Ponto de Vista - Meiko

A mulher fez questão de repetir todas as regras daquele lugar e falar mais uma série de coisas sobre aquele colar:

-Este símbolo representa a nossa união, e no que nós acreditamos. Por isso, retirar o colar que possui este símbolo é uma traição.

Eu e minha mãe concordamos com tudo o que ela disse, e então fomos finalmente liberadas para sair. Minha mãe resolveu parar num mercadinho para comprar alguma coisa para o almoço. No caminho, eu vi uma imagem que me chocou. Havia um aglomerado de pessoas em um círculo em volta da praça, eu e minha mãe resolvemos ir ver o que estava acontecendo, passamos por entre as pessoas e vimos uma garota comum com um vestido bem mais curto ajoelhada em brasa. Apesar da dor que ela devia estar sentindo, ela não falava nada. Neste momento, vi Meredith sair da igreja e vir até ela, a multidão abriu passagem e ela ficou de frente para a garota.

-Você sabe por que isto aconteceu, não sabe? - Meredith disse.

-Porque eu fiz aqueles desenhos. - ela respondeu com a voz fraca.

-E o que foi que você desenhou?

-Eu desenhei seres da escuridão ao redor da nossa vila.

A mulher ergueu a cabeça com um ar autoritário.

-Você sabe que isto traz coisas ruins para cá, para todos nós, isto é para o nosso bem, quem faz o mal deve ser punido. Você já pode se levantar.

A garota não conseguia se erguer, ela estava chorando e suas pernas deviam estar doendo tanto que ela não conseguia se mexer. Uma mulher que estava sendo segurada por dois homens que parecia ser a mãe da menina conseguiu se soltar e ajudou a garota a se levantar.

-Filha, você está bem? - ela disse. A garota caiu no chão, devia estar inconsciente. Eu fiquei chocada com aquilo, como eles podiam ser tão cruéis? Aquela garota estava sofrendo. Minha mãe estava em estado de choque, e eu estava com lágrimas nos meus olhos. Minha mãe me puxou e me levou para casa, minha casa era um pouco afastada daquela vila horrível, eu fui para o banheiro e comecei a vomitar, escovei os dentes e respirei fundo. Minha mãe veio até mim.

-Por favor, Meiko, não se meta com estas pessoas, não temos para onde ir caso algo aconteça, por favor. - ela disse soluçando e chorando.

Eu a abracei tendo a mesma reação. Nós precisamos nos acalmar um pouco e então voltamos para o vilarejo, todos estavam agindo como se nada tivesse acontecido. Paramos num local que seria um mercado, mas tinha apenas um balcão e algumas mercadorias. Pedimos para o balconista alguns alimentos e ele nos entregou, voltamos para casa e comemos em total silêncio.