperava dizer aquilo antes e não esperava jamais que eu diria algo daquele tipo. Não sabia se ele sentia o mesmo e por isso não queria dizer nada.

–É uma boa hora para me dizer algo e não me deixar com essa cara de pastel – murmurei rindo.

Finalmente ele sorriu.

–Achei que fosse lhe dizer isso antes. Foi bom você dizer, eu não sabia como começar uma conversa desse nível e imaginando como você era pensei que fosse me bater – sorriu – Eu te amo Tessa, amo mais do que amava no começo. Nós vamos sair daqui, vamos acabar com tudo isso e vamos ter uma família.

–Dois filhos e um cachorro? – perguntei com lágrimas nos olhos – Faz anos que não vejo um cachorro.

Ele sorriu concordando.

–Dois filhos e um cachorro, Tess – concordei – Dois filhos e um cachorro.


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Notas finais do capítulo

Revisei melhor esse capítulo, ficou bom ? Espero que sim ?

Gostaram?

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