Resident Evil: Inevitável escrita por MihoSaori


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

As partes em itálicos são flashbacks.



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Prólogo.

O garotinho estava sentado numa cadeira daquele corredor longo e branco, seus pés não tocavam o chão e ele os balançava observando seus cadarços desamarrados irem de lá pra cá sem parar.  Já fazia um bom tempo, desde que sua mãe tinha entrado naquela sala no final do corredor, e a enfermeira tinha lhe dito pra ficar ali até ela voltar. Mas agora ele sentia fome, queria ir pra casa brincar com seus brinquedos e ver desenhos na tv. Era só uma criança, afinal.

Não sabia por que a mãe tinha ficado tão nervosa, e feliz ao mesmo tempo, quando falou com alguém no telefone mais cedo, mas em questão de minutos eles estavam indo para o hospital, e encontraram aquela mulher que sempre lhe levava doces e presentes deitada numa maca; sua enorme barriga sob os lençóis. Ela devia ter comido doces demais, pensou. Então a levaram para a sala e sua mãe foi junto, pedindo pra que ele fosse um bom menino e a esperasse até ela voltar. As duas se foram e ele ficou sob os cuidados da moça de branco atrás do balcão.

De repente, a porta no final do corredor se abriu e seus olhinhos pretos viram a figura materna sair de lá suada, os cabelos loiros desalinhados, mas um sorriso lindo em seu rosto. Ele saltou da cadeira e correu até ela, abraçando suas pernas.

-Mamãe, nós já podemos ir pra casa agora? - perguntou, erguendo os olhos para a mãe, que lhe tomou nos braços.

-Daqui á pouco. Agora quero que você conheça alguém - ela disse, suava, ajeitando-o no colo e passando pela porta, fechando-a atrás de si.

Ele olhou do colo da mãe e viu a mulher de cabelos castanhos, e olhos estranhos, daquela cor que ele nunca cansava de ver. Ela estava deitada numa cama, seus cabelos presos num coque desalinhado, e havia um pequeno embrulho de pano em seus braços. Ao vê-la, ele se sentiu melhor, afinal teve medo que sua madrinha tivesse ficado doente, mas ela parecia bem e lhe sorriu docemente.

-Olá, Leon - ela o cumprimentou, e ele teve a nítida impressão de que o pacotinho em seus braços havia se mexido.

-Oi... - disse dos braços da mãe que o colocou sentado na beirada da cama. - Você está bem, Rosie? - perguntou, ainda temeroso, querendo uma confirmação para acabar com seus medos infantis.

-Sim, querido, eu estou bem. - ela respondeu sorrindo. - Quero que você conheça alguém.

-Quem? - Franziu o rostinho, tirando os fios lisos que caíam sobre sua face da frente dos olhos, curioso.

-Leon, essa é Aurora. - ela sorriu.

Ela então se inclinou, mostrando mais o pacotinho, e ele pôde ver que, enrolado em todos aqueles panos, havia um bebezinho, pequeno e enrugado, as mãozinhas agarradas aos cobertores. O pequeno se aproximou, vendo aquelas traços minúsculos que pareciam dormir tão tranquilamente e ergueu a mão, hesitante em tocar aquela bochecha rosada.

-Cuidado, querido. - a mãe advertiu num sorriso carinhoso.

Ele prosseguiu com os dedinhos, e os encostou levemente sobre o pequeno rosto do bebê recém-nascido. Nesse segundo, aqueles enormes olhos se abriram para ele, encarando seus pretos, analisando suas feições. Os dois ficaram se encarando por vários minutos, o pequeno Leon, com seus dois anos, não conseguia entender de onde aquele bebê tinha vindo, e muito menos por que ele tinha os mesmos olhos de Rosie.

Então ele aproximou a mão do rosto dela, tencionando tocar aquela face tão lisa, rosada. Parecia um anjo bebê. Mas a pequenina agarrou seu indicador e o levou a boca, num instinto natural, e o menino retesou retirando a mão rapidamente, fazendo a pequena se assustar, iniciando um choro que encheu o quarto, fazendo-o querer voltar para os braços da mãe, aquele barulho agudo irritando os seus ouvidos.

As mulheres se entreolharam enquanto aninhavam seus pequenos nos braços. Talvez os filhos das duas amigas não fossem se dar tão bem assim.

OoOoOoOoOoOoOoOo

O dia amanhecia estranhamente escuro naquela manhã, com nuvens cinzas cobrindo o céu e o Sol, dando um ar tempestuoso ao alvorecer. O vento soprava forte, balançando as folhas das árvores, fazendo-as se desprenderem dos galhos, que rangiam ao serem agitados, e voarem para longe, tremulando e girando no ar.

Algumas dessas folhas entraram pela fresta, numa das janelas do apartamento, e caíram sobre o sofá. O espaço não era muito grande, mas o suficiente para a única pessoa que ocasionalmente passava suas noites ali e raramente tinha tempo para ficar mais que algumas horas em seu adorado lar. Era todo claro, as paredes pintadas de branco e o piso de madeira. Na sala havia um móvel horizontal de madeira escura, onde ficava a tv com sua tela plana enorme de frente para o sofá. Abaixo da tv, num vão próprio para isso, sua coleção de CDs e filmes, e quase todos, desenhos animados. Quem visse, diria que uma criança morava ali. Ou uma mãe muito dedicada.

Na cozinha, uma geladeira e alguns armários; a pia e um microondas. Nenhum fogão, até por que não sabia cozinhar mesmo. Haviam dois quartos e um banheiro no corredor que vinha da sala, e o espaço de azulejos brancos tinha seu destaque na cor dos acessórios, todos azuis vivos. No espelho, sobre a pia de pedra branca, haviam adesivos de silicone de peixes azuis também, com outros como se fossem bolhas subindo pelo vidro.

Havia o quarto de visitas, que nunca tinha sido ocupado, e o quarto do residente do apartamento. A cama box imensa, ocupava quase todo o espaço, e fora seu segundo maior gasto até hoje, talvez porque seu segundo passatempo favorito fosse dormir. Nas laterais da cama, duas pequenas cômodas com superfície de vidro e um abajur pequeno em cada uma. A parede atrás da cama era coberta de fotografias. Suas com seus amigos, companheiros... Algumas antigas, de épocas onde ainda não tinha idéia do rumo que sua vida tomaria, e outras mais recentes, com pessoas faltando, por terem caído nos acontecimentos de anos atrás, onde um vírus dizimou toda uma cidade. Mas guardava com carinho suas memórias, mesmo que agora quase já não conseguisse se lembrar de seus rostos.

Um barulho estridente ecoou pelos corredores do pequeno apartamento, e o aparelho vibrava sobre a cômoda de vidro.

Não se incomodou em ver quem era e continuou enrolada nos lençóis sob os edredons, de olhos fechados, buscando novamente o sono interrompido pelo toque irritante, que agora já tinha cessado. Deitou-se de bruços, abraçando o travesseiro, e afundou o rosto nele, aspirando o cheiro do próprio perfume que tinha se impregnado com o tempo nas fibras do tecido.

Novamente, o mesmo som ritmado soou da sua cômoda, e podia ouvir o aparelho vibrar contra o vidro. Abriu os olhos irritada e esticou o braço para fora da cama, tateando atrás do aparelho até encontrá-lo entre a bagunça de pacotes de doces vazios que havia sobre o móvel. O objeto parecia um famoso videogame de mão, com design horizontal de abrir e fechar, e duas telas internas: uma na parte superior do aparelho, e a outra na parte inferior.

Tirou os edredons de cima da cabeça e puxou o aparelho, abrindo-o devagar, fechando os olhos apertados para protegê-los da luminosidade que veio da tela superior, onde uma imagem masculina de óculos a encarava.

-É bom que você esteja morto ou morrendo pra me acordar á essa hora. – resmungou mal humorada, tentando focar a visão ainda irritada pela luz, mas desistiu e fechou os olhos com o rosto deitado para o aparelho colocado sobre o colchão.

-Bom dia para você também, Must – devolveu o homem na tela superior com um sorriso, achando graça naquilo. – Recebemos uma missão, e já são sete horas – acrescentou olhando o relógio digital em seu braço para conferir que não tinha ligado cedo demais. – Todas as despesas pagas, e vai receber por hora duas vezes mais do que ganha agora.

-Tentador, mas não saio da cama nem se o Papa estiver morrendo – falou terminante e colocou a mão sobre o aparelho para fechá-lo.

-Claire Redfiled desapareceu.

Parou os dedos. Ficou em silêncio por alguns minutos e pensou com os olhos fechados em tudo que aquela situação implicava. Pensou em Chris e o viu sorrindo em sua mente. Abriu os olhos e automaticamente eles caíram sobre sua parede de fotos. Numa entre as muitas, onde dois jovens pareciam felizes. O rapaz beijava o canto dos lábios da moça, que sorria.

Eles. Há muito tempo atrás.

-Você paga o café – disse unicamente antes de fechar o aparelho e sair de debaixo dos edredons.

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Notas finais do capítulo

Cara, minha primeira fic de Resident Evil, que emoção :D

Obrigado por chegar até aqui, e deixe seu review pra dizer o que achou, não dói nada, eu juro! ;*

Beta reader: Roxane Norris. O que eu faria sem você, Rô?

Até a próxima.