A Maldição De Scarabas escrita por Angie Ellyon


Capítulo 1
Nada Foi Em Vão


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥



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Eu sei que pode parecer ridículo, mas ainda assim me sinto desconfortável todas as vezes que vejo que já entrei na faculdade. E o pior - mal havíamos entrado, e já tinha super trabalhos pra fazer.

Continuava a passar os dias sozinhas com Lila, apesar de meu pai já ter viajado outra vez. Na fazenda de meus avós, havia acabado de viver a maior aventura da minha vida, embora eu achasse que não havia maneiras de ter tido um fim definitivo. Todos os fantasmas haviam voltado à seus túmulos, e a Vingativa não voltaria mais.

Estacionei na vaga perto da entrada e suspirei. Vivian Tolds conversava com uma colega na escada. De cabelos louros artificiais e olhos afiados, ela era uma veterana que havia organizado o trote da minha turma - e pegado no meu pé. Desde então, havíamos criado uma certa inimizade. Até agora, ela não havia feito nada de mais; só que a maneira como me olhava...me lembrava um certo alguém.

– E aí, caloura. - ela me cumprimentou, mas não respondi. Talvez ela estivesse só tentando ser amigável, mas não quis dar espaço para impressões erradas.

Para meu alívio, Steve e Claire estavam nos armários do corredor. Steve e eu nos beijamos. Parecia que o que aconteceu em Scarabas ficara para trás. Entrei em contato com vovó novamente e, segundo ela, a cidade pacata estava em paz.

Vivian passou por nós e me deu um sorrisinho amarelo. Embora eu não quisesse ser amiga dela, eu também não poderia ser inimiga. Geralmente, calouros precisam dos veteranos durante a faculdade.

Seguimos para as aulas, onde conhecemos novas pessoas. Minha cabeça estava à mil, e nem me passava pela cabeça como poderiam estar Natasha e Annie - finalmente juntas do outro lado.

Naquele fim de tarde, Steve e eu decidimos ficar sozinhos - mas apenas para assistir uma maratona de filme de terror.

– Escolhi um filme ótimo - ele se gabou, sorrindo.

Revirei os olhos.

– Você está brincando. Se bem que...o que passamos há pouco não se compara com filmes de terror.

Ele riu.

– Concordo com você. Nada mais nos assusta depois daquilo. Mas passou - ele segurou meu queixo pra me dar um selinho. - Estamos livre agora.

Chegando no apartamento, nos acomodamos enquanto o filme começava. Eu estava quase caindo no sono, quando Steve sussurrou:

– Vou ao banheiro.

Havia perdido uma parte do filme com meu cochilo. Assim que peguei o controle, as luzes piscaram de repente. À princípio, achei que fosse apenas uma falha, o evento se repetiu.

Me arrepiei por inteira e levantei. Então me dei conta de que poderia ser uma gracinha de Steve pra me assustar.

Bati na porta do banheiro.

– Não tem graça, Steve! - reclamei. - Pode parar agora!

– O quê? - ele respondeu. - Não sei do que você tá falando...

– É sério, Steve! - eu sorri.

Assim que voltei à sala, tomei outro susto: a TV estava chiando, e as luzes apagaram de uma só vez.

Peguei o controle e o chacoalhei, com medo.

– Steve! - gritei, suando frio. - Tem alguma coisa errada! É sério, para!

– O que foi? - ele veio correndo, assustado. Ao ver a TV chiando e as luzes, ele ficou branco. - Não é possível...

– O que acha que é? - murmurei.

– Acha que Annie te seguiria até aqui? - disse ele.

– Mas ela seguiu em frente! - afirmei. - Junto com Natasha!

– Talvez não seja nada de mais. - ele tentou me tranquilizar.

Mas os sinais indicavam o contrário.

Depois do que eu passara em Scarabas, tudo aquilo só poderia significar uma coisa: algum fantasma fez aquilo.

– Eu...quero dormir aqui hoje. - falei.

Então, meu braço começou a doer, e caí no chão de joelhos. A ardência não cessou, e virei o braço para ver o que era. Havia uma espécie de tatuagem no meu pulso; o desenho de um olho místico.

– Mas o que... - murmurei. De repente, a tatuagem começou a brilhar com uma luz cegante.

E não vi mais nada.

...[...]...

Caí num sonho estranho.

Escutava alguém me chamar, mas não o via.

Então, senti tocarem meu ombro e me virei.

Era Helena, a chefe da Guarda Espectral, a polícia dos fantasmas. Estranhei o fato de ela estar tremendo e parecia abalada.

– Helena...o que houve? - eu tentei alcançá-la, mas ela recuou.

– Precisa ter cuidado, Valerie. - advertiu ela. - Tudo está fora de controle. Ela quer matar você.

– Como assim? Quem é ela? - eu quis saber. - Do que está falando?

– O Campo Espectral está um caos - ela continuou. - Os fantasmas estão histéricos e estão indo atrás de você. E ela...ela... - murmurou, cansada. - Ela não vai parar...

– Espera! - eu gritei para que ela não se afastasse. - Não estou entendendo...

– Se cuide... - balbuciou. - Nem mesmo Natasha poderá estar com você...

– É Annie? - adivinhei. - É dela que está falando?

– Não... - respondeu e tossiu. - Ela é pior do que a Vingativa...muito pior...

E o sonho se desfez, como uma superfície d´água abalada.

Por um segundo, pareceu que havia um rosto familiar por lá.

– Hey, Valerie! - Steve me chacoalhou. - O que aconteceu?

Eu me levantei da cama e pus a mão na testa.

– Eu...não sei...num minuto estava tudo bem. Aí...aconteceu.

– Deixa eu ver. - ele pegou meu braço e suspirou ao ver o desenho. - Isso não parece nada bom. Igual quando você fez aquele corte na fazenda de seus avós.

Há pouco tempo atrás, fui visitar meus avós em uma cidade pacata chamada Scarabas. Era um lugar misterioso e sombrio, e todos pareciam uns zumbis e amedrontados com uma tal de assombração chamada Vingativa, que misteriosamente matava casais de namorados. Quando passamos a investigar, descobrimos mil e umas revelações e segredos, mas acabamos passando por perigos e conseguimos dar paz à alma dela.

Mas algo não se encaixava. Algo que eu estava esquecendo. Algo que havia ficado para trás e que agora estava de volta, dizendo que ainda não era o fim.

– Lila está aqui. - Steve disse. - Ela conhece essa coisa de espírito. Talvez ela ajude.

Lila era minha guardiã, podia se dizer. Era uma mãe. Sua religião era um pouco baseada em espiritualismo.

– Que história é essa de marca? - ela entrou no quarto atarantada e sentou na cama.

– Aconteceu de repente, Lila. - contei.

Ela viu o desenho em meu pulso, mas não pareceu abalada. Por fim, ela disse:

– Talvez não seja tão ruim.

Franzi o cenho.

– Este é o "olho que tudo vê", Valerie. Um símbolo de passagem. Você se lembra do que passou pra salvar Natasha?

Então era isso. Parecia impossível, mas eu havia morrido em Scarabas e voltado à vida por obra dos fantasmas e uma ajudinha de Helena, que havia me dado um teste como fantasma: se eu detesse a Vingativa, eu voltaria a viver novamente.

Consequentemente, não sabia que haviam consequências.

– Então, quer dizer que toda aquela atividade paranormal foi por causa disso? - falei. - Por que eu voltei dos mortos?

– Pode ser - a voz de Lila tremeu um pouco; como se ela não tivesse certeza. - Mas fique atenta. O fato de você ter voltado dos mortos pode ter lhe garantido...dons.

– Dons? - quis saber. - Que tipo de dons?

– Esperemos. - ela suspirou. - Só o tempo dirá.

Mais tarde, fui me arrumar para a faculdade. Seria um dia cheio e estava muito apressada. Steve buzinava incessantemente enquanto eu corria do quarto para o banheiro para arrumar meu cabelo, que insistia em querer me irritar.

Grunhindo, fui ao espelho para arrumá-lo melhor. Na pressa, meu pente caiu no chão, e fui pegá-lo xingando.

Quando voltei a me olhar no espelho, havia uma figura sinistra que me olhava com ódio mortal, que sussurrou:

Você se esqueceu de mim, mas eu não me esqueci de você.


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Notas finais do capítulo

Comentem, digam oq acharam, ok?
Até o proximo capítulo! ♥



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