Sophie POV

–Que pouca vergonha é essa? –perguntaram com um grito controlado.

–R-Reece... –exclamei corada e tirei o Dylan de cima de mim.

–Olá Shaw. –o moreno nem se incomodou com a presença do meu amigo.

–Sophie... –o Reece começou, como se quisesse saber das respostas e de preferencia, logo.

–Dylan. –o encarei- Obrigada por hoje e vá em bora. –pedi.

Ele suspirou e olhou para o Reece, que estava vermelho de raiva. Juro que quase pude ver a morte do Dylan, se eu não estivesse ali o Dylan certamente morreria. Não tenho nada contra, claro.

–Não. É melhor eu ficar e explicar tudo para ele.

O encarei. Estaria ele falando sério?

–Dylan, por favor. –implorei.

–É, Dylan. Vá para casa. –pude ver e sentir o Reece se controlando para não bater no meu “namorado”.

Ele suspirou e me encarou.

–Tudo bem, eu vou. –ele se aproximou de mim e beijou minha testa.

–Tchau. –dei-lhe um tapa.

–Tenham uma boa noite. –passou pelo Reece e deu um tapa em seu ombro, em seguida saiu de casa e fechou a porta me deixando a sós com o Reece.

–Calma. –avisei- Eu posso explicar. –me sentei no sofá.

Ele passou as mãos em seus cabelos negros de um modo desajeitado e nervoso e em seguida se sentou ao meu lado.

–Por que você e ele...? –me virei para encara-lo e pude ver uma enorme interrogação em sua face. Não pude deixar de rir ao notar seu nervosismo.

–Não ria. –gritou corado me fazendo rir mais.

–Nós estamos namorando. –falei assim que consegui me controlar do repentino ataque de risos.

–Ele não te forçou a nada, não é? –ele me abraçou.

–Não. –retribui o abraço.

–Então por que...

–Estamos namorando de mentira. –ri.

–Como? –começou a me olhar com indignação.

–Fizemos um trato. Eu o ajudaria a fazer ciúmes na Charlotte e ele me ajudava a estudar.

–Mas por que você? Tem tanta garota mais bonita e... –lhe dei um tapa.

–Morra desgraçado. –empurrei ele do sofá.

–Calma esquentada. –começou a rir- Eu estava só brincando.

–Sério? –fiz uma cara assustadora até para mim mesma.

–Verdade. –se levantou do chão.

–Vá para casa, por favor. –apontei para a porta.

–Claro, eu vou. Mas me prometa uma coisa. –ficou sério.

–Depende do que. –dei de ombros.

–Não se aproxime muito daquele cara. Ele não é flor que se cheire. –cheirou meus cabelos.

–Isso vai ser meio difícil de acontecer mas... juro que vou tentar.

–Mais uma coisinha... O que foi aquilo mais cedo? -engoli em seco,

–Aquilo... Bem... O Dylan é um tarado! Eu o odeio! –cruzei os braços.

–Espero que seja apenas isso mesmo. –bagunçou meus cabelos.

–Até amanhã. -me despedi dele e ele me mandou um beijo.

(...)

Quando cheguei ao colégio a Sam já estava me esperando. Não sei por que, mas tenho um mau pressentimento sobre isso.

–O Reece já sabe? -perguntou.

–Ele fez a maior confusão ontem quando viu eu e o Dylan. –parei de falar imediatamente.

Olhei para ela e pude ver um enorme e autentico sorriso malicioso.

–Safadinha. Agora pode me contar o que aconteceu ontem. –me deu uma cotovelada

Por mais que tenha sido vergonhoso e desconfortável, contei tudo para minha melhor amiga desnaturada. Sem querer julgar ninguém, mas ela é muito pervertida, as vezes tenho até medo dela.

O dia passou estranhamente rápido, o Reece ainda esta com uma pouca raiva do Dylan, o Dylan está cada vez mais presente na minha rotina, a Charlotte me odeia mais a cada dia que passa, continuo sendo a pessoa mais feliz do colégio, a Samantha me irrita cada vez mais com suas brincadeiras e insinuações nada inocentes a respeito do meu “relacionamento” com o Dylan, o que faz ficar cada vez mais safado comigo e faz o Reece se segurar para não soca-lo até mudar de cor.

(...)

–Acho que já está bom de oficializarmos nosso suposto namoro. –sussurraram para mim.

–Por mim. –dei de ombros- Só quero que minhas notas sejam boas, nada mais.

–Ehh. Certeza...? –beijou meu pescoço.

–O-Oe... O pescoço não, vai... –me arrepiei.

–Quero descobrir todos seus pontos fracos. –lambeu meu pescoço.

Dei um chute em sua canela que ele saiu mancando.

–Você está bem? –certa loira brotou do chão e foi socorrer o moreno.

–Quase. No momento só preciso que MINHA NAMORADA cuide de mim. –me encarou com a cara mais limpa do mundo.

Todas as garotas e garotos que estavam por perto começaram a nos encarar, o que não foram poucos, já que estávamos no meio do corredor no horário do intervalo. Ótimo, agora vou sofrer nas mãos dessas loucas psicopatas que são loucas pelo Dylan. Esse traste ainda me paga.

Ele continuou me encarando com aquela cara de bunda como se dissesse: “Me chutou, se lascou. Agora interprete bem ou eu te mato.”

–Me desculpe querido. –fui socorrê-lo já suando frio.

–Tudo bem amorzinho. –apertou minha bunda assim que me abaixei para ajuda-lo a se levantar.

–Eu ainda te mato. –murmurei para que apenas ele escutasse.

–Estarei esperando. –sussurrou em meu ouvido.

–Dylan, isso é mesmo verdade? –uma morena que eu desconfio que seja do fundamental perguntou.

–Sim. –respondeu com um pequeno sorriso de canto.

–Mas por que logo essa feia? –indagou uma loira peituda.

–Vadia. –murmurei e a garota me encarou.

–me chamou de que, ruiva falsa? –provocou.

–Isso mesmo que você escutou. Vadia. –cruzei os braços.

–Sophie. –ele segurou meu braço.

–Oi amor. –me virei para ele com uma cara de poucos amigos.

Ele me abraçou, me deixando atônita e sem reação por alguns segundos. Assobios puderam ser ouvidos em auto e bom som por todo o colégio, assim como os mais diversos palavrões vindos das antigas “peguetes” do meu querido “namorado”. É hoje que eu morro, ou no caso, mato.

–Você me paga. –resmunguei no ouvido do moreno, que apenas riu com minha ameaça.

–Cheiro bom esse seu. –cheirou meu pescoço.

–Kyaaaaaaaa! –a Sam gritou, histérica.

–O que foi criatura? –me separei do Dylan e olhei para a dona da voz, que estava corada e com as mãos sobre a boca.

–Não quero nem pensar o que está se passando por essa sua cabecinha. –rolei os olhos.

Ela apontou para algum lado e eu automaticamente olhei. O Reece estava emanando uma aura escura e com cara de poucos amigos, o mais estranho é que ele e o Dylan estavam trocando olhares de puro ódio.

Me cutucaram.

–Vamos ao parque de diversões no sábado? –a Charlotte me perguntou com uma cara feia de dar medo.

–Quem vai? –perguntei tentando não parecer assustada.

–Eu estava pensando em chamar você, o Reece, a Samantha, o Jack e o Dylan, claro.

–Vou ver.

–Tudo bem. –ela deu um sorriso amarelo e saiu.

–Dylan, Reece e Sam, venham cá. –chamei os três e eles imediatamente vieram.

–A Charlotte está nos chamando para ir ao parque no sábado. –olhei para o Dylan- Topam?

–Claro. –o Dylan respondeu prontamente.

–Se ele vai eu também vou, para me certificar que ele não fará nada com você. –indagou o Reece.

–Essa eu não perco por nada nesse mundo. –a Sam já estava dando pulinhos histéricos e estava com os olhos brilhando de excitação.

–Eu já disse. Não farei nada que ela não queira. –o Dylan ficou de frente para o Reece.

–Não toque nela. –o Reece cerrou os punhos.

E os dois começaram mais uma briga infantil. Como duas pessoas conseguem ser assim o tempo todo?

–Parece que você tem dois ótimos pretendentes. –a Sam riu com o próprio comentário.

–Que pretendentes? –acho que corei levemente já que senti meu rosto ficar um pouco quente- Só vejo duas crianças briguentas.

–Pois eu vejo um romance difícil.

–Para com isso Sam. Você sabe que a maioria das coisas que você fala acontece.

–Oops... Foi mal.

–Espero que esta relação não me traga muitos problemas futuramente. –suspirei.

–Acredito que isso não será possível cara amiga.

–Sam! –a repreendi.

–Vamos entrar para a sala de aula. A campa já tocou. –me puxou.

–vamos crianças. –chamei os dois e eles nos seguiram.

Prevejo que este sábado será bem conturbado.