Ponto de Vista - Meiko

Eu estou tendo como sempre que ir para a escola e fingir achar tudo normal por aqui. Elizabeth está na minha sala, e conversamos um pouco, acho que eu posso chamá-la de amiga. As pessoas continuam olhando estranho para mim e minha mãe, e não quero saber o que pode acontecer. Hoje eu me levantei e senti uma incomum sensação de ânimo, que não é o comum ao se acordar cedo. Sorri mesmo que não houvesse uma razão específica para isso e me levantei, indo fazer minha higiene matinal. Me troquei e fiz a maquiagem, prendendo meu cabelo com um coque. Ao contrário de mim, minha mãe estava de mal humor. Tentei questionar o porquê de seu jeito mas ela se negou a responder. Fui para a escola e fiquei um tanto chateada pois percebi que algumas pessoas falavam a meu respeito. Quando cheguei na sala de aula, uma aluna que eu não conheço muito bem me disse que o professor Todd queria me ver na sala dos professores. Disse que não sabia onde o local se encontrava e então a garota resolveu me guiar até lá, onde abri a porta cinzenta e continuei sem a garota. O professor estava sozinho me esperando.

–Olá, Meiko. Obrigada por vir. - ele falou.

Sorri e fui na direção dele, para que pudesse olhar em seu rosto enquanto conversávamos.

–O que o senhor gostaria de me dizer? - perguntei.

–Por favor, Meiko, não me chame assim. Sabe, senhorita Watanabe, você tem se mostrado uma boa aluna, presta atenção e mesmo sendo bem tímida posso reconhecer o seu esforço. Você também é sempre gentil comigo, e bem meiga. - ele começou a falar. Eu fiquei um pouco tímida ao ouvir suas palavras, mas ele prosseguiu:

–É bom ter uma aluna como você, Meiko, mas eu queria saber o que a senhorita pensa.

Olhei para meus pés com um pouco de vergonha.

–Obrigada pelas palavras, professor, o senhor é muito bom professor... - fui interrompida por ele, que me abraçou forte, fiquei envergonhada com o gesto, pois pouco o conheço. Quando ele me soltou, começou a ficar próximo demais de mim, dei alguns passos para trás, tentando ficar numa distância adequada. Ele continuou avançando e eu falei:

–Por favor, pare! O senhor é meu professor!

Saí da sala um pouco nervosa e chateada com aquilo, mas feliz por ele não ter feito nada comigo. Continuei com o horário escolar normalmente até o intervalo, quando me dirigi até o refeitório. Algumas garotas me olhavam de forma estranha, e todos estavam com os olhares voltados para mim.

–Você não tem vergonha, Watanabe? - uma garota disse.

–Como você pôde fazer uma coisa assim? - a outra continuou.

–Não sabia que o senhor Todd é seu professor?

Percebi qual era o mal entendido.

–Não é isso, não fui eu... - tentei explicar. Uma garota veio na minha direção e me olhou nos olhos, fizeram uma pausa e eu pude ouvir até mesmo um alfinete cair no chão, quando o silêncio foi quebrado pelo barulho da mão da garota no meu rosto de forma que me fez cair no chão. Meu coque se soltou e minha flor estava caída no chão, meus cabelos bagunçados em meus olhos não me deixavam enxergar nada, mas alguém estava me provocando uma dor terrível que não parava, não consegui tirar os cabelos do rosto pois a dor era tanta que meus braços ficaram impossibilitados, pude ver tudo a minha frente escurecer.