A Melãocólica História De Milo Jardim escrita por Vini Peniché


Capítulo 11
A MELANCÓLICA HISTÓRIA DO SR BACALHAU fim


Notas iniciais do capítulo

UM TRILHÃO DE DESCULPAS!!!!! Não tive tempo de postar no dia prometido... mas, aí está. Espero que gostem. E, desculpas mais uma vez.



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O sol já se punha ao longe. Seu brilho e calor eram dissipados no ar como meros “nadas”.

Um frio enrusbescedor nos abraçava como um amigo íntimo e incômodo.

O silêncio se tornava mais que ensurdecedor e gemia ao longe em ecos vazios.

Nós estávamos sós.

– Eu já disse que não é da sua conta!

– É claro que é! – Respondi.

– Não, não é! – Gritava ela.

– E, por que não seria?

– Simples. Porque NÃO! – Gritou num tom mais alto ainda.

– Isso não é resposta, e você sabe disso.

Ela fez um “biquinho” e resmungou baixinho como se estivesse me xingando.

– Vai me mostrar ou não? – Perguntei um pouco alterado.

Ela me fuzilou com os olhos.

– Acho que você está agindo infantilmente. – Resmunguei. – Mas, não importa. Eu sou o líder dessa missão, você é subordinada a mim. Logo, é seu dever me mostrar o que você acabou de pegar, agente Milharal.

– O que o faz pensar que é o líder aqui? – Perguntou com uma expressão de arrogância. Achei ri-dí-cu-lo!

– Ora, os homens sempre são os líderes. – Respondi estufando o peito.

Ela explodiu em gargalhadas. Tentou esconder, mas não deu certo.

– O que você disse? – Perguntou ainda tentando não rir.

– Por que está rindo? É A VERDADE!

Adquirindo uma feição um pouco (note, eu disse um pouco...) mais ríspida, falou:

– Eu sou a líder aqui.

– Hã? – Tentei parecer que estava explodindo em convulsões assim como ela, mas não pareceu tão realista. – Como assim?

– Odeio repetir as coisas. Eu sou uma agente da Interpol. A única (ênfaze no única.) com especialidade técnica em furtos e trollagens. Fui escolhida a dedo pelo próprio Obama. E dediquei 3 anos da minha vida para dar aulas para oficiais como você. Se está se vangloriando por ter alcançado nota máxima na prova seletiva, saiba que fui eu que a fiz. – Parecia estar deflagrando todo seu currículo na minha cara... o que, novamente, achei ri-dí-cu-lo!

– Está me chamando de... “nada”? – Senti dificuldade em falar a palavra.

– Eu não disse isso. – Disse desculpando-se, mas não me pareceu desculpa alguma.

– Não, foi realmente isso que quis dizer...

– Oficial, eu...

– Você... Você é ridícula!

A expressão dela foi impagável. Literalmente, impagável.

– Do que você me chamou, seu idiota?!? – Acho que o grito dela fez uma avalanche ao longe... Pude ouvir gritos de socorro, ou quase isso...

Não respondi à pergunta dela. Corri em meio à neve e gelo até alcançar uma caverna cristalina pequena onde pude ver meu reflexo deformado por uma estalagmite gigante.

Ela não estava errada. Eu não passava de um oficialzinho de quinta! Um “nada” perdido no nada. Eu sabia disso desde o início, mas não queria admitir...

Tirei a jaqueta e os sapatos. Joguei-os no chão e taquei fogo neles com um isqueiro prateado que ganhei da minha mãe de presente por ter passado na prova (a jaqueta e os sapatos também foram presentes, só que do meu pai). Não sei o que me deu, mas tive vontade de incinerá-los ali. A fogueira incandescente me aqueceu até dormir.

Quando acordei, senti meu corpo pesar mais que o triplo do peso normal dele. Sequer pude mover meu pescoço direito. Estava sobre uma cama branca enorme, amarrado pelos pulsos à cabeceira e com os pés algemados aos pés da cama. Provavelmente, dopado.

Minha visão estava sem foco e meus olhos ardiam quando tentava forçar. Notei que não estava mais com a minha roupa e sim com uma bata de hospital. Aquelas que eles dão quando você fica muito tempo em um ou quando faz uma cirurgia...Nenhum dos dois se encaixava comigo.

Forcei os pulsos contra a cabeceira da cama, mas os nós foram bem dados. Tudo apontava para sequestro. Mas, “como?” e “por quê?”. Buscando pelas minhas memórias percebi que esquecera de apagar a fogueira que fiz com meus sapatos e jaqueta. Meus sapatos eram de couro, mas tinham sola de borracha, o cheiro deve tê-los guiado até mim. Não acredito que pude ser tão imprudente! Isso só confirma ainda mais o consentimento da Srta Merry. Srta Merry... Será que ela também foi sequestrada? Eu... eu preciso sair daqui. Forcei, novamente, a cabeceira. Sem sucesso.

Talvez fosse um acesso de esquizofrenia proveniente do dopping, mas acreditei ouvir passos ao longe. Iam chegando mais perto. Mais perto. Mais... TRANC! E a porta abriu emanando meia dúzia de soldados-cacaus empunhando armas que, me pareceram, serem maiores que eu. Três deles desamarraram meus pulsos e os outros três minhas pernas. Me vi sentado numa maca sem poder me mexer bruscamente.

Um cacau de jaleco branco balançava os braços para cima e para baixo como se quisesse treinar para ioga. Parecia com raiva. Gritava com os outros cacaus instantaneamente. Sem escrúpulo algum, ameaçou demitir um deles. “Como vocês aplicam 5 doses de dopping nele?!? Vocês têm, por acaso, problemas mentais? Ele poderia ficar dormindo até o mês que vem, seus palermas!!! Por sorte, muita sorte, isso não aconteceu... mas se tivesse...” E voltou a gritar outras bestices. Realmente, parecia com raiva.

Não sei para onde me levaram, mas sei que tinha ar-condicionado. Como se já não bastasse o frio lá fora, tínhamos que suportar tamanha babaca engenhosidade. Quem, em sã consciência, coloca um aparelho de ar-condicionado no Àrtico?

Senti uma agulha perfurar minha casca e tremi porque ela estava fria. “Não se mova muito ou vai ter sérios danos venosos, meu rapaz.”. Estava quase para sentar um tabefe na cara desse médico imbecil. “Prontinho. Acho que o efeito da droga vai passar logo. Enquanto isso, seus imbecis, diminuam mais a temperatura, tá um calor só aqui!”

Acho que meu suco virou picolé. Senti, seriamente, que tinha virado um fruttare sabor morango. Olhei para os lados e avistei uma seringa com alguma coisa dentro. O pessoal estava dormindo, talvez, eu também devesse estar, mas não podia.

Peguei a seringa e apliquei no bumbum do doutor que parou de roncar na hora e caiu para trás de uma estante cheia de medicamentos do tipo Tylenol DC. Me agarrei a uma cadeira e sai da maca. Corri até alcançar a central de ar. O frio... bem, estava muito frio, mesmo! Subi no ducto e fui agachando até entrar por completo. Me arrastei por uns 200 metros e parei quando ouvi uma voz familiar.

– Já disse que não vou dar a você! – Gritava a Srta Merry amarrada a um forno gigante.

– Tem certeza do que está dizendo, Merrié? – Disse um cacau baixinho do outro lado da sala em um tom francês.

– Vai te fod**! - Exclamou ela.

Ele começou a rir. Se fosse eu a ser xingado, acho que não iria rir. Só acho.

– Você não mudou nadinha, não é, Merrié?

– Você, por outro lado, se tornou uma vadia. Uma vadia filha de uma...

– Fique quieta, Merrié! - Disse interrompendo-a e ajeitando a mecha de cabelo que caía sobre sua testa.

– Você não vai ter o que quer. Já disse.

– Por acaso se esqueceu que está presa a um forno, sua doente? Não sabe o que acontece quando milho recebe altas radiações caloríficas? POC, POC, POC... – E voltou-se a rir.

– Você... Como um ser pode mudar tanto...

– Eu não mudei nada. Eu sempre fui assim. – Respondeu cruzando as pernas.

– Bom, que você tinha uma certa quedinha por cacaus sarados, disso você não me surpreende nada. Me lembro quando você disse que estava apaixonado pelo Geraldo, meu namorado. Quase matei você por isso... Mas, querer fazer tanto mal... Você era um cientista! Um ótimo cientista! Meu parceiro... Por que quer fazer isso? - Ela parecia querer chorar a qualquer hora. Talvez até já estivesse chorando...

– Você sempre foi muito idiota quando se tratava de pensar além da capacidade dos outros. Você sempre foi boazinha demais, idiota demais, ingênua demais... Porém, você era melhor que eu em tudo. Todas as minhas experiências, um lixo. As suas, um sinônimo de premiação no final do semestre. Tinha inveja de você, e nem ao menos isso você notou! Tentei ser mais esforçado, mas quanto mais eu desenvolvia meus projetos mais você criava novos e mais aprimorados... Você foi minha maior inimiga. A maior porque foi a única que tive o nojo (disse colocando a língua para fora) de chamar de amiga.

A Srta Merry parecia um bagaço só. Parecia passar muito mal. Não sei o que ele, o cacau, estava querendo dela. Não sei, porque fui sequestrado junto. Não sei, porque minha vida é tão complicada! Mas, fazer o quê? Já me ferrei mesmo... vou terminar minha ”ferração”.

Uma adrenalina estranha e arrebatadora se debatia querendo sair. Um suor emergia em meio aos meus grãos. Foi difícil, mas pulei. O baque do meu peso no chão foi como o de algodão num piso de isopor. Olhei para os lados procurando um lugar onde se esconder, mas mesmo tendo caído a uma altura de 15 metros, os cacaus que ladeavam o cacau pequeno não pareceram me notar. Que bom!

Acho que sou muito medroso, porque mesmo sabendo que não me notaram parti em uma corrida EU x EU para o fundo de um aquário gigante. Não foi minha intenção cair ali, mas aconteceu.

Assim como os humanos (vocês J) nós, frutas, não respiramos embaixo d’água. Isso é óbvio, já que não somos peixes, né? Por isso, logo que caí fui imergindo até bater a cabeça numa pequena caverna ornamental para peixes de aquário. Antes que pergunte... Doeu! Mas, com certeza, preferiria bater minha cabeça um trilhão de vezes naquilo do que deparar com o que deparei...

Tinha olhos gigantes e saltados, como os de um sapo que foi apertado pelo Superman. Sua boca era grande, porém menos ameaçadora que seus dentes... sem dúvida, muito menos! O que mais me chamou atenção foram os olhos castanhos cor de chocolate derretido congelado para comer no dia seguinte +_____+. Tão cute!

Uma cicatriz no olho esquerdo dizia BOMB FISH. BOMB FISH? Que nome para se dar a um peixinho de aquário...

Consegui chegar à superfície e abater um dos guardas-cacau que estava patetando para uma berinjela de lingerie da revista Playfruit (Conveniada da famosa Playboy). Um outro guarda, de casaco militar, foi levado ao nocaute com o meu punho de esquerda. Subi em um engradado marrom e agarrei outro com as pernas entre o pescoço. Peguei a arma dele e saí em busca de outros criminosos infames.

Por uma fresta entre dois engradados azuis, vi a Srta Merry, ainda amarrada, suando muito devido o calor infernal do forno. Corri até ela e a desamarrei. Apontei a arma para o cacau pequeno, que me pareceu ser o líder da gangue, e ameacei apertar o gatilho.

– Mas o que é isso?!? – Perguntou confuso o cacau.

– Um salvamento improvisado. – Abri um sorriso debochado. Juro que nem sabia que conseguia fazer um!

– Salvamento? Por acaso, vocês são namorados?

– Amigos e companheiros de equipe – Respondeu a Srta Merry.

– Amigos... sei! Você não perde tempo mesmo, Mérrie. Sempre fica com os bofes mais gatos! Hum! Sempre foi assim, desde o colegial!

– Mas o quê...

– Não importa! Vou fulminar os dois... hmmm, talvez eu deixe você viver, pedaço de pecado! – Disse apontando para mim. Constrangimento é pouco para o que eu senti ali. – Mas, ela vai morrer.

– Só por cima do meu bagaço! – Retruquei.

– Pois que esbagacem os dois. – E estalou os dedos, fazendo com que três cacaus armados corressem em nossa direção. Um deles atirou na minha perna o que fez com que caísse com dor excruciante. Merry tentou me ajudar a levantar, mas o dopping pareceu voltar e minha visão ficou turva. Só pude ver quando um borrão marrom cruzou o teto do galpão em um vôo rasante. Bomb Fish esmagou os três de uma só vez.

– Nico, o que faz aqui? – Pareceu se referir ao peixe.

– Bleig, bleig, bleig... – Respondeu o peixe, provavelmente em Bleigonês.

– Como assim gostou dele? – Não sei se me espantei pelo fato do cacau ter entendido o que o peixe falou ou pelo fato de um peixe estar apaixonado por mim...

– Bleig, bleig, bleig!

– Nico, não faça isso!

O peixe não deve ter notado o que o seu dono falou, pois desandou a me dar um beijo, que anestesiou minha perna, e pular de novo. Dessa vez, ele bateu no teto e caiu morto...

– NICO!!!!! FALE COMIGO!!!

Um ronco alto ruminou e um TIC, TAC começou a soar assim que Bomb Fish ou Nico, não sei, fechou os olhos...

– Que barulho é esse? – Perguntou a Srta Merry.

– Parece vir do peixe... – Respondi.

– Você o matou! Se aproveitou porque ele estava solitário, sozinho e no cio! SEU MONSTRO!

Não sei como um macho pode entrar no cio, mas comecei a chorar junto com o cacau por tudo ser culpa minha...

– Precisamos sair daqui, isso parece ser uma bomba! – Gritou a Srta Merry.

– É claro que é uma bomba. Por que acha que o apelido dele era Bomb Fish? Ainda me lembro do primeiro dentinho dele... Até hoje está na minha bexiga... snif!

– Então era por isso que você chamava seus namorados para o banheiro com você? Para que eles te ajudassem a urinar? Kkkkkkk Você tinha me dito que “rolavam coisas” lá... kkkkkkkk

– Você devia parar de se meter na minha vida, Mérrie!

– Vadia!

– Doida!

– Parem com isso! Precisamos correr!


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Notas finais do capítulo

Vou evitar prometer quando o prox capítulo sai... A CULPA É DAS ESTRELAS é um tanto instigador e está me entretendo. Bom, mas, ainda assim não esquecerei do Milo... Prometo! Também prometo cumprir essa promessa... kkkkk



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