Srª. Montesinos escrita por GothicUnicorn


Capítulo 20
20


Notas iniciais do capítulo

Hola, muchachas. Eu ri do piti



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Chegaram ao quarto e deitaram-se, um corpo encaixado ao outro, e assim amanheceram, um corpo dependendo do outro.

O sol surgira, e Ivana começava a despertar, ela procurava o corpo do marido ao seu lado, mas ele já não mais estava, sentando-se finalmente encontrou um bilhete, era de José Miguel.

“Bom dia, minha Ivana

Voltei aos afazeres da fazenda, e Santiaguinho insistiu em vir comigo, por isso não se preocupe, cuidarei bem do garoto.Nosso Rico dorme como um anjo.

Não esqueça nunca que te amo

José Miguel.”

Ela pressionou o bilhete contra o peito, e sorriu.

– Eu também te amo, meu amor. – Ivana levantou-se e foi até o quarto de Rico, que dormia calmamente, e o despertou com beijos.

– Bom dia, meu príncipe. – O garoto abria lentamente os olhinhos. – Vamos tomar banho e comer.

Assim seguiu a manhã de Ivana. Ela não percebeu, mas Leonor ficou observando-a o tempo todo. – Ela realmente mudou. – Pensava ela, escondida atrás das portas.

Já era hora do almoço, e finalmente os ‘trabalhadores’ chegaram para comer.

– Tia Ivana, eu alimentei o cavalo. – Gritou o menino, correndo abraçá-la. – É legal, e eu ajudei muito o tio, não é mesmo tio José Miguel? – O garoto voltou-se para ouvir a resposta.

– Sim, meu amor, ele ajudou muito, ele será um ótimo fazendeiro.

– Tudo bem, mas agora vão lavar as mãos para comer. – Disse ela, apontando para o corredor.

Eles foram brincando até o banheiro, e voltaram do mesmo jeito.

– Mamã... Tia. – Santiaguinho soltou sem querer. – Desculpe, tia Ivana. – Disse constrangido.

Ivana comoveu-se com a cena que presenciara, ele quase a chamou de mãe, e isso deixou-a realmente comovida.

– Não precisa se desculpar, meu amor. – Ela procurava uma forma de não constrange-lo ainda mais. – Você pode me chamar como quiser.

– Sabe o que é, tia? Eu sinto muito falta da minha mamãe, e você está sendo tão boa comigo como ela era. – Os olhos de ambos se encheram de lágrimas, e eles se abraçaram. – Antes você parecia má, mas você é como a tia Valentina disse.

– E como a Valentina disse, meu amor?

– Parece uma bruxa má, mas é uma princesa encantada.

– Ah, é? Ela diz isso de mim? Quem pagará por ela é você. – Ivana o encheu de cócegas, fazendo-o gargalhar descontroladamente.

E assim almoçaram, todos na mesa sorrindo, inclusive a mal humorada Leonor, que por um milagre estava sorrindo. Ao terminar, tudo voltou a ser como estava antes, José Miguel e Santiaguinho voltaram para a fazenda, Rico adormeceu, para variar, e na sala estavam Ivana e Leonor, no silêncio perpétuo, quando Leonor começou a conversa:

– Ivana, você está diferente, foi gentil com o garoto, o que acontece com você?

– Sabe, Leonor, depois que me tornei mãe vejo o mundo mais bonito, para quê odiar se podemos amar? Ele é uma criança, e assim como não quero que maltratem meu filho, não maltratarei o filho dos outros.

– Nossa, que profundo. Se eu soubesse que um filho te deixaria assim, queria que tivesse engravidado antes, bem antes. – Ela se levantou, e foi até Ivana. – Eu te cumprimento, Ivana, quero viver bem com você, afinal, tu és a mãe de meu neto, e agora sinto que posso confiar em ti, muchacha. – As duas ficaram abraçadas por um bom tempo.

– Tudo bem, passado é passado.

Ivana deu as costas, e foi para o quarto, ficou um tempo lendo até que se lembrou de Valentina.

– Meu Deus, preciso ligar para saber de Cecília. Minha prima deve estar sofrendo muito. – Ela foi para o escritório usar o telefone.

Depois de vinte tentativas até lembrar o número, ela conseguiu finalmente falar com alguém.

– Hospital Central, boa tarde.

– Boa tarde, meu nome é Ivana e eu preciso falar com minha prima, a filha dela está internada ai.

– Ah, sim, como é o nome da garota?

– Cecília Peñalvert Villalba, sua mãe chama Valentina Villalba.

– Ah sim, é o quarto 303. Como é seu nome mesmo, senhora?

– Ivana Dorantes.

– Vou passar a ligação para o quarto, senhora Ivana. Aguarde uns instantes.

Ela estava apreensiva, pois não fazia ideia do que a menina tinha. Ela ficou uns minutos na linha, quando finalmente alguém atendeu.

– Ivana?

– Sim, sou eu, Valentina. Como está? E Cecília?

– Está mal, Ivana, ninguém sabe o que ela tem. E Rico?

– Está bem. Mamãe está ai?

– Sim, quer falar com ela?

– Não, acho que ela não quer falar comigo. Diga que mandei um beijo e que a amo.

Valentina refletiu um tempo, ‘a amo’, Ivana nunca tinha dito que amava sua mãe, para ela, amor não era algo convencional, não pela família.

– Digo sim, como estão as coisas ai?

– Bem, falando nisso, eu trouxe Santiaguinho para passar uns dias conosco, até que vocês voltem, o pobre estava sozinho.

Valentina tinha certeza, ou Ivana estava louca, ou realmente tinha mudado. Ela odiava Santiaguinho, e o garoto acabou com seu relacionamento.

– Santiaguinho? Filho de Alonso?

– Sim, qual o problema? Ele estava sozinho, ficamos com pena.

– Nenhum, é que me surpreendi.

– Era só isso, Valentina, espero que sua princesinha melhore, e que logo venha brincar com Rico. Mande um beijo para mamãe.

– Obrigada, Ivana. Sim, logo ela estará brincando com ele, mando sim. Tchau.

– Tchau.

Valentina ficou refletindo por um tempo, o que chamou a atenção de Isabel.

– O que acontece, minha filha?

– Tia, Ivana está realmente mudada. Ah, ela te mandou um beijo e disse que te ama.

– Ela disse isso mesmo? – Exclamou Isabel, surpresa.

– Sim, tia, ela disse. Fomos rudes demais com ela.

Alonso estava a todo o tempo sentado na cama com a cabeça baixa, ao lado de sua pequena filha. Nestes últimos dias ele não saia de perto da garotinha. Ele estava pagando tudo que fez Ivana sofrer, e agora a entendia, também entendia que tudo que fez foi uma grande besteira, e que acabou com sua vida por nada. Talvez agora, ele finalmente tivesse se convertido em uma pessoa melhor, uma pessoa que via a vida sem caprichos ou prazer, mas sim a vida como deve ser vivida, com amor e ternura. Ser pai era ser herói, e ele devia seguir sendo um, para que no futuro seu filho tivesse um exemplo a seguir, e sua filha alguém para admirar. – Melhore logo, minha menina, papai quer te ver bem. – Sussurrava ele, aos prantos.

Valentina estava admirando-o cada vez mais, ele estava sendo finalmente o homem que ela precisava, um companheiro, um pai, um amigo. Embora em um momento difícil, eles finalmente entenderam juntos o significado da frase ‘Amor pelos filhos’.

Já estava escurecendo na Fazenda Montesinos, e Ivana andava de um lado para o outro esperando José Miguel voltar com Santiaguinho. Quando finalmente os viu atravessar a porta, ela gritou enfurecida:

– Onde estavam? Querem me deixar louca?

Eles se entreolharam, e entrelaçaram as mãos.

– Estávamos trabalhando, tia. – Respondeu o menino, temeroso.

– E isso são horas de chegar? Entrem agora.

Com a cabeça baixa, eles passaram por ela. Quando chegaram um pouco mais adiante, José Miguel gritou:

– Você fica linda enfurecida! – Eles saíram correndo, rindo para o quarto.

– Vai para o inferno, José Miguel!

O garoto ainda assustado com a atitude de Ivana, perguntou para José Miguel:

– Tio, por que ela está assim?

– É uma crise hormonal, um dia sua mulher também terá.

– E isso pode matá-las, tio? – O garoto se desesperou com a hipótese.

– Elas não, mas nós homens, sim. – Eles seguiram rindo. José Miguel tratava o menino como seu filho, e o garoto correspondia-o da mesma maneira.

A noite seguiu como todas as outras, porém, Ivana estava um pouco mais irritada que o normal, se recusando a qualquer toque, carícia, ou olhar. Já era hora de dormir, e Ivana tomou um banho e se recolheu. Sem esperar qualquer beijo de boa noite, ou saber o dia de alguém. Ela queria que o mundo explodisse. Apenas Rico recebeu um único gesto de amor, que foi um beijo para dormir. José Miguel entrou no quarto, e ela estava deitada com o rosto voltado para a direita.

– Ivana, está acordada? – Disse ele, acendendo a luz.

– Não, não, estou dormindo, e desligue essa maldita luz.

– Calma, meu amor, só queria saber como esta.

– Viva, agora já sabe, então desligue.

Ele preferiu não discutir, apenas desligou e deitou na cama, abraçando-a por trás.

– Está calor, me solte. – Reclamou ela, afastando aqueles braços fortes de seu corpo.

Ele voltou-se para o canto, afastando-se o máximo dela. Assim passaram a noite, não tão romântica, mas ainda uma noite.


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