Charlie e o Curioso Mundo de Sophia escrita por mgsx


Capítulo 21
Capitulo 21




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Sophia se levantou e olhou para mim e para Harry. Ela sorriu, deu um pequeno pulo e bateu palmas. O comportamento de Sophia chamou a atenção de um homem que passava pela rua, ele nos olhou confuso.

– Você é papai do Charlie? – Perguntou Sophia –

– É... bem, é isso que está dizendo o exame! – Disse Harry –

– Posso ver? – Perguntei –

– Claro! – Respondeu Harry –

Passei os olhos pelas letras que estavam impressas naquelas folhas. Foi quando vi que realmente o exame havia dado positivo. Eu realmente era filho de Harry. Harry realmente tinha tido um envolvimento com minha mãe Judite.

Olhei para Harry e percebi que ele já estava me olhando. Eu não sabia o que fazer. Não sabia o que dizer. Provavelmente ele estava na mesma situação que eu. Não sabíamos qual atitude tomar. Levantei-me e Harry fez o mesmo. Ele tomou a iniciativa e estendeu a mão para mim, eu fiz o mesmo e a apertei. Meu pai me puxou e me deu um abraço. Eu retribuí e o abracei fortemente. É, eu tinha um pai. Um sentimento de alegria tomou conta de mim. Consegui sorrir e percebi que uma lagrima havia descido do meu rosto. Eu ainda estava abraçando Harry quando senti que Sophia havia nos abraçado também. Era o meu primeiro abraço em meu pai e aquilo tinha que ser inesquecível. Realmente foi.

Fomos até a lanchonete que meu avô Joseph, minha avó Maria e minha vizinha e mãe de Sophia, Dakota estavam. Falamos o resultado do exame. Foi abraço atrás de abraço. Muitos sorrisos e apertos de mão. Todos ficaram felizes com o resultado. Minha avó pediu desculpas a Harry pelo seu mau comportamento anteriormente e tudo ficou bem. Tomamos um lanche e depois Harry, quer dizer, meu pai nos levou para casa. Ele disse que passaria apenas mais um dia na cidade, pois tinha que voltar a trabalho. Ele já havia passado muito tempo ausentado e devia voltar para tomar controle da situação da empresa em que era presidente. Meu pai disse que me ligaria todos os dias e que me visitaria sempre que pudesse. Fiquei meio chateado por ele não poder ficar mais tempo, mas tive que aceitar aquela situação.

...

Meu primeiro dia de aula depois do acidente foi estranho. Todos me olhavam como se eu fosse uma celebridade. O garoto que no começo do ano havia me batido por eu ter defendido Sophia me olhava com um sorriso meio estranho. Era como se ele gostasse de me ver andando com aquelas muletas. Quando entrei na sala de aula o professor me deu as boas vindas novamente e disse estar feliz por eu estar bem. Alguns dos meus colegas de classe me cumprimentaram e outros me davam tapinhas nas costas dizendo “Seja bem vindo novamente, Charlie”. Por um lado fiquei feliz pela boa recepção que recebi da classe, mas por outro me senti triste. Sabe por quê? Porque Kari fingiu que eu não existia. Ela se sentava atrás de mim e nem me olhou. Pelo menos eu não a vi me olhando. Ela olhava as suas anotações em suas folhas de fichário como se lá houvesse algo mais importante. Lembrei-me do dia em que ela havia me ajudado a desabafar. Lembrei-me que ela suportou minhas lagrimas em seus ombros, suportou os problemas familiares que eu a fazia se envolver, suportou a arrogância da minha avó, suportou tudo o que pudesse e o que eu fiz foi obedecer “Dona Maria” e me afastar dela. Não tive a coragem de ir procurá-la e continuar a nossa amizade. Me senti envergonhado e decidi falar com ela na hora do recreio.

As horas se passaram e eu ouvi o sinal do intervalo tocar. Fiquei sentado e esperei Kari passar ao meu lado para falar com ela. Quando ela passou segurei seu braço e ela me olhou confusa.

– Ei, Charlie, me larga! – Disse ela –

– Preciso falar com você! – Falei –

– Sua avó não permite esqueceu? Não podemos conversar, não podemos mais ser amigos se não ela vai arranjar uma confusão conosco. – Kari estava com um semblante triste. –

Ela se soltou e ficou me olhando por alguns instantes. Ela parecia estar esperando eu dizer alguma coisa. Talvez ela estivesse esperando eu dizer que queria que ela ficasse, que eu não ligava para o que minha avó dizia e que a queria por perto, mas eu não disse nada pelo medo de minha avó arranjar ainda mais confusão. Então seu semblante ficou ainda mais triste. Por um segundo achei que ela iria chorar. Ela deu as costas e foi embora. Eu fiquei ali sozinho.

_ Como eu sou burro! –Coloquei as mãos sobre minha cabeça, lamentando minha falta de coragem. – Eu faço tudo errado!

As horas se passaram e o alarme para irmos embora bateu. Kari foi a primeira da classe a se levantar e sair da sala. Talvez por medo de eu tentar conversar com ela novamente. Fiquei frustrado, pois essa era a minha intenção. Guardei todo o meu material rapidamente, peguei as muletas e fui até a sala de Sophia para buscá-la. A garota autista estava me esperando na porta da sala. Ela veio correndo em minha direção e segurou em meu braço com um baita sorriso no rosto. Quando saímos da escola, percebi que o céu estava nublado. Logo iria chover.

– Vamos andar rápido Sophia, logo vai chover! – Falei –

Sophia estava segurando forte em meus braços. Tentei andar mais rápido. Ela fez o mesmo, mas logo senti algo molhado cair em meu braço. A chuva começou a cair. Mesmo usando muleta, tentei apressar ainda mais os passos, mas logo desacelerei, pois vi Dakota chegando com seu enorme guarda-chuva. Quando digo enorme é porque cabíamos nós três dentro dele.

– Que bom que você chegou mamãe. “To” toda molhada, olha! – Disse Sophia aos risos, pelo menos ela estava gostando daquilo –

– É, eu vi filha. Vem Charlie, eu te dou uma carona para casa.

– Claro! – Falei –

Mas foi quando vi Kari indo embora sozinha. Ela estava um pouco atrás de nós e estava encharcada de água. Estava com o fichário em baixo da blusa para que a chuva não o molhasse, mas parecia não estar adiantando. Foi quando me lembrei que dentro de minha mochila havia minha blusa de frio.

– Dakota, pode ir indo. Preciso fazer uma coisa. – Falei saindo de baixo do guarda chuva e sentindo aquela água fria cair sobre mim. –

– Tem certeza? Você está usando muleta, Charlie... – Ela me perguntou preocupada. –

– Sim, tenho! – Respondi –

Sophia e Dakota seguiram em frente. Pude ouvir Sophia perguntando aonde eu ia com seu jeito doce de falar as coisas. Eu tinha que fazer aquilo. Era a minha chance de mudar tudo o que eu havia feito. Coloquei as muletas no chão e tirei a blusa de frio de dentro da mochila. Peguei novamente as muletas e fui em direção a Kari.

– Posso te acompanhar? – Perguntei –

– Charlie? – Disse Kari surpresa –

– Me empresta seu fichário?

– Para? – Perguntou desconfiada –

Mostrei minha blusa de frio.

– Não precisa! Eu me viro. – Retrucou –

– Kari... – Falei repreendendo-a –

Então ela tirou o fichário de debaixo das blusas e me entregou. Enrolei-o em minha blusa enquanto ela me ajudava segurando as muletas.

– Posso guardá-lo na mochila para não correr o risco de molhar mais? – Perguntei –

Kari acenou que sim com a cabeça e eu guardei o fichário enrolado na blusa de frio em minha mochila e depois olhei para ela.

– Vamos? – Falei –

Ela me olhou e concordou balançando a cabeça.


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