A Corrida Universal escrita por Thiago Olivieri Dantés


Capítulo 13
Cap. XIII / Portões do Descaso


Notas iniciais do capítulo

''O riso de fato é o melhor remédio para as dores da alma. Incontestável e irrefutável.''



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Chegando ao pé da ponte, nos deparamos com dois enormes portões trancafiados por quatro cadeados grandes de aço inoxidável.
– E agora? Perguntei para Agnaldo que apontando disse:
– Na pilastra da esquerda tem uma placa de bronze com alguns dizeres. Leia-os.
Aproximando do lugar citado por meu amigo, li na tal placa as seguintes descrições:
''decifra-me e os portões se abrirão:
1- acontecimento incerto ou imprevisível, cinco letras.

2- natural dos felinos, onze letras.
3- geradora de conhecimento, seis letras.
4- natural do ser humano, nove letras.''
Eram charadas. Eu já as reportava para Agnaldo, mas este me interrompeu dizendo que as conhecia bem.
– Já passou por estes portões antes? Eu lhe redargui.
– Inúmeras vezes.
– Ótimo, então deve saber as respostas de cor e salteado. Faça-nos o favor de abrir os portões, sim?
Agnaldo hesitou por um tempo e depois respondeu não se importando de transparecer seu desconforto:
– Heitor, sinto lhe informar, mas, não posso. Esta é uma tarefa que só cabe a ti.
Respondi também fazendo questão de não esconder minha aflição e desagrado:
– Por mil diabos... Agora mais esta... Por que?
– Primeiramente porque só você pode decifrar os seus enigmas do descaso para atravessar os portões. Isto é pessoal. E se, eu te cantar as respostas, mesmo que na surdina, duplicaram-se o número de charadas e cadeados.

A raiva já começava a se apossar de mim, e a primeira ideia que me veio a cabeça foi a de golpear os portões até que se abrissem, e dando ouvidos a esta, segurei os a pouco citado com tamanha força e quando prestes a executa-la, ouvi uma voz suave, que não era a de Agnaldo, provavelmente vinda do meu subconsciente que dizia: ''om, shanti, om...'' Era um mantra búdico. Fechei os olhos, descansei minha cabeça nas grandes dos portões e comecei a recitá-los mentalmente, e em questão de segundos a cólera foi dissipada. Soltei as barras dos portões e voltei os olhos para a plaqueta presa na pilastra. Agnaldo, meu amigo, devia ter um altíssimo nível de mediunidade ou uma percepção assaz afiada, pois, eis o que me disse:

– Muito bem, meu jovem. A força física nunca foi e nunca será superior a força da mente.
Respondi cordialmente com um sorriso amigável e assenti. Voltei minha atenção novamente para a plaqueta e enquanto a avaliava agora com total atenção, quando descansando uma das mãos em meu ombro, meu amigo disse:
– Use a cabeça, meu rapaz. Só não bata com tanta força pois pode machucar os portões.
A piada me soou como chuva no nordeste. Acho que nunca ri tão gostoso em toda minha vida. Ainda mais em ocasiões tensas como aquelas.
O riso de fato é o melhor remédio para as dores da alma. Incontestável e irrefutável.


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