– Não me deixe sozinha nenhum instante, eu estou com medo. – Disse ela aos prantos, enquanto se contorcia de dor. – Não me abandone, é nosso filho.

– Não vou te abandonar, eu te amo mais que a mim mesmo, minha princesa. – Suas mãos foram se afastando, e ela entrou na sala de cirurgia.

Enquanto entrava, ela se questionava o porquê de ser mãe, se realmente queria isso, o que a fez engravidar, e será que gostaria de seu filho. E lá fora estava sua mãe abraçada ao seu marido, estavam desesperados esperando apenas uma noticia dela e do bebê.

– Não se preocupe, senhora Isabel, ela estará bem. Nosso filho nascerá forte, assim como ela e eu. – Disse José Miguel, que no fundo não acreditava que fosse ocorrer tudo bem, pois foi uma gravidez difícil, e por muitas vezes ela quase perdeu o bebê.

Horas agonizantes se passaram. José Miguel andava de um lado para o outro em busca de reconforto, mas nada, nem uma notícia. Isabel, sentada nas poltronas estofadas do hospital, apenas orava e chorava. A mãe de José Miguel, Leonor, ligava de cinco em cinco minutos para saber sobre o bebê, e sempre a mesma resposta: ‘ Não sei nada, mamãe. Quando eu me informar te ligarei’.

Finalmente o médico saiu e chamou a família.

– Doutor, o que aconteceu com a minha esposa e meu filho? Responda-me pelo que mais ama, onde estão? – Interrompeu ele, desesperado.

– Bom, senhor José Miguel, o parto de sua esposa foi difícil, o menino aspirou sujeira enquanto nascia e por alguns instantes pensamos que não poderíamos salvá-lo.

– Mas vocês o salvaram, não é mesmo? Meu filho está vivo, não está? – Disse José Miguel, que a estas horas chorava como um bebê.