Estava frio. Meu corpo tremia e meus dentes mastigavam-se a si mesmos (nossa, ficou redundante... ). Abracei a Srta Merry apertando-a para mais perto de mim. Ela pareceu não gostar muito no início, mas logo permitiu meus braços ao redor do seu quadril. Tenho de admitir que ela é muito chata às vezes... mas, isso não a torna menos gata ou menos inteligente. E, eu percebi isso quando a abracei. Senti que ela também poderia ser fofa e gentil.

Ainda estávamos andando em algum lugar no Pólo Ártico. O visor do snowmobile indicava mais alguns minutos de gasolina. Nada além de um branco reluzente e um azul-claro. Um em baixo e um em cima. Não importa para que direção olhasse era só o que veria.... o branco reluzente e o azul-claro.

Achei que estávamos perdidos. Sussurrei a pé do ouvido dela se ela sabia onde estávamos, mas ela apenas apontou o indicador para frente e sorriu (não sei se foi pelo fato de estar abraçando-a ou porque falei alguma coisa depois de horas).  

Imagine algo grande e branco. Algo redondo e liso. Algo sem portas ou janelas. Pois é, você acaba de visualizar uma Cúpula de Observação Americana. Existem duas dessas espalhadas pelos pólos do planeta. Uma no Ártico outra no Antártico. Não sei para que servem. Merry me disse que serviam para patrulhas e espionagem da Interpol e outras agências investigativas. Continuo sem entender para que servem.

- Talvez eles tenham informações para nós. Informações preciosas para o caso do desvio de...

-...Sorvete de chocolate que envolve bilhões de dólares e desequilibra a balança econômica do governo americano e blá, blá, blá. Você não para de repetir isso! - Respondi um tanto que grosso. Acho que foi errado da minha parte.

- Não podemos nos esquecer o porquê de estarmos aqui, Oficial Strawberry. - Disse ela secamente.

Ainda não me acostumei a ser chamado por esse nome. Até três dias atrás era apenas o Jorginho. Tenho que parar de ser assim. Tenho que me lembrar que agora sou importante. Acho que talvez esteja sendo duro demais comigo mesmo, mas é necessário....Agora sou um Ofical! Preciso agir como tal.

- Certo, vamos. - Disse a Merry, que logo virou o volante do snowmobile e saltou por entre duas estalagmites que nasciam do solo gélido. Estávamos indo para a Cúpula. Estávamos indo salvar o mundo... ops, não é para tanto. A não ser que sorvete seja tão importante assim...  

 Quando chegamos lá encontramos um buraco no solo e, notando com mais precisão, por toda a Cúpula. 

- Mas o que houve aqui? Eu... eu... não entendo. - Falou a Srta Merry.

- Parece que foi atacada... 

- Mas, como?!? - Ela, realmente, parecia atordoada.

- Acho que "como" não seria a pergunta, Srta. Mas, sim "Por quê?" 

Ela andou por entre objetos quebradiços e estilhaços de vidro rompido. Desvencilhou-se de pedaços de metal que foram "rasgados". Não sei se pedaços de metal podem sofrer tal deformação, mas para mim foi o que pareceu... Merry rodeou dezenas de vezes uma sala... ou o que pelo menos deveria ser uma. Alcançou algo no chão e analisou perplexa.

- O que é isso? - Perguntei.

- Nada. - Respondeu guardando o, seja lá o que for, no bolso da jaqueta. 

Acho que quando a gente encontra um "nada" a gente não faz questão de guardá-lo no bolso. Pelo menos, é o que eu penso...

- Não precisa esconder de mim. Estamos nessa juntos, esqueceu? Somos parceiros agora. E para que eu possa ajudá-la a "equilibrar a balança econômica americana de novo..." você precisa me dizer o que está acontecendo... E é melhor que seja agora. - Olhei no íntimo dos seus olhos para poder ver sua expressão facial  (que, por sinal, foi linda...).