Charlie e o Curioso Mundo de Sophia escrita por mgsx


Capítulo 20
Capitulo 20 - Especial




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/420550/chapter/20

Abri os olhos e vi uma enfermeira ao meu lado fazendo algumas anotações. Quando ela me viu abriu um sorriso largo e bonito. Em seu crachá informava que ela se chamava Dulce.

– Finalmente você acordou! – Disse ela sorridente – Vou chamar o doutor.

Dulce saiu do quarto e me deixou sozinho por alguns instantes. Pouco tempo depois um homem entrou no quarto acompanhado da enfermeira Dulce. Ele sorriu ao me ver. Em seu crachá mostrava que ele se chamava Fernando. Ele checou algumas anotações e depois colocou a mão sobre a minha testa.

– Finalmente você acordou garotão. – Disse Doutor Fernando – Você ficou quase duas semanas dormindo.

Levei um susto com o que ele disse.

– Du... duas se... se... semanas? – Perguntei com dificuldade –

– Não se esforce muito! Não precisa dizer nada, ok?

Concordei levemente com a cabeça.

– Irei ligar para sua família e avisar que você acordou. Logo você terá visitas. – Disse o doutros com um sorriso no canto da boca –

Eu ainda estava muito fraco. Sentia como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Eu realmente queria saber o que havia acontecido comigo. Eu me esforçava, tentava lembrar, mas nada. Nada me fazia lembrar o que havia acontecido.

Depois de um tempo, minha avó e meu avô chegaram ao hospital e logo vieram me visitar. Consegui sorrir ao ver eles. Parecia que eu não os via há anos. Minha avó veio e me abraçou. Seus cabelos brancos estavam presos em um rabo de cavalo e ela cheirava a amendoim. Meu avô ficou nos olhando alegremente. Seus olhos brilhavam e algumas lagrimas se formavam em seus olhos. Sua barba estava crescida. Raramente eu o via assim. Somente em ocasiões que o deixam preocupado ele as deixava crescer. Foi bom receber toda aquela atenção e carinho. Eu sentia que realmente fazia falta na vida deles.

– Você não sabe como nos deixou preocupados, Charlie! – Disse meu avô enxugando as lagrimas em seu rosto –

– O que... acon... – Tentei falar –

– Charlie não se esforce. Você ainda está muito fraco. – Interrompeu minha avó – Você sofreu um acidente de carro com Harry. Ele estava dirigindo e um carro em alta velocidade bateu em vocês.

Com ajuda de minha avó, fui me lembrando dos meus últimos momentos acordado. Lembrei-me do momento em que eu ouvia a musica. Do momento em que vi o carro em alta velocidade e do momento em que gritei para Harry sobre o carro.

– Harry, onde... Ele está? – Perguntei –

– Ele está bem. – Respondeu meu avô – Os ferimentos dele não foram tão graves como o seus. O carro bateu exatamente onde você estava. Você podia ter morrido Charlie. Foi muita sorte você ter sobrevivido.

– Não foi sorte, Joseph! Foi Deus. – Discordou minha avó –

...

Passou-se um bom tempo – Pelo menos para mim foi um bom tempo – e finalmente eu ganhei alta do hospital. Eu ainda andava com dificuldade. Precisava de uma muleta para dar meus primeiros passos, depois de praticamente um mês de internação.

Eram nove horas da manhã quando saí do hospital acompanhado de meu avô e minha avó. O sol quente daquela manhã bateu em meu rosto e me fez finalmente ter certeza que eu voltaria a ter a vida que eu tivera antes de ter o acidente. Vi Harry, Dakota e Sophia me esperando do lado de fora. Todos sorriram ao me ver. Harry havia me visitado algumas vezes no hospital, inclusive na vez em que eu o havia visto dormindo no sofá. Em suas visitas, ele não mencionou em nenhum momento sobre o resultado do exame de DNA. Talvez ele estivesse esperando o momento certo para me dizer. Dakota havia me visitado apenas uma vez desde que eu acordei e não havia levado Sophia, pois não queria que a garota me visse naquele estado. Ao me ver, a garota autista veio correndo em minha direção. Seus braços estavam abertos e um largo sorriso estava estampado em seu rosto. Quando chegou ao meu encontro, Sophia me deu um abraço tão forte que me fez desequilibrar quase cair no chão. Eu queria abraçá-la também, mas as muletas me impediam.

– Sau... saudade de Charlie! – Disse Sophia. Ela ainda estava me abraçando –

– Eu também estava com saudade de você, Sophia! – Falei –

– Que bom que você ganhou alta, Charlie! – Disse Dakota – Já estávamos morrendo de saudade da sua companhia.

– Obrigado! – Consegui dizer –

Olhei para Harry e percebi que ele estava me observando. Havia uma pequena cicatriz em sua testa. Seu braço esquerdo não estava engessado, mas havia uma proteção nele. Em sua mão direita ele segurava alguns papeis.

– Hã, oi! – Foi tudo o que disse quando o vi –

– Oi. – Disse Harry – Charlie, eu... eu sinto muito por isso tudo. Eu não queria que isso acontecesse, você sabe, esse acidente.

– Não foi sua culpa, Harry. Foi culpa do homem que estava dirigindo aquele carro. Ele sim deve pedir desculpas, na verdade ele deve bem mais do que desculpas. – Falei – Você está bem?

– Sim, e você?

– Estou melhorando aos poucos.

– Bem, nós vamos deixá-los a sós. Acho que vocês têm algumas coisas para conversarem. – Disse minha avó piscando o olho esquerdo para nós. – Estamos esperando vocês na lanchonete.

Sophia não foi à lanchonete com sua mãe e meus avós. Preferiu ficar comigo e com Harry. Sentamos-nos em um banco publico do lado de fora do hospital diante a rua. Sophia estava sentada ao meu lado e Harry ao lado dela. Por alguns instantes ficamos apenas olhando os carros passando pela rua e sentindo o vento refrescar o calor que fazia naquele dia, tudo em silencio. Foi quando Harry se pronunciou.

– Acho que devemos abrir o resultado do exame, não é?

– O que? – Falei surpreso – Você não o abriu ainda?

– Acho que não seria justo eu ficar sabendo de tudo antes de você. – Respondeu ele –

Um homem vendendo algodão doce passou perto de nós e Harry comprou um algodão para nós. Sophia escolheu o de cor de rosa, Harry o de cor verde e eu o de cor azul.

– Harry é legal! – Disse Sophia enquanto se lambuzava em seu algodão –

Harry passou a mão sobre os cabelos loiros da garota a acariciando. O jeito doce e inocente que Sophia comia o seu algodão me encantava. Alguns restos de linhas doces cor de rosa sobravam nos cantos da boca da autista e eu os limpava. Eu gostava de fazer aquilo, quero dizer, eu gostava de cuidar de Sophia.

Quando Harry acabou de comer seu algodão, tirou de sua pasta um envelope lacrado. Seus olhos se encontraram nos meus e eu acenei que ele podia abrir e ler toda aquela papelada. Ele tirou alguns papeis de dentro do envelope e passou os olhos por eles tentando encontrar a resposta que tanto queríamos saber. De repente ele fixou o olhar em algumas letras no papel e logo após olhou para mim.

– E qual foi o resultado? – Perguntei ansioso –

– Charlie...

– Diga! – Falei. Aquele famoso frio em minha barriga voltara e eu podia sentir meu coração batendo fortemente. –

– Charlie, você é meu filho! – Disse Harry me olhando fixamente nos olhos –


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!