Eu me acordo e, pela claridade da janela, vejo que já deve ser por volta de meio- dia . Ninguém me acordou durante todo esse tempo. Nunca gostei muito de dormir ,e agora essa maldita gravidez me faz isso .

Ops. Sei que não queria isso, mas também não devo me referir a ela dessa maneira.

–Desculpe – eu digo, parece até que eu estava falando com alguém que estivesse ao meu lado. É estranho, mas eu estava falando com meu filho. Ainda é tudo muito estranho. E isso se transforma em um tipo de medo para mim.

Estou envolvida nos meus pensamentos quando batem na porta .Provavelmente minha mãe com algo para comer . Estou desde ontem sem me alimentar e realmente estou morrendo de fome .

–Filha , está acordada?

– Sim mãe , pode entrar . – eu logo me sento. Minha mãe entra com uma bandeja cheia de frutas , cereal , biscoito ,pão de queijo e suco .

–Mãe , serio que acha que eu vou comer isso tudo?- eu digo

– Não sei , você está desde ontem sem se alimentar e vocês precisam de está firmes para o que virá esses dias . Você tem disponibilidade de comer tudo o que quiser .- ela coloca em meu colo .

– Muito obrigado mãe. – pego uma maçã e começo a comer loucamente.

–Eu disse que se você quisesse conseguiria comer tudo aqui. Peeta fez esses pães de queijo e trouxe-os quentinhos ainda hoje pela manhã.

– São meus preferidos. - digo com um sorriso nos lábios

– Você gosta muito dele não é filha? – eu afirmo coma cabeça por não conseguir falar nada com o pão na boca.

–Eu gostaria que vocês conseguissem ser feliz sem tudo isso. Que vocês fizessem uma família feliz. – ela diz cabisbaixa

–Não chore mãe. – eu solto o pão para acariciar sua cabeça – Nós tentaremos ficar bem, mesmo que nós não voltemos...

–Tudo bem filha. Eu vou descer. - ela diz, sei que ela está prestes a chorar. -Qualquer coisa você pode me chamar, estarei na cozinha.

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Fiquei até 14:00 na cama , então eu não aguentava mais ficar nessa cama e me levantei , tomei um banho bem demorado e desci para encontrar minha mãe lá embaixo trabalhando com um ferimento simples de um homem.

–Katniss , quanto tempo não via você garota .-disse um ex vizinho lá do Seam, que eu não me lembro o nome – Parece que sua irmã cresceu mais que você enh ?

– É .Parece que sim – tento ser o mais simpática possível – Se feriu?

–Me queimei na mina .-Esse pensamento me lembra a morte trágica do meu pai e eu me arrepio dos pés a cabeça .

– Katniss ,preciso que vá no Prego e traga umas bandagens e algumas ervas , nosso estoque está acabando .

– tudo bem . eu já volto .- Pego meu casaco , atrás da porta e saio andando pela neve da nossa esquisita vila .

Vou caminhando devagar para apreciar todos os lugares do distrito 12 que levarei no coração até minha morte próxima . As coisas que vivi na infância em todos esses lugares , os momentos especiais vividos com meu pai , idas para a escola coma minha irmã . Nosso distrito não é muito grande , de repente eu já estou na praça, vou no Prego e compro o que minha mãe me pediu .

Quando estou saindo passo na frente da padaria , não iria entrar , mas por coincidência Peeta sai na calçada justamente na hora

– Katniss . O que faz por aqui? Já esta se sentindo melhor?

– Ah sim , eu estou bem Peeta . – ele me da um abraço – Tenho que levar isso para a minha mãe , nós nos falamos mais tarde .

– Eu já estava indo para casa mesmo .-ele diz -Podemos ir juntos.

–Ta bom .- eu digo , mas não queria falar com ele sobre o bebê ainda ,apesar de que eu vou ter que dizer uma hora

Estamos caminhando de volta para a vila , quando esbarramos com anima morto no meio do caminho , parecia que tinham-lhe arrancado a pele toda e seus órgãos internos estavam a mostra . Eu hesitei e me deu um enjoo.

– tudo bem? - diz Peeta preocupado

– Não . preciso ir para casa .- Saio correndo com a mochila das coisas que minha mãe pediu nas costas e entro em casa sem nem avisar . Vou direto para o banheiro e vômito tudo o que comi hoje a tarde .

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Passei todo o fim da tarde na cama .Nunca havia sentido uma coisa tão ruim . Já havia ficado doente varias vezes , já que moramos num distrito onde as doenças são muito comuns pela falta de saneamento e de comida de qualidade , mas eu nunca havia ficado enjoada dessa maneira .

Eu estava deitada , mais uma vez quando escuto minha mãe e Prim falando com alguém la embaixo . Deve ser Peeta . Passei o dia todo tentando evitar encontra-lo, para não ter que explicar o que está acontecendo comigo , apesar que quando nos vimos na praça hoje de tarde eu tenha agido bem esquisito e tenha colocado todo o meu almoço para fora quando vi aquele animal morto no caminho . Nunca tinha acontecido isso comigo ,só agora mesmo .

Ele sobe as escadas , eu sei pelos seus passos pesados nos degraus de madeira . Ele para na soleira da porta e bate .

–Katniss? – Peeta coloca a cabeça na porta – posso entrar?

–Claro – eu me sento e ele entra e se senta na beirada da cama.

–Como você está? Sua mãe disse que você estava no quarto desde ontem . Estava meio triste . Quer me contar algo , pode sempre , sempre , sempre contar comigo , você sabe não é ? -eu digo sim apenas coma cabeça.

Eu terei que contar . Ele saberá uma agora ou amanhã . Mas ele é o pai .Mesmo que seja difícil para nós dois .

– Peeta? - eu olho para ele e lhe dou um abraço forte. Ficamos assim por um tempinho. Lágrimas já escorriam em meus olhos. Peeta afaga meus cabelos, me consolando.

–O que há de errado Katniss? Diga logo, estou ficando preocupado.

–Lembra-se de quando eu sempre falei que não queria que eu nunca teria filhos?

–Claro que sim. Eu disse a você que se a gente pudesse ter uma vida normal juntos, mesmo eu querendo muito continuar a família , eu disse que respeitaria sua decisão até que fosse revogada por você mesmo . É assim que deve- se viver um casal. União, cumplicidade...

–É que eu estou gravida. – Então ele me solta e fica rígido

–Como é? - ele diz assustado.

–Grávida! Esperando um bebê seu !Pronto .- respiro fundo e lagrimas incontroláveis caem dos meus olhos .