_ Então dona Lara, quer dizer que você sabendo das nossas regras, estava beijando um garoto aqui na escola? – Pergunta a diretora juntando as mãos à cima da mesa.

_ E olha que não é qualquer garoto. – Respondo dando um sorrisinho.

_ Pode guardar a sua ironia para você mesma Lara, acho que vou ter que ligar para a sua mãe por isso. – Fala ela colocando a mão sobre o telefone.

_ Diretora, esse não seria um bom momento, eu estava esperando a hora para poder contar a ela, foi tudo tão rápido.

_ Ah, então quer dizer que ela não sabe, mais um motivo então. – Sem eu poder fazer nada, ela pega o telefone e disca o número da minha mãe que no segundo toque atende.

Fico esperando na sala até que minha mãe chega.

_ Filha, o que está acontecendo? – Pergunta ela toda afobada.

_ A sua filha foi pega beijando um garoto. – Fala a diretora sem dó nem piedade.

_ Como que é? – A minha mãe se vira assustada para mim. – Lara, você nunca foi assim, o que está acontecendo com você?

_ Todo mundo sentando que é uma longa história. – Digo me levantando e ficando em pé de frente para as duas, que para minha surpresa estavam realmente sentadas. – Bom tudo começou no segundo dia de aula, a primeira vez que eu vi Christopher. – E então eu contei toda a história para elas, desde o plano, quando eu esbarrei nele, quando eu fui a sua casa, o seu pai o agredindo, sem esconder nenhum detalhe, pois assim seria bem melhor!

_ Filha, eu estou sem palavras, você realmente foi muito corajosa de ter enfrentado os pais dele. – Diz minha mãe se aproximando e dando-me um grande abraço. – Aquela promessa que você me fez, tudo bem se você descumprir, pois eu sei que você está feliz ao lado dele. – Ela sussurra em meu ouvido. – Diretora, a senhora se importaria de livrar a minha filha dela, a senhora viu tudo o que aconteceu, pense pelo lado dela, ela merecia aquele beijo. – Uau, a minha mãe dizendo aquilo?

_ Tudo bem Lara, mas só dessa vez, sei que agora vocês estão namorando, mas juízo, não quero que isso se repita novamente, combinado? – Pergunta ela dando um sorriso e estendendo a mão para mim, aperto a sua mão e concordo com a cabeça.

_ Mãe, agora eu tenho que ir para a aula. – Digo já saindo da sala.

_ Tudo bem, te pego meio-dia. – Responde minha mãe, vou embora e vejo que ela ainda está lá dentro conversando com a diretora, o que será que elas estariam falando?

Volto para a sala e sento-me na carteira, não via a hora de terminar a aula logo.

_ O que aconteceu? – Pergunta Isadora me cutucando com o seu lápis todo mordido, era a cara dela fazer isso.

_ O Marcelo me pegou beijando o Christopher e me levou para a diretora que ligou para a minha mãe. – Respondo tudo emendado, Isadora começa a tossir sem parar, como se estivesse engasgado, ela já estava ficando roxa. – Professora, professora, eu posso levar Isadora para o banheiro, ela está engasgada.

_ Claro. – Responde Cristiane, a nossa professora de gramática.

Seguro Isa pelas costas e a levo para o banheiro, mas quando chegamos lá ela já tinha melhorado.

_ Por sua culpa eu quase morri lá na sala. – Esbraveja Isadora me dando um tapa no braço. – Agora me diz exatamente o que aconteceu no recreio para você ter nos deixado daquele jeito e indo correndo para o Christopher.

_ Ele me pediu em namoro, eu não sei o que dizer, eu estou tão feliz. – Falo a abraçando.

_ Nossa Lara, até que enfim você se desencalhou, e com o menino dos seus sonhos.

_ Eu sei, e isso graças a vocês que me obrigaram a fazer uma coisa que no final deu super certo.

_ Está vendo? Agora temos que ir antes que alguém nos pegue.

_ É verdade. – Estava quase saindo do banheiro quando Isadora me puxa pelo braço.

_ Antes de a gente ir, você podia fazer uma trança no meu cabelo?

_ Isa, morre logo! – Mas acabo cedendo e fazendo a bendita trança.

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_ A gente pode ir à sua casa no sábado? – Pergunta Isa e a Amanda.

_ Tudo bem, mas eu tenho que perguntar para a minha mãe primeiro. – Respondo, pegando as minhas coisas e jogando tudo dentro da mochila.

_ Lara, olha quem está ali? – Cutuca a Amanda apontando para a porta, automaticamente levo um sorriso ao meu rosto, Christopher estava lá, encostado ao parapeito da porta, com as mãos no bolso sorrindo para mim, aquilo com certeza faria qualquer um derreter de tanta felicidade.

_ A gente se vê no sábado. – Diz Isadora rindo abertamente para mim, só ela mesma.

Todo o pessoal já tinha ido embora, estava apenas eu na sala, vou a sua direção.

_ Oi Christopher. – Eu ainda assim ficava muito tímida perto dele. Ele segura as minhas duas mãos e encosta os seus lábios em cada uma delas.

_ A diretora deu uma bronca muito grande em você? – Pergunta ele arqueando a sobrancelha.

_ Está tudo bem. – Digo pegando em sua mão e indo em direção a saída da escola. – Christopher, tenho que ir para casa agora.

_ Tudo bem, eu vou com você. – Diz ele colocando o seu braço ao redor de minha cintura e me guiando em direção a minha casa. O engraçado era COMO ELE SABIA AONDE ERA A MINHA CASA?

Chegando a frente a minha casa ele me vira, me deixando de frente para ele, coloca as suas mãos sobre o meu ombro e diz:

_ Eu quero te levar para um lugar bem especial, posso te pegar às oito horas?

_ Tudo bem. – Respondo baixando os olhos, ele levanta o meu rosto com a ponta de seus dedos e me dá um beijo! Mas não um beijo qualquer, um beijo de verdade, daqueles de levantar você do chão.

Recupero o fôlego e olho para ele admirada, ele não parecia tão tímido assim.

_ Ok, eu tenho que entrar agora, nos vemos a noite! – Falo lhe dando um último selinho e entrando porta adentro.

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_ Mãe, que horas são? - Grito

_ Sete horas. – Grita ela de volta.

Ai meu Deus, eu tinha que começar a me arrumar agora, tinha ficado a tarde inteira lendo livro e acabei perdendo o horário, essa era a primeira vez que iríamos sair juntos e não queria que fosse um fracasso total.

Tomo um banho correndo, dando maior atenção para o meu cabelo, pois como era comprido, dava o maior trabalho.

Termino de banhar, penteio-o, e vou para a grande missão, escolher uma roupa, opto por um vestido azul marinho, coloco uma blusa por cima (sei que deve parecer estranho, mas eu adoro fazer isso), e o meu velho e surrado all star, arrumo os meus cabelos deixando-os levemente volumoso, passo um perfume e já estou pronta.

_ Filha, ele acabou de chegar! – Grita a minha mãe, dou uma última olhada no espelho, eu realmente estava muito feliz com tudo o que estava acontecendo em minha vida.

Corro em direção à porta da sala e vejo Christopher sentado na beira da calçada.

_ Mãe, porque você não pediu para ele entrar? – Sussurro para ela que estava bem do meu lado.

_ E você acha que ele me escutou? – Sussurra ela de volta. Dou um beijo nela de despedida e ando até Christopher, sentando-me ao seu lado.

_ Ei, porque você está aqui fora? – Falo apoiando minha cabeça em seu ombro.

_ Eu gosto da brisa tocando em meu rosto. – Responde ele me puxando um pouquinho mais próximo.

Ficamos em silêncio por um momento, apenas curtindo a brisa, até que ele se levanta e estende a mão para mim.

_ Vamos, tenho que te levar para o lugar especial! – Pego em sua mão e andamos por algum momento, até que ele para e me puxa para a direita, andamos por uma estradinha até que avisto um lago com um gramado enorme ao redor.

_ É aqui que eu venho todas as noite para pensar e poder olhar as estrelas. – Diz ele pegando em minhas duas mãos, olhando em meus olhos e me levando para a beira do lago.

Sentamo-nos, tiramos os sapatos, e colocamos nossos pés no lago, que para minha surpresa a água estava bem quentinha. Ficamos assim durante um tempo então nos deitamos lado a lado, começamos a olhar o céu, que estava totalmente estrelado, lembro-me que a minha avó dizia que se a gente contasse as estrelas criaria um monte de verruga, então começo a contar, tinha certeza que se eu contasse para ela que eu tinha feito isso ela me mataria.

_ Você está vendo se cria verruga? – Pergunta Christopher com um sorriso brincalhão no rosto.

_ É uma superstição da minha vó. – Respondo retribuindo o seu sorriso.

Ele aperta minha mão fortemente e ficamos assim durante um tempo até que ele se vira para mim e acaricia as minhas bochechas dizendo:

_ Lara, em todos os meus dezesseis anos eu nunca fui de gostar muito de garotas, e quando eu te vi, pensei que iria ficar sem os meus sentidos, além de você ser a pessoa mais linda do mundo faz com que o meu dia fique ainda melhor, eu não tenho palavras para te agradecer o que você fez por mim e pela minha família, eu nunca pensei que poderia dizer isso, mas... Eu te amo minha pequena!

A minha sensação naquele momento era que eu estava flutuando, estaria no paraíso talvez? Eu sempre quis ouvir um “eu te amo minha pequena” de alguém, e olha que eu nem era tão pequena assim, mas comparada com ele eu era minúscula.

_ Christopher, uau, você acabou de realizar um sonho meu. – Digo então ele leva os seus dedos aos meus olhos, eu estava chorando?

Dou um sorriso e olho para o céu.

_ Está vendo aquelas estrelas? – Digo apontando para cima. – Em cada uma delas está escrito o futuro de cada pessoa, e em uma delas está o nosso. O futuro nãos nos pertence, mas eu espero poder vivenciar cada momento ao seu lado, porque eu te amo muito! – Termino de dizer e lhe dou um beijo à luz do luar, à luz das estrelas.

Aquilo não era um sonho, era real, e eu iria fazer de tudo para poder vivenciarmos vários momentos como aquele.