A Maldição De Scarabas escrita por Angie Ellyon


Capítulo 14
Noiva Cadáver


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora.. altas tretas nesse capítulo! haha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/419749/chapter/14

– Sara? Sara?! Ah, meu Deus! Sara! - gritei, chacoalhando-a. Havia algo de errado com ela. O que quer que fosse, estava tomando conta dela.

– É hora do seu sacrifício. - murmurou, mas não era a voz dela. Em seguida, ela me puxou roboticamente com muita força, até que avistei um casarão escondido, onde vi Tessa, sua mãe, Randi, e - arquejei - Rony, além de outras pessoas. Estavam sentados numa roda.

Sara então arquejou e caiu nos meus braços. Ela gemeu, passando a mão pelos cabelos. Fiquei confusa e me afastei.

– Valerie? - ela voltou ao normal. - Alguma coisa...tomou conta de mim...

– Não importa agora - falei.

Apontei em silêncio e ela arregalou os olhos. Passos ecoaram perto de nós e, agachadas, saímos dali. Estava escuro, e nós, sem lanterna. Até que chegamos em um lago. Apertei os olhos e vi luzes do outro lado. Eram os outros nos procurando.

– Droga! Como vamos voltar? - disse Sara.

– Temos que atravessar o lago.

– Mas de que jeito?

Procurei pelos cantos. Por um milagre, havia uma canoa próxima. Parecia velha, mas era a nossa chance. Sara subiu, receosa, e nós remamos desajeitadas, agitando os braços. De repente, paramos bem no meio.

– O que está acontecendo! - Sara se desesperou.

– Alguma coisa prendeu a gente! - eu olhei pelos lados.

A canoa balançou, e gritamos. Uma mão agarrou a borda.

– Pula! - gritei.

– Nessa água imunda? - Sara balançou a cabeça. - Nem quero pensar no que deve ter aí dentro...

Quando dei por mim,havíamos sido jogadas na água. Sara emergiu primeiro, tossindo. Uma coisa me segurou. Uma mão.

Meu fôlego faltava. Consegui me livrar, e me agarrei à borda pra respirar. Sara tentou nadar, mas foi afugentada por algo atrás de mim, e nadou desengonçada pra terra. Me virando, vi espectros de pessoas emergindo da água.

Nadei rápido até terra firme, rezando para que os outros tenham nos visto.

Sombras vinham da floresta. Puxei Sara para o lado, mas o peso da roupa molhada nos atrapalhou um pouco. Fui diminuindo a velocidade, cansada e ofegante. Sara caiu quando esbarrei em alguém, que me segurou com força.

– Mark?! - murmurei.

– Mas que gentileza, meu amor, vir assim pra sua própria festa. - disse ele.

– Do que está falando?

Seu sorrio cresceu.

– Ora, nossa hora chegou. Vamos selar nosso amor aqui e ficaremos juntos para sempre.

Franzi o cenho, e alguém se aproximou. Sara foi imobilizada por Kim, que olhou para Mark esperando uma ordem.

– Leve essa aí pra dentro e certifique-se de que fique quieta - ordenou ele, e voltou-se pra mim sorrindo. - Nada vai estragar esse momento.

Ele me levou para o casarão. Aproveitando a escuridão, torci para que meu celular não estivesse danificado, e digitei, rápida, uma mensagem pra Steve.

Fomos pegas. Mark está aqui e vai fazer algo.

Deviam ter cerca de umas 15 pessoas no casarão. Mark me guiou até um quarto, e Sara foi levada.

– Deixe ela ir! - gritei quando Mark me pôs em um sofá velho.

– Não se preocupe - Mark disse com desdém. - Imagine o momento em que nos casarmos e vamos instaurar uma nova era.

– Casar?! - disse, incrédula. Meu coração acelerou. - Mark, você não pode fazer isso.

Engoli em seco. Seria um pesadelo. Eu teria que atrasá-lo se quisesse uma chance, ou seria a Sra.Fantasma.

Mark me olhou com ternura.

– Por que não eu, Valerie? Você não sente nada por mim? Eu nunca amei uma garota como você.

– Não dá, Mark. Sinto...hum, afeto por você. É um amigo. Era...

Ele esmurrou com força a parede.

Não quero ser seu amigo! Não dá! Você não entende...posso ser muito mais por você!

Suspirei.

– Mark, o que você sente não é amor. É obsessão. Você só me quer porque está cego e...

– E o que a paixão faz com as pessoas, Valerie? - ele me olhou de um jeito carregado, que me constrangeu.

Queria contradizer, mas isso só o faria explodir mais.

– Então, vai me fazer casar à força por causa disso?

Ele me olhou magoado.

– Acha que não posso ser bom o bastante pra você?

– Isso não está certo. Pense nas consequências. Vai ferir nós dois.

Ele deu um sorriso nervoso.

– Isso já estava feito antes mesmo de você saber que fantasmas existem.

– O quê? Como assim?

– Deixe-nos à sós.

A voz veio da porta. Mark se virou, levantando. Sorriu e cumprimentou alguém antes de sair.

Era um homem alto, vestido num terno social preto. Aparentava ter uns 38 anos. Era bronzeado, e seu cabelo preto era lustroso e tinha olhos claros hipnotizantes. Parecia um líder mafioso.

Ele tirou o cigarro da boca e soprou na minha direção, fazendo-me tossir, e sorriu.

– Finalmente, aqui estamos nós, lindinha.

Ele segurou meu queixo com força, me analisando.

– Se parece com sua mãe - disse ele. - Sabe quem eu sou...não sabe?

Um horror tomou conta de mim, e seu sorriso aumentou vendo meu desespero.

– Sou Mavis, também conhecido como seu pai biológico.

Meu coração caiu nos joelhos.

Ele deu a volta pelo quarto enquanto eu processava a informação sem desmaiar.

– Eu queria pegá-la bem antes disso, sabe? Seria algo bem mais demorado se você não tivesse ido pra Scarabas e despertado seu poder. Graças a isso, cá estamos.

– Por que está construindo esse...exército? - falei. - O que vai ganhar com isso?

– Poder - ele disse simplesmente. - Uma nova sociedade. Todos vão querer a imortalidade dos fantasmas.

– Não vou ajudar com isso.

– Ao fim do seu casamento, iremos por em prática o plano para o Solstício dos Mortos, ou o Halloween como conhece. - ele me ignorou.

O Halloween!

Engoli em seco.

– Não vou fazer o que você quer!

– Hora de se aprontar - ele disse. - Estou ansioso para levá-la ao altar, filha.

...[...]...

Os outros tinham que estar por perto. Seria uma festa, e eu, o banquete. Não havia chance para fuga. Fui trancada sozinha naquele quarto, e desabei de joelhos no chão.

– Ei, psiu. Você tá mal, hein... - alguém disse atrás de mim. Sorri ao ver Alice encostada na parede despreocupada, girando uma faca nos dedos.

– Você foi convidada? - ironizei.

– Não vai ter casamento - ela se desencostou da parede. - Seus amigos estão aí fora.

– O quê? - me agarrei nas grades da janela.

– Pegue as armas e lute, garota - disse Alice. - Venha.

De alguma forma, Alice me levou para o lado de fora. Antes de falar algo, apenas corri para Steve.

– Mark quer casar comigo. - falei.

– O quê? Aquele filho da mãe!

– Xingamentos só depois - Alice entregou as armas para nós.

Ela tinha um plano: invadir atirando em todos. Só não sabíamos se as armas seriam eficazes em matar, mas os atrasaria bastante. Não tinha jeito: podíamos até fugir, mas teríamos que pegá-los pra valer depois.

Satisfeita, escondi a arma.

Alice e eu demos as mãos e sorrimos maliciosamente, cúmplices.

– Vai lá e manda ver. - disse ela.

– Vamos botar pra quebrar.

Voltei à tempo do início da "cerimônia". Mavis apareceu e me obrigou a dar a mão pra ele. Mark era só sorrisos. Meu coração batia rápido, mas o plano me fez seguir em frente.

Caminhei mais confiante. A tensão estava no ar. A cada passo, um minuto a menos - e um minuto a mais para a matança.

Mark e eu demos as mãos e engoli. Ele percebeu meu nervosismo e estranhou. Tarde demais.

O orador levantou a cabeça e o capuz caiu. Era Steve!

– Podemos dar início?

Tudo aconteceu rápido. Steve sacou a arma. Com raiva, Mark me jogou pro lado. Desajeitada, tentei pegar minha arma enquanto urros de guerra invadiam o casarão, e a carnificina começou.

Foi fácil atirar nos hospedeiros. Steve e Mark começaram uma guerra pessoal, lutando corpo a corpo. Coisas eram quebradas; corpos eram abatidos no chão. Um mistura de sangue e gritos. Atirei em mais três sem errar.

Meus amigos também tinham jeito - ou talvez fosse só a presença de Alice que facilitava tudo.

– Alice! Sua traidora! - berrou Rony no meio da confusão.

Vi o tal Mavis - vulgo meu pai - fugir covardemente pelos fundos. Fui até lá, mas fui bloqueada por Tessa.

– Não vai sair daqui.

Brandi a arma e acertei seu rosto num estalo. Se ela já não estivesse morta, teria quebrado o pescoço. Fui salva por Alice que, com três tiros certeiros, a empurrou pra longe.

Ela sorriu pra mim.

– Nada mal, Valerie.

Era hora de sair dali.

Saí correndo pelos fundos e achei a silhueta de Mavis. Carreguei a arma num Track! e mirei. Hesitei, o que deu vantagem à ele. Quando atirei, ele não parou.

– Valerie! Está bem? - Steve me alcançou.

– Tentei impedi-lo... - apontei, trêmula.

– Não faz mal - Alice chegou acompanhada dos demais. - Vamos dar o fora daqui.

Ainda não tinha acabado. Eles não iriam desistir. Aquela batalha estava só começando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentários? ''D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Maldição De Scarabas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.