A Corrida Universal escrita por Thiago Olivieri Dantés


Capítulo 11
Capítulo XI / Cédulas Vivas




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Saíram de dentro da Zona de Conforto quatro homens corpulentos carregando uma grande caixa retangular e a botaram no chão á alguns poucos metros de uma faixa que havia sido pintada no solo. As damas desceram a escadaria e posicionaram-se frente a Zona de Conforto; uma na porta de entrada, outra na porta de saída e a ultima entre as duas, na pilastra que dividia uma porta da outra. Enquanto eram feitos os preparativos eu ia observando a multidão na minha frente, absortos na misteriosa caixa, como se algo de extraordinário fosse sair dali. De repente, a caixa começou a mexer, dando fortes solavancos e dois dos quatro homens trataram de conte-la sentado em cima desta. Os outros dois se aproximaram, cada qual empunhando um pé-de-cabra e sem muito esforço abriram uma das laterais da caixa. Confirmando o que já haviam me dito os olhos de meus compatriotas, vi sair da caixa algo realmente extraordinário; cédulas vivas. Isto mesmo, milhares de pequenas notas das mais variadas cores e valores, (neste contexto soa meio irônico o uso da palavra ''valores'') animadas, fazendo as mais arrojadas cabriolices. Custa-te acreditar, cético leitor? Imagino, também custou a mim, nem mesmo esta língua riquíssima de significados que é a portuguesa me permite descrever com exatidão a sensação de estupefação que aquela visão me causou. Minha garganta deu um nó. Olhei para Agnaldo, para a multidão, para o dinheiro vivo e esfreguei os olhos não acreditando no que estava vendo, mas ao abri-los nada havia mudado. Não sei se de mim, para mim ou da situação, mas Agnaldo ria que dava gosto, ou melhor, que dava raiva.

Eu já não aguentava mais toda aquela risaiada que aparentemente só tinha sentido e graça para Agnaldo. Pensei em levantar, encontrar Mariana e ir embora; até tentei, mas minhas pernas fraquejavam por conta do espanto então deixei-me ficar. Agnaldo, percebendo minha irritação pois-se a me consolar:
- Ora, vamos Heitor. Isto não é motivo para tamanha irritação.
- Tens razão, mas também não é motivo para galhofa.
Ele sorriu amigavelmente e replicou:
- Acaso queres que eu chore? Deixe disso. Com o tempo você se acostuma.
A caixa, agora vazia, foi retirada da pista pelos quatro homens que a levaram de volta para a Zona de Conforto. A multidão se acotovelava para ficar entre os primeiros da linha de frente quando Sir Capital, com uma postura triunfal e uma voz de mil trovões bradou:
- Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei, mas primeiro...
A multidão completou a frase em uníssono: 
- Peguem as cédulas!
Ouviu se o barulho do disparo de uma pistola sinalizando permissão para a largada e a multidão correu desembestada.


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