Srª. Montesinos escrita por GothicUnicorn


Capítulo 9
9




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- Agora vamos voltar para sermos felizes. – Colocou-a no carro, e saíram.

Durante o caminho para casa, os dois riram e trocaram carícias, o clima pesado do hospital agora já não mais existia, mas quando Ivana se lembrava do episódio vivido, seu sorriso era triste e José Miguel percebeu, mas se calou, pois não queria que o clima de felicidade que pairava entre os dois, fosse destruído por bobagem. Quando finalmente chegaram, já era noite, e passaram para ver Rico. O pequeno dormia, e Ivana ficou por algum tempo velando o sono do menino.

- Como ele é lindo. – Sussurrava ela, para seu amado.

- Eu sei, ele se parece muito com a mãe. – Retrucou ele, segurando-a pela cintura.

Logo eles foram para o quarto, enquanto Ivana se banhava, José Miguel arrumava alguns documentos da fazenda. Ela saiu do banho, e foi se vestir, quando ouviu um fechar de porta. Provavelmente era Isabel voltando do hospital. Por questão de educação, Ivana foi até a mãe para saber como seguia sua prima ‘recém-parida’.

- Como está Valentina e a criança?

- Estão bem, mas ela está sozinha no hospital, Alonso não foi lá nem dizer um ‘Oi’.

Depois do nome de Alonso ela não ouviu mais nada, ficava apenas pensando no beijo forçado, e no nojo que sentia de si por causa disso.

- Ah sim, amanhã irei vê-las. Boa noite, mamãe.

- Boa noite, minha filha.

Ivana não se deu ao trabalho de contar que esteve internada por horas, não queria muita conversa, e muito menos ter que dar explicações para sua mãe. Sua cabeça, neste momento, estava com Alonso, o beijo a traumatizou demais, mas quanto mais queria esquecer, mais se lembrava, e isso doía. Quando chegou a seu quarto, José Miguel a esperava atrás da porta, para surpreendê-la, mas ela viu sua sombra.

- Estava tentando me assustar, é? – Disse ela, enquanto o agarrava para um beijo.

- Sim, mas você está muito espertinha, assim não vale. – Ele segurava-a pela cintura.

- Vale sim. – Por alguns instantes eles trocaram caricias quentes, mas por fim foram dormir, pois o dia havia sido muito conturbado para que se passasse algo.

Eles dormiram de conchinha, e assim passaram a noite toda. Logo amanheceu, e José Miguel já estava desperto, por alguns instantes ele a observava dormir, - Será que eu a mereço? - Pensava ele. Tomou um bom banho, e foi ver seu filho. Rico era um anjo, e ele, assim como Ivana era a razão de seu viver. Voltando ao quarto, ele se deparou com sua esposa, sentada na cama, ainda com ‘cara de sono’.

- Dormiu bem, meu amor? – Perguntou ele, indo a sua direção.

- Sim, muito, pois dormi com você. – Respondeu ela ainda com a voz pastosa.

Ivana se levantou, e foi em direção ao quarto de Rico, quando se deparou com Leonor saindo de lá.

- O que faz aqui? – Perguntou Ivana, com um olhar de reprovação.

- Vim ver meu neto, algum problema? – Retrucou ríspida. – Que eu saiba, ele continua sendo meu neto, sangue do meu sangue, não é mesmo?

Ivana a olhou com desdém e a deixou com o menino – Não discutirei com uma senhora desta idade. – Pensava ela.

Ela saiu do quarto do pequeno Rico e foi tomar um banho, ainda traumatizada com tudo o que passara com ela, não quis se olhar no espelho. Ela saiu do banho, e foi para a mesa com a família, (Isabel e José Miguel, pois Leonor depois da briga com o filho não comeu mais na mesa, como todos)o café da manhã foi muito agradável, quando Isabel tocava no assunto de Valentina, tanto José Miguel quanto Ivana ficavam desconfortáveis, e tentavam desconversar.

- Mamãe, eu irei visitar a Valentina no hospital, quer ir comigo? – Por mais má vontade que ela estivesse, era sua obrigação, como prima, visitá-la.

- Não, estou muito cansada, vá você.

Logo todos já tinham deixado a mesa, Ivana finalmente pode ver como estava seu filho. Leonor o trocou, e ele estava muito cheiroso. Como ele passou um dia sem mamar, ela não poderia voltar a amamentá-lo (o que para ela foi um alívio). Ela foi para seu quarto e se arrumou divinamente, uma coisa que não era novidade.

- Já vai, meu amor? – Perguntou José Miguel, com um pé apoiado no chão e o outro na cama. – Você está divina. – Continuou.

- Sim, estou indo, fique com nosso filho, nunca fiz uma viagem com ele, e não sei como seria.

- Falando em viagem, não me esqueci da que te prometi, viu minha Ivana? – José Miguel a agarrou pela cintura para um beijo quente e terno ao mesmo tempo. – Deixa eu ir, José Miguel. Ela pegou sua bolsa e saiu.

Durante o caminho ligou o rádio no máximo, e seu choro era abafado com a música, ela tentava esquecer o que havia passado, mas cada vez que tentava esquecer, mais se lembrava e mais doía.

Já chegando à cidade, ela abaixou o som do carro, e limpou o rosto, a cidade também era pequena, mas bem maior que San Pedro de las Peñas.

- Imagine se eu encontrar com o Alonso com a Valentina? Com que cara olharei para eles. – Pensava ela.

Finalmente chegou ao hospital, deixou o carro em frente ao prédio e entrou.

- Ojalá que ele não esteja com ela. – Pensava ela, enquanto entrava no hospital.

Chegando ao balcão de informações, ela cumprimentou a atendente, e perguntou qual era o quarto de sua prima – 202- Muito próximo ao quarto que ela deu a luz, o dela foi o ‘199’. Chegando a porta do quarto, segurou o fôlego e entrou. Valentina a recebeu com um largo sorriso, e ela estava com a pequena Cecília nos braços.

- Como está, nova mamãe? – Brincou Ivana, enquanto colocava sua bolsa na poltrona.

- Estamos bem, e você e meu principezinho? – Valentina, puxou Ivana para perto.

- Está bem, a cara do pai. – O silêncio pairou na sala, Valentina ficou pensativa, como será que é a dor de perder um amor para sua prima?

- E essa bonequinha, como está? – Disse Ivana, pegando-a delicadamente no colo. Com esses quase dois meses sendo mãe do Rico, ela aprendeu muita coisa, inclusive como pegar um bebê (O que ela achava que nunca aprenderia).

- Está bem, não é meu amor? – Valentina segurava a mão da pequena, que estava no colo de sua prima de 2º grau, mas que era considerada tia.

Enquanto Ivana brincava e beijava a menina, Valentina a surpreendeu com uma pergunta.

- Você sabe onde está Alonso? Ela não veio conhecer a menina ainda.

Ivana ficou paralisada, com a garota no colo, ela não sabia o que responder.

- N-não sei. – A voz tremula de Ivana a entregou, e ela não sabia o que fazer, ou o que dizer.

- O que aconteceu, Ivana, você está pálida, eu só te fiz uma pergunta. Está me escondendo alguma coisa? – Valentina pegava a filha do colo da prima.

- Valentina, eu não sei esconder nada quando estou desesperada. Bom, eu serei direta, seu marido tentou me agarrar, logo depois que você saiu para dar à luz.

Chocada, Valentina sentou-se na cama. – Como assim, Ivana?

- Não tem como assim, estava em sua casa, você entrou em trabalho de parto, eu estava pegando minhas coisas e o Rico, e ele tentou me agarrar para um beijo. – Uma lágrima escorreu pelo rosto de Ivana.

- E o que você fez, deixou ser beijada?

- Se eu tivesse gostado ou me sentido bem, você acha que eu estaria contando para você? – Ivana não acreditava que Valentina pudesse achar isso dela.

- Mas, você e ele já tiveram um caso pelas minhas costas, o quer que eu pense?

- Pense o que quiser, mas eu descobri o que é ser amada pelo que sou, aprendi com José Miguel e não preciso de marido de ninguém, muito menos o seu, para me fazer sentir tudo o que sinto com meu marido. Muita audácia sua, acha que eu vou querer alguém como o Alonso, quando tenho José Miguel? Alonso é bonito, sim, é, mas meu marido é lindo, e ele é meu companheiro, está comigo sempre, inclusive na hora do parto, ao contrário do seu. Para que vou querer alguém assim, Valentina, me diz, acho que você precisa rever seus conceitos.

Valentina começou chorar, e com a voz de Ivana a menina se assustou e ambas choravam. Embora desesperada, ela estava aliviada, pois além de desabafar, ela disse o que a Valentina precisava ouvir.

- Você tem razão, Ivana, que pai eu dei para você, minha amada Cecília. – Soluçava Valentina, enquanto abraçava sua filha.

A cena era tocante, agora as três choravam, até Ivana deu um basta nas lágrimas.

- Você vai ficar chorando, ou vai fazer algo?

- O que eu posso fazer? Ele é o pai da minha Cecília.

- Ok, faça o que quiser, a vida é sua, só não conte para o José Miguel, quero achar um modo de contar para ele.

Ivana pegou sua bolsa e saiu. Valentina com a menina ainda chorando no colo pensava – Meu Deus, o que farei da minha vida?


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